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História Complicated - Limantha - Preconceito


Escrita por: mini_isa

Notas do Autor


Recentemente eu presenciei um parente meu dizendo coisas que eu preferia nunca ter ouvido, decidi desabafar um pouco disso nesse cap

Capítulo 7 - Preconceito


Fanfic / Fanfiction Complicated - Limantha - Preconceito

Lica

Acho que eu finalmente havia conseguido convencer a Samantha de que eu não sentia mais nada pelo Felipe a não ser amizade. Ela talvez tinha razão, eu estava tentando grudar nele para, sei lá, ver se aquilo que eu sentia por ela não passava de uma leve queda. Claro que não era, porque eu estava doida por aquela garota.

Ela estende os braços para mim e nos abraçamos, mas do nada outros braços se juntam a nós, nos apertando carinhosamente.

― Ahhh! Meu casal! ― Era Tina, nos apertando.

― Ah, oi, Tina. Eu... Não... Consigo... Respirar. ― Sam diz pausadamente e ela nos solta, não antes de beijar a cabeça de cada uma.

― Olha, vocês duas têm uma dívida eterna comigo. Eu que convenci todo mundo a ir para o andar de cima, cantar parabéns para a Marina. Ellen não queria ir nem a pau, tive que levar arrastando.

― Muito obrigada, amiga. ― Eu digo. Tina parecia meio avoada, ela assente com a cabeça e percebo que ela também estava bêbada. Que mundo paralelo é esse em que todo mundo estava chapado e eu, sóbria? 

― Agora vamos, porque estão começando a estranhar a ausência de vocês.

Samantha lança um olhar para mim e depois para Tina e eu entendo imediatamente o que ela quer dizer com seus olhos “Sua amiga tá chapadona”. Não sei que moral ela tinha de falar dos outros tendo virado horrores com MB, mas tudo bem. O que me preocupava mesmo era que Tina não costumava fazer essas coisas, então devia ter acontecido algo de grave. Mais tarde eu conversaria com ela.

Já no segundo andar do Beb’s cumprimentamos todo mundo e tentamos ficar o mais afastada uma da outra, para que ninguém desconfiasse de nada. Já não bastasse uma Tina claramente bêbada sabendo, não queríamos arriscar mais. Parabenizo Marina, que estava num nível tal grande de bêbada que mais uns segundos estaria dando pt. Isso porque quando eu desejei feliz aniversário ela respondeu de nada, falou que eu, Helena, sou uma pessoa maravilhosa e saiu andando.

Procuro Samantha novamente e a encontro, dançando agarrada com a minha querida irmã. Precisava dançar tão perto assim? Clara estava praticamente escalando a Sam, eu hein, que pouca vergonha. Eu estava muito bem ocupada fuzilando aquela cena com o olhar quando a cabeça de K1 entrou no meu campo de visão.

― Eu preciso trocar uma ideia contigo. ― Ela parecia bastante atordoada.

― Que houve?

― Eu estou muito preocupada com o Michel. ― Franzo a testa. Fazia 234 anos que eu ouvia alguém chamando MB pelo primeiro nome. Observo Samantha rebolando em Clara pelo canto de olho e meu sangue ferve. Se Samantha estivesse sentindo a metade do que eu sentia vendo aquela cena quando eu estava com o Felipe, eu entendia plenamente porque ela não queria que eu e ele ficássemos próximos.

― Cê tem certeza que quer falar sobre isso aqui? Agora? ― Eu digo ainda espiando Sam e Clara.

― Foi mal, eu to ligada que não é o melhor momento, mas ele tá saindo de controle. Ele bebe o dia inteiro, Lica.

― Ah, nem é tanto assim vai.

― É, Lica. ― Eu nunca havia visto K1 tão séria na minha vida, talvez eu devesse levar aquele problema mais a sério. ― Eu não sei o que fazer, ele não para de beber. Acho que tem alguma coisa de errada, mas ele não me conta. Você é a única que pode me ajudar.

― Eu? Por quê?

― Porque ele confia em você e você é a companheira dele nesses rolês, que vai junto beber e fumar. Ou era pelo menos né, porque até a Samantha encheu a cara com ele hoje. Eu preciso que você jogue a real para ele.

― Tudo bem, eu posso fazer isso.

― Muito obrigada, Lica. Sério mesmo, me desculpa te envolver nessa história toda, mas é que eu não sabia mais a quem recorrer.

Num canto da festa, MB estava deitado agarrado a uma garrafa e começou a gritar desesperado pela namorada. K1 me olha como quem quisesse dizer: “não te disse?” e vai ao encontro dele. E foi mal um problema sumir da minha frente que me apareceu outro.

Felipe vinha em minha direção sorrindo e a vontade que eu tive foi de cavar um buraco no chão e me esconder. A última coisa que eu queria naquele momento era mais problema com a Sam.

― Lica, que cena foi aquela sua e da Samantha?

― Oi? Que cena? ― Nossa, mais cínica que eu impossível.

― Ué, quando ela chegou falando que você estava zoando com a porra da cara dela.

― Ah! ― Finjo me lembrar, mas convenhamos que eu me lembrava muito bem e que não esqueceria tão cedo. ― Aquilo, a gente teve um desentendimento por causa do trabalho, mas já nos acertamos.

Senti que aquele trabalho de literatura serviria como desculpa para qualquer coisa que envolvesse a Sam. Felipe pareceu convencido e senti que ele iria continuar a conversa, mas antes que ele pudesse dizer alguma coisa começa a tocar “Agora vai sentar” e eu uso como desculpa. Dou um grito na cara dele “Vou lá dançar” e vou em direção de Sam e Clara, que agora também dançavam com Tina.

Sam me abraça quando me vê e começa a rebolar, no mesmo ritmo de Clara, descendo até o chão. Se ela não parasse de dançar daquele jeito eu seria obrigada a agarrá-la ali mesmo e dane-se que seria na frente de todo mundo. Clara, do nada, parou de dançar, fez um sinal para que nós nos aproximássemos e nos juntamos tipo como os jogadores fazem antes de um jogo de futebol, para comentar a estratégia.

― Gente, eu quero pegar o Fio.

― Pode ir, miga. Ele beija muito bem. ― Diz Samantha. Nossa, mas que informação desnecessária hein, linda, podia ficar sem essa.

― Mas ele tá de papo com aquela Taís.

― E daí? Pega ele pela camisa e agarra, sem medo. ― Aquele conselho nunca viria de uma Tina sóbria.

― É, Clara. Só vai.

Ela dá um salto, se sentindo estimulada e anda decidida para o lugar onde Fio se encontrava. Logo em seguida, Tina chapada abraça nós duas novamente e suspira.

― Eu amo tanto esse casal.

― Nós também te amamos, amiga. ― Eu falo rindo.

― Vocês não podem se separar. Eu preciso que pelo menos um casal dê certo. ― Ela diz em tom melancólico. ― Porque comigo tá difícil.

― Como assim? O que houve?

― É sua mãe né? ― Tina concorda imediatamente com Samantha.

― Ela é tao racista. Eu não entendo, o Anderson não tem nada diferente de mim, dela, de qualquer um. Só tem mais melanina. Tipo, que coisa bizarra né. Gente preconceituosa é um porre.

― Preconceito é uma bosta mesmo. ― Tina fica imediatamente feliz quando eu digo isso e gruda seu rosto com os nossos.

― Mas eu não vou deixar que façam nada com vocês duas. Vocês são minhas nenês, vou protege-las de todo o mal.

Samantha ri histericamente. A risada dela era a coisa mais linda que você pode ouvir nesse mundo, afasta qualquer pensamento ou sensação ruim de seu coração.

― Obrigada, Tina.

― De nada, Samantha. Vocês são tão bonitinhas, queria colocar as duas num potinho. E nem inventem de brigar de novo, por favor, que a madrinha fica chateada.

― Madrinha?

Tina me olha em tom de reprovação.

― Aiai, Lica, você não contou para ela? Eu sou a madrinha de Limantha, Samanthinha. Não vou sossegar até que vocês duas estejam casadas com dois filhos e cinco cachorros.

 

A aula de matemática estava um porre, como sempre. O professor estava enchendo o quadro de funções e eu não estava entendendo nada. Eu faço o que qualquer um na minha situação faz, olha em volta para ver se tinha mais gente tão perdido quanto eu. MB e Felipe não estavam nem olhando para o quadro, Ellen claro que estava sacando tudo então nem conta, Tina estava jogando forca com Guto. Samantha parecia estar tão perdida quanto eu, olhava para frente, mas parecia não olhar nada ao mesmo tempo.  

Decido fazer algo mais do que arriscado e arranco um pedaço de uma folha de caderno e lhe escrevo um bilhete.

Partiu sala de robótica no intervalo?

Aproveito um momento que todos estavam distraídos e me estico para jogar o bilhete em cima de sua mesa. Ela se assusta, mas o abre e não consegue esconder um sorriso.

Ela escreve sua resposta e dobra várias vezes o papel, depois estica o braço e eu o pego, discretamente.

Depende, o que você está planejando fazer comigo, Heloísa?

Mordo meu lábio inferior, morrendo de desejo. Eu poderia imaginar claramente Samantha me perguntando aquilo, me fitando de cima abaixo de forma debochada e desafiadora.

Eu quero te deitar naquela mesa e te fazer gozar como nenhum cara conseguiu

O professor estava passando de mesa em mesa para acompanhar nossos exercícios e aproveito quando ele está bem longe de mim, para jogar o papel em cima da cadeira de Samantha. O problema foi que ele caiu, Samantha se apressou para pegá-lo, mas Clara foi mais rápida.

― Tá trocando bilhetinhos, amiga? ― Ela pergunta brincalhona, mas Samantha nem pisca, desesperada. ― Com quem?

― Clara, me devolve. Agora. ― Ela diz, séria, mas Clara leva aquilo como zoeira.

― Ah, mas eu to curiosa.

― Eu to falando sério, me dá. ― Samantha estava ficando vermelha, furiosa. Eu também não estava nem um pouco tranquila, se ela abrisse aquele bilhete, seria o fim.

― Mas é só uma espiadinha. ― Clara começa a desdobrá-lo, mas Sam salta em cima de minha irmã e agarra o bilhete a força. Clara se recupera do susto enquanto Sam faz picadinho do papel. ― Nossa amiga, calma, foi só uma brincadeira.

― Mas não teve graça.

― Nossa, desculpa, não faço mais isso.

― Acho bom mesmo.

O sinal do intervalo toca e Clara sai voada da sala. Geralmente ela ficava junto com Sam, mas depois daquilo ela devia estar morrendo de medo. Eu faço hora, demorando mais que o necessário para guardar meus cadernos e logo a sala ficou vazia. Samantha me aguardava encostada na porta e caminhamos juntas até a sala.

― Essa foi por pouco. Temos que ter mais cuidado. ― Ela sussurra.

― Eu sei, você tem razão. Nada mais de bilhetes durante a aula.

― Sem bilhetes. ― Ela concorda.

Estávamos quase na porta, eu colocava a mão no bolso para alcançar a chave da sala, quando avistei meu pai vindo em nossa direção.

― Ai que merda. ― Samantha diz. Tenho pequenas esperanças de que ele vai passar direto e fingir que eu sou uma aluna qualquer, mas ele para diante de nós.

― Bom dia, Samantha. Heloísa, quero vê-la na minha sala. Imediatamente.

― É sério?

― Agora. ― Ele diz e sai andando, obviamente esperando que eu o seguisse. Reviro os olhos não podendo acreditar no incrível empata foda que meu pai era. Olho para a Samantha me desculpando, e ela murmura algo como “Tudo bem”.

 

― A razão pela qual te chamei aqui é que estou bastante decepcionado com você.

― Nada de novo, não é mesmo?

― E a razão disso ― Ele inspira forte, me ignorando ― é porque você não faz o mínimo de esforço para se dar bem com a Malu ou comigo.

― Achei que os alunos fossem chamados na sala do diretor para falar sobre a vida acadêmica, não a vida pessoal.

― Por isso ― Edgar me ignora novamente ― sua mãe e eu concordamos que você vai passar alguns dias lá em casa, para se adaptar. Hoje, você vai dormir lá em casa. Já mandei Leide arrumar sua bolsa.

Embasbacada. É o único adjetivo que eu consigo encontrar para me descrever naquele momento. Como que eles podiam decidir um absurdo desses sem nem antes me consultar primeiro?

― É o quê? Quando vocês decidiram isso? Será que eu tenho que lembrar que a vida é minha? Se eu não quiser eu não vou.

― Você vai sim. Eu sou seu pai, eu estou mandando.

― Você não é meu pai há muito tempo. Pai é quem cria, quem é presente.

― Basta, Heloísa. Está decidido e ponto final. Hoje, quando a aula acabar, você vai direto para minha casa, junto com Clara.

Eu me levanto e bato a porta de seu escritório atrás de mim. Inacreditável.

 

Se eu tivesse que ficar trancada naquele apartamento somente com Clara, isso não seria um problema. Ela não era ruim, muito pelo contrário, antes de toda essa treta acontecer, éramos grandes amigas.

O problema é que eu seria obrigada a dividir aquele espaço, o mesmo ar com Edgar e a víbora da Malu. Eu decidi adotar meu modo de protesto e durante o jantar patético em família, me recusei a conversar com qualquer um deles e fiquei o tempo inteiro no celular, conversando com Sam.

Sam: Como ta sendo passar o tempo com a família? Já criou laços afetivos?

Eu: Sim, neste momento estamos trançando os cabelos um do outro. Fiz uma escama de peixe em Malu

Sam: kkkkkkkkkk vc é mt debochada ne

Eu: Como se vc tbm n fosse ne c

Sam: Claro que sou e vc adora q eu sei

Eu: Adoro msm

Sam: Será q amanha a gente consegue se pegar na sala de robótica?

― Heloísa, é falta de educação mandar mensagem durante o jantar. ― Edgar diz.

― Desculpa, tá falando comigo?

― Deixa de ser debochada, menina.

― Ninguém tá falando com você, Malu. ― Eu digo e volto a atenção para o meu celular.

― Heloísa! Eu não vou aceitar essa falta de educação. Larga esse celular imediatamente e peça desculpas.

― Eu não.

Eu: Com ctz se n vou ser obrigada a te agarrar no meio do colégio inteiro

― Olha, Edgar, essa menina sinceramente... É culpa da mãe, não deu educação.

Clara que acompanhava aquela discussão como plateia de jogo de tênis, olhando de um lado para o outro, coloca a mão no rosto imediatamente, como quem quisesse dizer “puta que pariu”.

― É o quê? Você lava a boca antes de falar da minha mãe!

Eu vou marchando para o quarto e me tranco lá durante todo o resto da noite.

 

Quando deu 22:00 infelizmente me deu vontade de beber água e para isso eu teria que sair do meu esconderijo. No caminho da cozinha, vejo que Malu e Edgar estavam cada um mexendo em seus respectivos computadores, de frente para a televisão, que passava um filme norte-americano qualquer.

Passo pelos dois sem falar nada e encontro com Clara, colocando água num copo também.

― Me desculpa, pela minha mãe. ― Ela diz, sem graça. ― Ela não tem noção.

― Tudo bem, não é culpa sua. E eu também não facilito.

Clara sorri e eu finalmente acho que temos uma chance de voltarmos a ser amigas, como éramos antes de descobrirmos nosso laço sanguíneo.

― É bom ter você aqui também. Eu não preciso enfrentar esse hospício sozinha.

Nunca havia parado para pensar naquilo. Eu reclamava de ter que ver meu pai todo dia no Colégio, mas Clara, além disso, tinha que aguentar não só ele, mas também Malu juntos, na própria casa.

― Não deve ser fácil né.

― Você não faz ideia. Minha sorte é que às vezes a Sam dorme aqui e eles têm que fingir serem normais por algumas horas.

― Clara, você sabe que se precisar, pode ficar lá em casa...

― Sério?

― Sim, pô. Só aparecer...

Nós sorrimos, parecendo sentir mutuamente aquele momento de irmandade, mas ele foi estragado quando ouvimos a voz de Malu.

― Sinceramente, isso é uma pouca vergonha.

Por mais que eu não quisesse olhar para a cara daquela mulher, eu fico curiosa e vou para a sala entender o que estava acontecendo. Encontramos os dois assistindo, chocados, duas mulheres se beijando na televisão.

― Que coisa mais vulgar. Acho um absurdo passarem isso na televisão. ― Meu pai diz e desliga a televisão em seguida, totalmente enojado.

Meu coração dói. Eu não deveria estar surpresa que ele seria homofóbico, mas mesmo assim eu não consigo evitar me sentir desapontada.

― Qualquer criança pode assistir isso. A mídia fica tentando empurrar esse negócio de homossexual. Está forçado demais.

Edgar, me recuso a chama-lo de pai, concorda.

― Pois é, depois não sabem por que apanham na rua, têm é que apanhar mesmo. Não é à toa que tem cada vez mais gente virando gay.

― Ninguém vira gay. ― Eu digo e eles finalmente reparam em nossa presença.

― As pessoas nascem assim. ― Clara complementa e eu a agradeço mentalmente por isso.

― E não há nada de errado nisso.

― Ah, então agora você vai querer me dizer que isso é natural? Normal? ― Malu me desafia.

― E por que não seria? São duas pessoas se amando.

― Não acho legal uma mulher beijar outra mulher. ― Ela diz se levantando e colocando-se de pé, diante de mim.

― Ótimo, só não beijar então.

Clara abafa um riso, mas Edgar e Malu parecem furiosos.

― Vocês acham que tudo bem passar uma imagem dessas na televisão? Sabem quantas crianças podem virar gays assistindo isso? ― Edgar diz. Meu Deus, que pessoas nojentas. Eu não posso acreditar que eu era produto de metade daquele homem.

― Primeiro que ninguém escolhe. Segundo, ninguém vira gay ou não por assistir televisão. A mídia sempre foi de maioria esmagadora heterossexual. Se a teoria de vocês fosse verdade, gays que assistiam homem e mulher se pegando não seriam gays.

Malu ri da minha cara, cínica.

― Eu deveria imaginar que você apoiava essa pouca vergonha. Não me surpreendo.

― E eu não estou nada surpresa que um lixo de ser humano como você seria, além de tudo o que não presta, homofóbica.

Ela não se abala.

― Nossa, mas que insistência em defender essa gente. Tá virando sapatão, por acaso? Porque para mim é a única explicação.

― Chega! ― Eu grito. ― Vocês são nojentos. Eu não fico mais nem um segundo nessa casa.

Vou correndo até o quarto juntar as minhas coisas, que estavam espalhadas e vou o mais rápido possível em direção a porta. Clara e Edgar me seguiam, pedindo para eu manter a calma, mas Malu permanecia de pé, se divertindo com tudo aquilo.

― Já vai?

Ela me pergunta quando eu estou na porta. Olho para trás e minha vontade era de dar um tiro naquela cara cínica.

― Vai se foder, Malu.

 

Dentro do elevador, eu olho desesperada para o celular, pensando que eu deveria ligar para a minha mãe, mas não estou preparada para reviver com ela, tudo o que havia acabado de acontecer.

Nunca na minha vida eu me senti tão enojada. E saber que pessoas com mentes tão podres como aquelas faziam parte da minha vida me deu vontade de socar as paredes. Olho para o espelho do elevador e percebo que estava chorando. Nem sei o motivo daquelas lágrimas, talvez fossem tristeza, raiva, desgosto... Chegando na portaria, me sento no sofá e decido ligar para ela.

― Lica? ― Ela atende imediatamente.

― Oi, Sam. ― A maneira embargada que minha voz sai denuncia que meu choro era de tristeza, acima de tudo.

― Lica, você está chorando? O que aconteceu? ― Minha garganta trava, não consigo responder. ― Lica, fala comigo, por favor. Eu to preocupada.

― Meu pai, Samantha. ― Eu digo entre soluços.

― O que ele fez?

― Ele é homofóbico. ― Meu choro se intensifica. ― Sam, eles disseram que nós somos anormais. Ele falou que a gente merece apanhar.

Ela fica em silêncio por um tempo, como se estivesse absorvendo aquelas informações.

― Onde você está?

Pisco confusa, não compreendendo como aquela informação poderia ser relevante naquele momento.

― Eu to na portaria do prédio da Clara, mas...

― Fica aí, eu vou te buscar.

 



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