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História Contigo en la distancia - Idas e Vindas


Escrita por: Valentinas1782

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Capítulo 3 - Idas e Vindas


Fanfic / Fanfiction Contigo en la distancia - Idas e Vindas

Narrado por Werner Schünemann

O workshop foi marcado para hoje, estou ansioso e nervoso para encontrar Eliane, instantâneamente, ela foi meu primeiro pensamento quando acordei. Ao chegar ao local destinado para o evento, encontrei o mesmo bem cheio, havia um grupo de pessoas que eu não conhecia e, estavam num canto conversando. O primeiro colega que avistei foi o Thiago. - Primeiro, meu aliado na guerra, e agora meu genro - brinquei com ele e rimos juntos.

- Ainda temos contas a acertar, general, não entrei para a família dos Gonçalves da Silva porque você não deixou - nos cumprimentamos com tapas nas costas. - Vamos ver o que a história nos reserva agora, não é mesmo? - completei. - Dessa vez eu caso e vai ser com sua filha - rimos descontraídos. - Olha quem está aí! - Luís Melo veio nos cumprimentar

- Mais uma vez juntos tocaio - falei abraçando-o. - Mas dessa vez como amigos - disse sorrindo. Logo em seguida, outros colegas chegaram, Irene Ravache, Cauã Reymond, Osmar Prado. Achei estranho, meus olhares buscam incesantemente uma única pessoa que até agora não apareceu. Será que desistiu? Algum imprevisto teria acontecido? Meu olhar se perdeu por todos os cantos do workshop, mas nenhum sinal dela. - Luís, você sabe se a Eliane vem? - perguntei despretensioso. - Ela está aqui sim, eu vim junto com ela, mas há outros dois estandes fora esse - explicou e fiquei um pouco incomodado pelo fato dos dois chegarem juntos, apesar de saber que são grandes amigos há muito anos. - Por que essa divisão? - fui curioso. - Esse estande vai abordar mais sobre a cultura irlandesa, e o da Eli, mais sobre a religião Wicca, temas femininos dos anos trinta, costumes, moda - completou. - Entendi! - falei um pouco triste, pelo visto não nos veremos hoje. - Ela está lá com a Cássia e com a Maria Flor - uma inquietude paira sobre mim, bem provável que ele tenha percebido.

- Em breve você verá a sua uruguaiana, fica calmo - brincou dando algumas batidas em meu ombro. - Há muito tempo não a vejo, saudade da minha amiga - disfarcei minha ansiedade. Aos poucos o ambiente ficou repleto de atores, alguns novos na casa, outros antigos. Nos sentamos e ouvimos palestras sobre temas relacionados ao enredo da novela. O irlandês Peter O'Neill falou sobre a ligação entre o Brasil e a Irlanda. Entre uma palestra e outra, tivemos uma apresentação da banda irlandesa Andam Glas, com sua dança sapateada e uma música orquestrada contagiante. Todo o entretenimento estava sendo excelente, profissionais de alto gabarito para nos envolver na cultura e tradição irlandesa. Tivemos a honra de receber o pesquisador Ilan Brennan que nos presenteou com lendas celtas, druidas, mitologia, magia e deuses. Os palestrantes iam alternando as tendas, quando finalizavam o assunto aqui, visitavam os demais estandes e abordavam com eles esses assuntos e também outras coisas conforme o tema de cada de estande. Durante a demonstração de sapateado, percebi que Thiago havia saído de perto de nós e o vi entrar pela porta principal, caminhou em nossa direção e sentou outra vez. - Está perdendo a dança - Luís falou alegre. - Eu tive que atender um telefonema - mostrou o celular em sua mão. - É a patroa? - indaguei sorridente. - Sempre a patroa - rimos os três. - Acabei de esbarrar com a Eliane no corredor, quanto mais o tempo passa mais aquela mulher fica linda - Thiago falou encantado, senti meu coração vibrar, tive vontade de ir ao encontro dela, de vê-la, abraçá-la.

- A Eli é mulher vinho - disse Luís e Thiago concordou. - Olha, se eu não fosse casado eu me casaria com a Eliane - o encarei meio desconfortável, mas ele não percebeu. - Como pode uma mulher daquelas estar sozinha? O que há com os homens? São um bando de frouxos - falou engraçado e ri para não transparecer meu mal estar com esse assunto. - A Eli merece alguém mesmo, mas é uma pessoa bem reservada - Luís sempre tão amigável em falar dela. - Eu preciso tomar um ar lá fora - falei na intenção de ir atrás dela. - Agora não dá gaúcho, vai começar a outra palestra - esmureci na hora, não posso sair neste momento, não teremos outro workshop desses. Segurei meu coração e aguentei até o fim a palestra com astróloga Paula Salotti, que também é especialista em pedras, assunto muito útil para o meu personagem que é geólogo. No fim do workshop, houve a apresentação de danças típicas irlandesas com o grupo de dança Banana Broadway. Todo o evento foi acompanhado pelo vídeo show, cedi algumas entrevistas para eles e conversei um pouco com a Malu Mader, que será minha filha mais velha na novela, uma pessoa bem alegre e humorada. Maria Flor, que interpretará minha caçula, certamente deve estar no mesmo estande que a Eliane, pois será uma das herdeiras dos poderes das valentinas. Falei também com a Araci Balabanian e outros grandes colegas. Não vejo a hora de gravar as primeiras cenas, e principalmente, estar ao lado da Eliane.

Narrador por Eliane Giardini

Logo depois de ter acertado as cenas e o estudo sobre o personagem, partimos para Irlanda, estava super animada, fui conversando com a Malu e o Thiago durante a viagem inteira. Quando chegamos, o frio estava cortante e o nosso figurino estava belo, me sentia fazendo um dos filmes que eu assistia quando criança. As primeiras cenas mostravam o relacionamento entre as personagens de Malu e eu, o temperado de cada uma. As demais, eram apenas de Malu, Thiago e a Clara, que interpretou a filha do casal.

Fizemos algumas fotos para o site da novela e para divulgação nas demais mídias, o vídeo show estava presente e cedi entrevistas. O clima e o cenário faziam com que mergulhássemos nos anos trinta, fiquei deslumbrada com o local. Quando estava lendo a última cena que faria em Dublin, observei com cuidado, Pérola estaria em volta de uma fogueira clamando para que suas deusas ajudassem o seu amado, eu teria que me entregar totalmente naquela cena.

Os gritos, o desespero pedindo a Goiá para que os olhos que ela tanto ama não se fechem para sempre. Durante a encenação inteira mentalizei o Werner sorrindo para mim, não sei o porquê a minha memória remeteu-a esse momento, mas ajudou na construção do momento. No fim, fomos para um restaurante comemorar o final das gravações em Dublin. Fiquei a conversa com a Elisabeth sobre a minha personagem.

- Perola tem um segredo que a impede de se declarar ao cunhado – Elisabeth falava com um tom misterioso para mim

- Mas que segredo é esse? – fiquei curiosa. – No texto eu vi que envolve a Eva - falei tentando descobrir.

- Sim, mas você vai descobrir com o tempo, como o público – ela sorrio

- A Eva é filha de Pérola, não é? – ela gargalhou

- Calma, Eli, a novela nem começou – ela tocou no meu ombro – E o segredo é outro - foi categórica.

- Entendo, vai ter algum envolvimento entre a Pérola e o Max? – fiquei intrigada com a Pérola, como ela poderia amar um homem, conviver com ele e não demostrar o que sente?

- Sim, os dois vão se envolver, no começo vai ser complicado, mas depois a Pérola vai tomar coragem – ela falou pegando um doce que estava na mesa. – Se você fosse Pérola, tomaria a iniciativa de imediato? – eu sorri.

- Depende das circunstâncias, mas no caso da Pérola, ela ama um homem há anos e vai morar na casa dele, acho que eu arriscaria uma declaração. – ela assentiu com a cabeça. – O Max sente a mesma coisa? - questionei receosa.

- Sim, mas o Max é um típico homem do início do século XX, ele gosta de Pérola a sua maneira e a Pérola não sabe disfarçar o sentimento que ela guarda – fiquei mais curiosa ainda.

- Como assim? Ela vai se declarar para ele? - a ansiedade está me matando.

- Não no momento, Pérola ama o Max, como você mesma disse, mas ela não se declara porque se sente culpada. Ainda que fique animada e feliz perto dele. Tem uma preocupação que é fora do normal, todo mundo nota isso, sempre olha pra ele com o olhar de apaixonada, elementos que vão ser notados pelo Max com o tempo – balancei a cabeça concordando.

- Entendi! Vou combinar com o Werner para fazer algumas cenas que demonstre esse sentimento – Elisabeth se animou.

- Eu sabia, assim que eu vi Bento e Caetana, aquela troca de olhar em cena, eu pensei: eu preciso desse dois para dar vida a Pérola e Max – sorri encabulada. – Amei mesmo aquele trabalho de vocês, mas com um cara bonito feito o Werner é fácil fingir que está apaixonada – rimos juntas.

- Foi um grande trabalho – fiquei tímida – Eu tenho certeza que Max e Pérola também vai ser – ficamos conversando sobre outros detalhes e depois fomos embora.

Assim que voltamos para o hotel, fiquei lembrando das minhas filhas, estava com saudades delas, trocamos algumas mensagens, descansei um pouco e depois comecei a estudar, eu sabia que as gravações seriam intensas. Fiquei tentando imaginar se o Werner estava tão ansioso quanto eu para iniciar a trama, olhei para o meu celular várias vezes ao ler a cena do encontro dos personagens, mas resolvi não ligar.

Narrado por Werner Schünemann

Em Minas Gerais realmente existe uma cidade chamada Serranias. Contudo, para a novela, foi realizado um grandioso projeto onde a equipe especializada criou, e posso até dizer, “fundou” uma pequena Serranias dentro do Projac, aqui mesmo no Rio de Janeiro.

A cidade cenográfica onde decorrerá a história da telenovela Eterna Magia, possui mais de cinco mil metros quadrados pelo que fui informado, foi construída em um local de difícil acesso. Um ambiente com uma vasta vegetação nativa e com um terreno irregular, isso acabou facilitando para criar o clima de misticismo que a autora deseja passar aos telespectadores.

Se eu não me engano, um jovem rapaz que trabalha na parte técnica me informou que a trama possui cerca de cinquenta e um cenário, algumas construções da cidade cenográfica, comportam gravações em sua parte interna, porém a maioria dos ambientes que o personagem Maximillian frequentará, serão gravado em outro lugar.

Um dos cenários que o meu personagem gravará muitas cenas é a mineradora, a produção deixou de lado a madeira e construiu toda uma estrutura em metal. A empresa foi projetada com uma arquitetura inspirada na fase fabril do começo do século XIX. Outro desafio foi compor a empresa de mineração de Max e selecionar os minerais e pedras preciosas das minas. Me agradou imensamente a riqueza de detalhes e em como pensaram em tantas particularidades.

O rico trabalho da equipe de produção de arte deu à novela uma atmosfera de uma pequena cidade do interior de Minas Gerais do início do século. Contendo histórias de bruxaria e magia, creio que isso encantará o público quando o belíssimo trabalho for ao ar. Pesquisas sobre a Irlanda, costumes da época, decoração, história, misticismo, alquimia, geologia e minério deram base ao trabalho dessa equipe.

Neste momento me sinto muito orgulho e lisonjeado de estar fazendo parte deste maravilhoso trabalho. Darei vida a um personagem possuidor de um caráter e comportamento diferentes dos meus personagens anteriores.

Agora, neste instante, me encontro na sala onde irei gravar a minha primeira cena, ao meu lado tenho atores renomados como Cássia Kiss, Aracy Balabanian, Luís Melo, entre outros. Na cena tentaremos ouvir através de um rádio antigo condizente com a época histórica em que a novela se passa.

No roteiro, ouviremos o concerto musical de uma das minhas filhas, a Eva Sullivan, interpretada pela atriz Malu Mader, que encenará em outro local. Entretanto, gravarei com a Maria Flor que será minha filha caçula, chamada Nina. Enquanto as gravações não se iniciam eu passo o texto com a querida Aracy.

- Ah está bem Inácia, está bem - digo lendo o roteiro.

- Hoje a cidade está muito alegre. Eu gosto de ver as crianças pedindo doces.

- Se sabe que esses feriados que envolvem bruxaria me irritam muito. Serranias ser considerada a cidade das bruxas, por causa de uma lenda tola. Tenha santa paciência - ela me olhou sorrindo, já decorou seu texto completamente.

- O povo gosta, vem turista de longe por causa disso, o museu das bruxas vive cheio.

- Eu prefiro ficar aqui, ouvindo a minha música e vendo o álbum da minha filha! – sorrimos sendo interrompidos pela assistente do diretor nos informando que as gravações vão começar.

Todos os participantes da primeira cena, se posicionaram em suas marcações seguindo alguns concelhos do diretor. Me posicionei fora do cenário, pois o meu personagem vai estar chegando, e todos os outros atores já estarão na sala. Assim, quando ouvimos o sinal do diretor dizendo “gravando” em um tom de voz mais elevado, demos início a uma longa e prazerosa tarde de trabalho.

Narrado por Eliane Giardini

Esses dez dias que passei na Irlanda gravando as primeiras cenas foram cruciais para a consolidação da minha personagem, além de experimentar o clima e o ambiente agradáveis de Dublin, estar longe de casa e de outras coisas que tirariam o foco me permitiu concentrar excepcionalmente na construção da imagen de Pérola. Exploramos as belezas do Phoenix Park, onde inclusive gravamos umas cenas, é o maior parque urbano da Europa e me diverti muito com a Malu Mader e com Pierre Kiwitt. Sempre quis fugir um pouco dos personagens cômicos, e Pérola foi um presente da Elizabeth nesse momento em que eu busco um diferencial em minha carreira. Ao contrário das últimas personagens que fiz, não há intenção de explorar meu lado sensual, apesar da personagem ter toda a beleza da mulher estilosa dos anos trinta, mas sim, a abordagem da delicadeza, suavidade e harmonia da áurea feminina, características muito marcantes em Pérola. Esses foram os motivos para que em boa parte, eu aceitasse o papel. Não acredito em bruxas, mas nutro uma profunda curiosidade pelas coisas invisíveis, que necessitem de muita investigação. Aliando essas duas coisas, me vi mergulhada nesse universo mais dramático e sério, se assim posso dizer.

Já estando em minha casa no Brasil, passei uma tarde inteira sentada confortavelmente no sofá lendo e relendo o script que recebi das próximas cenas, nem sei explicar o tamanho do meu nervosismo e ansiedade em contracenar com Werner mais uma vez, não nos vimos no workshop e isso só fez aumentar a vontade de estar com ele. Fico imaginando o dia do reencontro, sei que muitos anos se passaram, estamos mudados, amadurecidos e mais cientes de algumas coisas. Quando lembro de sua última ligação para mim, todos os momentos do passado vagueiam pela minha mente, mas por ora não quero recordar isso, ainda que seja difícil conter esse tipo de coisa.

- Mãe? Planeta terra chamando! - Mariana me chamou. - Chegou, amor! - levantei do sofá para abraçá-la. - Estava no mundo da lua, hein dona Eliane - riu descontraída. - Estou com os textos da novela pra ler, filha - expliquei tentando me desculpar, ela devia estar me chamando a um bom tempo. - Em que você estava pensando? - perguntou curiosa. - Em nada - respondi sem graça. - Mãe, você estava sorrindo e olhando pro nada, tá estranha - riu mais ainda e ri junto. - Ai Mariana! - a repreendi. - Por falar em novela, quando você ia me contar que vai contracenar com seu bonitão de novo? - corei instantâneamente com o comentário.

- De quem você está falando? - disfarcei. - Ah, por favor né, mãe! Do seu general, quem mais haveria de ser. Além do mais você disse que ele tem uma pegada forte - a encarei boquiaberta. - Mariana, me respeita! - falei séria, mas ela riu de novo.

- Ah mãe, você mesma que disse isso. E vamos combinar, que homem gato é esse Werner! Fico até arrepiada quando revejo as cenas de vocês na minissérie - gesticulou ao falar e suspirou.

- Vou fingir que você não disse isso, Mariana - já estava ficando morta de vergonha. - Desculpa, mãe, é que não dá pra não ficar chocada com aquela cena antes do casamento da Perpetua - escondí meu rosto com as mãos.

- Minhas amigas que viram a minissérie só falam dessa cena e da química que você tem com ele - saí em direção à cozinha, precisava de água e ela veio atrás. - Ele é um grande ator, filha - completei. - Sei - falou debochada.

- Mas eu me lembro bem daquela foto do aniversário dele, saiu na internet e nas revistas. Por que você beijou ele na boca? Te chamaram até de efusiva - estou a ponto de cavar um buraco e me enterrar. - Hoje você tá que tá, hein - falei irritada. - Mas por que beijou - insistiu. - Mariana, fui dar um beijo no rosto e ele virou sem querer, tiraram a foto nesse momento, você sabe como eles comentam essas coisas nos tabloides - tentei ser convincente.

- Vocês formam o casal mais lindo da tv - tomei a água e encarei minha filha.

- E como está seu pai, filha? - mudei de assunto para não pensar tanto em Werner. - Ah, está ótimo, passei o dia todo com ele com o João, pegamos uma praia e depois um cineminha - voltamos para a sala e conversamos sobre outras coisas que não fossem novelas. Logo em seguida, Juliana apareceu e trouxe pizza, ficamos as três falando amenidades e comentando sobre os projetos delas, mas logo o assunto de Eterna Magia voltou.

- Mãe, tá empolgada com a nova personagem? - questionou Juliana. - Estou sim, é uma proposta diferente de tudo que já fiz - falei animada.

- Nossa mãe agora é uma bruxa - falou cutucando a irmã. - Bruxa não - ergui o mão. - Valentina - me gabei um pouquinho e gargalhamos. - Mãe, agora que a Ju chegou você pode nos contar tudo sobre Dublin - Mari pediu animada e passamos o resto da noite falando sobre a minha viagem e sobre como eu estava pensando em dar vida à Pérola.

No dia seguinte, concedi uma entrevista ao Portal Terra, me fizeram as mais variadas perguntas e uma delas foi por que fui escolhida para fazer este papel, não hesitei em dizer que umas das coisas que ajudaram foi meu papel como Tarcila do Amaral, na minissérie Um Só Coração. O Carlos Manga, diretor de núcleo de Eterna Magia, lembrou de mim justamente por esse trabalho, segundo ele, Tarcila é bem próxima do perfil de Pérola, culta e refinada. Para ele essas duas personalidades são como uma espécie de primas. Eu pensava em descansar e não planejava voltar para a TV tão cedo, um trabalho atrás do outro, porém tenho um carinho muito grande por Carlos, foi ele mesmo quem me ligou e reforçou o convite de Elizabeth para fazer parte da equipe. Disse que eram poucos atores, falou sobre as gravações na Irlanda, de magia, enfim, foi por esses e outros motivos que decidi me tornar, por todos esses meses, até o fim da trama, a Valentina Pérola O'Brian.

Narrado por Werner Schünemann

Estou presenciando uma época deliciosa em minha vida, depois de muitos anos morando no Rio de Janeiro, estou bastante acostumado com tudo, meus filhos estão na adolescência e desfrutam de boas amizades, já se sentem independentes de mãe e pai, não são mais aquelas criancinhas que eu mimava e ninava, eles insistem em dizer que precisam de privacidade e que já dispõem de suas próprias vidas. Estão sempre cercados de amigos, estudam em boa escola e admiro o seres humanos que estão se tornando, acima de tudo, admiro a amizade e cumplicidade entre os dois.

Posso dizer que o que mais me surpreendeu durante todos esses anos desde que me mudei para o Rio de Janeiro, foi a mudança na personalidade da Tânia, nossa relação está muito mais leve e agradável, nos tornamos mais amigos, sem cobranças e sem represálias. Apenas confiamos um no outro. Ela está atarefada assim como eu e nossos dias são bastante corridos por aqui.

Nos vemos mais a noite, nossos filhos estudam em período integral e nos fins de semana, aproveitamos essa ausência forçada um do outro de segunda à sexta. Pelo fato de hoje ser sábado, levantei cedo, Tânia e eu programamos um fim de semana com Dagui e Arthur, passeio de jeti ski e lancha numa praia particular de um casal de amigos que mora em Angra. Saímos quase às nove da manhã.

- Tânia, nós vamos nos atrasar! - chamei alto olhando para o relógio de pulso.

- Já estou descendo, amor - ela respondeu do andar de cima.

- Arthur, pegou seus óculos escuros? - vi meu filho vindo em minha direção.

- Peguei, pai! - respondeu descendo as escadas com muita pressa.

- Pai, eu tô procurando meu celular, eu perdi - Dagui falou desesperada e Arthur riu, vi o aparelho nas mãos dele.

- Tá com seu irmão! - dedurei.

- Ah pai, você devia ser o meu cumplice - rimos juntos.

- Não em crimes. - brinquei.

Em poucos minutos Tânia desceu as escadas junto com nossa filha e seguimos para a garagem, nos acomodamos no carro e partimos para Angra. Nos primeiros instantes do caminho ficamos em silêncio, que logo foi quebrado.

- Amor, bem que podíamos programar uma segunda lua de mel - guiei o carro com uma mão e com a outra, entrelacei os dedos na mão dela, a mesma sorriu para mim, quando a olhei de relance.

- Se tudo der certo, podemos viajar em fevereiro, provavelmente a novela só acaba em janeiro - falei e beijei o dorso de sua mão.

- Vai ser ótimo, só nós dois - suspirou de felicidade, sorri contente.

- Vai sim! – afirmei com total firmeza.

Estou realmente encantado com esse novo lado de minha mulher, muito mais tranquila, o fato de Eliane estar na mesma novela que eu não despertou o ciúme de anos atrás, Tânia amadureceu bastante. Passamos o restante da viagem ouvindo músicas e cantando juntos, sem perceber o tempo passar.

Quando chegamos em Angra, cumprimentamos nossos amigos e nossos filhos logo se entrosaram com os filhos deles. Aproveitamos a manhã na praia, nadando, jogando frescobol.

- Nossa vez amor - ela falou quando um dos jeti skis ficou vago, segui com ela e colocamos nossos coletes salva-vidas.

- Segura firme - pedi quando ela se acomodou atrás de mim.

- Amor, vai devagar, pelo amor de Deus - ri do nervosismo dela.

- É só uma voltinha, não vamos morrer afogados - ela deu um tapinha em meu ombro por minha brincadeira.

- Acho bom cuidar bem da sua esposa aqui - ela apertava tanto minha cintura que eu quase não respirava.

- Assim eu não respiro - soltei um pouco seus braços e respirei aliviado. - Eu cuido de você - girei um pouco o corpo para trás e trocamos selinhos.

- Eu sei que cuida, e vai cuidar pra sempre né!? - me olhou apaixonada.

- Nós vamos cuidar um do outro - ela sorrio ao me ouvir e nos divertimos andando de jeti ski.

Observei atenciosamente para a margem do outro lado da Ilha e notei umas casas diferentes, parecem pousadas, deve ser lindo lá. Tânia gritava quando eu fazia as manobras e estava adorando esse momento com ela. Depois disso, andei com Dagui e fiz o mesmo com Arthur. No fim da tarde, voltamos para casa e as crianças, como ainda gosto de chamá-las, cairam exaustas na cama.

- Vamos descansar? – Tânia me abraçou por trás, iniciando instantaneamente uma leve massagem.

- Hum, isso é bom – disse fechando os olhos apreciando sua carícia. - Não para – sussurrei.

- Vamos para o nosso quarto – ela beijou minha nuca, sorri.

- Vai continuar a fazer massagem? – perguntei quando segurou minha mão.

- Farei muito mais. – sorrimos junto enquanto caminhamos para o nosso quarto.

As gravações iriam começar em breve, quando eu li o enredo, vi que iria contracenar com a Eliane, estava ansioso para encontrá-la, foram tantos desencontros. Terminei de fumar o meu cigarro e fui para o camarim passei um bom tempo pintando o cabelos de branco para envelhecer mais um pouco, depois foram mais alguns minutos com a maquiagem e as roupas. Durante toda a cena eu tinha que forçar mais a voz para ficar fatigada, cansada e mais rouca, no término das cenas fiquei conversando com o Luís.

- É cansativo, mas confesso que sinto falta durante os intervalos de uma novela e outra – Luís me falava simpático.

- É verdade, mas confesso, ando um pouco cansado ultimamente, conciliar filmes e novela, não é fácil.

- A Tânia ainda reclama da sua ausência? - questionou discreto.

- Não tanto, com o tempo nos adaptamos a esse ritmo, ela também tem seus projetos, então anda tão ocupada quanto eu - expliquei.

- As pinturas, não é mesmo? Eu gostei muito daquele quadro que ela deu pra gente no natal, é uma grande artista. E as crianças? - perguntou animado.

- Isso é verdade, gosto muito dos quadros dela. As crianças passam o dia na escola, a tarde estão sempre com amigos dentro de casa ou na casa deles. Na adolescência os pais não são tão legais, mas quando posso coloco eles no colo – sorrimos juntos.

- É difícil aceitar que os filhos crescem – olhou para longe – Werner, só um momento, a Irene está me chamando.

- Tudo bem – voltei meu olhar para os meus textos, mas um barulho me chamou atenção.

Era o Luís, e fazendo uma das suas brincadeiras, Osmar e Irene gargalhavam, estavam todos virados para um camarim, quando vi Luís se afastar um pouco, consigui enxergar bem o motivo de tamanho frenesi. Fui me aproximando vagarosamente, e quando notei que eles haviam se afastado do local por um chamado do diretor, parei encostado na porta, admirando a única pessoa que eu fui incapaz de esquecer durante esses anos.



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