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História Confissões de um Vocal - Um


Escrita por: KikaHoneycutt

Capítulo 1 - Um


Pra começar meus pais não eram muito a favor da minha escolha pela música, principalmente meu pai. Eles até incentivaram, durante um tempo, que eu tivesse um passatempo com os amigos da nossa cidade, mas levar a sério? Só os estudos e minha vida universitária. Quem me apoiava era minha irmã mais nova, Hana-chan. Uma garota astuta, decidida, com uma cabeça madura pra idade dela, bonita e minha confidente. Ela diz que quando eu for um músico de sucesso vai aparecer na minha vida para cobrar o apoio moral.

Eu sou Hayato Izumi, Izu-kun pros amigos mais próximos. Tenho 22 anos (faço 23 em agosto) e atualmente moro no apartamento do meu primo em Tokyo. Trabalho numa cafeteria em Shinjuku e pego alguns extras nos finais de semana em recepções de casamentos onde toco piano. Desde cedo eu gostava de música, desde cedo aprendi a tocar aquele instrumento. A primeira banda que fiz parte durou pouco mais que um ano e foi incrível!

A banda era eu, Ken, o guitarrista, e o Aki, o baixista. Nos conhecemos na escola, mas em épocas diferentes. O Akira foi no final do meu ensino elementar e temos um longo caminho juntos, do tipo música, garotas/garotos, descobertas... Posso dizer que ele foi minha primeira experiência sexual porque, até então, eu só sabia que existia alguma coisa fora do comum. Eu observava os garotos na educação física e sentia algo diferente. Na verdade, era muito parecido com o que o Aki dizia quando observava as meninas com aqueles shorts curtos e justos no corpo. E eu apenas agradecia que o uniforme masculino não ficava para trás em tamanho e, dependendo do aluno, o quão justo ficava.

 Foi em algum intervalo que eu tive a primeira experiência... Opa, mas isso não vem ao caso. Vamos voltar para a banda!

O Kenjiro nós conhecemos no colegial. Ele estava tocando violão no pátio com um grupinho mais “alternativo” que curtia Nirvana e Luna Sea. E ele tocava bem! Aki e eu passamos a sentar perto do grupinho dele para ouvir e enquanto Ken tocava de um lado, eu cantarolava baixinho de outro, e Akira dedilhava uma espécie de guitarra imaginária. Essa cena se repetiu algumas vezes, não seguidamente, mas o suficiente para ser notada, então um dia o Ken se aproximou de nós dois e perguntou: “Vocês são otakus?”. Eu devo ter feito uma cara muito estranha porque ele riu e depois disse que da próxima vez poderíamos sentar junto com ele.

Nós não nos juntamos para tocar logo no primeiro dia em que nos falamos, mas ficou a promessa no ar de ‘tirar um som’ numa tarde qualquer e quando aconteceu foi algo bem legal, principalmente depois que o Ken parou de rir do tipo de música que eu e Aki tocávamos.

- Sério que vocês tocam essa música de velho?! – ele perguntou ainda risonho.

- Música de velho? – Fiquei chocado com a sinceridade do Ken.

- Não, sério, vocês tocam bem, mas sabe, Blues não é bem o que as pessoas da nossa idade gostam de ouvir. Vamos tentar algo diferente. Conhecem Luna Sea?

Eu e Akira nos encaramos e então respondi:

- Quem não conhece Luna Sea?

 

Podemos dizer que foi ele o grande culpado pela nossa mudança de estilo musical. Não que eu tenha abandonado o blues, só não era o que a nossa banda tocava. Passamos a nos apresentar nos festivais da escola e até que não fazíamos muito feio... Quero dizer, você entende, não é? Banda de escola formada por 3 adolescentes...

Depois aquele cara apareceu dizendo que via futuro com a gente se fossemos sérios com a música. Esse cara era o Yuu, baterista. Cara experiente e empolgado além de muito talentoso e totalmente entregue ao instrumento. Sério, nunca tinha visto um cara tão empolgado na bateria como ele! … Minto. Já vi e não existe baterista como Yoshiki-san. Ele é Deus e eu o amo!

Daí temos “a voz”. Ela foi indicada pelo Yuu quando disse que a ideia era ir além dos festivais escolares, mas que, para isso, precisávamos de um vocalista fixo que também atraísse o público. Não que nosso vocalista fosse ruim... na verdade não tínhamos um vocalista fixo e quando alguém estava disponível para a vaga, tocávamos juntos. Enfim, Yuu conhecia a Rin e a voz dela era linda.

Tê-la como vocalista foi o princípio dos nossos problemas como banda. Eu penso que quando você resolve montar uma banda, você tem noção de que ela vai tomar certo tempo com tarefas além dos ensaios e apresentações. E se você quer ter ao menos um bêbado ouvindo teu som, arregaçar as mangas e fazer alguma divulgação vai bem, certo? Não pra nossa Voz. Ela aparecia em alguns ensaios sempre com uma desculpa pronta pelas faltas anteriores ou quando não ligava pro Yuu avisando que não poderia por ‘N’ motivos. Rin tinha uma voz linda, mas a música não era sua prioridade.

As coisas entre eu e ela começaram a dar errado depois que ela apareceu de surpresa no ensaio. O Yuu já estava meio desanimado porque não era a primeira vez que ele passava por algo assim. Ele sentou no banco da bateria e nos contou sua história... ou uma parte dela, e pra aliviar um pouco o clima propus que eu fizesse o vocal.

Acho que só o Aki tinha noção de que eu cantava, mas ele também sabia que eu não gostava da ideia de ter as luzes voltadas pra mim. Isso me causava um certo mal-estar... como as borboletas no estômago, sabe? Mas sendo só por aquele momento, pra distrair, não havia problemas, certo? Então, peguei o microfone, ajeitei o pedestal ao lado do piano e comecei a dedilhar. Pouco depois comecei um cover à capela de uma das minhas músicas favoritas e logo em seguida tinha dois caras olhando pra mim como seu eu tivesse criado cobras na cabeça. E então o Yuu ficou falando que eu era um sacana enrustido e tudo mais e os outros dois pegaram seus instrumentos. Tocamos juntos num clima muito bom e aquele desânimo não estava mais entre nós. Pena que durou pouco mais que duas músicas.

Quando estávamos fazendo um cover de X Japan a porta do estúdio abriu e ela entrou. Rin-san estava surpresa de um modo não muito bom e eu passei a me sentir um merda de ter proposto aquilo. Ficou um clima muito estranho entre nós e, para quebrar o mutismo, o Yuu propôs conversar, mas ela não foi receptiva, nos dando apenas a opção de tocar o ensaio num clima enjoado. Pelo menos foi isso o que eu senti.

Apesar de tudo, aquele episódio trouxe algo bom. Fez com que Rin comparecesse a todos os ensaios. Se era por medo de perder a vaga ou perder a possibilidade de crescer no mundo da música, não sei. Só sei que, enquanto ela era um amor com todos os outros rapazes, comigo parecia que eu era uma coisa podre. Qualquer comentário que eu fizesse ela torcia o nariz, isso quando não me olhava com jeito ameaçador. O que eu poderia esperar? Estava claro que eu era uma ameaça e não deveria tomar o que era dela. Ela era a Voz, eu o piano, “fique calado fazendo a sua parte”!

 

Teve uma tarde em particular que eu não consegui digerir o clima do ensaio. Vamos, meu pai perturbando em casa, eu tinha sido demitido do trabalho de meio período numa lanchonete perto de onde eu morava, e a escola... bom, eu queria desistir. Aí junta tudo num liquidificador, bata bem e tente degustar com uma vocalista que acha que você quer prejudicar ela. Não, eu não tinha como ficar e aturar isso no único lugar que eu achava que deveria me sentir melhor.

Então a ideia era só ir até o final do corredor e comprar um chá gelado na máquina de bebidas, sentar em algum banco e esperar a cabeça parar de dar voltas. Mas quando peguei meu chá o Yuu apareceu pedindo um daqueles sucos e um tempo pra conversar comigo. Deixamos o prédio do estúdio alugado e, não muito distante dali, encontramos um parquinho onde sentamos num banco e conversamos. Meu chá já estava pela metade quando ele começou com uma espécie de bronca, lembrando os nossos objetivos, como nossa agenda estava cheia para uma banda independente, como eu era responsável e como ele admirava aquilo em mim. Claro que isso me encheu de orgulho! E em seguida disse que havia notado o modo como Rin vinha me tratando e pediu que me mantivesse nesse caminho. Mas como me manter no caminho se aquilo estava me sufocando?

Foi aí que eu tive que contar tudo que estava acontecendo em casa, no trabalho, nos estudos... Não era algo fácil falar porque eu não sou de me abrir com ninguém além da Hana, mas Yuu me deixou à vontade. Ele era bom nisso também, eu me sentia seguro com ele.

- ... Eu só quero fazer aquilo que eu amo fazer! Eu quero colocar em prática aquilo que aprendi com tanto esforço! Se isso envolver algum backing vocal, qual o problema? Se eu tiver que cantar alguma música, isso também não vai ser problema, mas o posto de vocal é dela! Eu não preciso receber isso que ela está fazendo.

 

Esse havia sido meu desabafo final e em troca eu ouvi um riso e senti uma mão, a dele, bagunçando meus cabelos. Porque será que todo mundo ri quando eu resolvo desabafar? Mas o riso dele, junto com aquele gesto... eu não consegui ficar sério e ri junto. Nesse momento ele se inclinou para o meu lado e disse aquilo que eu não esqueci mais:

-Izumi, você tem voz, tem jeito pra isso. Mas se deixar dominar pela timidez não vai chegar em lugar nenhum. Abaixar a cabeça, ser bonzinho demais, só vai te manter atrás de um balcão de lanchonete a vida inteira. O que eu ouvi hoje foi uma surpresa incrível e quero ouvir você cantar mais. Queria você cantando pra mim.

Não sei se fiquei mais vermelho por ter ouvido tudo aquilo ou porque ele segurava minha mão enquanto falava, mas quando Yuu chamou para voltarmos ao estúdio, eu estava com um humor bem melhor.


Notas Finais


Esta história é originaria do Nyah! e também está sendo repostada por lá.
https://fanfiction.com.br/historia/47896/Confissoes_de_Um_Vocal/


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