História Confie no Amor - Confie nas aparências

Ao cumprimentar os recém-casados, Sasuke seguiu as orientações da mãe. Naquele aspecto era muito mais simples obedecer do que transformar um mero ato de educação em um espetáculo como Madara e Hashirama haviam protagonizado.

Sasuke fez uma reverência ao casal e em seguida disse tal como Mikoto havia sugerido. Dê os parabéns, ou apenas deseje uma vida próspera. Sasuke disse isso e Neji respondeu um Muito Obrigado lisonjeiro, enquanto Hinata apenas moveu a cabeça concordando com o marido.

— Hinata, você está linda. — Sakura falou atrás de Sasuke. — Eu adorei tudo.

— Isso inclui minhas belas flores? — Ino piscou, sorridente. — Hinata, vamos tirar algumas fotos assim que a fila de cumprimentos diminuir?

— Claro. — A noiva respondeu, mas Sasuke já não prestava mais atenção.

— Neji, quando vai inaugurar a pista de dança? — Reclamou Tenten.

— Sinto muito, ainda há algumas formalidades a cumprir. — Ele respondeu e continuou cumprimentando os convidados. Sasuke pretendia ir antes de qualquer dança iniciar, mas foi parado por Ino enquanto tentava deixar o distrito Hyuuga.

— Eu estava falando com seu irmão e de repente ele sumiu. — Ela disse, levando as mãos à cintura. Estava graciosa com um vestido longo azul claro que combinava com seus olhos.

Sasuke olhou ao redor, acabara de ver Itachi passar ao seu lado na companhia de Shisui e agora eles não estavam mais lá. E no mesmo momento que procurava o irmão, deparou-se com o Kazekage cumprimentando os recém-casados ao lado de seus irmãos. Naruto estava lá, o sorriso costumeiro falando enquanto ria.

Não poderia ficar ali mais um minuto. Deixou o distrito sem dar satisfações aos parentes. Ao chegar em seu apartamento, tirou as roupas e vestiu apenas uma calça. Não havia comido nada no banquete, por isso preparou uma sopa com os ingredientes que estavam a mão.

Era noite quando Sasuke despertou, ele passou a mão no rosto e verificou o relógio sobre a mesa de cabeceira. Quase onze horas.

Levantou, sentindo uma dor leve na cabeça devido ao excesso de bebida da noite passada e do casamento. Preparou um chá de ervas, sentindo-se mais desperto. Sentou na janela do apartamento, observando a tranquilidade da vila naquele horário.

— Também não consegue dormir? — A pergunta veio do andar superior e por um momento Sasuke achou que estava pensando demais em Naruto a ponto de ouvir a voz dele.

Quando olhou para cima, Sasuke viu apenas as mãos segurando uma xícara.

— Acabei de acordar. — Disse, em tom mal-humorado.

— Então foi por isso que não abriu a porta quando eu bati?

— O que?

— É, eu fui aí conversar com você, mas não insisti. — Após uma pausa, Naruto voltou a falar. — Achei que deveria ter saído, já que estava tudo quieto.

Novamente o silêncio.

Sasuke tinha curiosidade, mas também sentia-se profundamente magoado.

— Posso descer aí? — Naruto perguntou.

— Não. — Sasuke respondeu rapidamente, crispando os lábios em seguida, queria falar sim. Pensou rápido e então ele completou. — Eu vou aí.

Naruto concordou, falando que ia abrir a porta do apartamento, Sasuke saiu da janela e deixou a xícara em cima da mesa. Virou-se para a frente do espelho e analisou sua aparência. Pegou uma camiseta da gaveta e vestiu, passando as mãos nos fios para arrumar. Girou os olhos e suspirou em seguida, achando que estava ansioso demais.

Ele fechou a porta do apartamento e enfiou a chave dentro do bolso da calça, subindo os degraus em seguida. Parou em frente a porta do apartamento de Naruto e pensou em bater, mas o próprio havia dito que deixaria a porta aberta para ele entrar.

Ao abrir a porta, encontrou Naruto em pé na frente do fogão.

— Eu estou com fome e pensei se você também não ia querer um rámen.

Disse, sorridente, e Sasuke apenas fechou a porta, entrando. Sentou na cadeira e observou o ninja mexer com a colher numa panela. Até pensou em dizer que ele não poderia deixar os ingredientes ferverem tanto para não passar do ponto, mas preferiu ficar em silêncio apenas admirando a forma como Naruto ia falando sobre suas experiências culinárias mundo afora com Jiraya e Tobirama.

— O ero-sennin comia até pedra se desse. — Comentou, enquanto servia em tigelas o rámen. — Mas o ojiisan era bastante rígido, mandava eu pescar no rio e me ensinou a assar sem que o peixe fique meio borrachudo, sabe?

— Sim. — Sasuke respondeu e agradeceu a refeição quando Naruto entregou a tigela para ele com os hashis e uma colher para o caldo.

— Se quiser tenho mais tempero aqui. — Naruto abriu algumas gavetas e potes a procura dos temperos e colocou sobre a mesa alguns sachês de tempero pronto. Sasuke não costumava usar aquele tipo, mas aceitou para não fazer desfeita.

Ficaram em silêncio a maior parte do tempo em que comiam. Sasuke se ofereceu para lavar a louça e Naruto não se opôs.

— Escuta. — O loiro falou quando Sasuke secava as mãos em um pano pendurado junto ao fogão. — A gente não conversou sobre aquele beijo.

— Não acho que precisamos falar sobre aquilo. — Ele cruzou os braços, encostado na pia. — Para falar a verdade, é melhor esquecer.

— Sasuke, não é como se a gente conseguisse manter uma relação sem diálogo.

— Você realmente mudou nesses últimos anos. — Sasuke arqueou a sobrancelha, não entendendo de onde vinha aquele pensamento.

— Eu ouvi isso em algum lugar. — Ele coçou a nuca, sorridente. Sasuke fechou os olhos, não tinha como deixar de achar gracioso aquele sorriso. — Mas, é sério. — Ele voltou a falar preocupado. — Quando deixei a vila, a gente estava meio mal, lembra?

— Não. — Mentiu descaradamente.

— Isso porque você sempre brigava comigo. — Naruto falou, mas a expressão emburrada não durou muito. — Quero que a gente se dê bem, ainda mais porque somos vizinhos.

— Certo. — Sasuke não sabia como reagir.

— Você entende que o Gaara e eu...

— Não precisa dar explicações, só te beijei porque deu vontade. — Sasuke moveu a mão, tentando transparecer que não dava muita importância ao caso. — Além do mais, a bebida falou mais alto.

— Então estamos bem? — Naruto voltou a sorrir. Mas Sasuke não sentia vontade de sorrir.