História Consequences - Can't Help Falling in Love

                Pouco a pouco os lindos olhos castanhos foram se abrindo e o incomodo provocado pela claridade invadiu o corpo da jovem. Alguns segundos foram necessários até a menina se dar conta de que não estava em seu quarto. Ela arregalou os olhos e soltou um gemido ao ter o fulgor matinal latejando em suas orbes e cérebro. Camila rolou os olhos pelo local e travou seu olhar em uma figura que se encontrava a seu lado. Rapidamente as memorias da noite anterior invadiram sua mente e o notável aceleramento cardíaco se fez presente.

                Camila pressionou os olhos com a mão em uma tentativa tola de lembrar detalhadamente do que ocorrera. Contudo, tudo que conseguia lembrar-se após a saída de Dianna da festa se compusera de pequenos recortes. A latina lembrava de ir para a piscina, Lauren cair na água e lembrava-se perfeitamente da morena a beijar e ir embora. Lembrava também de sair da piscina e pegar uma garrafa de uísque que tinha no bar improvisado e virar um terço da mesma em um único gole. Estas eram suas últimas recordações pois depois disso tudo nada mais era do que uma enorme escuridão.

                A instrumentista despertou de seus devaneios após sentir o corpo ao seu lado se mexer. O que antes estava de costas para ela, agora tinha seu corpo virado em sua direção e a fitava. O corpo encontrava-se com a parte do colo dos seios para cima expostos e Camila deduziu que se não fosse pelo fino lençol, a morena estaria completamente desnuda ao seu lado. A jovem não encontrava-se tão diferente pois trajava somente suas lingeries pretas. A morena sorriu para a latina e depositou um beijo casto nos lábios da mesma, pegando Camila totalmente de surpresa.

– Bom dia. – A jovem disse sorrindo para a latina.

– Bom dia... – Camila queria completar, mas percebeu que não sabia quem a menina era.

 – Sarah.

– Desculpe. – A latina disse sentindo suas bochechas esquentarem. – Eu não costumo beber tanto ao ponto de esquecer.

– Então você não lembra de nada do que aconteceu na noite anterior? – A latina somente confirmou com a cabeça. – Bom, se quiser eu posso te relembrar...

– Acho que eu gostaria disso. – Camila disse e sorriu travessa.

Camila sentiu a mão da menina deslizar por sua nuca e puxa-la para acabar com todo o espaço que existia entre elas. Seus lábios se chocaram e o beijo já era selvagem desde o início. Sarah inclinou sua cabeça e esta fora a deixa para Camila invadir a boca da outra com sua língua. A caricia indócil entre as duas tramelas fez com que um pequeno incomodo no centro da latina começasse a surgir. Ela não conteve um gemido quando a morena começou a trilhar com sua língua deste a mandíbula da jovem até sua orelha, deixando uma pequena mordiscada ali.

                O barulho do celular de Camila entoou e a latina suspirou ao ouvi-lo. Sarah desceu sua boca para o pescoço da de olhos castanhos e esta optou por simplesmente ignorar a chamada. Seja quem fosse, Camila ligaria mais tarde. Sarah gemeu ao sentir um aperto gosto em seus seios e a jovem instrumentista sorriu sagazmente. Ela percorreu um pequeno caminho até os peitos da morena e abocanhou o direito. Neste momento o toque da latina se fez presente mais uma vez e ela rolou os olhos. Camila decidiu dar atenção ao outro seio e levou sua boca até lá e foi exatamente nesta hora que o celular voltou a soar.

– Você deveria atender. – Sarah disse contento um gemido. – Aparentemente a pessoa não irá desistir até que consiga falar com você.

– Deixa só eu colocar no silencioso e voltamos a minha sessão de restauração de memória. – Camila sorriu maldosamente, mas seu sorriso sumiu ao perceber o nome que piscava em sua tela. – Desculpa, eu realmente preciso atender...

                Sem nem ao menos dar tempo da jovem responder, Camila enrolou-se no lençol que antes era usado pela morena e saiu do quarto. Ao fechar a porta atrás de si, ela suspirou para tomar coragem e no momento que foi atender, a ligação caiu. Ela rapidamente desbloqueou a tela e já retornava a ligação quando ela viu que a morena que antes estava nua na cama, agora estava com seu vestido e saltos na mão dirigindo-se para a saída.

– Eu realmente espero que seja importante pois você acabou de atrapalhar minha foda. – Camila disse impaciente.

– Desculpa, Camz, eu só não sabia mais pra quem ligar. – Lauren tinha a voz chorosa e isto despertou o lado cauteloso de Camila imediatamente. 

­– O que aconteceu, Lolo? – A menina já estava voltando pro quarto e procurando seus pertences. – Me fala onde você está que eu irei imediatamente até você.

– Eu estou chegando na Delta.

– Acho que estou na república do Harry... – Camila disse já vestida e olhando ao redor. – Chego em dez minutos, Lolo. Por favor se acalme, tudo bem?

– Não demora, Camz. – Lauren disse com dificuldade por conta do choro.

– Não irei.

(...)

                Harry terminava de colocar sua roupa quando sentiu dois braços envolve-lo pelas costas. O mais alto suspirou e fechou os olhos antes de, não tão delicadamente, tirar as mãos do rapaz de seu corpo. Louis sentiu como se uma faca atravessasse em seu coração ao perceber o que o de olhos verdes faria a seguir. Internamente o rapaz repetia para si mesmo que deveria mostrar indiferença por mais que as palavras de Harry o machucasse pois a partir do momento em que o outro sentisse pressionado todas as chances de Louis de conquista-lo acabaria.

– Eu tenho que ir, Louis. – Harry disse e colocando sua camisa.

– Por que você sempre vai embora tão rápido assim? – Louis disse e amaldiçoou-se imediatamente. – Quer dizer, poderíamos fazer muito mais coisas se você ficasse.

– Você sabe muito bem sobre minhas regras. – Disse calçando seu sapato.

– Claro, o macho alfa não pode passar a noite com seus casinhos. – Louis revirou os olhos. – Só que eu tenho novidades para você, alfa: você passou a noite comigo. Trago-lhe outras novas, Styles: essa não é a primeira vez que quebra sua regra comigo.

– Acho que devemos parar por aqui, Louis. – Harry suspirou irritado colocando-se em pé de frente para o rapaz. – Eu te disse que a partir do momento em que você sentisse algo por mim iriamos parar...

– E quem te disse que eu sinto algo por você? – Louis sorriu sarcástico. – Se ache menos, Styles. Eu querer sexo não significa que eu vá pedir sua mão em casamento. Sei diferenciar muito bem um bom e velho tesão de amor.

– Não sei não... Acho que devemos ficar um tempo sem nos vermos, sei lá. Transformar nosso sexo casual em algo ainda mais eventual.

– Se você está tentando dizer que se apaixonou por mim, devo concordar com você. – Louis zombou e Harry riu. – Você me disse que não está disposto a nada além de sexo e eu respeito isso. Já te disse se é o que você quer, por hora eu lhe concederei este lindo corpo. As coisas simplesmente acontecem da forma e tempo que devem acontecer, Harry.

– Nos vemos por ai, Tomlinson. – Harry piscou da porta e saiu.

– Droga. – Louis suspirou e jogou-se na cama.

(...)

                Lauren pressionava seus olhos com o dedo polegar e indicador. A dor de cabeça que a atormentava desde o momento em que despertara, fazia com que ela sentisse as coisas ainda piores. Ela estava deitada em sua cama no seu quarto na Delta e sua mente encontrava-se em distintos momentos e lugares. A noite anterior não era de um todo desconhecida, flash backs piscavam em sua memória e isto em nada ajudava no incomodo em seu crânio.

                Três batidas foram ouvidas e imediatamente a morena colocou-se de pé. Em passos largos, ela caminhou até a porta e abriu-a com avidez. Os olhos verdes imediatamente encontraram com os castanhos e uma estranha sensação de ferocidade e calmaria tomou conta de seu espirito. Inconscientemente, Lauren passou seus braços pelos ombros da mais nova e puxou-a para si. Estremeceu de leve ao sentir as pontas quentes dos dedos da latina tocaram sua pele exposta por conta do cropped que usava. Contudo, este não fora o principal motivo. Lauren vacilou aos sentir o seu tão amado porto de calmaria segura-la de forma protetora e zelosa.

– Você me assustou no telefone, Lolo. – Camila disse deslizando sua mão delicadamente pelas costas da menina.

– Desculpa, Camz, não queria assusta-la. – Lauren afastou-se um pouco da menina terminando o contato entre elas.

– O que aconteceu?

– Podemos não falar sobre isso? – Lauren disse olhando de forma aflita para a latina.

– Trouxe comigo uma caixa de Raaka que mantenho em meu quarto para momentos como esse pois sei que são seus chocolates favoritos. – Camila disse e Lauren sorriu espontaneamente. – Viu? Sabia que valeria a pena encomendar eles de Nova York. Seu sorriso fez todo meu dinheiro valer mais do que a pena.

– Você não existe, Camz. – A morena deixou um beijo na bochecha de Camila. – Obrigada de verdade por existir.

– Eu sei que sou incrível. – A latina fingiu convencimento e levou um leve soco no ombro. – Agressiva!

– Só na cama. – Lauren piscou e gargalhou ao ver como a amiga ficou com vergonha. – Entra, Camz, ou vai ficar na porta o resto do dia?

– Além de agressiva é grossa. – Revirou os olhos e sorriu. A latina sentou-se na cama e tirou uma pequena caixa da mochila antes de virar-se para a morena. – Trouxe também meu box da primeira temporada de Outlander.

– Você definitivamente sabe como melhorar meu humor, sabia?

– Eu te conheço como alguém jamais conhecerá, Lolo. – A menina sorriu sem graça. – Cada pequeno detalhe seu, seja desde a forma que mexe no cabelo quando está nervosa ou até quando desvia o olhar por medo de ser pega em uma mentira... Cada minúscula particularidade sua me intriga e me faz querer aprende-la.

– Eu amo você, Camz. – Lauren sorriu verdadeiramente.

– Não como eu te amo, Lolo. – A latina deixou um beijo na mão da outra. – Então, vamos começar? Amo a abertura dessa série.

(...)

Após uma maratona de cinco episódios seguidos da série, Lauren adormeceu nos braços de Camila. A latina olhava para a menina a sua frente e se perguntava como era possível alguém amar outra pessoa de forma tão intensa como aquela. Depois do ocorrido na noite anterior ela sabia que jamais seria a mesma coisa. Ela tinha vontade de perguntar para Lauren o motivo da menina ter tomado tal atitude, mas seu peito era corroído pelo medo da outra não lembrar. Por mais que tenha sido breves segundos, para Camila tinha sido uma eternidade. Ela sonhava com aquele momento desde sua adolescência.

                Lembrou-se da época em que chegava em casa do colégio e deitava-se na cama e, com seus inseparáveis fones de ouvido, ouvia a música “Can’t Help Falling In Love” do Elvis Presley enquanto sua mente a levava para um mundo onde Lauren a correspondia e as duas ficavam juntas. Inúmeras vezes ela perguntou-se qual seria o sabor do beijo da de olhos verdes e nas borboletas em seu estomago que levantariam voo imediatamente caso um dia ela descobrisse. Não foram poucas as vezes que ela pintou o momento em sua cabeça, mas nada, absolutamente nada, se comparava a noite anterior.

                Para ela, aquele momento foi um sonho. Algo parecido com um conto de fadas. Contudo, como todo conto de fadas, as forças do mal sempre assombravam a princesa e nesse caso, quem a atormentava era a realidade.  Alguma coisa dentro dela gritava para que a menina conversasse com a amiga sobre o ocorrido, mas o outro lado de sua luta interna a alertava que isto seria um terrível erro. Em sua mente, Lauren esquecer o que aconteceu a magoava internamente, mas a ideia da menina lembrar-se e preferir esquecer a matava por dentro. Por este motivo, ela fez uma jura interna de que não tocaria no assunto e tentaria seguir sua vida após experimentar o gosto viciante do beijo de sua melhor amiga.

– O que você está pensando? – A voz rouca de Lauren ecoou pelo quarto e tirou Camila de seu conflito interno antes que a ansiedade a devorasse ainda mais.

– Nada de importante.

– Se eu não te conhecesse tão bem, diria que está mentindo para mim. – A menina sorriu fraco para a latina. – Porém, eu não te culpo. Tem algumas coisas que é melhor a gente não falar.

– Certo. – Camila disse perguntando-se se a menina estava se referindo a mesma coisa que ela estava pensando. – Bom, vai me contar agora o porquê estava chorando mais cedo?

– Essa é uma das coisas que é melhor não falarmos. – Lauren disse e ajeitou-se, ficando com sua boca nivelada à da latina. Em uma fração de segundos, seu olhar desviou para os lábios carnudos de Camila, mas ao perceber o que estava fazendo tratou de olhar para qualquer ponto fixo no quarto. – De qualquer forma, obrigada por vir, Camz.

– Eu sempre estarei aqui pra você, Lolo. – A latina sorriu docemente para a amiga. – Eu só espero que não tenha a ver com aquele babaca do Malik, ou eu juro que arranco aquelas bolas que ele tanto divulga por aí.

– Confesso que eu iria amar essa cena. – Lauren riu e Camila revirou os olhos. – O que foi? Seria engraçado ver você tentando arrumar briga com o Zayn.

– Você fala como se eu não me virasse em uma briga. – Camila disse fingindo irritação.

– E desde quando se vira? Se você brigasse com um ursinho de pelúcia ele ganharia em instantes, Camz. – Lauren gargalhou e Camila fez um biquinho.

                Nesse momento, Lauren não resistiu e concentrou todo seu olhar na região acima do queixo da latina. Ela ficou por alguns segundos encarando-os e um turbilhão de sentimentos e pensamentos a invadiram. Sua mente vagou para uma lembrança não muito distante e um sentimento familiar a dominou. Inconscientemente e sem saber o que estava fazendo, a jovem levou sua mão direita na direção do rosto de Camila e, com a ponta de seus dedos, começou a acariciar a região. Ela permitiu-se ser aprisionada por uma bolha em que a razão e entendimento ficaram totalmente de fora. Impulso era o que a dominava.

                Lentamente, Lauren foi aproximando seu rosto de Camila e parou alguns centímetros antes da região que, naquele momento, seu corpo venerava fielmente. Ela estava tão próxima dos lábios de Camila que conseguia sentir a respiração pesada da menina misturar-se com a sua e tocar seu rosto. Ela finalmente permitiu-se olhar dentro da imensidão que eram os olhos da menina a sua frente e um arrepio dominou todo o seu corpo. Como que em um passe de mágica, uma vontade desesperadora de acabar com a distância entre elas a dominou e, quando ela estava prestes a ceder para este sentimento arrebatador, a consciência retornou para seu corpo fazendo-a deixar um beijo casto na bochecha esquerda de Camila.

– Eu estou com fome, Camz. – Disse levantando da cama. – O que me diz de irmos em algum lugar comer um daqueles lanches horrendos que você ama?

– Você fala como se não amasse hambúrguer. – Camila revirou os olhos.

– Eu nunca disse isso, mas venhamos e convenhamos que aquilo lá é colesterol solido.

– Falou a nutricionista, não é?

- Quem sabe? – Lauren falou fingindo ponderar a ideia. – Dra. Lauren Jauregui... Gostei da sonoridade.

– Cala a boca, Lauren. – Camila disse e Lauren riu.

A latina suspirou pesadamente e a de olhos verdes sabia que ela falaria algo que acabaria com um possível clima amigável entre elas duas. Lauren repetiu em sua mente como um mantra que desviaria o assunto a todo custo enquanto Camila buscava as palavras para exemplificar e externalizar as milhares de perguntas que se passavam em sua mente. Cautelosamente, a menina caminhou até a amiga e pegou em suas mãos fazendo leves caricias no local. Ela olhou no fundo daqueles olhos e simplesmente deixou as palavras saírem por si só.

– Você está bem, Lolo?

– Estou sim, Camz.

– Por que eu acho que tem algo que você não está me contando? – Camila perguntou desconfiada e sorriu para a amiga.

– Porque tem coisas que nós não devemos falar e desejamos não sentir também. – Lauren suspirou e Camila sentiu uma fisgada em seu peito. – Anda, Camz, vamos logo antes que eu entre em estado de decomposição.

– Isso levaria um tempo, Jauregui, não se preocupe.

– Está me chamando de gorda? – Lauren perguntou incrédula enquanto entrava na brincadeira da amiga.

– Suas palavras, não minhas. – Camila deu de ombros e levou um leve tapa nos mesmo.

As duas caminharam até o carro de Lauren de braços dados em completo silencio. Inúmeras coisas se passavam na mente delas, mas entre as duas, a líder de torcida era a com maior turbulência não só na mente, mas também em seu coração. Ela não queria admitir, mas algo dentro de si estava mudando. Algo que ela não teria como impedir ou controlar. Algo que a faria escolher entre deixa fluir e aceitar ou lutar contra e perder. Um sentimento que por anos ela tentava negar, mas que estava tomando uma proporção tão grande que a estava fazendo perder toda sua sanidade nos últimos dias.