Natsu estava levando uma vida mais complicada do que ele imaginava.
Todo o navio tinha uma rotina. Ele deveria acordar cedo e começar a limpar o convés do navio com esfregões e baldes antes mesmo de comer algo. Lustrar o parapeito com uma flanela úmida após o almoço e lavar louça durante a tarde.
Ele não era o único. Outros vários homens sofriam do mesmo castigo. Pareciam até mesmo serem acostumados àquele tratamento. Naquele navio, apenas as mulheres tinham direitos.
Natsu não viu a Capitã sair muito de sua cabine durante a semana que se passou. Isso o fez se questionar o que ela tanto fazia em sua cabine.
Hora ou outra, a Heartfilia saia e caminhava até a ponta do navio, olhando para o horizonte perdidamente por longos minutos. Até mesmo horas, sem se mover. Depois, eafregava fortemente os olhos, como se o sol lhe machucasse as vistas e voltava para a cabine.
O único homem que entrava em sua cabine era um cara de uns trinta e cinco anos, muito alto e muito, muito gordo. Quase não tinha pescoço, andava torto com sua perna curta e a perna de pau (Natsu se perguntava como a madeira aguentava seu peso). Ele se perguntava quem era aquele balofo.
Perdido em seus pensamentos, o rosado acabou tropeçando no balde de outro "escravizado". Esse praguejou e correu pra limpar a bagunça.
- Olhe por onde anda, Calouro! Não tem ideia do que a Capitã pode fazer com você se ver essa bagunça!! - Resmungou ele.
- A quanto tempo está aqui? - Natsu perguntou enquanto o ajudava.
- Vinte e dois anos! - Disse com orgulho - Limpava o navio do capitão Terror dourado antes de servir a sua filha!!
- Terror Dourado?
- Sim! - Disse esfregando - Acha que essa brutalidade não está no sangue? A tirania tem o mesmo temperamento do pai!
- Qu-
- Cale-se e esfregue! Ou vira comida das piranhas!! - Grunhiu.
Piranhas no mar? Provavelmente, pensou Natsu, é a loucura de um homem que convive com isso por vinte e dois anos.
- Bom... se tem tanto tempo aqui, me diga... Por que somente aquele balofo tem a atenção da capitã?
- Shhhhh!!! Respeito com o senhor Yanch!!! Se ela ouvir você xingá-lo, estará perdido! - Ele esfregou com mais força - Ele é o cozinheiro do navio.
-... Certo... Por que ela fica tanto tempo dentro da cabine? É uma ótima guerreira, mas, se esconde dentro do próprio navio-
Natsu recebeu um golpe de escova na cabeça.
- Respeito! Respeito! - Repetiu o homem - Somente Yanch e as mulheres conhecem a Capitã!!
O rosado se afastou. Percebeu que seria perda de tempo tentar tirar informações dele. Aquele pirata estava beirando a loucura.
~(^ u ^)~
Após o entardecer, Natsu ainda não havia jantado, mas, lavava louças sem parar. Ele não se cansava de planejar a recuperação de sua espada e sua fuga daquele navio.
- Rosinha. - Chamou uma mulher.
Natsu se espantou. Já estava a algumas semanas ali e nenhuma mulher tinha lhe dirigido a palavra.
- Senhora?
Era uma mulher comparável a Yanch. Alta, parruda e bem gorda (ou seriam músculos?). Ela agarrou Natsu pelo braço e o puxou pelo navio. Subiu para uma salinha ao lado da cabine da capitã e o empurrou lá dentro.
Haviam mais duas mulheres, de físicos iguais. Natsu não entendeu nada. Elas então, lhe arrancaram a roupa com brutalidade e o enfiaram numa banheira de água com espuma.
- Lave-se direito e vista as roupas que estão no canto. Se estiver fedendo quando eu voltar aqui, eu mesma esfregarei você... com minha espada!
A porta foi fechada com brutalidade.
- Muito dóceis.
Natsu fez o que lhe mandaram. Afinal, o que ele não daria por um bom banho? Lavou bem seus cabelos, não sabia quando teria uma oportunidade dessas de novo. O que ele fez para receber Isso?
Não importa.
Saiu da banheira e vestiu as roupas que que estavam separadas. Eram bonitas. Calças de linho, camisa de algodão...
Pouco tempo depois, a porta se abriu tão gentilmente quanto fora fechada. A mulher lhe cheirou (algo não muito agradável) e por constatar que ele não mais fedia, puxou-lhe mais uma vez.
Ele estava em frente à porta da cabine da capitã.
A mulher bateu e em seguida abriu a porta (nossa! Ela tem educação!). O empurrou para dentro e fez uma reverência.
- Aqui está, minha deusa. Como pediu.
- Obrigada, Alma.
- Se ele fizer qualquer coisa.... - Ela cerrou os punhos. Natsu teve certeza que não queria receber um soco dela.
- Não se preocupe. Por que não vai jantar? Pedi a Yanch para fazer seu prato preferido.
Alma sorriu grandemente e saiu quase saltitando. Natsu finalmente observou o lugar. Era muito luxuoso. Tinha uma cama enorme, com cortinas cor creme em volta. Vários baús e figuras religiosas em ouro puro. Além de muitas joias por toda a parte.
Perto dele estava uma longa mesa de madeira, repleta de comidas cheirosas (o seu estômago poderia estar gritando nesse momento), mas, o mais chamativo de tudo, com certeza era a Capitã.
Lucy estava sentada a borda da mesa, bebendo vinho de uma taça luxuosa. Usava vestido, longo e preto, com grandes rasgos laterais que a deixavam incrivelmente sexy. Os pés estavam descalços e a gola alta da roupa combinava com seus cabelos dourados que lhe caiam sobre os ombros.
Mesmo estando dentro daquele quarto luxuoso a semanas, ela tinha uma expressão cansada, como se fosse ela quem estivesse esfregando o convés.
- Sente-se e coma.
Natsu não reclamou. Sentou -se na cadeira que restava e começou a comer. Se ele tivesse comidas tão saborosas assim, também amaria o Yanch. Aquilo estava divino.
Porém a Capitã apenas observava.
- Diga-me... O que veio fazer em auto mar?
- Estou em busca de algo. - Disse evasivo.
- Não parece conhecer nada do oceano. Foi capaz de pensar que derrotaria um Heartfilia com aquela tripulação. Ela sorriu.
- Onde está o Gorvy?
- Eu tenho um tratamento especial para meus traidores. - Foi o que respondeu.
A capitã se levantou e começou a caminhar em sua direção lentamente.
Natsu desviou o olhar. Mesmo que ela fosse linda, ele ainda era um homem comprometido. Aquilo era errado.
- Nenhum tesouro que esteja no oceano escapa de mim. Se me disser o que procura, poderei lhe ajudar. Ao meu preço, claro.
Ela se apoiou na parede, ainda bebericando vinho.
- Procuro Zaarath.
Um silêncio se fez presente por longos minutos.
- Ambicioso. Não satisfeito apenas com uma espada sagrada?
- tenho meus motivos.
- Certo. Eu sei a localização de Zaarath. - Lucy sorriu, o peito de Natsu acelerou.
- Onde?! No Kraken?
Lucy gargalhou.
- Não. Muitos pensam que sim, mas, você irá precisar do Kraken.
- Para quê?
- Ele é meu inimigo de longa data, entende? Se me ajudar a derrotá-lo, terá a localização de Zaarath. - Ela sorriu- Não disse que irei te ajudar a pegá-la.
- Para mim está ótimo, mas, tenho pressa. Meu último prazo é daqui a três Luas cheias.
- pouco tempo, mas, o suficiente. Temos um acordo? - Ela lhe estendeu Adebarã. De onde a tirou?!
- Temos. - Ele pegou sua espada, mas, ela não soltou de vez.
- Lembre-se Natsu... eu tenho um tratamento bem especial para quem me trai.
Lucy caminhou para trás de sua visão. Colocou a mão no ombro de Natsu e sussurrou em seu ouvido.
- Espero não ter que castigar você. Limpou bem o meu convés.
Natsu então, não soube o que aconteceu com ele. Os pelos do seu corpo se arrepiaram pela voz dela e seu toque fez o corpo dele ferver (literalmente). Aquilo era muito estranho.
Lucy se sentou e começou a comer.
Natsu respirou fundo e se acalmou lembrando das carícias de Lisanna. Era por ela que ele estava enfrentando tudo aquilo. Não iria se deixar seduzir por outro alguém.
- Tenha uma boa noite de sono. Irá fazer batalhas simuladas amanhã. - Avisou a Capitã - E... Natsu... Cuidado com as pessoas que você confia.
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