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História Construções - Importância - Regina


Escrita por: moniquetayahh

Notas do Autor


Boa leitura.

Capítulo 12 - Importância - Regina


Fanfic / Fanfiction Construções - Importância - Regina

R E G I N A

Eu tinha apenas 21 anos quando conheci Kristin Page, estava no início do meu curso de arquitetura, ela tinha uns 12 anos a mais que eu, era muito bonita e chamava a atenção de todos, mas o que me fez realmente notá-la foi sua inteligência, sua postura e aquele seu olhar insistente em mim.

Eu sabia que ela era casada e que tinha uma filha, mas naquela época, eu ainda tão crua sobre relacionamentos da vida, não tive problemas em me submeter aos prazeres que aquela mulher tão experiente tinha.

Após um ano naquele caso as escondidas, Kristin confessou estar apaixonada por mim e com aquilo nós terminamos, pois uma de suas grandes regras pessoais, para manter seu casamento, era não se envolver emocionalmente e aquela nossa relação já havia ultrapassado muitas barreiras.

Já eu, por mais que eu gostasse de ficar com ela, que eu tenha aprendido muito sobre diversos temas, ainda mais sobre sexo, já que o que tive antes dela nem se comparava com o depois, porque sim, foi ela que me ensinou a como receber e a dar prazer de verdade, mas antes que pareça que ela me ensinou o Kama Sutra, não, o que aprendi com ela não tinha nada a ver com posições mirabolantes ou algo assim, não que também não pudessem fazer parte, mas o que ela me ensinou foi muito mais profundo nas questões sensoriais, energéticas e de conexão.

Mesmo com tudo aquilo não havia em mim o tal sentimento da paixão, então não me doeu deixá-la partir, é claro que senti sua falta, mas nada comparado a um coração partido.

O reencontro com Kristin após tantos anos, foi tomado inicialmente por uma grande surpresa e depois cheio de alegria, foi um início de tarde melhor do que eu esperava, incrível como ainda havia aquela conexão intelectual gostosa pela qual eu tinha me interessado.

Nossa conversa não foi profunda, ela me contou por cima que havia se aposentado, que após tantos anos de briga e desentendimento ela e Robert resolveram oficialmente abrir o relacionamento, o que fez tudo finalmente entrar nos eixos, contou sobre a filha, a neta, a volta para Lakes City e mais algumas outras, um bom papo com uma pessoa que fez parte do meu passado e que ajudou a moldar quem eu era.

Em meio a lembranças, novidades e leves flertes vindo de Kristin, que era naturalmente algo de sua personalidade, eu me senti sendo observada pelas três amiguinhas dentro da água.

Enquanto elas conversavam, a cada palavra que eu não conseguia ouvir ou decifrar, eu me sentia sendo exposta, não tinha como eu saber o que fofocavam, mas eu conseguia sentir que era sobre mim e aquilo estava me deixando bem incomodada.

Não havia nada entre eu e Swan, o que havia acontecido tinha sido apenas uma brincadeira sem nenhum significado, tudo aquilo que rolou foi muito mais uma libertação da minha mãe, do que qualquer coisa em relação a Emma, mas ao vê-la ao longe cruzar seu olhar com o meu enquanto contava sei lá o que, sobre mim, para aquelas desconhecidas, começou a fazer meu sangue ferver de um jeito que eu não queria.

Eu não tinha como ter certeza daquilo, até o momento em que consegui ouvir as duas amigas quase gritarem juntas “você fugiu?” fazendo Swan tampar suas bocas e cruzar seus olhos novamente com os meus.

Ali eu tive a minha certeza, fazendo a voz de Cora começar a ecoar em minha mente como um veneno se espalhando rapidamente.

A partir dali eu fui levada por uma chateação e uma raiva contida que me cegou fazendo-me agir pelo impulso que nada me agradava.

Swan e as amigas se juntaram a nós, enquanto eu era inundada daquelas palavras da minha mãe, minha postura se fez rígida, minhas armaduras estavam todas em seu lugar, minha raiva latente em meu peito.

Eu não conseguia prestar muita atenção no que diziam, ainda mais que elas tinham suas expressões de superior misturado com uma sensualidade desnecessária, como se fossem as mais gostosas do planeta, aquilo me deu até enjoo.

E quando a filha da Kristin se gabou ao dizer que namorou, Emma e a outra ao mesmo tempo e logo em seguida me olhou como se aquilo fosse uma grande coisa, ali foi o meu limite.

Quem aquelas meninas achavam que eram para ficar me fazendo de palhaça?

Com que direito, que aquela mimada da filha do David, tinha de me expor daquela forma?

Por que ela tinha contado sobre o que vivemos para aquelas desconhecidas?

Emma era mesmo uma manipuladora, tudo aquilo naquele tempo todo ela se fazendo de boa moça, mas na verdade ela era tudo o que minha mãe sempre dizia.

Eu era uma idiota por ter achado que poderíamos ser, sei lá, próximas talvez.

Eu estava me sentindo humilhada por aquelas garotas irritantes, prepotentes, achando que são mais que todos.

Como que eu deixei aquilo chegar a aquele ponto?

Era tudo culpa minha.

Não, era tudo culpa da Emma.

Pedi licença entre os dentes muito mais em consideração a Kristin, dei as costas e decidi que iria partir antes que eu transformasse aquele evento em um circo dos horrores, fui até David, inventei uma desculpa qualquer de que estava com muita dor de cabeça e precisava descansar, peguei minhas coisas e fui para meu quarto me preparar para ir, aquele final de semana já tinha dado para mim.

Eu estava tão chateada de ter sido exposta, de ser elemento de piada para elas, tão chateada de ter dado abertura para Emma, de ter brincado com ela, de ter confiado nela...

- Regina... – a voz mansa de Emma me tirou dos meus pensamentos.

- Ah não, Swan – revirei os olhos irritada lhe dando as costas voltando ao que eu estava organizando – Vai embora!

- O que aconteceu? Por que está brava? Meu pai disse que você estava passando mal e que ia descansar. - seu jeito rápido, junto a aquele tom de preocupação me irritaram ainda mais. Tive que prender o ar por um ou dois segundos para não me descontrolar.

- Vai embora. – mandei ainda de costas.

- Mas... – ela se aproximou ficando no meu campo de visão - o que aconteceu?

- O que aconteceu? – me virei para ela sentindo minha raiva começar a transbordar.

- É – ela me olhava com aquela carinha de cachorrinho sem dono que só estava me tirando ainda mais do sério - eu não estou entendendo por que está agindo assim.

- Assim como? – debochei.

- Com raiva, hostil, como se eu tivesse feito uma grande merda.

- E você não fez nada, não é mesmo? – ironizei com um sorrisinho.

- E-eu... – ela gaguejou, mas logo se recompôs - não que eu saiba.

- Então está me dizendo que não contou nada sobre nós para aquelas suas amiguinhas? – cruzei meus braços rígida a sua frente.

Emma ficou calada por alguns segundos.

- Falou ou não falou, Swan? – meu tom de voz aumentou um pouco.

- É eu contei... – respondeu sem jeito.

- Então aí está sua resposta. – soltei os braços e me virei novamente para o que estava guardando.

- Mas... – ela tocou de leve em meu braço fazendo-me virar para ela a contragosto - qual o problema? Está com ciúmes? – ela estreitou o olhar com um leve sorriso sacana.

- Eu? Ciúmes de você? – dei uma gargalhada carregada de cinismo – Há uma grande diferença entre eu me sentir exposta, motivo de piadinha entre as namoradinhas, do que sentir ciúmes de você.

- Piadinha? Ninguém fez piadinha com você, não há motivos para você se sentir exposta e essa sua atitude não faz sentido nenhum.

- Não faz sentido? – dei um passo em sua direção já deixando tudo explodir - Não há motivos? – meu tom era raivoso, porém baixo - Você contou sei lá o que sobre nós para duas estranhas, porque sim elas são duas estranhas, já que você não as via há anos, e está dizendo que não tem motivos para eu me sentir exposta? – elevei um pouco a voz, mas logo voltei ao tom anterior dando mais meio passo em sua direção, junto ao meu queixo erguido e um dedo acusatório - Em primeiro lugar, senhorita Swan, não existe nada entre nós duas, ontem foi só uma brincadeira, da qual eu agora estou é muito arrependida perante a sua falta de noção.

- Mas – eu não a deixei falar.

- Mas nada, Swan, eu não sei onde eu estava com a cabeça quando me deixei confiar em alguém tão sem noção quanto você, então por favor, volte para suas ex namoradinhas e me deixa em paz.

Voltei a minha bolsa querendo terminar logo com aquilo, já ela permaneceu parada onde estava, após alguns segundos eu senti sua respiração sair com força.

- Me desculpa, eu não tive a intenção de te deixar brava, de te expor ou qualquer coisa assim... – sua voz mansa carregada de arrependimento, que para mim de nada valiam, ela era uma boa atriz -eu só... não pensei que isso seria um problema.

- Seu problema é esse, você nunca pensa nas consequências dos seus atos.

- Não é para tanto...

- Não é para tanto? – me virei novamente para ela - olha só toda essa situação, eu estava começando a confiar em você, Swan – soltei o ar pelas narinas com um pouco mais de força que o normal - mas ai na primeira oportunidade você simplesmente expõe algo, que nem é algo real para pessoas completamente aleatórias – apontei para o além como se apontasse para elas - e se elas resolverem contar para mais alguém, e esse mais alguém contar a outro alguém, e ai chega nos ouvidos do seu pai, ou pior no da minha mãe, imagina só eles ouvindo a fofoca da vergonha que eu te fiz passar. – finalizei com desprezo.

- Você disse que eu não tinha passado vergonha. – falou com a voz baixa e o olhar triste.

- Pois agora eu vejo que sim. – desdenhei.

- Me desculpa – pediu com o mesmo olhar, fazendo um frio invadir meu estômago, aquilo era tão contraditório a toda a raiva que eu estava sentindo.

- Vai embora. – apontei para a porta.

- Por favor, eu não tive a intenção de te deixar brava.

- Swan – permaneci com o dedo apontado – sai daqui.

- Olha, sério – ela insistiu, eu bufei ao abaixar o dedo e posicionar minhas mãos em minha cintura – eu não contei para elas sobre você – apontou para mim - eu contei para elas sobre mim – apontou para si - sobre o que aconteceu comigo, não é como se eu estivesse fofocando sobre a sua vida.

- Então está me dizendo que não fofocou sobre minha vida pessoal?

- Você é uma pessoa que faz parte da minha vida, então... – deu de ombros com a respiração nitidamente alterada pelo nervosismo - então não é justo você ficar tão brava por eu querer expor minha própria vida para minhas amigas.

- Ao contar sobre a sua, você me citou? – perguntei já sabendo a resposta.

- Sim.

- Então pronto. – gesticulei com certa raiva.

- Não é justo isso, Regina, você está brava atoa. – se alterou um pouco.

- Eu estou brava atoa? Me conta, você falou para elas sobre ontem? – ela afirmou – falou exatamente o que?

- A verdade.

- E qual é a verdade?

- Que você me encurralou na borda da piscina e eu fugi. – deu de ombros como se não fosse nada.

- Consegue ouvir o que disse? – minha voz estava mais alta do que eu gostaria - Que eu te encurralei, que eu tentei algo com você, mas você a pobre Emma, tadinha, fugiu de mim, olha só isso – apontei com desdém para ela - me faz parecer uma abusadora, e para isso se tornar a história real, indo de boca em boca é mais fácil do que pensa, Swan, sendo que, eu estava apenas brincando com você, eu nem se quer tenho vontade de tornar aquilo real, então você consegue ver o quanto irresponsável você foi?

- Ok, você está certa – ela voltou a ter suas expressões em arrependimento - eu errei... mas por favor, me desculpa... vai.

- Vai embora.

- Me desculpa.

- Swan, vai embora. – apontei novamente para fora.

- Só depois de você me desculpar. – pediu com aquela carinha que estava me dando raiva e nervoso ao mesmo tempo.

- Eu não vou te desculpar – falei entre os dentes - então por favor, me deixa em paz.

Emma soltou o ar com chateação, me encarou por mais alguns segundos, deu de ombros e saiu com a cabeça baixa nitidamente frustrada.

Logo em seguida foi a vez da minha mãe entrar no quarto, de imediato eu fiquei dura e cerrei o maxilar para não dizer nenhuma palavra.

- O que aconteceu? O que Emma fazia aqui? – me analisou a frente, eu dei de ombros checando se havia esquecido alguma coisa pelo quarto. – Está indo embora? – eu afirmei – O que está acontecendo entre você e aquela garota, heim Regina? – exigiu resposta, já eu fiquei a sua frente com minhas coisas em mãos, respirei fundo e encarei seus olhos.

- Até mais. – falei rígida já saindo as pressas.

É claro que Cora me seguiu com suas perguntas insistentes, mas eu apenas apertei o passo e caminhei sem olhar para trás até que ela desistiu.

Por todo o percurso até o meu refujo eu fiquei revivendo em minha mente meus momentos com Swan, por mais que eu tentasse parar de pensar nela, no segundo seguinte lá estava novamente, a gente na piscina, a gente na viagem, a gente na construtora, ela com suas cantadas idiotas, a gente no coquetel... ela contanto sobre mim para as amigas, nossa última discussão.

E de novo e de novo, assim se repetiu o que me fez pegar uma garrafa de vinho, colocar minha playlist própria para aquele momento, sentar em minha varanda com a companhia de Lucas e começar a beber na tentativa de tirar Emma Swan dos meus pensamentos.

- Sai da minha cabeça – murmurei comigo mesma ao me pegar pensando nela novamente.

O que era para ser um momento de esquecimento e relaxamento, se tornou ainda mais sobre ela, fazendo toda aquela minha raiva se intensificar a princípio, mas depois de um tempo foi se dissipando e eu comecei a achar que havia muito mais agido como minha mãe do que como a pessoa que eu estava tentando ser.

Ainda na casa do Lago, na manhã seguinte, tive minha consulta online com o terapeuta, por mais que eu achasse que era meio perda de tempo falar sobre aquilo, que existiam muitas outras coisas da qual eu tinha que resolver, eu acabei pedindo sua ajuda para saber se eu havia sido injusta, ou se eu estava certa perante a minha atitude com Swan.

- Bem, Regina, é completamente justificável você ter se sentido exposta, ainda mais por se tratar de uma pessoa que você está começando a construir um relacionamento, mas a questão em si não é essa, então para finalizarmos essa nossa sessão de hoje, que foi muito produtiva – ele sorriu - eu venho com um questionamento, você usou termos como sem importância e insignificantes, mas se elas são mesmo sem importância, por que acha que trouxe esse assunto até mim, porque não consegue tirar isso dos pensamentos e porque reagiu daquela forma?

Pronto, aqueles questionamentos deram um nó em minha mente, eu que queria apenas saber se havia exagerado ou não, acabei me sentindo ainda mais presa naquele assunto.

Meu intuito era chegar mais tarde na Swan Mills naquela segunda, mas resolvi trabalhar de lá mesmo, na terça eu voltaria com tudo pronta para o trabalho e quem sabe resolvida em relação a Emma?

Apenas com trabalho eu consegui tirá-la de meus pensamentos, ao fim do expediente da construtora eu resolvi ir trabalhar na mesa de Swan, que já estava quase pronta.

Troquei de roupa, coloquei um jeans e uma camiseta e parti para minha oficina.

Enquanto terminava de lixar a madeira me deixei pensar sem todo o pesar.

Eu tinha ficado sim chateada em ter sido exposta, junto a forma com que as ex-namoradas tinham aquela postura de superiores, que me deixaram ainda mais desconfortável, era como se elas quisessem mostrar o quanto eram melhor do que eu, como se ter tido a Emma fosse um grande troféu que eu nunca teria.

Como se eu quisesse aquilo.

Mas, ao mesmo tempo eu me senti traída, como se ter me permitido me abrir um pouco mais e deixado a se aproximar fosse tudo uma questão de ego para ela, tudo manipulação.

Porém, a questão que meu terapeuta havia feito martelava em mim.

Aquele mix de sentimentos, só conseguia me levar a um lugar do qual eu estava fazendo muita força para não estar nele.

Eu passei tanto tempo recusando qualquer aproximação da Emma por conta de um trauma da infância, que o último mês do qual eu comecei a deixá-la se aproximar mais, que tivemos momentos legais como o dia da exposição, todas as risadas que trocamos com suas péssimas cantadas, as implicâncias sutis, sua dedicação ao trabalho, seu bom humor, seus olhares, sua coragem, sua espontaneidade, todas aquelas coisas e mais algumas, fizeram algo dentro de mim mudar.

Eu não sabia até então o quanto eu já confiava nela, o quanto eu já gostava de sua companhia, e o quanto ser exposta para suas ex namoradas me deixaria tão decepcionada, porque era daquele jeito que eu me sentia, decepcionada com sua atitude.

Com aquilo as perguntas do doutor Hoper me voltaram a cabeça.

Minha reação havia sido daquela forma por ser exatamente o oposto, tudo que estava acontecendo já havia tanto significado que eu me decepcionei ao me sentir traída por Emma Swan.

Na terça, na quarta e na quinta a sensação que tive era que tínhamos voltado a primeira semana, tudo sendo tratado no profissional, um silêncio ainda mais irritante do que ela própria, seu olhar vez ou outra me entregavam sua aflição, todo aquele afastamento, ainda mais depois de ter dado aquele paço de brincar com ela, fazia a minha decepção diminuir relativamente comparada com toda aquela ausência presente de nós duas.

Depois que Emma surgiu em minha vida, lá no passado, ainda uma menina, eu nunca, nunca achei que anos e anos depois eu ia estar naquela situação e ainda pior, sentindo falta da nossa relação que havia se transformado tão rapidamente naquele curto tempo.

Não que fossemos amigas confidentes ou algo do tipo, mas eu me sentia confortável em sua presença, gostava do seu humor e tinha particularmente adorado ter brincado com ela naquela piscina.

Havia uma intimidade diferente crescendo em nós, eu não tinha mais como negar aquilo, mas depois dela ter aberto o bico para as ex-namoradas, depois de termos discutido, depois daquele afastamento, por mais que eu ainda me sentisse traída, eu só pensava em como fazer as coisas voltarem a ser como eram, mas sem ter que ter qualquer tipo de conversa constrangedora.

Na sexta Emma passou a manhã em sua nova sala, que estava quase finalizada, próximo ao horário de almoço ela voltou até meu escritório, me entregou alguns papéis, confirmou a reunião que teríamos no final do dia e se dirigiu ao frigobar, pegou uma garrafinha de água mineral, a abriu, se virou para mim e tomou alguns goles.

- Ainda está brava comigo? – perguntou junto a uma exalação forte, como se estivesse esperado muito para fazer aquela pergunta, já eu revirei de leve os olhos ao soltar a caneta e girar levemente a cadeira em sua direção – é pela sua cara sim – concluiu frustrada – Isso quer dizer que estou desconvidada para ir na casa do lago com vocês, né? – seu olhar tristonho era irritantemente fofo, o que me fez prender o sorriso e negar ao balançar a cabeça.

Era conflituoso, porque sim, eu ainda estava chateada com a exposição que ela havia feito, mas ao mesmo tempo eu não queria mais estar, eu só desejava que aquela voz lá no meu íntimo parasse de dizer o quanto ela não era confiável, eu só queria que ela me mostrasse que sim, que era digna da minha confiança para que tudo pudesse voltar ao normal.

- Não, Swan – abri levemente meu sorriso.

- Não está mais brava ou não estou desconvidada? – uma pontinha de esperança deu brilho aos seus olhos, o que me fez abafar minha chateação para tentar tirar aquela agonia de mim.

- Os dois – o sorriso que se formou em seu rosto foi tão bonito que soltei o ar com um pouco mais de força, será que aquele era o momento em que as coisas se alinhariam novamente de onde pararam?

- Ainda bem – suas expressões tomando aquele ar de flerte barato - porque assim, eu já estava planejando contratar um carro de som daquele com locutores, e um pedido de desculpa bem cafona para ver se você me perdoava.

- Se algum dia você fizer qualquer coisa parecida com isso, saiba que aí sim você nunca mais me verá em sua vida. – falei com uma falsa seriedade, já ela sorriu com malícia me trazendo um conforto estranho.

- Achei que nunca mais ia ver esse seu falso desdém.

- Você trouxe roupas para o final de semana? – um leve nervosismo me fez querer mudar de assunto.

- Como assim?

- Trouxe roupas para passar o final de semana lá na casa do lago.

- Era para trazer? Tipo para cá?

- É, eu vou direto daqui, se você quiser ir comigo sugiro que saia logo depois da reunião, arrume suas coisas, que quando eu sair daqui eu passo em seu apartamento para te buscar. – falei mais animada do que o habitual, fazendo-me voltar rapidamente ao falso desdém, como ela mesma gostava de dizer - Mas também se não quiser pode ir amanhã, mas sugiro que chegue antes do almoço.

- Na-não – respondeu com pressa e até um pouco surpresa - eu quero ir com você hoje sim. Zelena chega hoje?

- Zel disse que o Robin resolveu vir de carro para aproveitarem bem todos os momentos dessa viagem.

- Mas são tipo muitas horas de estrada.

- Sim, umas oito eu acho, eles vão sair daqui a pouco, as duas da tarde, devem chegar lá em casa umas dez da noite.

- Ah, não vão chegar tão tarde, ainda mais para uma sexta, vai dar tempo de tomarmos umas cervejas ou um vinho talvez. – piscou.

- Com certeza eles vão querer tomar algo quando chegarem. E do jeito que eles são aposto que vamos acabar indo dormir bem tarde.

Só naquele curto tempo de conversa todo um conforto estranho foi tomando conta de mim, quase fazendo minha chateação sumir por completa.

Eu ainda não sabia ao certo, mas sentia que aquele caminho era um caminho sem volta e mesmo confusa, assustada, decepcionada eu queria seguir em frente.

Em uma conversa superficial sobre o final de semana, Rose veio nos dar alguns recados.

- Então, David ligou e pediu para vocês não esquecerem de dar as coordenadas certinhas para a equipe de amanhã, ele também pediu o contato do seu amigo marceneiro, Regina. – eu apenas afirmei, já Swan me olhou tão cúmplice que cheguei a me sentir envergonhada, mesmo sem motivos – E a Ingrid, ela pediu para participar da reunião de hoje, disse que precisa apresentar alguns valores – eu afirmei autorizando sua participação, Rose se virou para Emma em seguida - e seu frigobar e sua cafeteira acabaram de chegar, eles estão lá no seu escritório agora mesmo.

- Ótimo! – disse animada ao jogar a garrafinha de água vazia na lixeira - vou lá conferir se está tudo certinho. – deu alguns passos em direção a porta, mas se virou para mim com um leve sorriso - Até a reunião – se virou indo em direção a porta.

- Emma? – a chamei fazendo-a novamente me encarar.

- Sim. – abriu seu sorriso de um jeito diferente, de imediato percebi que foi por tê-la chamado pelo primeiro nome.

- Você já almoçou?

- Não – seu sorriso se desfez um pouco - mas eu vou ter que usar meu horário de almoço para resolver umas coisas pessoais no banco.

- Ah ok, então até a reunião.

Estranho demais o quanto eu estava me sentindo bem por ter finalizado com aquele afastamento e o quanto eu estava insanamente desejando ainda mais uma aproximação.

- E você Rose – me virei para ela que tinha seus olhos curiosos em cima de mim - já almoçou? – perguntei com um sorriso na voz, ela negou – Então hoje você almoça comigo. – ela me analisou a sua frente, sorriu meio travessa e assentiu.

Depois da reunião que durou menos tempo do que o esperado, Emma foi para seu apartamento organizar suas coisas.

Achei que minha ansiedade faria aquele tempo passar mais lentamente, mas felizmente eu ainda tinha algumas coisas a resolver o que fez o tempo passar voando.

Estacionei o carro em frente ao prédio de Swan e lhe enviei uma mensagem para que descesse.

Enquanto a esperava, tive flashs de memória da minha mãe falando coisas ruins sobre Emma, me veio também o sentimento de exposição, os olhares das ex-namoradas, porém em seguida, Swan surgiu com seu sorriso e uma mala de mão e magicamente minhas frustrações pareceram apenas poeira.

Eu estava me deixando levar de uma forma que nunca antes havia feito em minha vida, tirando com a Elsa, que por mais que eu fosse uma criança eu me lembrava bem daquela sensação de liberdade real que ela me fazia sentir.

E era exatamente aquele o poder que Emma obtinha, era por aquilo que eu estava passando por cima dos sentimentos ruins para buscar cada vez mais os bons.

Swan sentou no carona, de banho tomado, perfumada, vestida casualmente com uma calça de moletom nude, cropeed de manguinha da mesma cor e tênis de correr branco.

Foi inevitável não a encarar da cabeça as pés e não me lembrar dela só de calcinha na penumbra daquela piscina.

É, Emma era sim uma jovem mulher muito bonita, mas antes que meus pensamentos fossem para caminhos não planejados, introduzi logo um assunto sobre trabalho.

Conversamos sobre as coisas corriqueiras da construtora, e por mais que eu tivesse deixado para trás o episódio do final de semana anterior, tanto ela quanto eu ainda estávamos meio travadas, não havia cantadas de sua parte e muito menos qualquer brincadeira que eu poderia fazer.

No meio do caminho recebi uma ligação de Zelena, pedi para Emma atender e colocar no viva-voz, que rapidamente o fez, já segurando o aparelho entre nós, com seu corpo levemente voltado para mim, junto a um sorriso meio travesso.

- Regina? – Zelena me chamou do outro lado da linha.

- Não – Emma tomou a frente da ligação - a Regina está muito ocupada nesse momento, gostaria de deixar um recado? – forçou uma voz diferente me tirando um sorriso de canto.

- Emma? – minha irmã a reconheceu de cara.

- Nossa que sem graça – reclamou fazendo um leve biquinho - deu nem tempo de fazer piada.

- Emma você atendeu o telefone da Regina? – sua voz soou como se aquilo fosse a coisa mais estranha do mundo, e bem, era para ser mesmo perante todo que havia antes daqueles dois meses.

- Sim irmã pode falar – eu que respondi com o sorriso na voz e os olhos na estrada - você está no viva-voz, eu estou dirigindo.

- E aí como tá a viagem? – Emma perguntou animada antes mesmo que Zelena ou eu falasse algo mais - Já estão por onde?

- Pois é gente, foi por isso que liguei, tenho más notícias. – soltou o ar com pesar.

- Como assim, Zelena?! – olhei rapidamente para o celular como se pudesse olhar para ela - não me assusta, vocês estão bem?

- Estamos ótimos, não aconteceu nada com a gente – ela me tranquilizou - mas o nosso carro simplesmente morreu, não sabemos o que é, já que o Robin fez toda uma vistoria antes de virmos, mas mesmo assim ele simplesmente morreu.

- Ai que merda em Zel!

- Tá mas e aí – pedi por mais informações - o que vocês vão fazer?

- Robin está no telefone com o seguro agora mesmo, vamos ver o que é, dependendo do que seja a gente toma as decisões.

- E quais seriam essas decisões? – perguntei já aflita.

- Não sei – ela suspirou – Se for algo tranquilo de consertar nós concertamos e vamos, agora se não for, podemos alugar um carro por aqui, ou tentar uma rodoviária aqui perto, para irmos até aí e aí sim alugamos um carro quando chegarmos em Lakes City? – ela suspirou novamente – ou sei lá, ver qual o aeroporto mais próximo? Eu não sei, não sei mesmo, só vou poder de dar uma posição quando soubermos qual é o problema do carro.

- Mas onde vocês estão?

- Na metade do caminho, há umas quatro, cinco horas daí.

- Meu deus Zel, e as crianças? – pensei o quanto eles deveriam estar estressados.

- Bem, o Roland tá ótimo jogando no celular, mas se demorar muito e a bateria acabar, aí sim eu sei que ele vai ficar bem entediado, agora a Margot – ela riu bem de leve do outro lado – ela está bem.

- O que tem a Margot heim, Zelena? – minha voz soou autoritária o que fez minha irmã rir.

- É que ela tem uma surpresa, então não vou contar, só vão saber quando chegarmos aí, espera... – ela falou algo ao fundo com o Robin e logo voltou a nós – vou precisar desligar para resolver umas coisas aqui, daqui a pouco eu ligo dando mais informações e também para saber em que mundo é esse que vocês duas estão juntas como duas amiguinhas indo viajar – tinha surpresa e divertimento em sua voz.

- Tá bem irmã – eu ri por ela ter comentado sobre Swan e eu, mas fingi que nem tinha ouvido – vou aguardar por sua atualização sobre o carro.

Em mais meia hora de estrada chegamos ao bairro dos grandes lagos, se passava das oito da noite e como a fome já era bem presente, sugeri que passássemos antes, em um pequeno restaurante de frutos do mar que eu gostava muito, já que preparar qualquer coisa em casa levaria um tempo, tempo esse que minha fome não estava disposta a esperar.

Não nos demoramos e as nove eu estacionei o carro já sendo recebida por Lucas.

Havia apenas três quartos em minha casa do lago, o meu, o que minha irmã sempre ficava com o Robin e o que normalmente era nomeado como o quarto da bagunça, onde os mais novos eram acomodados, e foi exatamente no quarto da bagunça onde coloquei Swan, lá tinha uma cama de casal e uma de solteiro, Roland e Margot dormiriam juntos e Emma ficaria na de solteiro.

A deixei confortável, falei que se quisesse descer, ligar o som, pegar qualquer coisa na geladeira, ou até mesmo vinho na adega ela poderia, que era para se sentir em casa.

Fui para meu quarto, eu precisava de um bom banho para renovar as energias gastas naquela semana e me ter completa para receber minha irmã, meu cunhado e meus sobrinhos tão queridos.

Após meu momento de relaxamento recebi a ligação de Zelena, dizendo que o carro havia sido consertado e que já estavam de volta a estrada.

Fiquei na dúvida se vestia um pijama ou não, logo lembrei-me da Emma tão à-vontade e sua roupa, que resolvi vestir um conjuntinho de moletom preto, de short e casaco curto quase como um croped. Passei um pouco de perfume, um corretivo em minhas olheiras e um pouco de blush para dar vida.

Quando cheguei a sala, Swan estava sentada no maior sofá, que se posicionava a frente da lareira logo atrás da mesa, que era também uma espécie de sofá-cama, ele não era desses que abrem, era fixo, mas tinha o assento maior.

Ela estava confortavelmente ao canto, sem os tênis com as pernas cruzadas sobre o tecido, uma cerveja em mãos enquanto passeava pelo seu celular.

- Não quis colocar música? – perguntei ao me aproximar.

- Eu tentei, mas não consegui conectar meu celular no seu som. – tomou um gole da cerveja ao me olhar dos pés a cabeça. – estamos combinando – ela falou como uma menina se referindo ao moletom.

- Me inspirei em você. – sorri me sentindo levemente envergonhada em ter exposto aquilo, engoli aquele sentimento a seco e fui na direção do som – Zelena ligou, eles já estão na estrada de novo.

- Ah que bom! Será que conseguimos esperar por eles?

- Não sei, são dez horas agora – eu mexia em meu celular para conectar ao aparelho – se eles se apressarem, dentro dos limites é claro, devem conseguir chegar aqui umas duas. – coloquei minha play-list de blues para tocar.

- Boa música! – comentou animada ao se movimentar sutilmente no ritmo.

Emma Swan estava sentada em meu sofá, curtindo minha música, tomando da minha cerveja e tinha quele sorrisinho feliz quase constante no canto de seus lábios, junto aos seus olhos tão insistentes em querer me ver além.

Aquilo era tão surreal e confortável que fazia um frio me invadir a barriga, eu não fazia ideia de até onde poderíamos ir naquele caminho e por mais que parte de mim ainda me pedisse um afastamento, eu estava muito mais interessada nos novos acontecimentos que eu sentia que estavam por vir.

- Vou buscar uma cerveja para mim, quer outra? – Apontei para sua long neck, ainda próxima ao som.

- Quero sim.



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