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História Conto de Fadas: O Herói e a Espada - Alma.


Escrita por: Magic_Kitty

Notas do Autor


Então... eu estou pipocando de ideias, por isso saiu mais um cap hoje.

Boa leitura!

Capítulo 12 - Alma.


Natsu perdeu a habilidade de fala pelos momentos seguintes. Tinha certeza que Alma estava morta, durante dias! E ali estava ela, viva, e muito mais bonita. Ele parecia ser o único completamente desnorteado, pois as piratas sorriam emocionadas. Uma, alta e parruda como Alma costumava ser, correu ao seu encontro, quase desabando em lágrimas, mas, foi interrompida com um erguer de mãos de Juvia.

–Deixe a comoção para mais tarde, Celena –pediu com a voz suave –Preciso vê-la primeiro.

A Matriarca das Sereias suspirou avaliando Alma, que saia com Juvia para uma parte mais afastada, como um pintor avalia o quadro de outro artista – Pretende passar a noite em nossa cidade, Capitã? Precisarei tomar providências para conter a maré noturna.

– Não. Irei zarpar assim que meus assuntos aqui estiverem prontos. – seu olhar parecia terminar “coisas em particular, você e eu”.

Tsc! Pelo menos deveria deixar as meninas passarem uma noite por aqui. Algumas sentem falta delas. –comentou a sereia, liderando o caminho por um túnel de pedra.

– Prometo visitar novamente. Quando as circunstancias não forem tão... drásticas.

E então se tornou impossível ouvir o que diziam. O Herói do fogo seguiu as demais piratas até o navio e se sentou afastado, esfregando os cabelos. Muita coisa passava pela sua cabeça. Como Lucy tinha a lealdade de monstros marinhos? Ele assumiu que, uma pirata que coletava pedras sagradas para fazer com que uma Deusa Marítima lhe devesse favores, também poderia ter feito algum tipo de truque para conquistar as donzelas dos oceanos. O fato da ressurreição de Alma como uma criatura marinha ele enfiou em um questionamento sobre os rituais das sereias, que provavelmente não conseguiria respostas... e tinha coisas maiores para lidar no momento.

Seu prazo estava acabando. Agora que Alma estava bem, iriam direto ao objetivo de buscar a última pedra de Aquarius. E assim que coletadas, e a bênção conjurada, caçariam o kraken. Além o problema óbvio que era uma besta marinha milenar que foi capaz de derrotar uma heroína no passado, e o quanto Natsu se sentia fraco ao se comparar aos bravos heróis do passado... ainda tinha outro problema: supondo que conseguissem a pedra e a bênção, e então, milagrosamente, eles conseguissem derrotar o monstro ou entrar nele estando vivos... como pegaria Zaarath? A capitã havia sido muito clara, lhe indicaria o caminho até a espada, mas, não lhe ajudaria a recuperá-la.

E ainda havia mais um problema. Como diabos ele conseguiria trazer a espada de volta? As espadas apenas aceitam que seus escolhidos as empunhem. Por mais que Lucy consiga segurar Adebarã como bem entender, ela é um caso estranho e raro. Além do mais, Igneel não tinha nenhum problema pessoal com a capitã, já Acnologia... tinha especificado que sua espada jamais seria empunhada por homens, e ainda por cima, odeia os heróis de Igneel, assim como qualquer um com ele envolvido. A Deusa poderia muito bem apenas lhe dizimar completamente por ousar tocar o punho de sua arma sagrada, pela ousadia de enfrentar sua fúria.

Tentou pensar em qualquer porcaria de plano. Arrancar o lugar onde ela está e usar como uma bandeja, para evitar tocá-la? Envolver as mãos em luvas? Talvez pedir que a capitã a segurasse para ele... afinal, se ela podia tocar em Adebarã sem provocar o Deus da Luz, talvez fosse capaz de segurar Zaarath sem que incitar o ódio da Deusa das Trevas, não? E afinal... o que foi aquela porcaria de poema que Igneel havia lhe dito em sonho? Como isso lhe ajudaria?! Mulheres que brigam... com certeza tinha a ver com aquele navio de guerra feminino. Homens que amam... certamente era ele, o canalha traidor que buscava uma solução difícil em uma missão impossível. Mulheres que odeiam poderia ser a própria Deusa! E então a última parte... mulheres que enganam. Essa ele não fazia ideia. Mas, uma partezinha de si temia que fosse um aviso da divindade a respeito da confiança em piratas: o que não fazia sentido, pois o verso um as incluía como parte vital!

Ele suspirou. Tinha ainda algo mais que lhe incomodava. Se fosse otimista e assumisse que seu plano daria certo... assim que entregasse a espada para sua noiva, a maldição se ativaria e então ele estaria completamente apaixonado por ela. Isso não era problema antes. Mas, agora... quando Lisana se tornasse a Heroína da Noite, os olhos da Deusa Sombria... aqueles sentimentos que tinha pela capitã desapareceriam? Por mais que uma parte sua se sentisse aliviada, ainda assim não parecia certo. Não parecia uma escolha feita por ele. Natsu xingou e levantou, subindo até o navio e entrando dentro da adega. Não sabia quantas horas tinha passado sentado nas pedras, mas a julgar pela dor em suas costas... não foram poucas.

Ao entrar no lugar repleto de barris de vinho e cerveja empilhados, encontrou Alma em um canto, levando uma caneca até a boca, abraçada a um barril menor. Ele não conseguia se acostumar com aquelas novas feições dela.

– Mal voltou e já está enchendo a cara? – tentou parecer descontraído.

Alma deu batidinhas do lado, indicando que se sentasse – Sua cara de merda me diz que você precisa tanto quanto eu.

Ele aceitou a oferta e se sentou, apoiando as costas na lateral de um barril e também aceitou a caneca, virando o conteúdo da cerveja.

– Soube que você salvou a capitã enquanto eu estava fora. Tem meu respeito por isso, rosinha.

Ele riu do apelido e a observou beber.

– Como você está? – perguntou por decoro.

Alma sacudiu a cabeça  – Todas riem felizes. Eu entendo... mas... caralho... eu tava morta. – ela bebeu direto do barril dessa vez – Eu senti o golpe da espada, sabe? E eu não estava com medo. Sabia que iria voltar, sabia que a capitã faria isso por mim se eu pedisse. E eu pedi.

Quando ela parou de falar para continuar bebendo, Natsu se mexeu inquieto.

– Como era?

– Mesmo que eu tente... não consigo me lembrar de muita coisa. Era frio e silencioso. Como se nem os Deuses me puxassem para o céus, nem os demônios quisessem me arrebatar pro inferno. Como se, meu pedido para capitã me tornasse invisível. E eu me agarrei a esperança de voltar. Mas... foi ruim. Muito. Pareceram anos esquecida num breu vazio, apenas agarrada a um fio de esperança.

– Se arrepende? De ter voltado como um monstro marinho... de não ter tido a chance de ver como era depois da morte.

Alma balançou a cabeça – Se mil vidas eu tivesse, mil vidas daria a Lucy Heartfilia. Se precisar me tornar uma sereia, então que seja. Se precisar me tornar um demônio, eu me tornarei de bom grado. Ela é a minha Deusa.

– Por que? Por que ir tão longe? – perguntou sacudindo a cabeça.

Alma terminou de virar a caneca e então virou as costas em sua direção, arrancando a túnica branca que usava. Natsu não teve tempo de importar com o decoro, perdeu essa noção ao ver três longas cicatrizes que iam da nuca e desapareciam dentro da calça, além de incontáveis outras cicatrizes de cortes menores.

– O que... quem...?

- Rigardash. –Alma sorriu com desprezo – Minha família é da nobreza de um continente distante. Dona de muitas terras. Eu tinha três irmãs mais velhas, todas lindas. Altas, magras, esbeltas. Os cabelos ruivos curvos, os olhos azuis... apenas eu nasci... assim – apontou para si mesma e depois riu sem graça – Ou melhor... era até poucas horas atrás. Alta demais, gorda demais, sardenta, olhos castanhos sem graça. Era uma desgraça para a linhagem de modelos da minha mãe. – ela bebeu de novo.

– Ela lhe açoitava?

– Não. Fazia esforço para fingir que eu não existia. A filha feia. A filha que nobre nenhum se interessaria. Pura desgraça. Então meu pai me arranjou um casamento. – sorriu amargamente – Ele estava tendo problemas com piratas em suas terras, então ofereceu um acordo com o bando. Os tornaria sua “força naval”, e como símbolo da aliança, eu deveria me casar com o líder do bando. Meu dote seriam terras, navios com bandeiras da nossa casa e o título de corsário. Não preciso comentar que o pirata esperava ser casado com uma das famosas beldades que eram minhas irmãs, preciso?

Natsu engoliu seco.

– Então ele lhe espancava...

– No começo não. Talvez por achar que o lorde teria compaixão de sua patinha feia. Mas, quando engravidei do meu filho... – a voz dela morreu, e seus olhos se encheram de lágrimas – Eu perdi o bebê. Um natimorto. Tão pequenino... sequer tive a chance de segurá-lo uma vez. Ele ficou tão furioso por eu não ter lhe dado um herdeiro que jogou o feto no mar antes que eu pudesse sequer tocá-lo. Então me amarrou no mastro, horas após meu parto... e me chicoteou três vezes, pelos três meses que o bebê deveria ter permanecido em meu ventre. –suas lágrimas rolavam, e Natsu não conseguiu não se emocionar junto – Quando percebeu que meu pai nada faria contra seus atos violentos... eles ficaram frequentes. Me deixava sem comer para tentar “me deixar mais bonita”, e me espancava todas as noites, antes de me abusar... e depois também.

Alma agarrou o barril e o virou na boca, como se tentasse tirar o gosto ruim das palavras de sua língua.

– Eu rezava todas as noites, para todos os deuses. Implorava a eles quando ele entrava na cabine. Nenhum deles nunca me ajudou. Até a noite em que mais uma vez eu era abusada violentamente, e um navio atacou o nosso. Na época, a capitã não deveria ter mais que dezessete anos, mas já comandava um navio pirata. – Alma conseguiu rir – Eles foram massacrados. Não tiveram a menor chance. E quando a Capitã me encontrou na cabine... eu entendi que estava rezando aos Deuses errados. Ela me tirou da cabine quando lhe contei minha história e me deu o chicote. Era meu ex marido quem estava amarrado ao mastro. E eu nunca me senti tão grata por nascer com braços tão grandes.

Ela sorriu, encostando a cabeça nos barris.

– Depois disso, Lucy declarou guerra contra o nome da minha família – Natsu lhe encarou e ela gargalhou – Rigardash não era nada comparado ao peso do nome Heartfília, do que a princesa marinha podia fazer usando o nome do Rei Pirata. Meus pais foram isolados da nobreza. Ninguém queria contato com aqueles que estavam na mira de Jude Heartfília, O Terror Dourado dos Sete Mares. E eu... eu fui contratada para o navio dela. Onde meus músculos grandes eram respeitados, onde eu finalmente tive as minhas primeiras amigas... e onde, pasme, elas me invejavam por ser uma mulher enorme! – Alma gargalhou – Por isso eu digo e repito, rosinha. Se mil vidas eu tivesse, mil vidas daria por Lucy Heartfilia, a Tirana.

Natsu virou o conteúdo restante da caneca, limpando as pequenas lágrimas que tinham se formado no canto de seus olhos.

– Por que me contou tudo isso?

– Não sei... acho que porque você parecia disposto a ouvir. E agora que meu rosto me lembra tanto ao de minhas irmãs... acho que queria relembrar o que aquelas putas me fizeram.

Natsu parou para encará-la. A mulher parruda que lhe havia quase lhe esbofetado no começo, e que saltitava pelo navio porque sua capitã pedia ao cozinheiro que fizesse seus pratos preferidos, a mulher que carregava destemidamente uma espada que muitos homens sequer teriam força de erguer... havia sofrido mais do que ele sequer poderia imaginar.

– O que você faria... – a voz dele falhou, então grunhiu, para se recompor – O que faria se tivesse um inimigo extremamente poderoso que precisa vencer para salvar alguém importante... e não soubesse o que fazer por ser um fraco de merda?

Alma sorriu  – Natsu –um choque, ela havia usado seu nome pela primeira vez – Eu precisava de uma heroína, e eu tive a minha. Só então me tornei forte. Mas, nós somos diferentes. Completamente. Você é um Herói, querendo você ou não. De fato, a força dos outros que possuíram essa espada estarão com você quando empunhá-la, mas, Igneel não escolheu uma mão para apertar o punho de sua espada. Escolheu um coração valente o bastante para empunhá-la. O poder não é mais de Igneel ou de Adebarã, ele é seu. É você quem impõe os seus limites.

Com isso, a não tão mais gigante mulher tocou o seu ombro e seguiu adiante, deixando o barril e a caneca para trás.


Notas Finais


Eu tenho que dizer que eu amo a Alma, né?

E então... o que acharam??

Beijos molhados e até mais <3


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