Estranhamente, o silêncio se tornara vozes seguidos por risos altos e alegres, abriu os olhos e viu Naruto e Hinata caminhando juntos conversando sobre coisas que somente eles sabiam.
Sentiu seu coração apertar com a cena. Uma sensação horrorosa que não conseguia descrever, apenas se sentia mal, muito mal.
Por que estou sentindo-me incomoda com isto? Pensou.
Sakura balançou a cabeça na tentativa de expulsar aqueles tipos de pensamentos. Não queria se incomodar com aquilo, tão pouco que seja sobre a vida amorosa de Naruto. Sorriu fingindo estar bem para enganar à ela mesma, mas quanto mais ela fazia, mais ela se sentia pior. Na verdade, a vontade que tinha lá no fundo era de chorar por tudo o que aconteceu. Chorar por se entregar á alguém que não era o seu amado, pela falta de consideração de Naruto que depois de uma noite já estava com outra, por Sasuke e Karin, e por outras as coisas que lhe afligia. Queria gritar, soltar tudo o que estava preso em sua garganta. Mas ela era forte, e acreditava que iria superar tudo sem derramar uma lágrima.
Quando Naruto e Hinata perceberam a presença de Sakura ali os olhando, somente a garota a cumprimentou, o rapaz a olhava com tristeza, um olhar que a Haruno dificilmente via por ele sempre ser um garoto alegre. Ela se sentiu ainda mais chateada por saber que aquela feição foi gerada por culpa dela.
Queria fazer alguma coisa. Queria concertar seu erro e conquistar a alegria do amigo de volta, mesmo sem ter o que falar, Sakura acaba sorrindo e dizendo:
– A noite está ótima pra passear com os amigos, não é Naruto?
O Uzumaki a olhou querendo entender o que aquilo queria dizer, mas entrou na conversa para que Hinata não percebesse o clima estranho entre eles.
– Acho que poderíamos dizer que é mais que amigos, Sakura-chan...
Ele encarou a morena ao lado e pegou em sua mão fazendo-a corar intensamente. A rosada que observava tudo quase se engasgara com a própria saliva, piscou os olhos rapidamente e os arregalando em seguida.
– Pera, o que eu ouvi foi—
Naruto a interrompeu:
– Isso! Eu gosto da Hinata-ttebayo
Sakura calou-se no mesmo instante. Sentiu seu coração queimar, uma sensação de raiva com o medo logo tomou conta dos seus pensamentos. Só que algo a intrigava, é o Sasuke que ela ama e Naruto só é o Naruto, então por que se sentir assim? Pensou.
Sem querer conversar mais, a rosada se despediu dos dois e entrou para dentro do quarto. Encostou na parede e deslizou para baixo até cair sentada no chão. Cobriu com as duas mãos a boca abafando o som da sua respiração ofegante, sentiu a necessidade de chorar, mas ela se segurou pra que isso não acontecesse. Quando seus olhos se enxeram de lágrimas, apertou-os forte para que nenhuma caísse. Sua noite foi praticamente daquele jeito, tentando diversas vezes não se entregar para a tristeza, algo que parecia ser impossível.
Após o ocorrido, se passaram quatro semanas. Sakura estava conseguindo ingerir tudo o que havia acontecido com ela graças ao seu trabalho no hospital que a impedia de pensar nos assuntos pessoais. Sentia que Sasuke estava se aproximando dela, pois ele sempre conversava com a mesma quando à avistava. Isso a deixou feliz, mas sabia que não era a mesma coisa. Já Naruto, ele confessou a todos estar namorando com Hinata que se encontrava incrivelmente apaixonada. A melhor amiga da Haruno, Ino Yamanaka, adorava comentar sobre o assunto, sempre dizendo que a Hyuuga era quieta e comportada demais para alguém agitado como ele. Sakura ria, não por concordar com ela, mas pela forma extravagante que ela dizia.
Naquele dia, era em torno das 8 horas da manhã. A rosada se arrumava para trabalhar colocando o jaleco médico e tirando o amassado dele com as mãos, se olhou no espelho e arrumou as partes bagunçadas do cabelo. Gostando do que via, desceu as escadas indo á cozinha tomar o café da manhã, mas quando chegou perto daquele cômodo, sentiu um cheiro muito forte de óleo. O cheiro era tão forte que a fez sentir um enjoo grotesco.
Ela viu sua mãe cantarolar no pé do fogão enquanto fazia pasteizinhos, se aproximou cobrindo o nariz dizendo:
– Mãe, não dá para a senhora fazer algo com menos fritura? Esse cheiro de óleo tá me matando.
– Mas querida, eu coloquei o menos de óleo possível, veja!
Mebuki mostrou a tigela de óleo para filha que concordou com o que ela dissera, mal tinha óleo ali pra se sentir o cheiro. Intrigou-se na mesma hora com isso.
A garota pegou dois daqueles pasteizinhos que sua mãe fizera e se sentou na mesa para comer. Quando mordeu um deles, teve vontade de cuspir. Sentiu um gosto horrível na boca, mas para não fazer desfeita com sua mãe engoliu aquele pedaço com muito esforço.
– Acho que o frango do recheio está estragado. O gosto está muito estranho.
– Dá pra parar de reclamar, Sakura? Se não quiser comer, não come!
– Então experimenta!
Nervosa, a mulher pegou um dos pasteizinhos do prato da filha e mordeu um pedaço experimentando-o. Fuzilou com os olhos a rosada e disse:
– Não tem nada de estranho aqui, o sabor está ótimo.
Sakura suspirou fundo e aos poucos foi comendo os pastéis sem reclamar, mesmo que pra ela o gosto era ruim, ela sabia que trabalhar com fome não iria cair bem. Engolia rapidamente na tentativa de não sentir muito o sabor, ignorando o fato daquilo á intrigar bastante.
Chegando no hospital, a claridade da luz do ambiente a deixou tonta. Parecia que tinha astigmatismo alta. Estava agoniada com aquilo, pois não conseguia focar sua visão. Em seguida, uma sensação de cansaço no corpo a pegou de surpresa, sua vista aos poucos foi escurecendo, quando por fim se tornou um breu.
Quando abriu os olhos, se deparou com sua mestra Tsunade encarando-a preocupada. Olhou para o lado tentando entender o que estava acontecendo vendo que Naruto também estava lá, mas ele estava sentado em uma cadeira ao seu lado de cabeça baixa.
– De repente tudo ficou escuro e––
Tsunade continua a frase:
– E você desmaiou.
A garota começou a rir dizendo:
– Com certeza é por causa dos pasteizinhos.
Naruto ergue a cabeça e olha para Sakura que ainda ria por achar que foi os pastéis que comeu.
– Eu vim buscar minha ficha de exames e encontrei você caída no chão, Sakura-chan. Fiquei preocupado, você estava pálida.
– Já estou melhor, obrigada!
– Você precisa se alimentar mais querida, está tão magrinha.
– Farei isso, Tsunade-sama.
Sakura sabia que não era por não comer muito, pois ela comia bastante. Sentia que era apenas uma mal estar passageiro e que logo iria ficar bem. Quando ia falar alguma coisa sua barriga se remexeu, sentia uma ânsia horrível, não conseguiu raciocinar até então, só percebeu que já estava colocando seu café da manhã todo para fora.
Naruto e Tsunade ficaram chocados com a cena. Era estranho ver uma pessoa que sempre esteve saudável daquele jeito. A mulher foi em direção da Haruno e segurou seus cabelos para não terem contato com o vômito, dando leves batidas em suas costas. Ela pediu para examinar Sakura que concordou com a ideia. Disse que os exames seriam feitos mais tarde, já que ela precisaria se alimentar de novo por ter colocado tudo para fora.
A mulher saiu da sala dizendo que iria procurar alguém para limpar a sujeira que a rosada fizera, deixando-a a sós com Naruto. Ela o olhou de lado vendo que ele a encarava, engoliu seco percebendo que o rapaz se aproximava dela.
O Uzumaki pegou na mão de Sakura e disse:
– Olha pra mim!
Ela olhou-o com receio, não estava confortável.
– Por que não me procurou mais? Acostumávamos conversar toda á tarde.
– Você namora, Naruto. O que Hinata pensará de mim?
– Você é uma amiga apenas, ela pensaria o quê?
Sakura suspirou fundo, e disse:
– E-e também, não é a mesma coisa... Você sabe.
Naruto fechou o rosto quando ela falou. Se sentiu irritado pois pra ele, ela não estava cumprindo o que falara. Ele estava tentando fazer "o de sempre" como foi a pedido dela quando acordaram juntos, mas parecia que ela pisava nas próprias palavras; que havia falado por falar.
– No dia em que dormiu comigo, você me disse que faríamos o de sempre, e agora você não quer?
Ela tentou justificar:
– Não é bem assim!
– É assim sim, Sakura-chan, você está sempre mudando de ideia, sempre querendo as coisas do seu jeito e nunca do jeito que eu ou outra pessoa quer. Está sempre querendo estar no comando.
– Eu? Eu nunca––
Antes que ela pudesse terminar, ele a cortou:
– Isso me chateia, sabia? Estou cansado de como você me trata, não é desde aquele dia, sempre foi assim, sempre...
– Naruto, m-me perdoe... Mas não posso ser aquilo você quer que eu seja... Além do mais, eu amo o Sasuke-kun.
– Ah... O Sasuke. – Bufou – Esqueci que sua vida é resumida apenas no Sasuke!
– O que você está falando? Minha––
A cortou outra vez:
– Quer saber? Chega, Hinata tinha razão.
E antes que ela pudesse falar alguma coisa, Naruto já havia desaparecido, deixando-a sozinha naquele quarto. Dessa vez ela não conseguiu se segurar, suas lágrimas caiam quentes e com abundância, gritou alto e agudo tentando tirar aquela dor que há dias estava em seu coração. Puxava e bagunçava os cabelos desesperada com aquela tristeza, estava insuportável, doía demais.
Continua...
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