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História Consultas - Capítulo 6


Escrita por: DebStr e Kalish

Notas do Autor


Acharam que nao ia ter Capítulo hoje ne? A Debs tambem hahahahha
Mas to aqui para atualizar, perdoem a demora...aproveitem mais esse e otima semana para voces!!

;**

Capítulo 6 - Capítulo 6


O barulho dos dedos castigando as teclas já ecoavam na mente de Sasuke, o que o obrigou a parar o que estava fazendo apenas para perceber que há muito tempo havia se perdido no que fazia. Não estava mais resolvendo o problema de um dos servidores, estava completamente imerso em pensamentos que o atormentavam desde a última quarta–feira. Sasuke lembrou–se que há dois dias tivera a discussão com Sakura no consultório e logo em seguida ouviu a mulher desacreditar totalmente de sua pessoa após vê–lo metido em uma briga de bar. Uma que ele não havia começado, que ficasse claro.

E nas últimas 48h, o homem reviveu aquela noite inimagináveis vezes, cada vez reagindo de uma maneira distinta em sua imaginação e cogitando quais seriam as ações seguintes da psicóloga em cada uma das versões pensadas. Repassou e reformulou os diálogos, ao mesmo tempo que se sentia um completo idiota por fazer isso. Ainda mais quando o coração acelerava e a respiração descompassava ao se lembrar como desejou por um segundo puxá–la para seus braços até que ela o ouvisse e acreditasse em suas palavras. Ele poderia ter feito diferente? Ele poderia ter feito algo assim? E se ela o chamasse de louco e simplesmente o repudiasse?

Balançou novamente a cabeça afastando aqueles olhos decepcionados de sua mente. Aquele simples e gélido olhar que o incomodou até as entranhas. Saber que ela o via com tanto desgosto e desconfiança o trazia um enorme desconforto no peito, sem entender ao certo porque se importava tanto com a opinião de alguém que conhecia há tão pouco tempo.

Como e por que a opinião de Sakura sobre si se tornou tão importante para ele mesmo?

“Tsc... inferno”, ele pensou desgostoso e com a vista um pouco turva pelas horas agitadas e as noites mal dormidas.

Sasuke olhou no canto inferior direito da grande tela a sua frente, seu horário de trabalho já havia chegado ao fim há alguns minutos e estava na hora de ir para casa. Espreguiçou–se sentindo o corpo pesar e a mente cansar, e quando olhou por cima da tela viu a funcionária nova parada rente à sua mesa, como se o estivesse esperando nota–la.

– Vai ficar até mais tarde hoje, Sasuke? – A voz soou baixa, apenas o suficiente para ele escutar.

Karin esperou alguns segundos por uma resposta, mas tudo que recebeu foi um acenar com a cabeça e, novamente, Sasuke voltou sua atenção para o computador. Fingiu voltar ao trabalho até que tivesse a certeza de que não encontraria a ruiva pelos corredores. Não era desatento ou tolo, sabia bem que ela queria algum tipo de aproximação. Haviam dias em que pegava a mesma observando–o de longe e procurando qualquer chance para puxar algum assunto.

Não podia negar, Karin chamava bastante atenção com suas curvas generosas, mas eram poucas mulheres que o despertavam algum interesse. Só um rostinho bonito ou um corpo curvilíneo não eram o suficiente para que ele perdesse seu tempo. Sasuke Uchiha sempre procurava algo a mais, que ele não encontrava na ruiva atirada. Naquele momento se perguntou o que havia visto em Shion, visto que no início a achava uma mulher inteligente e interessante, mas com o passar do tempo se tornou fútil e sem graça.

Bem diferente de Sakura com sua personalidade altruísta, gentil e dedicada. Sem contar que ainda mais bonita que qualquer outra mulher que já tenha passado por suas vistas.

Desligou o computador e levantou–se, soltando um longo suspiro e vendo que era o último no escritório. Não conseguia se focar no trabalho e perdera horas ali sem nenhum resultado. Tudo por conta de sua mente, que o traía e levava seus pensamentos até as discussões que ele já deveria ter esquecido ou ignorado. Não estava contente com o rumo que as coisas estavam tomando, e odiou admitir que o pivô de tudo aquilo era a mulher de cabelos rosa que o afetava mais do que poderia imaginar.

 

[...]

 

– Boa noite, Mei. Até a próxima sexta – Sakura despediu–se de sua paciente e voltou para sua cadeira de frente para a mesa cheia de documentos para analisar.

Olhou a papelada e decidiu tomar um café antes de encara–la, o que provavelmente levaria algumas horas de sua noite.  Mas enquanto se direcionava a máquina de café expresso numa bancada logo ao lado, rapidamente se arrependeu de sua decisão. Deveria simplesmente ter imergido naquela pilha de laudas, pois qualquer tempo ocioso que tinha, mesmo sendo poucos minutos, sua mente a levava até Sasuke.

Não aguentava mais se recordar até dos mínimos detalhes da última quarta–feira. Sempre lembrando–se do curto toque entre suas mãos e as farpas trocadas, que invadiam sua mente como um castelo de cartas desabando. Sem contar na situação em pleno bar, quando sentiu uma decepção enorme lhe invadir o peito. Reprimiu a linha de raciocínio, não era saudável pensar assim sobre seus pacientes. Especialmente em um que mexia tanto assim consigo, sem entender direito o porquê.

O que havia de tão especial em Sasuke para deixa-la tão confusa?

A psicóloga passou todo tempo tentando esquecer e focar em outra coisa que não fosse o homem de cabelos e olhos negros. A situação já a incomodava mais do que o normal, estava envolvida demais no caso do Uchiha e repetia como um mantra que deveria não se importar tanto, pois era ruim tanto pra ela quanto pra ele.

– Isso está errado, Sakura – cochichava para si mesma. – Ele é apenas um caso difícil, concentre-se. Não pense em nada errado, é antiético e você não é assim – repetia incomodada massageando as têmporas.

– Senhora Haruno? – a jovem a chamou um pouco mais alto, conseguindo enfim a atenção da mulher.

– Ah, sim? O que houve, Moegi? – As duas sobrancelhas arqueadas demonstravam a surpresa pela presença da secretária.

– Só para avisar que a senhorita Naoko não poderá vir – disse sorrindo gentil.

– Tudo bem, pode ir. Bom final de semana, querida. –  Sorriu.

Só ouviu um agradecimento rápido em resposta, pois a jovem já estava perto da porta para partir e aproveitar sua sexta à noite. Sakura riu, achando graça da jovem e se pegou pensando há quanto tempo não se sentia tão disposta assim para sair sem hora pra voltar.

 

Ao contrário de Moegi, ela iria para casa e diretamente para sua cama em busca de uma boa noite de sono, com a promessa de que não pensaria nem um segundo sequer no Uchiha.

 

[...]

 

Na manhã seguinte, Sasuke acordou de uma noite mal dormia. Sua madrugada infinita fora repleta de sonhos onde cabelos rosas voavam e se afastavam cada vez mais de si. Levantou a contragosto, esfregando o rosto cansado nas mãos em uma tentativa de esquecer as imagens ainda vivas em sua mente.

Tomou um banho demorado tentando despertar melhor e em seguida seguiu para o hospital infantil. Seu humor não estava dos melhores por causa do cansaço e, além disso, mais uma vez perderia seu tempo livre fazendo horas de trabalho que não lhe cabiam.

Passou direto pela recepção e rumou ao armário que havia sido emprestado a ele durante o seu período de voluntariado. Começaria pelo que julgava ser pior, recolher o lixo de todos os blocos do hospital. Sasuke seguiu com suas tarefas e Sakura acabou passando despercebida pelo homem. Ela o encarou alguns segundos agradecendo por ele não nota–la e logo seguiu para a sala de recreação. Não queria lidar com o Uchiha ali, para isso teriam a próxima consulta na semana seguinte. E, dessa vez, tentaria ser mais profissional e não se deixar levar pelas emoções afloradas. Afinal, ela havia estudado para isso, certo?! Para ser uma profissional imparcial, capaz de ajudar verdadeiramente seus pacientes sem levar aquilo para sua vida pessoal. E, claro, não se meter na vida deles de maneira tão intrusa.

Sakura se dirigiu até a ala especial, onde visitava seus pequenos semanalmente e contava histórias, brincava de boneca, corrida, pulavam nos montes de ursinhos de pelúcia que se amontoavam pelo chão e sentia–se maravilhada por ser o motivo de tanta alegria para as crianças.

A cada sábado, a terapeuta se dedicava a um grupo de crianças dos três aos seis anos. Era algo que lhe trazia uma enorme alegria, sem dúvida alguma. Se divertiam bastante e Sakura sempre chegava ao hospital com um sorriso largo nos lábios. Após as horas de brincadeiras e histórias, a turminha só parou com a bagunça para almoçarem e infelizmente voltarem aos seus leitos para repouso.

– Sakura! – Tsunade chamou a afilhada com um acenar com a cabeça.

– Madrinha, tudo bem? – Abraçou a loira em cumprimento.

– Tudo sim, querida. Vamos para minha sala? – pediu.

– Claro. Aconteceu algo? – perguntou com certa preocupação.

– Oras, não posso sentir falta da minha pequena? – retrucou e Sakura sorriu, concordando com a cabeça.

As duas se encaminharam para a sala da diretora, almoçaram juntas por lá e colocaram o papo em dia. Tsunade esperava o momento certo para tocar no assunto que a preocupava desde o último sábado.

Depois de um pequeno descanso, as duas voltaram a caminhar pelos corredores do hospital. Involuntariamente Sakura cessou os passos ao avistar Sasuke recolhendo os brinquedos da sala de recreação.

– Não me disse que o senhor Uchiha é seu paciente. – Tsunade seguiu o olhar da mulher. – Foi uma surpresa saber disso pela ficha que o juiz enviou.

 

– Desculpa. – Sakura ainda observava o homem com a caixa de brinquedos em uma das mãos. – Achei que não fosse algo relevante e acabei esquecendo. – Deu de ombros.

– Tem certeza que foi isso? – As duas se encararam alguns segundos e a garota assentiu. – Pois bem. – Voltaram a olhar o homem através do vidro. – Já que ele é seu paciente, você deve conhecer ao menos um pouco dele. E pelo que li no relatório, preciso saber se ele pode se tornar um problema para o hospital. Sabe que esse lugar é muito importante e não posso deixar que atos inconsequentes aconteçam.

Sakura ponderou antes de responde–la. Gostaria muito de dizer que Sasuke não causaria problemas, mas após presenciar aquela briga de bar já não tinha tanta certeza quanto a isso. Abriu a boca para falar, mas o pequeno garotinho que invadiu a sala de recreação tomou toda sua atenção.

Ele puxou a calça do Uchiha, que parecia ignorar totalmente a presença da criança. O menino apontava desesperadamente o alto da prateleira indicando um dinossauro de pelúcia, como um pedido mudo para que o homem o ajudasse. O garotinho juntou as mãos na frente do corpo de Sasuke e prontamente recebeu um não mal-humorado. O menino deixou as mãos caírem rente ao corpo e abaixou a cabeça, parecia resmungar descontente e Sasuke revirou os olhos e soltou uma lufada de ar.

Sakura se sentia indignada com a cena. Como ele poderia ser tão insensível? Ainda mais com uma criança. Estava pronta para andar até a sala e interferir na situação, mas se surpreendeu tanto quanto o garoto quando Sasuke o colocou em seus ombros e o levantou em direção à prateleira. O menino, com um enorme sorriso no rosto, agarrou a pelúcia enquanto o Uchiha o descia com cuidado. Como forma de agradecimento, recebeu um abraço apertado em seu pescoço e a terapeuta não pôde deixar de perceber o repuxar de lábios que surgia na feição do Uchiha. E assim como Sakura, Sasuke observou o garoto sair correndo da sala, esmagando o dinossauro com os braços em uma alegria genuína.

– Pode ser que sim, mas dê uma chance – a psicóloga finalmente respondeu, com um pequeno sorriso de canto salpicando seu rosto. – Ele pode nos surpreender.

 

[...]

 

Suas tarefas estavam quase no fim e Sasuke não via a hora de voltar para casa. Tentou manter–se ocupado a cada instante, parando apenas para comer algo rápido, pois qualquer momento de desocupação, sua mente ainda o levava até uma certa mulher de cabelos rosa.

Não havia visto nenhum sinal de Sakura no hospital infantil durante aquele dia e não sabia ao certo se era uma coisa boa ou não. Ao mesmo tempo que tinha vontade de vê–la e esclarecer algumas coisas, tinha receio de como seria um novo encontro entre eles.

Era muito orgulhoso para admitir que ficara incomodado com a discussão ou as palavras duras da terapeuta, mas mesmo assim pensou algumas vezes na hipótese de ela estar certa sobre si. Sempre fora uma pessoa mais fechada, pelo menos desde que se lembrava. Quando criança, era sim mais solto e espontâneo, mas as coisas mudam. As pessoas mudam.

Cresceu em um lar relativamente feliz e agradecia por isso, mas não negava que o trabalho do pai o incomodava. Afinal, o exército sempre afastava o patriarca de seus filhos e esposa. Itachi assumiu a figura paterna e Sasuke apreciava isso no irmão, ele era tudo para si. Mas quando saiu do país e o deixou sozinho, muitas coisas mudaram e o Uchiha mais novo já não se sentia mais tão à vontade assim com as outras pessoas.

Se enclausurou em sua própria bolha, deixando poucos ultrapassarem seu mundo e criando raros laços, somente com aqueles que insistiam em fazer parte de sua vida. Como Naruto, por exemplo. Mas, por ele, estava tudo bem ser assim. Afinal, era mais seguro, não era?!

Suspirou fundo arrumando a última pasta da recepção. Sentiu vontade de ligar para o irmão, contar–lhe algumas coisas aleatórias, mas somente para que pudessem conversar sobre qualquer coisa. Sentia falta da atenção e dos conselhos do mais velho, e naquele momento, precisava de algumas dicas que só Itachi poderia lhe dar.

Guardou a última documentação no armário indicado pela recepcionista e sentiu o corpo cansado após as horas de trabalho.

– Já terminei. Posso ir? – perguntou à mulher da recepção.

– Claro, senhor Uchiha. Só peço que avise Tsunade antes, por gentileza – pediu e Sasuke assentiu, se dirigindo até a sala da diretora.

Caminhava pelos corredores um pouco distraído em seus pensamentos, mas ainda assim seus olhos buscaram exatamente o que ele inconscientemente procurava.

Os cabelos de cor exótica estavam logo ali, há poucos metros de si, atrás de uma parede de vidro que os separava. Sakura estava em uma sala, rodeada pelas mesmas crianças que vira na semana passada. Ela estava sentada no chão junto aos pequenos e todos eles rodeados por giz de cera e inúmeras folhas em branco, que rapidamente eram coloridas em desenhos abstratos e alegres.

Parou por um segundo, se questionando se deveria ir até ela, colocar algumas coisas em pratos limpos ou ao menos parar tirar de sua mente aquele olhar de decepção que ela lhe lançara na última vez que se viram. Mas ela parecia tão entretida e feliz que sentiu um certo incômodo surgir em seu peito. Não queria estragar o dia dela com sua presença. Poderiam deixar para conversar na quarta–feira, mesmo ele ainda tendo dúvidas se apareceria ou não na consulta.

Virou-se para ir embora e rumar novamente até o escritório de Tsunade a fim de pedir a liberação, mas estranhou as pequenas batidas no vidro que vinham abaixo de si. Olhou para a figura do menino com o dinossauro nas mãos e um sorriso enorme estampado no rosto.

Soltou uma risada anasalada vendo a felicidade daquele garotinho que o convidava com as mãozinhas de forma eufórica para que se juntasse a eles. Balançou a cabeça em negativa e deu um pequeno aceno para o menino, mas novamente se surpreendeu quando viu olhos verdes o fitando com curiosidade. Sakura sorriu brevemente e Sasuke engoliu seco com receio de que seus planos de simplesmente ir embora iriam por água abaixo.

A terapeuta se levantou e caminhou até a porta, onde a abriu e olhou para ele.

– Temos muitas folhas em branco ainda, Sasuke. Se estiver disponível, quer nos ajudar? – ela perguntou com delicadeza e o Uchiha se surpreendeu pelo olhar tranquilo e sincero que ela lhe oferecia. Bem diferente da última vez.

Não pensou duas vezes, seu corpo agiu por pura e espontânea vontade quando a cabeça concordou e as pernas o levaram até ela.

Sentou–se no chão com as pernas cruzadas e Sakura lhe estendeu os materiais para que começasse. O garotinho que ainda tinha o dinossauro nas mãos sentou–se ao lado do homem e pediu:

– Tio Sauke, pode me ajudá com o desenho do dinossaulo?

Sasuke apenas maneou a cabeça segurando uma risada, achando verdadeira graça da voz infantil, e colocou a folha e o giz de cera da cor verde em frente ao menino. Pousou o dinossauro de pelúcia logo ao lado e explicou:

– A primeira coisa que temos que fazer é seguir as linhas do formato dele. – O garotinho assentiu rapidamente e começou a fazer conforme o homem ia dizendo.

Sakura, que até então estava distraída com os desenhos das outras crianças, não perdeu a oportunidade de ver Sasuke daquela maneira tão leve e descontraída. Podia notar o sorriso de orgulho que o Uchiha deixava escapar a cada traço novo que o menino fazia, transformando aquele pedaço de papel de um desenho perfeito da pelúcia.

Se perderam no tempo daquela sala e pela primeira vez nos últimos dias, nenhum dos dois pensou sobre a última vez que se viram. Apenas aproveitavam a companhia um do outro e das crianças ao redor. Era um ambiente de paz e alegria e ambos podiam sentir um sentimento reconfortante em seus corações, principalmente por estarem ali e bem, sem brigas, sem olhares reprovadores e sem se preocupar com o fato de que ela era sua psicóloga e ele era seu paciente.

Naquele daquilo importava naquele instante.

– Muito bem, crianças. Vocês foram ótimas hoje. Todas já penduraram seus desenhos no mural? – Sakura perguntou e os pequenos assentiram animadas. – Certo... – Olhou travessa para Sasuke, que não entendia ao certo o que a mulher pretendia. – ... e todos gostaram da visita do Tio Sasuke aqui? – Ele repuxou os lábios em um sorriso vendo que as crianças confirmaram que sim. – Então, acho que se pedirmos com muito carinho, ele pode pensar em nos visitar mais vezes. O que acham? – Soltou com uma risada e o Uchiha arregalou os olhos quando o amontoado de crianças o rodeou por completo com as mãos juntinhas e olhares pidões.

– Por favor, Tio Sauke. Venha mais vezes – todos imploravam com a voz doce e Sasuke apenas revezou o olhar entre o mar de mini pessoas a sua volta e os olhos verdes que riam em divertimento.

– Tudo bem, eu venho – ele falou um pouco sem graça, mas gostou dos abraços que recebeu em seguida. Era estranho admitir, mas havia aproveitado mais do que esperava daquela tarde. Sakura era realmente uma mulher altruísta, de coração bom, e ele se sentiu bem ao pensar que também poderia ser, caso quisesse e caso ela ainda estivesse disposta a mostrar-lhe o caminho.

– Parece que vocês tiveram um ótimo dia, hum?! – a voz de Tsunade despertou os dois e logo as crianças iam dar um abraço na loira que os recebia de braços abertos. – Agora está na hora de descansarem, sim?! As enfermeiras já já virão trazer os remédios de vocês. – Ouviram um muxoxo dos pequenos, mas logo se despediram dos três adultos e foram para seus leitos. – Sasuke. – Tsunade chamou e ele a olhou. – Venha, preciso assinar sua liberação. Já passou muito de sua hora.

– Não tem problema. – Ele deu de ombros.

– Eu.. hã... – Sakura se enrolou e Tsunade arqueou uma sobrancelha para a afilhada. – Nos vemos quarta, Sasuke? – perguntou um pouco sem jeito, mas sorriu brevemente ao ver que ele assentia com a cabeça. – Certo... então eu preciso ir. Tchau, madrinha. – Beijou a bochecha da loira e acenou para o ele em seguida.

– Vamos? – Tsunade sugeriu e o Uchiha a acompanhou até sua sala, onde lhe entregou um papel comprovando suas horas de trabalho voluntário. – Até sábado que vem – disse e o mesmo maneou a cabeça, saindo de sua sala em seguida.

A loira pensou em dizer algo, mas preferiu se manter calada por enquanto. Deveria confiar na afilhada, mesmo que já pudesse claramente enxergar que algo estava acontecendo entre eles. Talvez Sakura ainda não houvesse percebido, mas Tsunade podia ver claramente com os olhos verdes brilhavam quando ela olhava Sasuke. E a médica sabia que aquilo poderia causar muitos problemas.

Sasuke, por sua vez, mal se despediu da diretora, pois estava doido para ir para casa. Havia gostado de sua tarde, mas não podia negar que estava exausto e precisando de um bom banho. Foi até o estacionamento do hospital, vendo que o sol começava a se pôr. Não havia reparado como as horas correram durante aquela tarde e por um segundo lembrou–se da cena de Sakura auxiliando uma garotinha no desenho de um arco–íris. O sorriso genuíno e os olhos verdes tão alegres o traziam uma tranquilidade boa.

Ouviu um barulho estranho de um motor engasgando e voltou a si quando percebeu que a pessoa em quem pensava parecia estar tendo problemas com o carro. Aproximou–se e viu os cabelos rosa espalhados pelo volante enquanto a mulher resmungava algo desconexo.

– Precisa de ajuda? – perguntou e viu a terapeuta pular dentro do automóvel pelo susto.

– Sasuke, céus! Não sabia que estava aí – admitiu surpresa.

– Não quer ligar? – ele perguntou e ela arqueou a sobrancelha. – O carro... não quer ligar? – explicou.

– Ah! Sim, não sei porquê.

– Abre o capô, vou dar uma olhada – mandou e ela o obedeceu.

Sasuke avaliou o carro, percebendo de cara o problema.

– Você colocou gasolina em algum posto diferente? – ele perguntou e ela assentiu, mordendo o canto da boca. – Isso parece ser gasolina adulterada.

– Ai, droga! – ela praguejou. – Eu deveria ter desconfiado, o preço realmente estava bom demais pra ser verdade – comentou derrotada e Sasuke riu, achando graça da mulher.

– É melhor chamar o reboque – aconselhou e viu a careta que a mulher fez. –Não tem nenhum posto aqui por perto, e o jeito é trocar a gasolina por completo.

– Acho que não tem jeito mesmo então... – Suspirou fundo e ligou para o reboque.

Sakura saiu do carro e recostou–se sobre a porta do motorista. Sasuke fez o mesmo, se colocando ao lado dela.

– Você foi ótimo com as crianças hoje – ela comentou e o fitou com um sorriso sincero.

– É... acho que sim. – Deu de ombros. – Foi divertido até.

– E podemos contar com sua presença no próximo sábado?

– Como se eu tivesse outra opção – Repuxou os lábios em um sorriso cínico enquanto levantava brevemente o papel assinado por Tsunade.

– Bom, para o trabalho voluntário você realmente não tem opção. Mas para nos acompanhar nas atividades sim – ela explicou e ele maneou a cabeça.

– Podem contar comigo sim – disse calmo e fechou os olhos recostando a cabeça na lataria do carro.

Sakura se permitiu fita–lo por um momento, sentindo o coração acelerar e a boca ficar seca.

– Sasuke... – chamou e viu os orbes negros se virando para si com curiosidade. – Eu queria...

– Senhora, boa noite. Foi aqui que pediram um reboque? – Um homem de porte grande e uniforme cinza perguntou, despertando a atenção dos dois.

– Oh, sim sim! Foi o meu carro – Sakura avisou e juntou–se ao homem, explicando para onde deveria levar o veículo, em um posto de gasolina que ficava na esquina de sua casa.

Voltou-se ao Uchiha somente para se despedir. Deixaria para conversar com o ele em outra oportunidade, mas Sasuke se desencostou do carro e logo disse:

 

– Eu te levo, vamos.

Não soube ao certo o que fazer, mas vendo-o caminhar em direção ao próprio carro com as mãos nos bolsos da calça jeans, apenas o seguiu, aceitando assim a carona.

– Obrigada – agradeceu de forma tímida ao colocar o cinto de segurança em volta de seu corpo.

– Não é nada. Não te deixaria sozinha com um desconhecido – avisou de forma protetora se referindo ao homem de uniforme acinzentado que já levava o carro dela para o posto solicitado.

Sakura se surpreendeu com a preocupação do Uchiha, mas não soube o que dizer quanto aquilo. Apenas passou seu endereço para ele, que logo ligou o carro e rumou para o destino informado pela terapeuta. Olhava–a de soslaio em qualquer oportunidade, vendo as mãos se retorcendo no colo feminino. Sakura parecia nervosa, talvez por estarem uma situação inesperada e de certa forma constrangedora pelo silêncio que pairava no ar.

Ao chegarem no endereço indicado, Sasuke logo viu o reboque atrás de si, portando o carro no posto logo na esquina.

– Quer que eu fique com você? – aquela pergunta fez Sakura se sobressaltar, talvez pelo duplo sentido que aparentava ter.

– Nã-não precisa – gaguejou nervosa e Sasuke a olhou com estranhamento.

– Sakura... – chamou baixinho, mas a garota se adiantou.

– Sasuke, eu queria te pedir desculpas – disparou, vendo-o franzir o cenho em confusão. – Pelo meu comportamento na quarta–feira. Eu não deveria ter dito certas coisas e acho que exagerei no bar, o que você faz fora das nossas consultas não me diz respeito. Quer dizer... – ela soltou uma pequena risada anasalada. – ... claro que faz, porque eu sou sua psicóloga e meu trabalho é te ajudar no dia a dia, mas eu fui muito dura e talvez antiprofissional. Só queria que soubesse que...

– Que você só quer me ajudar – ele completou sua frase e ela o olhou surpresa.

– Sim, eu só quero te ajudar – admitiu apertando as mãos.

– Eu sei – ele respondeu num sussurro. – Mas você nem mesmo quis me ouvir ou me deixar explicar. – Suspirou fundo. – Eu não comecei aquela briga, na verdade, eu estava apenas garantindo que aquele cara não machucasse ninguém – contou e a mulher o encarou curiosa. – O cara não aceitou muito bem que o time dele havia perdido e tentou partir pra cima dos meus amigos, que se defenderam. Eu apenas o imobilizei para acabar com aquilo.

– Desculpa, eu não sabia – ela disse em um tom baixo, se sentindo ainda mais culpada por tirar conclusões precipitadas.

– Não sabia porque não quis me ouvir – Sasuke retrucou. – Olha, eu sei que posso ser explosivo às vezes e talvez o fato de não falar muito ou não ter vontade de me abrir com você possa ser ruim para o seu... trabalho. Mas quando eu tiver vontade de te contar algo, você deveria ao menos me dar uma chance de dizer – sua voz era repreensiva e Sakura percebeu ainda mais seu erro.

Ela o pedia constantemente para que ele se abrisse, para que lhe contasse as coisas, mas talvez ela mesma não estivesse o deixando confortável ou livre para tal.

– Você tem razão – ela sussurrou. – Prometo que isso não irá se repetir, estarei sempre disposta a te ouvir, Sasuke, em qualquer situação. – Ele assentiu.

– Eu também lhe devo desculpas. Não queria ter sido tão rude com você na última consulta, mas... eu apenas perdi o controle e quando vi já estávamos... você sabe, discutindo – explicou e Sakura sorriu, entendendo completamente como ele se sentia. Também havia sido deixada levar pelo fogo do momento naquele dia.

– Então acho que agora estamos bem – ela comentou e apreciou o repuxar de lábios no rosto masculino. – Podemos começar de novo? – perguntou. – Eu gostaria muito de te conhecer melhor. – Foi sincera em seu desejo.

Tinha vontade de desvendar o mistério que Sasuke era para si, entender como funcionava seu jeito de pensar e se permitir surpreender cada vez mais com seu jeito de gestos e não palavras.

– Pratiquei lutas por um bom tempo – ele comentou e Sakura o fitou surpresa. – Meu irmão fazia jiu jitsu e era uma forma de me aproximar ainda mais dele. Treinávamos juntos nas horas vagas e eu gostava da luta em si. Em certo ponto, Itachi precisou parar para se dedicar melhor aos estudos, mas eu continuei até o fim.

– Sasuke, você está... se abrindo? – perguntou surpresa e cheia de expectativas. O Uchiha apenas deu de ombros, como se confirmasse sua pergunta. – Mas não estamos em uma consulta, deveríamos conversar melhor na quarta sobre isso – comentou pensativa.

– Eu não estou te contando isso por você ser minha psicóloga – ele explicou. – Estou contando porque você disse que queria me conhecer melhor. Você, Sakura, como pessoa e não como terapeuta com seu bloquinho de notas pronta para me analisar.

Sakura maneou a cabeça, entendendo o que o Uchiha queria dizer. Um sorriso satisfeito surgiu em seu rosto e ela finalmente o respondeu:

– Isso é o suficiente pra mim. 



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