História Conta Comigo - Qdsjhptp Efnbjt

Ellie olhava para frente e cabisbaixa. Não se sentia a vontade em encará-lo. Sentia estar sendo observada. Queria tanto conversar com ele, mas por que demônios não conseguia?

Observar Ellie passou a ser algo comum para Lysandre. Queria ser como Castiel nesses momentos, falar o que viesse na cabeça. Até mesmo ser como Armin, fazer as pessoas rirem. Porém ele era ele, quieto, fechado e obscuro. Ao invés de causar carisma talvez causasse temor. Poderia ser bem provável já que Ellie não olhava para ele.

Elizabeth tentava encontrar o motivo de seu pai ter chamado Lysandre para acompanha-la na visita a Manon. Entendia que Giles havia dado a autorização somente para os dois. Porém, seu pai ligar para ele? Não, tinha algo mais nessa história.

- Chegamos! – Os pensamentos dos dois foram interrompidos pela voz de Phillipe. – Não se esqueçam de me ligar para vir busca-los.

- Obrigada pai, por nos trazer! – Sorrindo para seu pai continuou. – Aproveitem o dia. Daremos um jeito de retornar. Não estamos tão longe da cidade assim.

Ouviram um suspiro de Phillipe.

- Ellie, você sabe que nos preocupamos com vocês. Então se forem muito tarde embora nos chamem. Combinado?

Crystal e Ellie trocaram sorrisos e bateram com suas mãos selando um acordo entre elas.

Deixaram o carro e acenaram dando adeus. Voltando-se ao portão, Ellie admirou sua beleza e tamanho. Parecia um portal para o paraíso.  Através de suas fendas conseguia ver o jardim, as árvores, as pessoas circulando alí dentro. Havia um chafariz! Era um lugar lindo.

- Acho que uma vez ali dentro, não irei mais querer voltar para casa! – Ellie disse tomando coragem ao olhar para Lysandre que a encarava com um pequeno sorriso.

- Receio então que devamos retornar.

- Retornar? Como assim? – Ela virou-se totalmente para ele aguardando uma resposta.

- Não sobreviverei a seu pai se não voltar contigo. – Ele a olhou sério, porém sua expressão era divertida.

- Seu bobo! – Ellie riu batendo de leve seu braço. – Era só um modo de dizer! Você não concorda que deve ser gostoso morar em um lugar assim?

Ela perguntava enquanto ficava ao lado de Lysandre. Estavam bem próximos enquanto olhavam para dentro do portão. Ele refletia se essa era uma pergunta a que ela realmente queria uma resposta. Tinha duvidas de como responder sem ser uma resposta complexa. Viu uma senhora se aproximar. De qualquer forma não teria tempo para dar uma resposta plausível.

- Está preparada para encontra-la? – Lysandre perguntou enquanto a senhora se aproximava do portão.

- Preparadíssima! – Ellie respondeu. Sua voz saiu um pouco trêmula. Mordia seus lábios quando a senhora chegou até eles.

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- Bom dia Manon! – A senhora que os atendera, agora arrumava o cabelo de Manon brincando com ela. - Você tem mais visitas hoje!

Com um grande sorriso, Manon olhou para trás admirando os jovens que ali estava. Ellizabeth só sabia sorrir. Giles aproximou-se de Manon perguntando.

- Você a reconhece?

- Lizzie minha querida! Até que enfim você chegou! – Lizzie a abraçou com muito carinho.

- Estava me esperando? Quem estragou a surpresa?

- Oras, Giles não é bom para guardar segredos que se referem a mim. – Manon soltou Lizzie fazendo carinho em seu rosto. – Você está tão linda!

Muitas lembranças surgiram na mente de Manon e Lizzie enquanto olhavam uma para a outra. Nas memórias da infância de Lizzie é como se Manon estivesse ali desde que era um bebê.

Giles cumprimentou Lysandre agradecendo pela visita. Só então Manon reparou no rapaz ali em pé.

- Lysandre! Desculpe-me. – Disse abraçando o rapaz. – Fazia muito tempo que não o via.

- Não tem o que se desculpar senhora Manon. Já esperava por isso. E confesso, foi emocionante ver o reencontro de vocês.

- Sentem-se aqui. Comam um pedaço de bolo. Giles quem trouxe. Está uma delicia! – Manon não parava de falar e nem de dar coisas para eles comerem.

Lizzie sorria enquanto era bombardeada pelas perguntas que Manon fazia. Todo o cuidado que ela tinha com eles. Era a Manon de sempre. Giles estava feliz. Não havia encontrado sua esposa muito disposta naquela manhã, e agora havia se transformado.

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- O que você pensa que está fazendo?

         - Umas comprinhas!

         - Você vai acabar se enrolando todo com essa quantidade que compras.

         - Que tal você cuidar da sua vida e me deixar em paz?

         - Depois não diga que eu não avisei.

         - Cadê o pirralho? – Uma terceira voz surgia todo irritado. – Não acredito que vocês que nem o acordaram ainda? São uns inúteis mesmo!

         - Ei!  Cuidado como fala comigo! – Os dois se enfrentaram. Apenas alguns centímetros a mais os diferenciavam, tanto na altura como no corpo malhado.

         - Vamos parar com isso vocês dois. Com todo esse escandâ-lo o garoto já deve ter acordado!

         - Jade, vai cuidar dos presentinhos para sua garota e não se mete nisso.

         - Garota? Desde quando esse frouxo tem namorada, Kentin? – O maior continuava zuando com o garoto.

         - Aff! Vão se ferrar vocês. Eu tenho mais o que fazer. – Jade virou-se recolhendo seus pacotinhos. Sentiu uma mão segurar seu braço o virando.

         - Não vai dividir essa novidade com seu amigo não?

         - Amigo? Deixe-me em paz. – Jade soltou-se continando o que estava fazendo.

         - O que está havendo aqui? – Uma quarta pessoa entrou naquele recinto. – Porque eu ouço gritaria em um lugar onde supostamente deveria estar vazio?

         Os três garotos encaravam o homem que acabara de chegar.

         - Desculpa senhor. Estavamos aqui brincando e acabamos nos distraindo. – Evan não obteve nenhuma resposta, apenas um olhar sério e carrancudo.

         - Então vão fazer o trabalho de vocês e me tragam o garoto.

         Jade foi o primeiro a sair daquele local. Não conseguia encarar muito o chefe. Ainda mais depois que começou a sair com a filha dele. Sentiu algo o sufocar. Talvez esse seria o seu destinho, ser enforcado pelas mãos de Charles. Respirou fundo.

         - Alguém aqui perdeu a cor? – Kentin sussurrou e logo depois gargalhou. – Vamos franguinho! Está na hora de você acordar.

         Kentin gritava enquanto o maior deles abria a cela e puxava o garoto de qualquer forma o levantando.

         Não que este estivesse dormindo ainda, porém não precisava de tudo aquilo. Não se esforçaria também para estar pronto para esses caras. Só precisava continuar firme e esperar. Um dia ele deixaria aquela cela e voltaria para sua mãe. Seu pai era inteligente. Iria conseguir descobrir onde ele estava. Exceto se ele se enganou e passou informações incorretas.

         - Anda logo. Pare de viajar aí. – Sentiu um empurrão e quase caiu. Quando fora mesmo a ultima vez que comera? Já não se recordava. Apenas tentava se agarrar firme na esperança de um dia conseguiria sair dali.

         Respirou fundo e se preparou para mais uma sessão de questionamentos e torturas. Quantas vezes mais ele teria que repetir que não sabia de nada!

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Manon estava radiante! Há muito tempo não se sentia assim. Porém sua alegria dissipou-se ao ver o sol se por.

         - O que houve querida? – Giles percebeu um incomodo em Manon.

         - É que logo... – Manon baixou seus olhos. – Logo vocês irão embora.

         Lizzie ajoelhou-se diante de Manon segurando suas mãos e sorriu-lhe.

         - Não fica assim. Voltarei em breve. Eu prometo!

         - Espero que seja o breve de quando ainda era uma criança! – Manon levantou uma de suas mãos segurando um lado do rosto de Lizzie. – Você não tem quase nada de sua mãe. Como você se tornou alguém tão gentil e adorável vivendo com ela?

         - Manon! – Giles a repreendeu. Lembrou-se das poucas vezes em que tiveram que se relacionar com a mãe de Lizzie, e não foram momentos agradáveis. Aniversários, festas do colégio, buscar o filho na casa de outro. Eram coisas que não seria melhor falar com Lizzie.

         - Tudo bem senhor Giles. – Lizzie não se importava com qualquer coisa que falassem desua mãe. Afinal, não era mentira. Ainda olhando para Manon continuou. – Acho que puxei meu pai em tudo!

         - Não querida. Eu disse quase. – Manon a abraçou novamente. – Você tem a teimosia e a determinação dela. São adjetivos que para você se tornam qualidades em seu caráter. Deve continuar assim.

         Segurando a mão de Lizzie. Despediu-se de Lysandre com um beijo em sua testa. Afinal ele tem a idade de seu filho. E se despediu de Giles.

         - Vem querida. Quero te entregar uma coisa.

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Após algum tempo Lysandre vê Ellie se aproximar. Estava concentrada em algo em suas mãos. As pessoas tinham que se desviar dela para que não se chocassem. Ellie parecia nem estar nesse mundo.

         Ellie deixara Manon descansando em sua cama. Ela tinha os olhos tristes ao entregar aquele caderno. Era a única coisa que ela tinha para se recordar de seu filho. Chegou até eles, sorriu para Lysandre e virou-se para Giles.

         - Quando pretendia contar sobre isso? – Ela o enfrentava novamente. Se Giles não fosse do exército e treinado para situações de confronto talvez sentisse um pouco amendrontado.

         - Lizzie. Você consegue perceber o quanto tudo isso é perigoso? Não posso envolver vocês nisso! – Talvez nunca demonstrasse, mas Lizzie era como uma filha para eles, a qual eles não conseguiram ter. Giles aproximou-se dela. Tocou em seus ombros. – Porém, por mais que não queira te envolver nisso, só você poderá descobrir alguma coisa aí.

         Lizzie pousou o pequeno caderno sobre a mesa, Antes de abrir olhou para Lysandre. Com sua mão o chamou para que se aproximasse. Ele o fez ficando de um lado de Lizzie enquanto Giles ocupava o outro. Ela então abriu o caderno. Lysandre notou que seria algo como um diário. Algo chamou sua atenção. E não foi o fato de seu amigo possuir um diário, mas sim as palavras escritas naquelas páginas.

         - Ele escreveu todo o diário... – Não conseguiu completar. Jamais vira algo assim.

         - Sim Lys. Kentin criptografou tudo.