História Conexão Barra Funda - Itaquera - Mancha Verde ou Mancha Rosa?

Sabe aquela conexão foda que você sente quando encontra certas pessoas? Era exatamente isso que eu sentia quando estava com a Sakura. 

Eu já sabia que ela era alguém especial desde que nos conhecemos, mas quando jantamos e passamos a noite juntos, tive certeza que ela era mais do que isso. Nossa sincronia era incrível quando estávamos juntos e, em pouco mais de um mês, eu tinha certeza que queria levar o que tínhamos para frente. 

A nossa agenda corrida dificultava um pouco os dias disponíveis para fazermos algo juntos e quando vi que teria uma folga na quarta achei que seria a oportunidade perfeita de convidar a rosada para jantar em casa. 

A Haruno estava virada do plantão e mesmo assim continuava linda, enquanto bebia café em um copinho de plástico que uma das enfermeiras tinha oferecido a ela no meio do corredor. 

Ela sorriu quando me viu chegando e só com aquilo eu já esqueci que também estava completando o fim de um longo período de atendimento. 

—  Bom dia, Dr. Nara. 

— Bom dia, Dra. Haruno —  respondi feliz, com vontade de quebrar qualquer protocolo de ambiente de trabalho somente para roubar um beijo. —  Queria saber se gostaria de jantar comigo em casa essa noite. Dizem que eu faço um peixe incrível...

— Eu adoraria. — Meu sorriso só aumentou com sua resposta, até o momento que percebi que ela não tinha acabado. — Mas vamos ter que deixar para outro dia, hoje eu tenho um compromisso importante… 

Comecei a abrir a boca para lhe responder que estava tudo bem, porém nem isso eu tive como dizer porque o bipe em seu celular a alertou de um atendimento. 

— E vamos de último paciente do dia. Depois conversamos, Shika. — saiu apressada dando um beijo na minha bochecha, me deixando plantado em pleno corredor. 

Por mim, teríamos ainda muitas outras oportunidades, e agora era o meu bipe que informava que deveria parar de devanear com a Haruno e ir trabalhar. 

(...)

Não tive muito mais o que fazer depois do fim do plantão, a não ser descansar e responder as mensagens ferrenhas de minha mãe falando que estava há dias sem visitá-los. 

Por conta disso e depois de ter levado um não para o meu jantar, acabei sentado no sofá da casa dos meus pais com o Senhor Shikaku rindo para o jogo de futebol que passava na televisão. 

— Nada melhor do que ver esses caras perderem. Toma fumo, Palmeiras! —  meu pai gritava ao ver o time rival perder a chance de fazer um gol e equilibrar o placar que estava 1x0 para o outro time. 

Sim, nem era o Corinthians que estava jogando, mas meu velho fazia questão de assistir qualquer jogo que fosse somente para torcer contra o time verde. 

E ele não estava errado, era bom demais ver eles levando uma lambada, ainda mais jogando em casa. 

Tomei um gole da cerveja gelada, só não esperava que fosse quase engasgar ao ter o Palmeiras finalmente marcando um gol, fazendo a câmera focalizar na torcida ensandecida. 

— Merda! Palmeirenses sortudos da porra — meu pai reclamava frustrado para a TV, enquanto eu olhava chocado para a imagem. —  Que foi, moleque, viu um fantasma? 

Era um ponto rosa no meio do verde e aquilo sem dúvidas havia me chocado mais do que um fantasma. 

Toda pintada de verde, gritando e pulando junto com seus companheiros de torcida, Sakura Haruno comemorava loucamente o gol do Palmeiras. 

Porra! Esse era o compromisso importante?

— Olha que moça bonita, pena que é palmeirense… —  meu pai falou mais uma vez, me tirando do estado de susto, somente para que eu entrasse em um maior ainda ao escutar a voz da minha mãe saindo da cozinha. 

—  Filho, quando vamos conhecer a tal da médica que você fala tanto?

É, eu estava mais ferrado do que imaginava e não havia inteligência na terra que me ajudasse a apresentar uma nora palmeirense para o Sr. Shikaku.