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História Compass - Tensão


Escrita por: Ichigo_cake

Capítulo 4 - Tensão


Fanfic / Fanfiction Compass - Tensão

Sentia-se extremamente relaxado. Estava deitado de bruços em sua cama, abraçando o travesseiro e envolto em uma bagunça de cobertas e lençóis revirados. Havia acabado de acordar, mas não abriu os olhos, somente curtindo sua preguiça enquanto ainda podia. Foi quando sentiu um peso a mais na cama. Esticou seus braços e pernas devagar e finalmente abriu os olhos, virando de lado. Quem havia deitado ao seu lado era seu melhor amigo, por quem percebeu recentemente que já estava apaixonado a algum tempo. Geto estava com roupas confortáveis e deitado de olhos fechados. Seu cabelo estava solto, esparramado atrás de si. Ele estava perigosamente perto, mas totalmente relaxado. “Estranho”.

 

– Ei, errou de quarto? – Perguntou o primeiro, baixinho e com a voz rouca, reprimindo o impulso de acariciar o rosto do outro rapaz. “Lindo”.

 

– hmmmm... – Suguru somente resmungou e, para desespero do primeiro rapaz, o abraçou, aproximando seus rostos e juntando seus corpos. Sem saber como reagir, Satoru beliscou a bochecha do amigo dizendo um “ei!” um pouco mais alto. Soltando o abraço, mas sem se afastar, o moreno segurou a mão do mais alto em seu rosto e abriu os olhos, o encarando com intensidade. Sem mais se mover. Apenas mantendo um sorrisinho provocativo em sua face. Gojo não conseguia pensar. Estavam tão perto que era possível sentir a respiração do outro sobre a sua boca e sua própria respiração estava pesada. Tampouco conseguia desviar os olhos dos lábios do outro, desejando incontrolavelmente o beijar. Não conseguiu mais se segurar. Rapidamente, desviou a mão que estava no rosto para os cabelos escuros, puxando as mechas soltas entre seus dedos com força e finalmente juntou seus lábios, que imediatamente se abriram, famintos, permitindo que suas línguas se encontrassem.

Logo ambos eram uma bagunça de braços, pernas, mordidas leves, suspiros baixos. Reviraram-se na cama mais de uma vez. Parecia que por mais grudados que estivessem, não era o suficiente. Nunca era o suficiente. A mão que não estava perdida no mar de cabelos longos encontrou a barra da camiseta do outro e agora estava em contato com a pele quente. Subiu pela cintura de modo muito suave, passeando pelas costelas, costas, peito, e depois desceu novamente, passando pela barriga (o sentiu ofegar em sua boca quando passou por ali), e por fim explorando o espaço por dentro da calça do outro. Escutou um gemido gostoso e...

Sentiu uma dor infernal atrás de sua cabeça, despertando completamente. Agora ele estava em seu quarto silencioso. Sozinho, zonzo, suado e no chão ao lado de sua cama, preso em meio aos lençóis que o sufocavam. Seu coração parecia querer fazer um buraco em seu peito. Ele havia caído da cama. E sonhado com seu melhor amigo. As coisas não podiam ficar piores.

 

---

 

A manhã estava fresca, mas muito clara. O sol parecia fazer um carinho tímido e morno na pele, em contraste com o vento geladinho. Seria uma manhã gostosa para ficar deitado mais um pouco, ou então aproveitar a presença da luz quentinha, lá fora. Porém, dentro de uma sala de aula um pouco escura, estava sentado um rapaz mais pálido do que normalmente era, com uma das mãos cobrindo os olhos. Uma dor de cabeça o atormentava, junto com imagens que não conseguia apagar.

É comum uma pessoa acabar sonhando com a outra por quem está apaixonada, não é motivo para se envergonhar. O problema era quando essas pessoas eram dois amigos que andavam sempre juntos e um deles percebeu estar apaixonado somente depois de ser um completo sem noção, com gestos íntimos demais. O problema, ainda, era que ele também não tinha decidido o que fazer sobre o que sentia. E as imagens daqueles sonhos reais demais não saíam de sua cabeça. Como é que ele olharia para Geto agora?

Mas, “sonhos”? No plural? Sim, para a infelicidade do nosso jovem xamã, aquele não havia sido o único. Foi apenas o primeiro. Alguns dias depois vieram outros, que envolviam os dois em momentos ainda mais íntimos e intensos, sem a ilustre participação de suas roupas.

“Ah, mas que dor de cabeça do inferno!”, praguejava em seus pensamentos, fazendo uma careta, enquanto seus dois únicos colegas de sala chegavam. Massageou a testa, na altura das sobrancelhas lentamente, enquanto eles se sentavam. Teria feito alguma piada em um dia normal. Estaria contente, na presença de duas pessoas que gostava muito e provavelmente faria algum comentário alto, enquanto seu amigo iria rir. Hoje não conseguiu. Apenas apoiou o rosto em uma das mãos, esperando o tempo passar rápido, não conseguindo evitar uma olhada breve e discreta para o lado, por baixo de seus óculos escuros.

Shoko mais uma vez se viu obrigada a sentar-se entre seus dois amigos que estavam quietos demais. Estava um clima muito estranho nos últimos dias. Gojo evitava olhar para o outro xamã, que também parecia estar um pouco afastado. Dois teimosos. A garota soltou um suspiro cansado, que nenhum dos outros dois pareceu notar. Tinha decidido não se meter, mas não imaginava que as coisas seriam tão enroladas assim.

 

---

 

– Ok, agora me conta o que tá rolando.

 

Estavam os dois xamãs sentados em uma salinha, cada um em um sofazinho pequeno, de frente para o outro. A garota brincava distraidamente com sua caixinha de cigarros, relaxada e esperando pacientemente. O jovem inquieto, que revirava seus óculos escuros nas mãos, parecia um pouco nervoso.

Depois da aula o outro amigo estaria ocupado, então Shoko aproveitou para puxar o grandão para uma conversa. Não iria se meter, mas uma conversa sempre faz bem, certo? “Se pelo menos esses dois bobocas entendessem isso...”

 

– Eu não sei o que você espera que eu responda. Tô cansado e com dor de cabeça.

 

A amiga ficou uns minutos encarando os olhos claros que se desviavam para todos os lados, mas não se voltaram para ela.

 

– Não ouse dizer que está tudo bem. Você tá estranho. Nunca vi você tão inseguro desse jeito. Vocês dois estão muito quietos.

 

Mais uns minutos se passaram. Por fim, Satoru recolocou os óculos e encarou a amiga, com cara de filhote de gato persa, porém firme.

 

– Eu não sei o que fazer, Shoko... pode rir, mas eu percebi que tenho sido um burro. Tô apaixonado, mas que saco! – Fez uma careta. – Cara, isso é tão estranho de falar em voz alta. Mas nunca me senti assim antes! Tenho medo de perder a companhia dele que me faz tão bem, mas aparentemente não consigo mais ficar perto dele sem querer beijá-lo. E ele provavelmente não me olha dessa forma. Desse jeito eu vou estragar tudo! E ainda por cima, nem olhar pra ele eu consigo sem lembrar daqueles sonhos, argh! Não pergunte. Isso eu não aguento falar em voz alta. – Acrescentou quando viu a curiosidade estampada na expressão da amiga, quando mencionou seus sonhos. “Falou demais, Satoru”.

 

– Não vou rir. Ou talvez eu devesse porque é engraçado te ver nervoso desse jeito pela primeira vez. – Acrescentou, cobrindo a boca em uma expressão diabolicamente divertida. Mas logo em seguida ficou séria de novo e concluiu – Gojo eu vou ser direta. Você tem que parar de fugir disso e conversar com ele.

 

– O que??

 

Diante daquela expressão angustiada naquele rosto lindo, Shoko teve que conter um riso e prosseguiu, séria:

 

– O que você acha que vai acontecer se as coisas continuarem assim? Ou você por acaso acha que tudo vai voltar a ser como era antes, depois que você percebeu seus sentimentos e tá todo perturbado desse jeito? Acha que vai se acostumar com isso? Responde com sinceridade.

 

Fez-se uma longa pausa, enquanto o branquelo massageava sua testa, ainda com dor de cabeça.

 

– Realmente, eu acho que não consigo. Mas que droga! – Nervoso, subiu meio tom de voz nessa última frase, muito irritado. – Eu realmente não consigo mais ser o melhor amigo dele. Essa é a verdade e talvez por isso eu não consigo nem olhar pra ele. Mas como falar uma coisa dessas sendo que nem sei como ele se sente??

 

Fez-se uma pequena pausa enquanto a amiga ainda segurava o riso diante de um rosto emburrado.

 

– Agora sim, temos um avanço. É com essa intensidade toda que você deve ir falar com ele, gatão! Não tava nem te reconhecendo, todo medroso desse jeito. – Fez mais uma pequena pausa. – Agora se acalma um pouco, vai descansar e depois vai conversar com ele. Vocês precisam de uma boa conversa e você sabe que não adianta fugir, certo? E sabe também que não adianta esconder o que ta sentindo, não sabe? Talvez você tenha uma surpresa boa. – Concluiu com um sorriso sincero. Ela não iria trair seu outro amigo e confirmar os sentimentos dele, mas sentia que agora as coisas teriam um avanço.

 

Gojo ficou uns minutinhos calado, pensando. Por fim, respondeu, em tom de voz mais baixo e cansado:

 

– Tem razão. Não sei se vou conseguir fazer isso logo, acho que não consigo ser nada confiante quando o assunto é ele, como você mesma deve ter percebido. Não me orgulho disso, na verdade me dá raiva, mas eu simplesmente... não consigo ser diferente. Só que nossa amizade é muito importante pra deixar as coisas acabarem assim, então é melhor que ele saiba. Mesmo que tenhamos que nos afastar depois, já estamos distantes de qualquer forma. – Concluiu, triste.

 

Depois se levantou (e se arrependeu de ter feito isso rápido demais “ai, minha enxaqueca! ”). Despediu-se da amiga e foi para seu quarto. Precisava mesmo deitar um pouco, descansar e se preparar para talvez perder a pessoa mais importante para ele. Ou quem sabe... não, ele não conseguia ser tão otimista assim.

 

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“Eu realmente não consigo mais ser o melhor amigo dele. Essa é a verdade e talvez por isso eu não consigo nem olhar pra ele. ”

Essas palavras ecoavam em sua mente. Não conseguia pensar, não conseguia respirar. Não conseguia entender.

Geto estava encostado na parede, do lado de fora da escola, tentando assimilar as palavras que saíram da boca de seu melhor amigo. Provavelmente ele estava falando com a Shoko. Desabafando? Não saberia dizer, pois não havia escutado mais que isso. Não que ele quisesse ter escutado alguma coisa. Só estava passando perto da sala, indo buscar alguma coisa para tomar, quando escutou a voz alta de Satoru, dizendo aquelas coisas. Parecia nervoso.

Do que se tratava? Tinha medo de saber. “Será que ele percebeu o que eu sinto por ele e não sabe lidar com isso?”. Ele próprio havia passado a manter uma distância que considerava segura, até se sentir mais confiante de ficar perto do outro, sendo seu amigo. Mas então, parecia que ele também passou a se distanciar, como se sentisse vergonha. “Vergonha de mim? Ou vergonha de si mesmo?”. Não sabia o que pensar. De qualquer forma, doía. Doía mais do que imaginara e não saberia como reagir quando o encontrasse novamente.

Infelizmente para o moreno, esse encontro ocorreu mais rápido do que havia imaginado. Na tarde seguinte, foram chamados para irem a uma missão. Juntos.


Notas Finais


Oi, fofinhos que acompanham esse casal sofrência mais lindo do mundo shounen! (na minha opinião, é claro)
Estão apreensivos com o rumo que as coisas estão tomando? Não se preocupem, pois como já terminei mais cedo do que o esperado e o próximo (e último) está quase pronto, resolvi adiantar e postar logo os dois. O capítulo 5 será lançado ainda essa semana. Amanhã? Talvez...

Preparem os corações pois o último capítulo acabou ficando maior do que eu havia planejado. Como avisei antes, não sei escrever lemon, então (como disse uma amiga), talvez eu tenha conseguido escrever uma tortinha de limão. Só espero que fique doce e não azeda demais kk


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