História Confie no Amor - Confie nas intenções

Sasuke não saiu do apartamento durante aquela semana senão para dar aulas e treinar. Após um banho frio, vestiu a calça de moletom, esfregou as pontas do cabelo com a toalha para secar, pendurando-a no varal improvisado em frente a janela ao lado da pia. Em seguida, tirou da geladeira o bentō preparado pela mãe naquela tarde.

Sentou-se à mesa, segurando os hashis, fazendo uma reverência diante da comida. Já havia conseguido comprar uma mesa e cadeiras, uma bem confortável para a mãe.

Mikoto visitava-o pelo menos uma vez na semana para conversar ou ajudar a preparar alguma refeição. Ele jamais negaria a presença dela, que chegava sempre com uma sacola de compras, a princípio, Sasuke tentou recusar, pois não queria o sustento do pai. Havia deixado o Distrito Uchiha justamente para se provar capaz. Contudo, a mãe garantiu que nada do que ela trazia para a residência do filho era fruto do trabalho de Fugaku.

Assim, descobriu que a mãe possuía uma boa quantia de dinheiro guardada e poucas vezes utilizou, até porque o marido possuía regras bobas de provedor da família, o que não a incomodava.

Sasuke chegou a perguntar o motivo dela não questionar, e o sorriso da mãe confortou-o no mesmo instante.

— Seu pai possui obrigações e deveres a cumprir, ele é um exemplo para nosso Clã, assim como Madara, Itachi... e você. — Mikoto acariciou o rosto do filho. — Quando éramos genins, foi um tempo de guerra, tínhamos pouca comida e conforto. Ele me garantiu que eu não precisaria jamais me preocupar com isso no futuro. E eu permiti que ele realizasse seu sonho. Sou feliz assim.

A revelação da mãe fez Sasuke pensar mais sobre quem ela era, e quais planos ocultava. Com esses pensamentos, o Uchiha terminou a refeição e foi para a cama. Não havia muito o que fazer naquela noite. Para falar a verdade, Sasuke estava evitando ficar na rua. Isso tinha tudo a ver com Naruto andando por aí.

Não estava preparado para aquele jantar que o Uzumaki cobrou, muito menos encarar Sakura e Naruto juntos num encontro do time sete, nem se Kakashi estivesse presente. Ignorou também os pedidos de Ino para saírem para beber, já que ela estava numa fossa profunda e com Naruto na vila, a melhor amiga dela estava ocupada. Em uma conversa, Ino insistiu para saber se ele era ainda apaixonado por Naruto, e isso fez Sasuke manter distância dela também. A Yamanaka tinha instintos, sabia ler movimentos corporais e um timing perfeito para detectar constrangimentos.

Sasuke deitou na cama com um livro na mão, mas a leitura não fluía, não estava se conectando com a história. Fechou o livro que Kakashi lhe deu, decidido a organizar suas roupas lavadas. Dobrou-as e guardou nas gavetas. Não levou nem quinze minutos para a tarefa ser concluída. Então limpou o chão do apartamento, ajeitou a porta do banheiro que rangia, apertou os parafusos do trinco da porta de saída. Separou o lixo e o levou para a área de dejetos. Lavou as mãos e decidiu cortar as unhas, quando deitou novamente na cama, a primeira coisa que pensou ao fechar os olhos, foi a cara lavada de Naruto sorrindo.

Parece que o conselho que deu para Ino não servia de nada. Manter a mente ocupada era mais complicado do que pensou. Era ridículo sentir-se novamente como um adolescente de quinze anos, apaixonado pelo colega de time, descobrindo novas sensações e dando prioridade para desejos que começava a aflorar.

Sasuke sentou na cama, negando ao balançar a cabeça. Não era possível que aqueles sentimentos retornaram de forma tão leviana após um único encontro de poucos minutos. Acontece que os sentimentos jamais foram completamente extintos. Acreditou que estava tudo bem quando entregava seu corpo ao Hyuuga, que o desejo que sentia por ele era intenso, ignorando as vezes que fantasiou outra pessoa no lugar, beijando-o no pescoço e roçando o corpo contra o seu.

A essa altura Sasuke tinha uma das mãos dentro da calça de moletom, enquanto a outra pousava sobre seus olhos fechados. Apertou os lábios, soltando um leve gemido quando passou a se masturbar com rapidez. Os pensamentos criaram asas e Sasuke virou-se na cama, puxando a calça até a altura do joelho que foi se inclinado, apoiando no colchão enquanto molhava o dedo com a saliva para depois forçar a entrada. Conforme uma das mãos acariciava o pênis, ele atingia o clímax ao ser penetrado com os próprios dedos.

Quando deitou, extasiado, tendo o corpo preenchido por uma onda de prazer, Sasuke se irritou por ainda ser tão fraco perante suas fantasias. Ele saiu da cama e enfiou-se embaixo do chuveiro. Enquanto a água fria molhava novamente os cabelos, pensou no que Kakashi disse dias atrás. Ele havia dado a própria vida para salvar Naruto.

Não foi algo premeditado, a Akatsuki estava em Konoha e Naruto era seu alvo. Pain o levaria e tiraria a raposa de nove caudas de dentro dele, assim, o Uzumaki pereceria. As palavras do nukenin ainda mexiam com os sentimentos do Uchiha. A forma como ele falou de Naruto, como se fosse uma pessoa sem importância, como se a sua existência não fosse necessária. Aquilo o tirou do sério e Sasuke o atacou, rinnegan contra sharingan.

A luta encerrou com a morte do Uchiha. Durante o período em que estava morto, ele não sentiu nada além de paz. Foi um momento silencioso, quase como dormir, mas sem a expectativa de manter a guarda fechada. Ao despertar, ele viu Itachi sentado ao seu lado com olhos arregalados. Sentiu os braços do irmão ao seu redor e poderia jurar que ele havia chorado. Foi explicado que o jutsu de Nagato era responsável pelos últimos acontecimentos. Em seguida, viu Naruto ser ovacionado por vencer a luta. Nesse momento o coração de Sasuke estava uma confusão, mas feliz em vê-lo vivo.

Sasuke fechou o registro, não poderia passar o resto da vida preso em seu apartamento, ou melhor, não poderia viver com o coração preso.