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História Complicated - Limantha - Namorada


Escrita por: mini_isa

Notas do Autor


Gente, perdão se não ficar à altura das expectativas de vocês... Juro que tentei

Capítulo 17 - Namorada


Fanfic / Fanfiction Complicated - Limantha - Namorada

Tina

Oi, mores da tia Tina, tudo bom com vocês? Comigo está maravilhoso, mas vocês já sabem o porquê né. Isso mesmo, a gente penou, chorou, reclamou, esperneou, mas parece que Limantha está finalmente surgindo, tipo fênix renascendo das cinzas. Poético né?

Bom, deixa eu contar agora o que aconteceu depois que a Samantha me ligou e eu surtei de vez. Minha família inteira estava me julgando porque eu estava alegremente pulando pela casa, até dei um bolo no Anderson, tudo por causa dessas duas e no tal pedido de namoro.

Mas, infelizmente, não tinha surgido nenhuma ideia que prestasse na minha cabeça. Cheguei a cogitar a falar para Sam fazer uma serenata e para a Lica fazer uma pintura, mas sei lá, muito clichê sem graça né. Também pensei naqueles aviões que passam com uns recados gigantes. Mas ia ficar muito brega... Você não tem noção, quando eu digo que pensei em tudo, é sério.

Mas meu Deus, que dificuldade, não era um pedido de casamento nem nada (tudo bem que se elas quisessem eu super apoiaria rsrs), por que eu não conseguia formular uma surpresa boa?

Bom, para me manter inspirada ou fingir para as duas que eu estava fazendo alguma coisa, consegui convencê-las de que elas tinham que dar alguma joia de compromisso para a outra.

Eu: To falando para vc, Lica... É uma ótima ideia

Lica: Sla Tina

Lica: Pulseira de compromisso? Meio estranho né?

Eu: Ai nd a ver, td mundo dá anel, vc tem q ser diferentona

Eu: A Sam vai amar vc vai ver

Lica: Td bem... Vc me ajuda a escolher então?

Eu: Mas é claro né meu anjao, vc n consegue nem atravessar a rua sem minha ajuda, quem dirá escolher joia pra namoradinha

Lica: Ai nd a ver, vc nem é isso td

Eu: Quer me ajuda ou n quer?

Lica: Querooo

Eu: Então respeita a madrinha, eu hein

Nós nos encontramos naquela mesma tarde no shopping e eu avisto uma joalheria bem chique e já vou arrastando Lica junto comigo, mas o rosto dela ficou mais branco do que normalmente é, então ela ficou praticamente transparente né, e eu não estava entendendo nada. Ela até tentou falar alguma coisa do tipo “não aqui não”, mas a gente já estava lá dentro e era tarde demais.

Uma mulher de cabelo preto e rosto familiar arregalou os olhos assim que viu minha amiga e veio na direção dela, toda sorridente, para dar nela um abraço apertado. Lica parecia que preferiria estar morta, mas continuou sorrindo com uma cara de cu.

— Ah... Lica, querida, quanto tempo! Fefê tá com tanta saudade, fala de você direto. — Olho para a cara dela como se estivesse olhando para uma pilha de merda. Era a mãe do Felipe, claro.

— Ah, que legal. Realmente ele é um ótimo amigo. — Lica dá uma ênfase exacerbada na parte do AMIGO para ver se a senhora ali se mancava, mas não foi o que aconteceu.

— Mas podia ser mais né... Sempre te achei mais certa para o meu Felipinho que aquela doida da Clara, toda nojentinha e patricinha. — Ela passa a mão no cabelo da minha amiga e, Deus me perdoe, eu só queria jogar aquela senhora contra as estantes de vidro para ver se ela finalmente calava a boca. — Você sempre combinou mais com ele.

— Com licença! — Eu grito estendendo a mão, bem cínica, como se estivesse chamando algum funcionário, mas eu sabia muito bem que só tinha a mãe do embuste lá. — Eu gostaria de ser atendida aqui.

A bonitona finalmente decide perceber que eu existo e me olha com cara de nojo, como se eu fosse uma barata. Mas de boa, viu? Eu estava olhando para ela do mesmo jeito. Onde já se viu? Agora percebemos de onde o Felipe havia herdado o gene de empatar o casal favorito da Tina vulgo Limantha.

— Pois não? — Ela me pergunta, cínica.

— Eu quero comprar pulseiras de compromisso, por favor. — Ela me olha com desdém e vai andando pela loja, nos guiando até as pulseiras.

Nós não podíamos falar para a mãe da cria dos infernos que estávamos ali para comprar pulseira de compromisso para a Lica, porque se ela fosse inconveniente que nem o filho, já já iria espalhar a informação e o plano de namoro secreto Limantha estaria arruinado.

E por mais que eu não tivesse ido com a cara daquela mulher nem um pouco, eu preciso admitir que as joias que ela vendia eram bonitinhas. Vou correndo o olho no mostruário, fingindo estar analisando as opções, mas na realidade eu observava a reação de Lica. Percebo que um par de pulseiras prateadas, bem delicadas e simples, tipo aquelas da Pandora ou Vivara mesmo, haviam prendido sua atenção.

— Quero ver essas daqui, por favor. — Ela faz o que eu peço de má vontade e pego as pulseiras para que eu possa analisa-las junto de Lica. Minha amiga me olha sorrindo abestadamente, fazendo um “sim” com a cabeça. Ai iti neném, tava muito apaixonada coisinha mais linda da vida. — Eu vou levar essas duas.

— Mas você não quer ver a outra masculina?

— Eu quero essas duas. — Repito, severamente, para ver se ela se mancava. E mais uma vez, a querida ainda não entende.

— Mas as duas são femininas...

— E...? — Eu a desafio a continuar a merda do raciocínio dela, mas a mãe de Felipe só ergue as sobrancelhas e vai até o caixa, para que eu possa pagar pelas pulseiras.

Já do lado de fora, Lica me paga o valor e eu a entrego as pulseiras. Pude jurar que a mão de Lica tremia quando pegou a sacola.

— É... Muito obriga, Tina. — Ela aperta a sacola com força, os nós de seus dedos ficam brancos. — Você acha que ela vai gostar?

— Ela vai amar, amiga.

Lica dá um sorriso vacilante.

— O que foi?

— E se ela não aceitar? Agora que eu to com as pulseiras, tá muito real. E se ela não quiser nada além de um lance?

MEU DEUS DO CÉU, TENHA SANTA PACIÊNCIA PARA A HELOÍSA, PORQUE A MINHA JÁ SE ESGOTOU. Desculpa, me descontrolei um pouco aqui, mas fala se não dá vontade de arrancar os cabelos da Heloísa de vez em quando? Olha isso, ela achando que Samanthinha não quer nada com ela. Logo ela, a própria trouxa que deu crise de ciúmes com um dia de pegação só. A que salvou a querida ali de um assédio. A que chorou horrores quando viu a madame se pegando com o bode do Felipe. A que salvou ela de uma overdose. Ai não, gente, essa menina, sinceramente...

— Lica... — Respirei fundo. Eu não to brincando quando eu digo que queria arrancar os cabelos dela. Vontade de dizer “Amiga, te amo, mas você é muito sonsa”. Porém eu só disse: — Ela vai aceitar, vai por mim.

Finalmente, parece que eu tinha conseguido convencer a cabeça dura número 1. Faltava a número 2.  

Sam: Ok Tina acho q vc tem razão

Eu: Óbvio né Samantha eu smp tenho razão

Eu: Agr se arruma q eu to passando ai

Sam: Como assim?

Eu: Garota a gnt vai no shopping pra vc comprar o anel de compromisso pra Lica

Sam: Ai, ok

Já no shopping eu estava disposta a arrastar Samantha para o mais longe possível da loja da mãe do embuste, mas assim que ela a viu, foi direto para lá, dizendo que a mãe dela amava a loja também e que provavelmente dariam desconto se descobrissem de quem ela era filha. Ok, então ela também não sabia que era a loja do Felipe... E também talvez a... Ah, esquece, ela estava lá ainda sim.

Assim que me vê, a queridona estranha:

— Você de novo? — Ela pergunta olhando para minha cara, novamente com nojo.

— Ué, você já veio aqui hoje, Tina? — Samantha também me pergunta e eu entro em pânico.

— Quê? Não...

— Claro que veio, você estava com a...

— Ah, eu vim! — Eu berro na cara de Joana, a mãe do Felipe, interrompendo sua quase tentativa de destruir meus planos, mesmo que inconscientemente. — Eu queria comprar umas pulseiras de compromisso para mim e pro Anderson.

— Anderson? — Ela questiona, porque eu claramente tinha dado a entender que eu namorava uma menina mais cedo. Mas ela nem me conhece, não sabe da minha história... Vai que eu tinha uma namorada e o nome dela fosse Anderson? Eu hein, me respeita. Mas nesse meio tempo Samantha me olhava com uma expressão pensativa.

— Nossa, que legal pulseira de compromisso. Você não acha melhor eu comprar isso não? — Ai só me faltava essa.

— Quê? Claro que não. Anel ainda é um clássico, acho que ela vai gostar mais. — Obviamente que eu não podia deixar que as duas comprassem a mesma coisa, ia estragar tudo.

A mãe de Felipe ergueu a sobrancelha ao ouvir o pronome feminino, mas mesmo assim vai mostrar para mim e para Sam as opções.

E deixa eu te falar um negócio, aquelas duas viviam em tanta sintonia que Sam se apaixonou completamente por um modelo de anel que combinava horrores com a pulseira de Lica. Tive que me segurar, fingir plenitude, para não morder a bochecha daquela garota e gritar que elas eram umas fofas.

 

Eu estava enlouquecendo, me dividindo em duas, tentando responder às namoradinhas sem dar a entender o que estava acontecendo, mas a cada segundo ficava mais difícil. Quase que eu enviei a mensagem “Claro q a Lica aceita seu pedido” para a própria Lica. Eu necessitava que esses pedidos acontecessem o mais rápido possível, porque eu não daria conta por mais tempo.

A parte ruim é que eu não havia pensado em nada. Mas foi quando eu estava passando pelo feed do Instagram, quando vi uma foto antiga de Limantha na conta de Samantha, que ela não havia apagado, foi que eu entendi que elas não precisavam de um pedido de namoro extravagante, cheio de surpresas e excentricidades. Elas só precisavam de uma a outra e pronto. Elas já seriam as namoradinhas mais felizes dessa vida.

Então, finalmente, arquiteto meu plano. Para começar, mando uma mensagem no Grupo de Oração:

Eu: Oie, Limanthinhas do meu cora, só passando para dizer q amn a gnt vai ter q se encontrar p fazer o seminário de qlqr jeito

Eu: Então tratem de agarrar a oportunidade q o destino e a madrinha de vcs deram

Nem espero elas visualizarem ou nada disso e já vou no grupo do trabalho, convocando todos para uma nova reunião para discutir o trabalho, o que no caso a gente também precisava fazer, porque Sam e Lica resolviam, resolviam, mas no final só ficavam se comendo escondidas e o seminário que era bom nada. Todo mundo confirma que vai comparecer e Lica brota para falar que a casa dela estava liberada. Para melhorar minha confusão, Lica e Samantha decidiram me chamar no privado ao mesmo tempo... Resolvi dar atenção a cabeçuda número 1 primeiro.

Lica: O q vc ta aprontando?

Eu: Ndd... To só jogando no ar q amn é o dia q vc vai pedir Samanthinha em namoro

Lica: Q? Comoassim?

Eu: Como assim oq Heloisa? Toma vergonha na cara, vc consegue

Lica: E o q eu faço? Como eu faço? Eu to muito nervosa

Eu: Amiga, fica calma, pq se vc fica nervosa eu fico nervosa e já basta uma nesse estado

Eu: Confio em vc, qnd vc sentir que é o momento certo vc se ajoelha e pede

Eu: Ela n vai ter como recusar

Vou agora responder a outra metade desse casalzão da porra.

Sam: Tina, vc armou isso td pra eu pedir a Lica em namoro?

Eu: Simmmm

Eu: Gostou?

Sam: Sim, claro

Sam: Mas será q vai dar certo?

Eu: Claro q vai

Eu: Espera td mundo ir embora, vocês duas vão ficar lá sozinhas... Qnd o clima parecer certo, vc se ajoelha e pede a Lica em namoro

Sam: Ai mdsss td bem, eu consigo

E assim aconteceu... No dia seguinte, cheguei mais cedo na casa de Lica, como no dia do primeiro beijo delas, só para não perder o costume. Eu estava naquele momento deitada em sua cama, brincando com as pulseiras, observando Lica andando de um lado para o outro.

— Amiga, eu juro que se você não parar de andar eu vou te dar um tapa mais forte que aquela bolada que você tomou na cara na aula de Educação Física.

Mas Lica estava no modo delay e foram preciso uns 15 segundos para ter a reação e me olhar.

— Oi?

— Para de andar, você vai abrir um buraco no chão!

— Ah, foi mal. — Mas continua andando. Eu me levanto, já sem paciência, agarro seus braços e forço com que ela se sente na cama.

— Você precisa ficar calma. Tá começando a me estressar e olha que a única pessoa que consegue isso é a minha mãe. — Ela começa a roer as unhas, nem ouvia o que eu falava. Dou um tapa em suas mãos, para ela parar com aquele treco nojento. — Lica, pelo amor de Deus, aquieta o facho. A Sam vai aceitar, acredita em mim.

— Eu nunca pedi uma menina em namoro antes, Tina! — Ela grita se jogando na cama, de cara no travesseiro. Ai, to doando uma amiga dramática, estão interessados?

— Você nunca tinha beijado uma, mas isso não te impediu de meter a língua dentro da Samantha.

Ela fica completamente vermelha, levantando somente os olhos, mas ainda se escondendo com o travesseiro. Ué, não entendi. Ela achava que eu não sabia como sexo lésbico funcionava? E que eu não sabia que elas faziam? Ela pensou que eu achava que elas faziam o quê? Jogavam xadrez?  

— E olha que eu nem disse por onde hein...

Ela me deu um tapa, bastante envergonhada.

— Tina! — Ela me repreende.

— O quê? Eu estou mentindo por acaso? — Obviamente ela não nega, porque eu bem sabia que aquelas duas estavam parecendo dois bichos no cio, transando que só Jesus na causa. Te falar aqui, foi tão ridículo aquele dia que elas tentaram se fazer de desentendidas... Sabe, quando elas voltaram? Ficaram tentando disfarçar para mim que elas tinham transado.

Mas, quer dizer, o pescoço da Lica estava todo roxo e, a não ser que ela tenha se metido em uma briga com alguém que tivesse fetiche em atacar somente aquela parte do corpo ou que ela tenha caído de pescoço no chão, com certeza Samantha tinha sido a autora dos chupões. Isso sem nem mencionar a outra linda que achou que estava arrasando, mas colocou o macacão todo torto, pensando que ninguém ia reparar... Muito iludidas, tadinhas.

— Chega de doce, você vai pedir a Sam em namoro sim, tá me escutando?

Lica seca as mãos, suadas, no lençol da cama e me olha apreensiva. Ela suava litros, nunca tinha visto a Lica tão nervosa em toda a minha vida, fiquei até um pouco chocada, não pensei que ela sentisse essas coisas. Ela me diz que teríamos muita privacidade, uma vez que a mãe dela estava fora em um congresso e ela tinha, “convenientemente” dado folga para Leide.

Ah, finalmente. Hoje tinha, hoje ia rolar. Meu casal Limantha finalmente se tornaria real e oficial. Queria fazer a mãe da Regina George e ficar lá só olhando, torcendo para minhas nenês. Você acha que seria estranho? Eu to só aquele cara do meme, segurando uma câmera e chorando, vendo meu casal finalmente assumir seus sentimentos de vez.

Ahhh, esse momento é todo meu Brasil!

 

Lica

Eu não estava tão certa de que essa ideia de Tina havia sido uma boa. Pulseira de compromisso? Eu nunca tinha visto uma coisa dessas. Samantha com certeza me acharia a pessoa mais boba se eu a pedisse assim em namoro. Mas agora não tinha mais volta.

Tivemos que manter a pose de “inimigas” a tarde inteira. Inclusive simulamos uma briga feia porque ela tinha “pegado meu apontador sem pedir”.

— Ai nossa, desculpa, não pode pegar no apontador da princesa. Ele é de vidro. — Ela falou debochando. Todo mundo revira os olhos, percebendo que mais treta viria por aí.

— Ai, deixa de ser ridícula que não é nada disso. Só não gosto que peguem coisas sem a minha permissão.

— Relaxa aí, garota. É só um apontador. E eu já devolvi, olha. — Ela diz jogando o apontador em minha direção, me obrigando a fingir que de alguma maneira eu me importava com aquela discussão patética.

— Agora? Nem adian...

— Ah! — Gabriel gritou, assustando todo mundo. — Parou vocês duas.

— É. — Guto concorda na mesma hora. — Ninguém aguenta mais ouvir vocês duas brigando. Caramba, vocês namoraram um tempinho e...

— Nós não namoramos. — Dissemos em uníssono e reprimo meu reflexo de sorrir para seu rosto que provavelmente ficara tão abobada quanto eu.

— Ai, tá bom. — Tina diz, rindo de maneira cúmplice para a nossa cara.

Mas as tretas estavam longe de acabar. Gabriel estava meio que muito pistola naquele dia e quando nós juntamos tudo o que tínhamos feito até ali, ele meio que surtou comigo e com Sam.

— Ai, não acredito. Vocês não fizeram praticamente nada! — Ele estava inconformado, fitando os três slides que havíamos feito, porcamente. — Como isso é possível? Vocês estão fazendo coisa desse trabalho todo dia.

— Culpa da Lica que não faz a parte dela direito.

— Ai, cala a boca que a maioria disso aí quem fez fui eu.

— Nossa, grandes coisas. Maioria de nada continua sendo bosta nenhuma. — Todos nós o encaramos, estranhando aquele comportamento. Gabriel não era assim, tinha alguma coisa de errado acontecendo. Mas ele estava nervoso mesmo e anunciou que já estava indo embora.

Mais tarde, Guto vai embora, me deixando sozinha com minha crush e nossa madrinha. Samantha, em dado momento, avisa que precisa ir na sala, atender um telefonema particular e Tina nem espera ela sair para vir em minha direção, me entregando a sacolinha das pulseiras.

— Esse é seu momento. — Ela me abraça como se fosse uma mãe entregando a filha no altar. — Boa sorte, que Santo Antônio esteja contigo.

Ela manda um joinha antes de sair do meu quarto, me deixando sozinha com minhas aflições. Ok, como eu faria isso? Eu me ajoelharia do nada, começaria beijando ela, me declarando? Eu precisava demonstrar a ela tudo o que eu sentia, tudo o que eu era perto dela. Como ela havia me mudado para melhor... Meu coração acelera quando ouço os passos de Samantha, voltando para o quarto. Com as mãos trêmulas, enfio as pulseiras em meu bolso traseiro.

Estranhamente, Sammy tinha um olhar tão aterrorizado quanto o meu, mas eu não sabia o porquê. Olho ligeiramente para trás, pensando que tivesse alguma coisa ali que a pudesse ter assustado.

— Tá cada vez mais difícil... — Ela diz por fim, com a voz trêmula.

— O quê?

— Fingir que te odeio na frente dos outros. — Meu peito se enche de calor e eu começo a ficar mais calma. Ela era a Sammy, a minha Sammy. Sorrio, reconhecendo o mesmo sentimento.

— Eu sei, para mim também. — Me aproximo dela e toco sua tatuagem, da orelha, como eu havia feito tanto tempo atrás. Foi naquele primeiro pequeno ato que eu senti o poder da eletricidade que Samantha Lambertini causava em todo o meu ser. — É bem difícil fingir que não estou apaixonada por você.

Os olhos de Samantha se arregalam ao me ouvir dizer aquela palavra. Eu travo, também não acreditando que eu tinha dito aquilo, em voz alta, para alguém. Me faço de desentendida na hora, afastando-me e viro de costas.

— Quer ouvir alguma música? — Pergunto, mexendo na minha caixinha de som, ainda de costas para ela. A verdade é que eu estava tentando reunir a coragem para fazer o pedido. Fico lá, procurando minhas playlists, mas ainda sem nenhuma palavra de Samantha. Ela estava em silêncio.

É esse o momento, Lica. É agora. Eu me viro decidida, já alcançando meu bolso traseiro para pegar as pulseiras, no entanto eu me deparo com Samantha, de frente para mim, de joelhos. Ela segurava uma caixinha preta e me fitava ansiosa.

— Samantha, o que você está... — Tento perguntar. Será que ela estava fazendo mesmo o que eu estava pensando?

— Sh... Não fala nada. Eu ensaiei muito o que eu falaria nesse momento, se você falar também vai me deixar mais nervosa do que eu já estou. — Ela fecha os olhos, forte, tentando se concentrar. — Lica, nós nos conhecemos desde o jardim de infância e desde o dia que eu pisei no seu desenho na aula de artes, sem querer, sempre nos odiamos. Você era para mim a patricinha, filha do diretor e mimada. E eu nunca, em um milhão de anos, poderia me dar bem com Heloísa Gutierrez. Mas a vida é cheia de reviravoltas e de repente tudo o que você achava que era verdade vira mentira. E como tiro certeiro, a verdade que eu odiava você, Lica, mudou. Talvez, quem sabe, eu só vivia aqueles momentos de incerteza esperando por você. Que eu vivia perdida, somente esperando que você me encontrasse e fizesse com que eu mesma me encontrasse. — As mãos de Samantha tremiam. — Eu amo o jeito como você me faz rir, como você me toca, eu amo a pessoa que eu me tornei perto de você. Lica, conscientemente ou não, você me mudou. A Samantha de antes era vazia, egoísta, fútil e desacreditava no amor. Era uma Samantha que nunca havia sentido o que é estar apaixonada e a verdade é que eu gosto de sentir isso. Agora, que eu descobri como é a minha vida perto de você, eu não consigo mais te imaginar fora dela. Por isso, eu preciso saber... — Ela abre a caixinha, com certa dificuldade, e revela dois anéis. — Preciso saber se você aceita ser a minha namorada.

Eu a fitava, completamente incrédula, do que eu havia acabado de escutar. Do que ela havia acabado de fazer. Sammy havia se declarado e me pedido em namoro, no mesmo momento que eu pretendia fazer o mesmo.

Meu coração estava a mil, minha garganta travada, não conseguindo acreditar que aquilo era mesmo real.

— Lica? Você pode falar agora. Pode me responder, por favor? Meu joelho está começando a doer. Se for um não eu aguento.

Eu me ajoelho, no mesmo instante, e finalmente alcanço as pulseiras que eu pretendia usar no meu pedido de namoro. Samantha olha as joias, confusa, e provavelmente ainda não entendendo o porquê de eu ainda não ter respondido seu pedido. Mas era a minha vez.

— Samantha, eu não posso acreditar que você tenha escolhido esse momento — Eu sorrio com a coincidência. — porque eu estou aqui, dias sem dormir só pensando no que eu faria que seria à sua altura. Eu, mais do que ninguém, tenho a consciência de como te fiz sofrer, como eu te fiz chorar... Eu me arrependo e me martirizo, porque você não merece. Eu não te mereço. Eu venho aqui, tentando pensar em mil coisas para tentar demonstrar o mínimo do amor que eu sinto por você, mas aí você vem e se declara assim... Samantha, eu não te mereço, você é a melhor pessoa que eu já tive o prazer de conhecer em toda a minha vida. — Sorrio e toco o seu rosto, sentindo cada detalhe seu. Seus olhos castanhos claros, sua boca carnuda, seu queixo fino... — Mas eu prometo que eu vou tentar melhorar e provar todos os dias que eu posso ser merecedora de você. Por isso, eu aceito ser sua namorada, Sammy, mas só se você aceitar ser a minha também.


Notas Finais


Ai to muito soft


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