História Consequências de um Amor - Amigo

Poin't Of View – Draco Malfoy

 Os minutos se arrastam lentamente. Continuo parado em pé onde os Potter me deixaram. Simplesmente não sei o que fazer, que atitude tomar. É claro que não vou contar à ninguém sobre Hermione Granger estar grávida, mas guardar um segredo como esse, sabendo que momentos como como aquele no corredor poderiam se repetir...

 - A poção! - exclamo, lembrando que deveria leva-las para Hermione. Caminho até a escrivaninha cheia de perfumes e aquelas coisas femininas que só tem por função deixar os homens loucos, vejo a poção que ela me falou.

 Pego a poção e deixo os papéis de Hermione em cima da cama. O que será que aqueles papéis contém? Será que é algum problema com o bebê? Isso talvez explicaria o mal estar no corredor. Ouvi falar que as grávidas não podem ficar nervosas, senão correm o risco de perder o feto.

 Estremeço com o pensamento e apresso os passos em direção à enfermaria. Hermione escondeu essa gravidez e se fez isso é porque ama essa criança, caso contrário ela já teria se livrado do feto e não teria que aguentar as consequências, como agora. 

 Assim que me aproximo da enfermaria ouço a voz de Hermione falando, não queria ficar ouvindo a conversa de ninguém, mas não consigo dar as costas dali quando ouço suas palavras:

 - Ronald me abandonou, sugeriu que eu matasse meu filho e quando eu me recusei a fazer isso, ele disse que não assumiria o bebê. - ela chora, e se a anos atrás eu não daria a mínima para isso, hoje eu simplesmente não consigo não me comover com a dor explícita na sua voz. - Não assumirei o filho de qualquer uma, foi o que ele disse. 

 - Hermione, o Ron, ele... - Harry tenta defender o amigo ou talvez acalmar Hermione, não sei, mas Gina o interrompe antes que o mesmo continue:

 - Ronald é apenas um dos muitos idiotas que existem no mundo e por acaso carrega o sobrenome Weasley, mas fique tranquila Hermione, nem todos dessa família são idiotas. - ela fala, a voz calma de quem tenta dar conforto a alguém.  - Essa criança é meu sobrinho, eu já o amo... 

 - Eu também, eu amo essa criança. - a voz dela suaviza um pouco, perdendo aquela tristeza que antes carregava a voz. - Não sei como Rony pôde... 

 - Posso conversar com ele, se quiser, tentar... - Gina tenta, mas Hermione a interrompe: 

 - Não! - sua voz soa autoritária e sinto certo alívio por isso. Aquela é a Hermione que estou acostumado, que todos estamos: A mulher forte e decidida que sabe o que faz. - Ronald fez a escolha dele, e não sou eu quem vai tentar mudar isso. De qualquer forma, também já fiz minha escolha: Ronald não quer essa criança em sua vida, e eu não o quero na minha. 

 Resolvo que já chega de ouvir a conversa dos outros e dou as costas a porta do lugar concluindo que Hermione está em boas mãos. 

 Passo no meu quarto apenas para deixar a poção em cima do meu criado mudo. Me parece estranho entrar no quarto dela novamente, talvez porque ouvir a conversa dela com os Potter, não sei, mas quando caminho para fora do meu quarto, resolvo que só vou voltar a pensar nisso mais tarde, agora é hora de focar nos meus alunos. 

XXXXXX-XXXXXX

 O dia se estende longo, as aulas parecem não acabar e mesmo eu fazendo aquilo que amo, hoje eu só queria ficar no meu quarto pensando. Quem sabe passar na enfermaria e ver como Hermione está? 

 Não sei de onde surgiu essa preocupação mas ela está aqui e simplesmente não consigo evitar. 

 Me forço a caminhar até o Salão Principal e jantar junto com todos os alunos e professores. Hermione como é de se esperar não está ali e sei que está na enfermaria. Quando finalmente nada me impede de ir até lá, volto para meu quarto, pego sua poção e caminho para a enfermaria. Assim que chego lá, vejo Hermione sentada na cama com um livro nas mãos. 

 - Oi! - cumprimento, meio sem jeito e sem saber como agir. Hermione fecha o livro que estava lendo e sorri pra mim. - Vim trazer a poção que você me pediu.

 Hermione sorri, e revira os olhos. 

 - Algumas horas atrasado mas tudo bem. 

 - Vim aqui antes, mas você estava conversando com os Potter, e não quis atrapalhar. - respondo, meio sem jeito. Hermione balança a cabeça e acente, sem falar nada. 

 - Tudo bem, obrigado. 

 Ficamos em silêncio, eu não sabia o que dizer. Hermione olha para a poção, os pensamentos voando longe e da pra perceber porque ela franze a testa daquela mesma forma que fazia quando éramos crianças e ela estava concentrada nos livros. 

 - Você está bem? - pergunto. Sei que deveria manter a boca fechada mas não acho certo ela não saber que eu sei dos seus segredos. 

 - Tá tudo bem, foi só um mal estar passageiro. - ela sorri pra mim, esta claramente mentindo e seguro o riso, isso não é momento pra dar risada. - A srta. Poof só me segurou aqui para garantir que estava tudo bem. 

 - Hermione, a Gina me contou. - eu falo. Ela me olha assustada e tento concertar as coisas: - Ela soltou sem querer, pensou que eu já soubesse. 

 - E-eu... - ela começa, mas então se cala e me olha com os olhos marejados. 

 - Está tudo bem, Hermione. 

 - Não, não está tudo bem. - as lágrimas agora transbordam e eu não sei o que fazer. 

 - Fica calma, eu prometo que não vou contar pra ninguém. 

 - Está tudo bem, não é com isso que estou preocupada. - ela diz, secando as lágrimas do rosto - Já pode começar a dizer o que está pensando. 

 - E o que estou pensando? - pergunto, não resisto e acabo sorrindo. Que mulher doida!

 - Que eu sou uma idiota, que acabei com minha vida... - a voz dela embarga e ela começa a chorar compulsivamente - Que eu vou estragar a vida dessa criança e... 

 - Hey!! - eu exclamo, tentando fazer com que ela se acalme. De onde veio esse monte de lágrimas? - Eu não estou pensando em nada disso, ok? Tenho certeza que será uma ótima mãe e que tudo vai dar certo. - eu começo, as palavras saem espontâneas mas ainda sim sinceras. Eu realmente acredito nisso, e mais uma vez não posso deixar de me comparar com o rapaz que fui a anos atrás. - E não vai estragar a vida de ninguém. Essa criança vai ser muito feliz com a mãe que tem.

 Hermione sorri, seca o rosto e fica em silêncio. As mãos dela acariciando o ventre e eu não consigo não achar a imagem a coisa mais linda do mundo. 

 Hermione se acomoda na cama, o espaço que eu me acomodei quando ela começou a chorar ainda está ali e então eu também me acomodo ao seu lado. Os minutos passam e quando olho novamente para ela, Hermione está dormindo. 

 Admiro seu rosto calmo. Hermione é bonita, eu tenho que admitir. Não sei como um dia eu pude ligar mais para o sangue do que para isso, toda essa vida que ela carrega dentro dela, sua força e mesmo quando ela estava ali chorando, eu pude vislumbrar a guerreira que não abaixou a cabeça mesmo quando todos estavam tentando mata-lá. 

 Me levanto silencioso da cama. Hermione se mexe mas continua dormindo, puxo a coberta que estava aos seus pés e a cubro. 

 - Boa noite. - eu desejo, antes de dar as costas e caminhar para fora dali.  

 3 dias depois 

 Poin't Of View – Hermione Granger

 Fazem três dias que recebi alta da enfermaria. Três dias em que Harry e Gina vieram me visitar, e três dias que eu e Draco Malfoy viramos amigos. 

 Quem diria que eu, Hermione Jane Granger seria amiga de Draco Lucius Malfoy? Mas ele se tornou um bom homem, e isso não posso negar. Desde que soube da minha gravidez, veio se preocupando comigo, me faz sorrir, me irrita e o mais importante: Não me deixa desanimar. 

 Ele mina toda e qualquer tentativa minha de me diminuir. Me fortalece quando me sinto desprezível e eu sei que todos esses sentimentos misturados são consequências da gravidez, mas é bom ter alguém como ele ao meu lado. 

 - Bom dia! - ele diz, se sentando ao meu lado na mesa. 

 - Bom dia pra quem tem a tarde livre. - eu respondo, sorrindo. Draco revira os olhos e diz: 

 - Você está se tornando uma preguiçosa, Srta. Granger. 

 - Hey! - eu digo rindo. Ele me passa uma torrada com geléia que como com prazer. Todas as manhãs tem sido assim:  depois da sessão de exorcismo em que eu vomito tudo aquilo que meu estômago não tem,  eu me arrumo, Draco me espera na porta do seu quarto, vamos juntos para o Salão Principal e então ele me empurra todo tipo de comida. 

 - Você tem que se alimentar direito - é o que ele diz quando me nego a comer alguma coisa. 

 - A sorte, senhorita, é que eu tenho três aulas livres na parte da tarde. Podemos aproveitar e sei lá, corrigir aquele monte de pergaminhos que estão se acumulando a dias. 

 - Ótimo! - eu respondo, o sinal bate e eu me levanto da cadeira, junto com os outros professores. 

 - Até mais tarde, então! 

XXXXXX - XXXXXX

A manhã passa rápido, cheia de coisas pra fazer nem me dou conta quando o sinal da última aula bate e os alunos saem apressados da sala de aula. 

 - Esses professores querem é nos matar de tanto estudar. - um deles diz para seu colega, que balança a cabeça concordando. 

 Saio da sala me relembrando da minha vida de estudante por esses corredores. A segurança por detrás dos livros. O conforto que eu sentia nas notas de final de ano e todo o resto. A felicidade pura e inocente que inundava minha vida. Os perigos na luta contra Voldemort, mas mesmo assim eu tinha Harry, Rony e Gina. Tinha meus pais. E agora... 

 - Hey, está tudo bem? - Draco pergunta, me fazendo tomar um susto. 

 - Droga. - eu exclamo. A mão no coração, disparado.

 - Vamos almoçar? - concordo com a cabeça. Assim que o almoço chega ao fim, Draco vai para suas aulas e eu vou para o meu quarto. Assim que chego lá, uma coruja me esperava empoeirada na minha janela. Retiro a carta do seu bico, e vejo que era da Gina:

 Olá Hermione

 Como vai? As coisas comigo e com Harry andam numa boa. Nós fizemos as pazes oficialmente e está tudo ótimo entre nós. Marquei aquele jantar com minha família e sei que você está nervosa, mas como eu disse, o ruivo idiota é uma exceção na família, e não a regra.

 O jantar vai ser na próxima semana, você já vai saber o sexo do bebê e aproveita e solta todas essas informações de uma só vez. 

 Espero por você! Fique tranquila que tudo vai dar certo. 

 BEIJOS!!

 Fecho a carta com a barriga se remexendo de nervoso. Não acredito que vou ter que falar sobre isso com todos os Weasley. 

- Não adianta pensar nisso agora, Hermione. - eu falo, pra mim mesma. Resolvo que está mais do que na hora de eu arrumar minhas coisas no quarto. Geralmente os elfos cuidam da limpeza, mas eu pedi para a diretora que restringisse o meu quarto, afinal, os elfos não são escravos e eu não sou uma incapaz. Porém, com tanta coisa acontecendo na minha vida, a bagunça foi acumulando e acumulando e cá estou eu, com um quarto todo revirado.

 Nem percebo o tempo passar, e quando eu me dou conta, metade da tarde já se passou. Nunca pensei que limpar um quarto do modo trouxa cansasse tanto. Ou talvez seja a gravidez, que coisa. Isso de tudo ser novo para o meu corpo é irritante, mas saber que meu bebê cresce aqui atenua qualquer sentimento negativo.

 Ouço o som de batidas na porta. Termino de arrumar minha escrivaninha e caminho para a porta. Abro a porta e me deparo com Draco Malfoy com as mãos cheias de papéis e um sorriso de falsa animação:

 - Pronta pra corrigir muitos trabalhos?