História Como um Anjo - Um assassino?

- Murly?! – Fiquei o olhando, perplexa.

- Sim... Mas não deixo de estar morto – Ele falou, bagunçando o meu cabelo.

- C-como? – Fiquei sem reação por um bom tempo, até ele dar um tapa no meu rosto.

- Ai!

Ele começou a rir, mas logo se desculpou.

- Você não lembra? – Ele perguntou, me puxando para sentar – Quando éramos crianças, te prometi sempre protegê-la, mesmo depois da morte.

- Murly... – O abracei.

- Você nunca percebeu, mas sempre estive ao seu lado – Ele disse, dando um beijo na minha cabeça – Quando você estava dormindo, quando estava comendo... Até mesmo quando estava tomando banho!

- QUÊ?!!

- Brincadeira! – Ele deu uma gargalhada.

- Acho melhor eu ir para a aula – Falei, me levantando e indo até a saída – Até logo!

Me virei para vê-lo, mas ele tinha sumido.

Fui caminhando para a sala, ainda com medo do que havia acontecido. Entrei e fui direto para a minha carteira, sem olhar ao redor. Por sorte, o Chris nem se aproximou de mim, talvez por ter se assustado com tudo aquilo? Ou talvez por ele não estar na sala mesmo.

                     (...)

Hora de ir para casa. Estava guardando meus livros dentro da mochila, quando sinto alguém tocando em meu ombro. Me viro rapidamente, pensando ser o Chris.

- Quer ajuda? – Era o Daniel.

- Ah, sim – Ele pegou meu caderno e meu estojo e me entregou – Obrigada.

- O seu irmão está lá fora – Ele falou, apontando para a porta – Ele me pediu para te chamar.

- Pode avisá-lo que eu vou para casa sozinha – Eu disse, saindo da sala, apressada.

Cheguei em casa primeiro que o Chris. Ao entrar, vi a Sophie sentada nos degraus da escada, de cabeça baixa. Me aproximei dela.

- Sophie? – Toquei sua cabeça. Ela se levantou, assustada.

- D-desculpe senhorita True... – Ela estava chorando.

- Aconteceu alguma coisa? 

- Não se preocupe, senhorita – Ela falou, enxugando suas lágrimas – Deseja alguma coisa?

- Não mude de assunto, Sophie – Falei – Me conte oque está acontecendo.

- ... – Ela respirou fundo e baixou a cabeça – Eu vou ser demitida, True...

- Quem disse? – Cruzei os braços.

- O seu pai. Ele não quer que eu continue trabalhando aqui, e eu não sei o motivo...

- Hum... Que estranho – Falei, um pouco pensativa – Não vou deixar ele fazer isso, você não vai embora! 

Subi as escadas e fui até o seu escritório, onde provavelmente ele estaria.

- Pai? – Bati na porta. Não houve resposta – Pai você está aí? 

Abri a porta devagar. Ele estava olhando a rua pela grande janela.

- Oque você quer aqui, True? – Ele perguntou, sem parar de olhar para a rua – Já disse que odeio quando você me atrapalha.

- D-desculpe, pai...

- É "John Rollds". NUNCA mais me chame de pai – Ele finalmente olhou para mim, furioso.

- M-mas...

- Você quer ir logo ao assunto? Não tenho tempo para besteiras.

Respirei fundo e me aproximei dele.

- Eu só queria saber porque o senhor vai demitir a Sophie...

- Não te interessa – Ele falou, voltando a olhar para a rua – Pode se retirar?

Saí sem reclamar e voltei para a Sophie.

- Desculpa... Não adiantou nada.

- Tudo bem, True... Pelo menos você tentou – Ela colocou sua mão em meu ombro – Agora, é melhor eu ir arrumar minhas coisas e...

- Não vá antes da minha mãe chegar, Ok? – Eu a interrompi, subindo as escadas e indo até o meu quarto. Peguei o meu celular em cima da escrivaninha e liguei para a Louise.

             "Alô, mãe?"

   "True, oque aconteceu?"

 "Você volta pra casa hoje?"

"Sim... Daqui a 15 minutos. Porque?"

"O papai quer demitir a Sophie"

"Como? Mas de jeito nenhum! Não se preocupe, tá? Vou resolver isso."

Ela desligou rápido. Fui até a sala esperar por ela.

                    (...)

Cinco minutos depois, escuto a porta de entrada sendo aberta.

- Mãe! – Ao me virar, em vez de ser a Louise, era o Chris.

- Não era para você ter vindo sozinha – Ele falou.

- Fique longe de mim! 

- Qual é, True... Eu só quero terminar o que eu já comecei – Ele pegou a faca e se aproximou de mim – E nem ouse gritar, ou vou fazer da sua vida um inferno! 

- Não, por favor Chris! – Comecei a correr pela sala, até que tropecei no pé do sofá e caí no chão.

- Não adianta correr, True – Ele me segurou para eu não escapar – Aceite o seu destino.

Ele colocou a faca no meu pescoço e estava prestes a cortá-lo, mas a porta de entrada foi aberta, e desta vez era a Louise.

Rapidamente, o Chris escondeu a faca.

- Oi mãe! – Ele falou – Como foi o trabalho?

- Foi bem... Você viu a True? – Eu estava atrás do sofá, chorando silenciosamente.

- A True? Ah, ela... Ela deve estar lá no quarto – Ele foi até a Louise e pegou em sua mão – Vamos lá.

Ele a puxou e subiu as escadas, sem deixá-la olhar pra mim.

Senti uma forte dor em meu pescoço, percebi que ele estava sangrando. Me levantei e fui rapidamente para o banheiro lavar aquilo, pois eu sabia que não adiantava falar pra alguém que o Chris estava tentando me matar. Eu precisava de provas.

                     (...)

Eu estava deitada no quintal de casa quando a Louise chegou.

- Filha – Ela se sentou ao meu lado – Você estava aqui o tempo todo? Eu te procurei por todo o lado! 

- Desculpe... – Eu me sentei – Estava resolvendo algumas coisas.

- Oque é isso no seu pescoço? – Ela estava prestes a tocá-lo, mas escondi o ferimento com minhas mãos.

- N-nada... Você já falou com o papai? 

- Sim, eu já falei... a Sophie não vai ser demitida. Mas não vá mudando de assunto, hein? – Ela tirou minhas mãos do meu pescoço – Oque foi isso?

- É... Bem, eu... – Limpei minha garganta, tentando achar uma desculpa – Eu me machuquei na escola.

- Com o que?

- Com um... Arame! Eu fui passar pelo portão da escola e não vi que tinhaum arame, aí eu me machuquei.

- Hum... – Ela não pareceu muito convencida.

- Eu vou para o meu quarto – Falei, me levantando – Preciso estudar.

Fui para o meu quarto, tranquei a porta e me joguei na cama.

- Você não disse que ia estudar? 

Olhei em volta, mas não vi ninguém.

Eu tô aqui – O Murly surgiu na minha frente, me fazendo dar um pulo.

- Que susto, Murly!

- Você tem que se acustumar com isso – Ele falou, sentando-se na minha cama – Eu sou um fantasma, quer mais oque?

- Avisa pelo menos, né? – Falei, me sentando ao seu lado.

- Aquele idiota do Chris... – Ele disse, colocando sua mão em meu pescoço – Vou matar ele! 

- Calma, Murly, precisamos encontrar algum jeito de mostrar oque ele tá fazendo para o John e a Louise, é melhor assim. Se você matá-lo, irão me culpar!

- Você tem razão... – Ele falou, se levantando – Bem, é melhor você descansar – Em seguida desapareceu, me deixando sozinha no quarto.