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História Como tudo começou - para Vegeta - Surge a destruição em forma de deus


Escrita por: ksnrs

Notas do Autor


DBZ não me pertence e seus personagens também não.
O intuito dessa fanfic é totalmente interativo e sem fins lucrativos.
Por isso, não me processem, por favor. Não tenho como pagar uma fiança e da cadeia não dá pra postar.

Esse é um daqueles capítulos onde eu tenho que me ater mais ao que acontece no anime.
Ainda entro dentro das cabecinhas doidas dos nossos amados, mas fica bem literal, pelo desenho.

Enfim, espero que gostem.

Boa leitura!

Capítulo 90 - Surge a destruição em forma de deus


Bulma fez fita com o sayajin, mas tava mais do que feliz por ele estar ali. Mesmo que não participasse da festa, não importava! No fundo, só o fato de saber que ele estava por perto era o bastante. Faria, exatamente, o que ele falou: ficava um pouquinho com os amigos e um tantão com ele, escondida nas cabines daquele navio enorme.

Voltou sorrindo, genuinamente, pra reencontrar os amigos. O rosto pleno, o coração cheio, resplandecendo a felicidade. Parou ao lado das amigas, girando a aliança no dedo, sem nem perceber. Sempre que estava feliz, Bulma fazia isso. Sempre que estava amando Vegeta mais que o normal, girava aquele anel que ele tinha lhe dado no casamento de Gohan e Videl.

- Tudo bem por aqui? – perguntou, sabendo que, mesmo que tivesse uma catástrofe, não se abalaria.

Sra. Briefs estava junto com Chichi e 18. Viu a filha chegando, feliz. Percebeu o movimento discreto do dedo. Deu um sorrisinho satisfeita. Sabia o motivo de toda essa felicidade. Mas, dois olhos atentos também perceberam essa mudança de humor. E outros dois olhos mais atentos ainda, perceberam esse ato mecânico da mão.

- Tudo. – respondeu Chichi, desconfiada. – E com você?

Bulma só sorriu. Não dava pra esconder que com ela estava tudo ótimo.

- Posso ver seu anel, Bulma? – perguntou a androide. Todos estranharam. Não era o tipo de coisa que ela falava. Mas o propósito de 18 era descobrir o porquê dele ser tão importante a ponto de Bulma girá-lo com tanta ânsia.

A mulher se estremeceu. Esticou a mão, levemente constrangida. Era a primeira vez que o mostrava a alguém, além da mãe, que participou do plano de Vegeta. Um rubor tomou seu rosto.

- É muito bonito. Alguma joia especial? – indagou, inquisidora a androide. Chichi a olhava chocada. Que moça mais indiscreta. Mas quando viu Bulma vacilar, percebeu que 18 queria chegar em algum lugar. Então, botou lenha na fogueira.

- Joia de família? – Chichi jogou verde. Ainda não sabia o que ia colher, só sabia que colheria alguma coisa.

Bulma estava constrangida. Nem sabia porquê, mas estava. Olhou pra mãe, pedindo auxílio.

- Era meu. Ganhei do meu marido quando nos casamos. Foi a primeira joia que ele me deu. – explicou, a Sra. Briefs, naturalmente. Bulma respirou aliviada. – E a tradição foi passada pra frente. O jovem Vegeta deu esse anel à Bulminha no casamento deles! – aí entra a escandalosa mãe em ação. Já deu um riso alto, querendo chorar de emoção depois. Bulma arregalou os olhos. Ninguém sabia sobre isso.

As duas a olharam com caras diferentes: a androide com cara de “sabia que tinha alguma coisa aí”. Chichi com cara de “como assim, você se casou e não convidou ninguém?!”

Puxou a mão de volta. Uma reação automática. Como se esconder o anel fosse apagar a memória das duas. Não funcionou. Respirou fundo.

- Vegeta me deu esse anel no casamento do Gohan. Foi um gesto simbólico, como se nós nos casássemos também. Enquanto Gohan e Videl fizeram os votos deles, Vegeta e eu fazíamos os nossos, em segredo, sem ninguém ver. – contou, em um fôlego só.

Era pouca explicação pra muita curiosidade.

- Como assim?! – gritou Chichi, histérica. – Que horas, Bulma? Eu tava do seu lado e não vi isso!

Ela riu. Ninguém viu.

- Vegeta tinha um cúmplice. Trunks. – disse com um sorriso no rosto. – Ele ficou ao meu lado na cerimônia, lembra? – viu ambas concordarem com a cabeça. – Pois bem. Ele já tinha planejado tudo com o menino. O anel estava com Trunks e na hora certa, Vegeta deu um sinal pro nosso filho me entregar o anel. Era justamente no momento em que Gohan e Videl estavam trocando as alianças deles. De longe, ele me perguntou se eu queria ser dele pra sempre. Eu aceitei. – terminou com um risinho prático.

As três ficaram chocadas. Sra. Briefs fez menção de chorar, mas Bulma disse pra parar com aquilo. A 18, admitiu que tinha sido um ato romântico. Chichi não se conformava. Nunca na vida imaginaria Vegeta fazendo uma coisa dessas...

- E então, Vegeta virou meu marido. – Bulma encerrou.

- E a dança? A dança foi isso, então? – Chichi perguntou, juntando uma coisa com outra.

Bulma sorriu de novo. Lembrou com carinho daquele momento.

- Foi a dança do nosso casamento. A nossa música... – devaneou, pensando na canção. – O Gohan também foi cúmplice de Vegeta. Ele que pediu pra tocarem a música depois da valsa dos noivos.

Agora tudo fazia sentido. Aquela dança, realmente, não era só uma dança de padrinhos.

- Que loucura... – foi o máximo que Chichi conseguiu formular.

- Bom, o sayajin tem meu respeito. – esse comentário foi o da androide. – Foi um bonito gesto. Sem ninguém além dos principais interessados. Um casamento onde só vocês dois participaram. E o menino. – encerrou, olhando pra Bulma que a encarava de volta abismada. Gente, como os dois eram parecidos...

Ainda conversaram por mais algum tempo. Quando Bulma saiu dali, se sentia diferente. Era estranho falar isso em voz alta. Já tinha dito milhões de vezes que Vegeta era seu marido mas, dessa vez, era de verdade. Sorriu sozinha, olhando o anel simples em seu dedo e se lembrando do dia mais feliz de sua vida. Correu os olhos pelo lugar: o filho brincava com Goten. Umas pessoas diferentes, que ele tinha resgatado, comiam como sayajins. Yamcha lutava com Piccolo. Chaos e Marron brincavam juntos. Kuririn e Oolong competiam pra ver quem comia mais. Tudo na mais perfeita paz.

Então sentiu um dedo em seu seio. Já ia ralhar, rindo, com o sayajin tarado. Quase morreu ao ver a mão velha, tão diferente da mão morena que esperava.

- Tá maluco, mestre?! Eu já não te falei pra não fazer isso?! – berrou com Kame, que ria, safado, com o nariz sangrando. Já ia levantando a mão pra dar na cara dele. Mas pensou melhor. Chegou bem pertinho, deixando-o bem animado. Falou sussurrado, pro homem que quase desmaiou: – Eu não vou te bater. Eu vou chamar o Vegeta. Ele chegou, sabia? Tá lá atrás.

Mestre Kame congelou. Lembrava, muito bem, dos tapas do sayajin. Os de Bulma doíam. Mas os de Vegeta...

- É mentira. – falou, meio em dúvida. Não o tinha visto. Podia ser que ela só tivesse jogando verde.

Bulma colocou um sorriso diabólico no rosto, se afastando dele. Cruzou os braços.

- Quer pagar pra ver? Coloca a mão em mim de novo. – desafiou.

O velho achou melhor não arriscar. Saiu de fininho. De Bulma, não chegava mais perto. Ela sorriu, vitoriosa. Esse, não dava mais trabalho. Velho maluco...

Mas Vegeta, coitado, hoje, nesse momento, não ia nem ouvir se ela viesse reclamar do Kame. Daria um socão nele porque era memória física fazer isso. A mão ia quase sozinha de encontro ao rosto do homem, até porque ele sempre tava rodeando Bulma. Mas a cabeça tava pensando outra coisa.

Essa história de Bills tinha tirado ele do sério. Ainda mais que o Sr. Kaioh tinha dito que Kakaroto havia sido derrotado com dois golpes. Impossível... aquilo era uma barata! Praticamente indestrutível! E olha que ele já tinha tentado, hein? Ainda no deque do navio, as paredes da cabine aguentavam, até que resistentes, os socos preocupados de Vegeta, que pensava em tudo o que tinha ouvido. E, a cada vez que abria a mão, depois do golpe, via os tremores. Não do impacto. Do pavor. Bills... onde tinha ouvido esse nome? Por que esse nome lhe trazia esse pânico? Essa sensação ruim? Por que tinha a certeza de que nada de bom sairia desse encontro? Por que tremia ao pensar nisso? E pior, se Kakaroto tinha sido inútil, como ele e os outros fariam? Porque, infelizmente, aquele retardado era o mais forte. Pelo menos, por enquanto, era. De novo nessa situação de merda. E Bulma? E Trunks?

- Olá, Príncipe Vegeta! – uma voz estranha ecoou atrás dele. Fez Vegeta fechar os olhos por um instante. Droga! Era ele. Era esse Bills que ele nem sabia porquê temer. Abriu os olhos. Olhou pra um lado. Olhou pra outro. Ninguém. Pronto. Agora tava alucinando. De repente, surgiu, perante seus olhos assustados. O ser que lhe assombrou nos últimos amargos minutos. O deus da destruição.

- Quem é você? – perguntou, sem conseguir esconder o tremor do corpo.

- Não é necessário dizer-lhe um nome. Afinal, você já morreu! – a calma com que o tal Bills falava era assustadora. Ele entendeu quando Bulma falava que ele era mais apavorante calmo do que bravo. A figura de um gato esquálido e um ser pálido flutuando ao seu lado era digna dos cenários mais chocantes de filmes de terror. Merda de um planeta desgraçado essa Terra! Sempre tem uma bosta acontecendo! Como podia permitir essa, agora? Fazia tão pouco tempo que tinha se livrado do problema do Majin Boo, chegava esse Bills. Tinha que pôr em prática o porquê de ter treinado todo esse tempo, toda essa vida. Não podia permitir que esse maldito passasse de onde estava. Do outro lado de navio estavam Bulma e Trunks. Ele não podia chegar até eles. Ele não ia chegar até eles. Disparou em direção ao inimigo:

- Verme! – saiu correndo pra ele. Ia destruí-lo ali mesmo. Não importava o que tinha ouvido sobre Kakaroto. Dali, ele não passaria. Bom... nem Vegeta. Bills, com um dedo, o paralisou. Jogou o corpo forte do sayajin pro chão. – M-Meu corpo não se move... – balbuciava pra si mesmo, tentando, com todas as forças, sair daquele estado de prisão. Daquela posição, jogado no chão, olhando de baixo pra cima praquele ser, lembrou de onde conhecia esse maldito nome.

Lorde Bills, deus da destruição.

Quando era apenas uma criança, viu o pai ser subjulgado por esse mesmo infeliz. Assistiu a humilhação do grande Rei Vegeta, de quatro, sendo espezinhado por esse Bills, que pisou na cabeça de seu pai, mostrando o quanto era superior. De alguma maneira, a memória havia bloqueado aquela cena, por isso não se lembrou imediatamente quando ouviu o nome ou viu o rosto de Bills. Escondido nas sombras, viu o pai ter o orgulho massacrado por esse maldito gato magrelo, que o dominou sem dificuldade. E que, agora, fazia o mesmo com ele. Em silêncio, rezou pra que Trunks não estivesse vendo aquilo. Pra que não precisasse passar pelo que ele passou. Olhando pra cara do monstro, lembrava nitidamente daquela cena. Uma humilhação sem precedentes. O tal Bills queria um banquete. Depois, rechaçou a comida preparada, porque não havia recebido o que pediu. Um cachecol. Um maldito cachecol. Maltratou o rei e humilhou o príncipe pelo simples fato de não ter recebido o que julgou ser o “melhor cachecol de todo o universo”. Ridículo! Não dava pra acreditar... como aquele “bicho” ainda tava vivo? E que maldita ironia, ele, anos depois, estar na mesma situação de quando tentou salvar o pai e foi paralisado, jogado pro chão, como um verme.

- Eu pensei que você seria alguém à ponto de me entreter, que desapontamento... Você devia herdar o papel de destruir planetas! – disse Bills, conseguindo humilhar mais ainda o sayajin, já derrotado, no chão. Com o olhar superior, veio, a passos calmos e firmes, se encontrar com ele. Abaixou-se a altura do rosto de Vegeta, que estava tomado em uma mistura de ódio com pavor. – Ei, o nome Super Sayajin Deus lhe traz algo à mente? – perguntou, de forma curiosa.

- Super Sayajin Deus? – ele repetiu, sem firmeza. O que era isso?

- É, como eu pensei, você não sabe. – encerrou Bills, desprezando ainda mais Vegeta.

Então, o maior medo do sayajin tomou forma. Tudo o que mais temia aconteceu. Um único motivo pra tentar deter Bills: proteger Bulma e Trunks. O motivo dele pra lutar.

Bulma, no meio dos amigos, não queria dar o braço a torcer. Mas não tava mais aguentando de vontade de dar um beijinho naquela boca marrenta. Escapou dos convidados com um destino certo: encontrar Vegeta. Andou diretamente até onde ele estava mas não o encontrou. Já foi suspirando. Será que tinha ido embora de novo?

Até olhar pro lado. Viu uma cena diferente.

- Ah, então você tá aqui. – afirmou, meio confusa com o que via. Por que, raios, ele estava deitado no chão, com aquelas pessoas estranhas ao lado dele.

- Não se aproxime! – Vegeta berrou. Bulma estacou. Uma pontada de medo passou pelo seu peito. Por que estava gritando com ela? Por que estava agindo assim? Encontrou os olhos negros, que lhe falaram que tinha alguma coisa muito errada acontecendo. Engoliu em seco. Ai meu Kami...

- Não é uma maneira rude para com uma donzela, Príncipe Vegeta? – perguntou Bills, se levantando. Bulma não gostou daquilo. Não mesmo. Não gostou daquelas palavras, nem do modo como aquele “ser” as pronunciava. O copo cheio de suco denunciava o tremor na mão. Tremulava tanto quanto os olhos de Vegeta, ainda pregado no chão. – Parece que ele bebeu demais. – Bills completou.

Aí sim Bulma soube que tinha problema. Bebeu demais? Ele chegou agora. Vegeta não bebe sem ela. E ele não fica bêbado a ponto de cair pro chão. Que merda tá acontecendo aqui?

- Quem é você? – perguntou, tentando parecer firme.

- Minhas desculpas. Eu sou Whis. – respondeu o ser pálido, azulado. E apontando o outro com uma espécie de cajado que carregava, complementou: – Esse é meu mestre, Lorde Bills.

“Mestre?” – Bulma pensava, confusa, olhando pros dois e pra Vegeta preso, no chão, tentando se movimentar. Queria ir até ele mas sentia os olhos dele mandando não se aproximar.

- Já que passávamos, coincidentemente, pela Terra, decidimos visitar Vegeta. – Bills explicou, com uma tranquilidade surpreendente.

Aí sim Bulma ficou ainda mais pirada. “Visitar?” Eram amigos? Ele tava daquele jeito porque queria?

- Nossa, que... surpresa. Você tem amigos? – ela perguntou, tentando captar algum sinal de que fosse uma mentira e devesse pedir ajuda.

Vegeta viu uma oportunidade. Se ela achasse que não era nada demais, sairia dali. Estaria correndo menos perigo. Até ver a doida se aproximar de Bills. O que ela tava fazendo?

- Eu sou a esposa de Vegeta, Bulma. – e estendeu a mão pra cumprimenta-lo. Olhava de relance pro marido, ainda no chão, apavorado com essa proximidade.

- É uma honra conhece-la. – respondeu o educado Bills.

- Se estiver tudo bem, por que não fica pro meu aniversário? Estamos fazendo uma festa. – convidou o estranho amigo de Vegeta, fazendo o sayajin quase se retorcer no chão.

Ele, claro, aceitou.

- Isso parece ótimo. Na verdade, há algum tempo, estou sentindo um cheiro muito bom. – e saíram, os três, deixando um Vegeta angustiado pra trás. Com a distância de Bills, a paralisação se desfez. Ele ia matar essa louca! Isso se o maldito não fizesse primeiro! Escutava, à distância Bulma apresenta-los aos amigos. De repente, os passinhos voltaram correndo.

- Vegeta! Que que tá acontecendo aqui, pelo amor de Kami-Sama?! – Bulma perguntou apavorada, se abraçando ao marido confuso, que nem devolveu o abraço.

Dentro daquele abraço apertado, o sayajin escutava a interação de Bills com os outros, do outro lado. Parecia... tranquilo! Maldito! Quer dizer que se não acontecesse nada, ele não faria nada?! Olhou pra Bulma, que estava agarrada à ele.

- Bulma... por que... por que... você levou eles pra lá? – precisava saber se ela tinha chegado à mesma conclusão que ele.

Ela o olhou. Os olhos azuis, arregalados. Puxou ele pra mais longe.

- Porque quando eu cheguei aqui, o que quer que ele tivesse fazendo, parou de fazer. Quer dizer que não estava preocupado comigo. Só com você. Então, eu afastei ele de você, amor. Levei ele pro outro lado. Agora, por favor, me explica o que tá acontecendo?! – implorou, com a voz um tanto estridente.

Ela sempre sabia o que fazer. Se fosse outra ocasião, Vegeta teria dado um beijão nela e teria dito que era a terráquea mais inteligente de todas mesmo. Mas também era a mais desmiolada... Tirou Bills de perto dele e levou pra perto de outras bombas. Piccolo. Majin Boo. Ou outra fonte de preocupação: Trunks. Não podia dizer o que era. Não ainda.

- Nada, mulher... – tentou desconversar. – Eu o conheço desde que era... criança. – e relembrou, amargamente, da cena lamentável do pai submisso à Bills.

Bulma não engoliu.

- Vegeta, eu te conheço. Te conheço muito bem. O único “amigo” que você tinha, matou sem dó na frente de todo mundo... – falava de Nappa. Nem era um amigo. Mas era o mais próximo de um companheiro que Vegeta teve durante a vida. Normalmente, nunca falaria isso. Nunca usaria essa carta pra arrancar informação, já que era uma das verdades duras de Bulma Briefs. Mas tava na cara que era mentira. Então, apelou pra brutalidade.

Vegeta ouviu aquelas palavras, sendo tirado, em parte, do torpor que vivia pela chegada de Bills. Não gostava de ser lembrado desses atos, muito menos por Bulma. Porém, as palavras cruéis dela, serviram pra colocar a cabeça assustada dele no lugar. Recuperou, pelo menos parte, da capacidade de reação. Acertou a postura e a olhou de volta, com os olhos bravos de sayajin:

- Cuidado com a insolência, minha princesa! Eu nunca falei sobre ele, porque nunca surgiu a oportunidade. Agora vai lá, recepcionar seu novo convidado. – encerrou, falando firme.

Bulma não se deixou levar. Nem pela cara de mau, nem pela ameaça.

- Vegeta... – ainda tava desconfiada.

- Não tem nada demais Bulma. Só cuida pra que ele seja bem tratado. – então chegou mais perto. – É importante que ele seja muito bem tratado, está entendendo?

Tinha alguma coisa aí. Alguma coisa cabeluda, que ele não queria falar. Bulma ainda ganhou um beijinho na testa e saiu, olhando de canto pra Vegeta, que ficou afastado, espiando os acontecimentos.

Ali, escondidinho, acompanhando os movimentos de Bills, Vegeta tinha a real certeza de como é viver acuado. Cada movimento desses imbecis os quais, às vezes, pouquíssimas vezes, chamava de amigos, ele achava que tava mais perto da morte. O verme, é lógico, foi contar vantagem. Falar que era o melhor em artes marciais. Esse daí era até bom que Bills matasse. Um a menos pra atormentar. Mas não se põe no seu lugar... Quem chega dando tapa nas costas de alguém que nem conhece, falando que é o fodão do mundo em luta? Só um verme mesmo.

E então tem o Kuririn. Não é tão desprezível. Só é um pouco... irritante. É muito animado. Já veio com uma bandeja de bolinho surpresa. Uns, recheados de polvo. Péssimas lembranças... Outros, de wasabi. Péssimo gosto... É tipo uma brincadeira. Isso, com gente comum! Com o deus da destruição, pode ser uma reação em cadeia sem precedentes! Atrás daquele arbusto, Vegeta torceu pra que o maldito Bills pegasse um bolinho de polvo. Olha a que nível chega a vida do sayajin destruidor de planetas. Torcer pra que o maldito não se desagrade pelo gosto da comida e não arrebente com tudo por isso.

Mas ele adorou! Ótimo! Com isso ele conseguia trabalhar! E aprendeu com a Bulma! Quando ele tava bravo, ela socava comida nele, até o nervoso passar. Ou ele dormir. Faria o mesmo com Bills! Ponto pra princesa!

Virou o melhor de todos os mordomos que existia. Ridículo pra alguém na posição dele, fazer isso. Mas tinha aprendido, com a convivência na Terra, principalmente com Kakaroto, o tal do bem comum. E, nesse caso, não era nem o comum. Era o bem da família. Então, se o maldito tinha gostado dos tais bolinhos, ele ia providenciar bolinhos até sair pelo nariz afinado de gato de tal deus. Lá pela terceira rodada, quando estava prestes a alcançar seu objetivo, ouviu Bills lhe perguntar sobre Kakaroto. Pelo que tinha entendido, ele tava com uma obsessão fixa pelos sayajins. E a pergunta que tinha feito antes, sobre o tal Super Sayajin Deus, só reforçava essa ideia. Queria saber qual a relação que tinha com Kakaroto.

- Companheiro de batalha, eu diria. – respondeu, Vegeta, um tanto vacilante. Era isso? Não era um amigo. Não era um inimigo. Não era nem um rival. Era um ridículo, mas não era exatamente isso que Bills estava perguntando. Tinham lutado juntos, todas as vezes. Companheiros de batalha era o melhor que podia responder, nesse caso.

Viu que o outro ficou insatisfeito. Pelo jeito, tinha mesmo conhecido Kakaroto. Era, realmente, indigno para o Príncipe dos Sayajins ter se unido à ser tão imbecil como ele pra lutar. Mas, fazer o quê? O cretino era poderoso. Até hoje, nunca tinha decepcionado perante um inimigo. Até hoje. “Até hoje.” Repetiu essas palavras em pensamento, oferecendo aquela bandeja de comida. Pelo menos Kakaroto tinha tentado detê-lo lutando. Ele estava ali, tentando detê-lo se subordinando ao papel de garçom. Se agarrava à ideia de que era uma estratégia ou de que estava fazendo o que Kaioh tinha dito. Não tocaria em Bills. Agiria conforme a melhor maneira. E a oportunidade que viu, pra encerrar essa ameaça, foi a de alimentá-lo e despachá-lo dali, o mais rápido possível.

Já foi citado sobre a Lei de Murphy nessa história, certo? Que poderia, tranquilamente, ser rebatizada de Lei DBZ? Agora, Lei DBS. Tudo ia bem. Bills, sem achar o tal Super Sayajin Deus, já tava até pensando em ir embora. Tinha até dito à Whis, seu ajudante, que devia ir pra casa, tirar uma soneca. Mas, fofolete que é fofolete, tá sempre fazendo arte. Trunks e Goten estavam brincando por ali, com arminhas de água. Banharam Bills, Vegeta, bolinho, tudo. E agora? Todo o esforço do sayajin, de entupir o outro de comida, de mantê-lo calmo, escorrendo junto com a água que caía do rosto do gato magrelo. Lorde Bills ficou bravo. Provavelmente por ter se molhado, mas muito mais provável, por ter perdido toda a comida. Se descontrolou e começou a acumular energia. Era isso. Ia matar todo mundo porque duas crianças o tinham molhado.

E agora, Vegeta? Agora, se o problema era a comida, ele arrumava mais. Quer bolinho de polvo? Mole! Vegeta se enfiou no mar e arrancou um polvo enorme da água. Detestava polvo! Tinha pegado raiva desses bichos desde o resort. Mas faria isso. Tudo em nome de proteger à todos. Precisava de um tentáculo. Não ia puxar com a mão, porque aquele bicho dos infernos era uma maldita armadilha de tinta preta. Cortou com energia. Já trouxe só o bração. E agora? Como ia explicar que precisava de bolinhos pra que Bills não destruísse tudo? Paciência... Teria que fazer mais isso. Era à isso que tinha que se submeter. Uma droga de um cozinheiro de bolinhos.

Todo mundo viu aquilo. Ninguém acreditou na cena. Bulma menos ainda. Já tava desconfiada de alguma coisa. Ver Vegeta cozinhando... ah, foi a prova que ela precisava. Tava com o grito armado. Ia meter o bocão no mundo. Que merda tá acontecendo aqui?! Mas cruzou o olhar com o dele. Os olhos negros do sayajin nunca mentiram pra ela. Sempre tentaram esconder as coisas, como faziam agora. Mas nunca conseguiram mentir. E o que tava acontecendo, eles não contaram. Só falaram que era algo preocupante a ponto de colocar o orgulhoso príncipe dos sayajins naquela posição. Então Bulma engoliu o grito. Conteve o escândalo. Não tinha como ajuda-lo porque, pelo jeito, ele não queria que ela interferisse ou, pior, que soubesse o tamanho do problema. Mas ela era Bulma Briefs, caramba! Era o cérebro brilhante por trás dos músculos! Viu a inquietação de todos perante àquele Vegeta tão diferente. Viu o desconforto do sayajin de assumir aquela postura tão inferior à sua. Viu Bills olhando tudo com olhos altivos. Uma atmosfera que, só ela, o sayajin e o gato, sabiam ser a mesma de uma bomba prestes a explodir. Se não podia interferir diretamente, faria de outro jeito. Justificaria o injustificável. Explicaria o inexplicável. Colocaria o marido em uma posição um pouco menos desagradável pra poder continuar fazendo o que quer que estivesse tentando fazer. Não sabia o que Vegeta estava aprontando, mas tinha que ajudar.

- E pensar que você iria tão longe pra animar a festa de aniversário de sua esposa! – Bulma lançou, entre os outros convidados, ainda atônitos, vendo Vegeta preparar os bolinhos.

Ele congelou. Que que ela tava arrumando, agora? Bulma o olhou como se dissesse: “Entra na onda!”. Viu que os outros se satisfizeram com essa explicação que ela deu. Pra eles, Vegeta estava sendo anormalmente romântico. Tinham visto uma ou outra representação desse Vegeta amoroso, como no casamento, quando eles dançaram. Todos respiraram aliviados. “Ah, tá! Então é isso... Entendi.” Começaram até a dar pitacos, sobre a melhor forma de fazer os aperitivos. Bulma, ainda tensa, ria nervosamente sobre os comentários de “como era surpreendente essa cena” ou “nunca imaginei ver isso”. Vegeta, menos nervoso, se concentrava na missão de não estragar tudo pra... não estragar tudo. Enfim, cruzou de novo o olhar com ela. Sua princesa. Ela o salvava. Sempre o mantinha de pé nas batalhas. Nem que fosse pra fazer uma droga de comida pra agradar um maluco que ameaçou destruir tudo porque os bolinhos foram perdidos. Um sorriso discreto. Depois, agradeceria melhor. Recebeu outro. Depois, teria mesmo que agradecer melhor.

Bulma logo tirou todos dali. Deixaria Vegeta em paz pra resolver esse problema que não queria dividir com ela. Confiou. Olhou mais uma vez pra ele. Demonstrou que confiava nele com o olhar e então se afastou. Ele recebeu, naqueles olhos que lhe davam tudo, a força que precisava. Fez os malditos bolinhos. Ridículo! Olhava aquela bandeja. Era com isso que pretendia salvar a Terra. Passava horas treinando, se afastava de Bulma e Trunks pra se tornar mais forte, e os salvaria fazendo... bolinhos. Respirou fundo. Foi procurar Bills e Whis. Quando os encontrou, era tarde demais. O ódio, misturado com desespero, salpicado de pavor, se instalou em seu corpo. O desgraçado não podia ter esperado ele fazer tudo quietinho. Não... teve que se meter com a única outra entidade ali, que não dividiria a comida de jeito nenhum.

Um cachecol. Bills tinha humilhado seu pai, ameaçado todo o planeta, por um maldito cachecol. Agora, estava fazendo a mesma coisa.

Um pudim. Bills estava ameaçando todos, querendo destruir a Terra, porque Boo não lhe deu uma droga de um pudim.


Notas Finais


Um pudim.

Eu destruiria o mundo por um pudim. Bagulho da hora que é pudim, né? kkkkkkkkkkkkkk


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