História Confusões do futuro - Juliane

– Sim, bom foi a muito tempo quando uma bela menininha de bochechas rosadas nasceu – ela sorriu pra mim – fiquei muito feliz ao ver outra bela menininha em meus braços, me senti completa. Até Juliane estragar tudo – seu sorriso diminuiu – ela sempre me invejava, mesmo com a mesma aparência que a minha. – suspirou e olhou para o canto – Um dia Erasmo saiu para trabalhar na Luxix, eu estava sozinha com vocês duas. Lavava a louça até ouvir um estrondo, levei um grande susto e fui ver o que houve. Quando cheguei na sala vi a pior das cenas, – vi os olhos de mamãe se encherem de lágrimas,  assim como Marceli. – vocês duas estavam amarradas e sangue estava espalhado por todo o quarto, fiquei desesperada tentando desamarrá-las, até sentir uma lâmina cortante em meu braço e perceber Juliane ali. Ela tinha ódio em seus olhos, e um sorriso de satisfação ao cortar meu braço. Comecei a chorar e perguntar o motivo daquilo, ela disse que eu ia pagar por tudo o que fiz com ela. Ameaçou cortar Marceli ou Letícia se não fizesse o que ela mandasse, rapidamente a obedeci, não aguentaria perder vocês. Ela me fez tirar toda a roupa para que pudesse me torturar, aquilo foi horrível, chorei baixo para não assustar vocês. Após me cortar várias vezes mandou eu pegar todas as minhas coisas e colocou fogo na lareira. Pegou tudo o que trouxe e queimou, tudo o que fazia era com ódio e satisfação nos olhos. Pegou trapos e mandou eu me vestir. Coloquei-os rapidamente. Ela olhou para mim com um sorriso sarcástico e perguntou se eu queria ficar com minhas filhas, respondi prontamente que sim, em torno de meu desespero ela sorriu de lado e falou a coisa que eu menos queria Ouvir: Você só pode levar a mais velha. Eu chorei ao saber que perderia você, implorei para ficar com você, mas ela apenas riu com deboche e entregou Marceli, que chorava em meus braços. Juliane fez eu assinar o papel de divórcio e com lágrimas nos olhos assim o fiz. Nessa hora Erasmo chegou, gritou com ela, mas ela foi rápida e pegou Letícia, ameaçando matá-la se Erasmo não assinasse ou não deixasse eu e Marceli irmos embora. Olhei com súplica para que o fizesse e ele assim o fez. Saí dali com lágrimas silenciosas e misteriosamente começou a chover, acabei encontrando um amigo e ele me deu essa casa e é só isso. – falou ela com lágrimas nos olhos, assim como todos ali presentes, inclusive eu. 

Tentamos nos recompor, até ouvir batidas fortes na porta. Minha mãe foi abrir e lá estava a grande surpresa: a minha antiga mãe que recentemente descobri que era minha tia que se chama Juliane que estragou a vida da minha família, estava na porta com roupas de quem acabou de sair da prisão, com raiva no olhar. Percorreu um frio em minha espinha e com certeza eu não era a única.

– Juliane?! O que faz aqui? – perguntou minha mãe tentando desfarçar as lágrimas que ainda estavam em seu rosto. 

– Vim pegar o que é meu! – falou firme.

– Você não tem o direito de levar a Lety e nos deixar sem ela de novo! – disse Marceli, que apesar de estar com medo falou com a mesma firmeza.

– Cale a boca sua pirralha maldita! Quem resolve as coisas aqui sou eu! Sua mãe merece pagar por tudo o que fez comigo! – falou ríspida e cheia de ódio.

– E o que ela fez?! – perguntei com raiva, ela não tinha direito de tratar Marceli daquele jeito.

– Estragou a minha vida! – falou deixando cair uma lágrima cair – Desde que nascemos ela sempre tinha maior atenção só porque era a mais velha! Eu sempre fui deixada de lado e errava em tudo, nas notas, nos namorados, nas escolhas, em tudo! Ela sempre foi a prefeitinha da família! Sempre ganhava tudo do bom e do melhor por suas boas notas enquanto eles me repreendiam por ter tirado notas ruins! Eu guardei esse ódio a cada dia até ter a chance de acabar com a vida dela assim como a minha e foi assim que aconteceu! Eu a odeio mais que tudo no mundo e queria mil vezes ter nascido sozinha! – cuspiu as palavras, aquilo doeu de verdade, pois ela também estragou a minha vida.

– E eu? 

– Você o que? 

– Por que quis estragar a minha vida? Eu a amei como uma mãe pensando que era a minha mãe de verdade! E como me agradece? Tenta fazer eu me casar com um estuprador para ter dinheiro! Eu ia perder o amor da minha vida, mas você ligava? Não! Só se preocupou com o dinheiro e com o ódio que sentia pela minha mãe, que é a sua própria irmã! Francamente tenho muito nojo de chamá-la de mãe e tão-pouco desejo chamá-la de tia, você é a pior pessoa que já tive em minha vida! Espero que apodreça na cadeia e nunca mais volte! – após descarregar toda a minha raiva ouvi sirenes fora de casa e sorri satisfeita, não aguentava mais aquela mulher em minha vida. Logo os policiais a prenderam e tudo ficou em um silêncio mortal. Eu estava abalada abraçada a Fernando, que me dizia que tudo ia ficar bem. Mas eu sabia que não ia, não depois daquela história, não depois de saber o que aquela que me criou era de verdade.