História Confession (CHONI) - Três

[três]

Uma das coisas que mais amo na vida é estar com minha família, esse ano não pude ve-los por conta do covid, mas essa semana, que pausou as gravações de Riverdale, minha mãe veio me ver.

O que mais me chateia é que não estou conseguindo desfrutar de sua alegria e a única razão se chama Vanessa, eu a odeio mais por isso, por me tirar mais esse prazer.

Que injusto, pensei que me afastando estes dias iria me tranquilizar, faria com que eu visse as coisas de outra perspectiva, não sei, talvez deixar de ver Vanessa como uma mulher, uma amante e só ve-la como amiga. Mas quem eu engano, isso é impossível!

Não posso separar Vanessa em partes, o que eu amo é tudo isso, tudo. A mulher, a amiga, o conjunto. De forma igual também não posso dividir o que sinto, sinceramente posso dizer que a quero feliz mas não posso deixar de sentir que queria ve-la feliz, comigo.

Tão pouco posso acreditar que a perdi, que estúpida fui.

Não sei o que me fez pensar que viveríamos para sempre nesse mundo só nosso, o que me tranquilizava era o fato de que literalmente não tinhámos tempo livre. Que horas que Vanessa teria tempo para voltar um casamento sendo que quase nunca saíamos dos estúdios e gravações da série?

Pequei também quando deixei claro que não poderíamos ser nada além de amigas coloridas. Maldito medo dos julgamentos, Vanessa estava grávida, eu tinha ido ao seu casamento, fazia muito pouco tempo que Travis e eu havíamos rompido um relacionamento de anos.

Conheci Vanessa no teste para Riverdale, ela tentou papel para Josi, porém não passou. Como ela morava em Vancouver, passei três exatos meses em sua casa, fazendo meu laboratório para Cheryl Blossom em sua companhia. Desde o primeiro momento tivemos essa conexão forte. Atrevo-me a dizer que sempre existiu essa atração, mas oculta, não existia outra saída além de me fazer de tonta quando sentia as borboletas em meu estômago por minha amiga, que estava prestes a ficar noiva do tão famoso Jogador de basebol.

Então veio a segunda temporada de Riverdale, Roberto, nosso diretor veio trocar uma ideia comigo. Que tal seria fazer Cheryl se apaixonar por uma Serpente? Uma garota da Gang de Jughead?
Achei incrível, sempre quis para Cheryl mais destaque e um relacionamento homoafetivo poderia responder muitas perguntas da minha cabeça.

Nessa mesma noite liguei para Roberto, falei para ela sobre Vanessa Morgan, que na minha opinião se encaixaria perfeitamente no papel de Toni Topaz.

Antes de Toni Topaz ser a namorada de Cheryl nunca aconteceu nada entre nós duas, o romance não existia. Não vou mentir, vontade eu sentia de beija-la mas Vanessa nunca demonstrou nada, além de uns ciúmes bobos de quando eu viajava com Travis, dizia ela que eu a esquecia.

Jurei por tudo que depois de darmos o primeiro beijo em ficção acabaria com toda essa tentação que eu sentia, porém seguia a vontade.

Ninguém me avisou dos fogos que iriam saltar quando ela tocasse meus lábios, ou quão agitado iria ficar meu coração, quis mais que tudo que sumissem todas as câmeras, me deixassem apenas com ela, naquela sala escura do internato das irmãs da misericórdia.

Que beijo gostoso e não é só isso, que incrível era compartilhar a cena com ela, amava a magia, a tensão e a conexão que tínhamos, fluia tudo tão natural. A confiança junto com as horas incansáveis de gravação ajudaram ainda mais para fortalecer nossa amizade.

Estava tudo entrando nos eixos, Vanessa estava feliz com Michael, eu realmente me apaixonei por Travis.
Travis era completamente o oposto de Morgan, ele era completamente pacífico, me passava tranquilidade, estabilidade, com ele eu me sentia uma menininha, enquanto com Vanessa, bom, eu era mulher, era matadora, era sexy. Eram outros temas, outros jogos, outro tipo de relacionamento.
Como eu dizia, estávamos em época de calmaria, e assim se seguiu por alguns meses.