1. Spirit Fanfics >
  2. Contradições >
  3. Carniça

História Contradições - Carniça


Escrita por: amanur

Capítulo 18 - Carniça


Contradições

by Amanur

...

Capítulo 18

...

 

 

Quando as coisas apertam — e não me refiro a uma calça apertada por que você ganhou uns quilos a mais, ou um sapato que machuca por que você cresceu (ou ele encolheu), mas àquelas situações em que você se encontra sem saída, sem escapatória — algumas pessoas apelam para o lado emocional do problema, ou dão um jeito de cavar um buraco no chão para fugir dele, mesmo que não consiga correr para muito longe.

 

O que eu fiz foi muito simples. Fugi do Sasuke ao máximo. É isso mesmo. Naquele dia, fingi que dormi o dia todo, assim, quando chegou, não me incomodou. O plano era sair de casa antes de ele acordar, para chegar em casa só quando tivesse a certeza de que ele já estaria dormindo. Eu ficaria do lado de fora do meu prédio, onde conseguia ver a janela da sala, e quando ela se apagasse, eu esperaria mais uma hora para entrar. Para matar o tempo, eu poderia ler um livro que carregaria na bolsa, poderia jogar pedrinhas na rua, ou até mesmo poderia conversar com algum mendigo que encontrasse pelo caminho.

 

No dia 26 de Dezembro, saí de casa pela madrugada para trabalhar. Nem os primeiros raios de sol ainda começavam a iluminar o céu. Não havia ninguém nas ruas, era somente eu e as estrelas.

 

Quando cheguei, é claro, não havia ninguém no escritório, e fiquei sentada na calçada por um bom tempo (três ou quatro horas, não sei dizer por que cochilava e acordava o tempo todo, alarmada com qualquer ruído, com medo de que alguém se aproveitasse para levar minha bolsa), até que o porteiro chegasse com as chaves do prédio.

 

Eu estava com a cabeça jogada sobre a minha mesa, roncando e babando, quando a Karin chegou na sala com todo aquele seu humor alto astral, jogando a sua bolsa com toda sua indelicadeza sobre a sua a própria mesa, fazendo todo aquele estardalhaço dos infernos.

 

— Bom dia, flor que radia! Pronta para o dia que inicia? — parecia proposital, na verdade.

— Só se eu puder te esgoelar primeiro! — resmunguei, sem abrir os olhos.

— Tá um dia tão bonito lá fora...

— E eu nem vi a luz do sol... — resmunguei em lamentação, sem levantar minha cabeça.

— Sabe o que eu realmente queria? Eu queria pegar o carro e transar no meio do mato com um homem bem gostoso...

— Por Cristo, Karin, são sete horas da manhã.

— Eu sei. É que estou naqueles dias, sabe? Me sinto mais sensível nesses dias.

— Isso é tão injusto. Os homens deveriam saber quando as mulheres menstruam, — de repente, Shikabundo diz e tive que levantar a cabeça para ver que o cretino estava sentadinho em seu lugar — como os cachorros sabem quando as cadelas estão no cio, sabe? — e me perguntei desde quando ele estava ali.

— Você tá me chamando de cadela? — Karin pergunta, com um lápis de ponta afiada na mão.

— Veja pelo lado positivo! Assim, você saciaria a tua vontade de transar toda vez que estivesse no cio, por que estaria cercada por cachorros. Digo, menstruada. Digo, homens. — e eu digo: retardado!

— Eu só não furo um olho seu, por que seria um crime contra esse rosto bonitinho. Mas posso furar uma das suas bolas! — ela disse.

— Acho que vou pegar um café. — e então, deslizando de fininho, ele saí da sala.

 

Sai um idiota, e entra outro.

Quando eu achava que poderia desfrutar de um pouco de silêncio para uma soneca rápida, Naruto senta em seu lugar, ao meu lado, arrastando no chão um daqueles sacolão de lixo preto, enorme, cheio de caixas. Perguntei a ele se estava catando lixo para juntar alguns centavos para o seu almoço. Por que além do saco lixo, ele estava fedendo como se não tomasse banho há dias, o que era bem provável já que vestia a mesma roupa do dia da janta do Natal.

 

— Muito melhor do que isso! Tenho trituradores de frutas para vender! Essas belezuras vão vender como água e vou ficar rico, vocês vão ver só. Isso é uma mina de ouro. Te vendo três caixas por cinquenta pratas, se quiser. Aproveite, pois isso é uma pechincha e tanto, hein.

— Não se preocupe, eu posso cortar minhas frutas com uma faca, sem problema algum. — respondi.

— Há, mas com essa maravilha, você economiza tempo, e tempo é dinheiro, minha querida. E além de cortador, ele faz suco. Suco! Ele faz suco, tá entendendo?! — ele repete como se aquilo fosse a nona maravilha do mundo.

— Não se preocupe, eu consigo fazer suco com as minhas próprias mãos. — lhe garanti.

— Mas com isso você nem precisa sujar as mãos! — retrucou.

— Não se preocupe, não tenho medo de sujar as mãos. — dei de ombros.

— Ok, vou repetir isso por que acho que você não entendeu: Sakura, tempo é dinheiro!

— É mesmo? Então aproveite bem essa lorota toda para conseguir o dinheiro que você e a Karin me prometeram! Hum? Que tal?

— Ok, você não quer comprar, já entendi, não precisa repetir! Credo. — e o idiota se vira de costas para mim, enquanto chutava as caixas para escondê-las embaixo da sua mesa.

— E vá tomar um banho, Naruto! — resmunguei, girando a minha cadeira.

— Estou economizando água! Todo mundo deveria fazer isso. Vocês não sabiam que a água vai acabar?

— E por isso, você está bebendo o seu próprio xixi? — a ruiva indagou, meio sarcástica.

— Não seja mula. Só não estou tomando banho, nem escovando os dentes.

— Eeeeeeecaaaaaaa. — eu e ela dissemos, em coro.

— E, vem cá, de onde o senhor tirou essa tralha toda? — ela perguntou, se referindo à mina de ouro do idiota.

— O pai do amigo de um amigo, de um vizinho do vizinho do meu amigo estava com essas caixas em estoque na sua garagem por que é um incompetente. Ele não vendeu nada! Mas apostei com ele que eu venderia, num piscar de olhos! Eu sou o rei da lábia, vocês vão ver só.

— Isso me parece mais como uma grande trambiqueragem, isso, sim. Por que você está fazendo isso? — ela pergunta.

— Me despejaram do meu apartamento. — deu de ombros, como se aquilo não fosse nada demais.

— O quê? — eu e ela repetimos, ao mesmo tempo.

— Bom, parte daquele dinheiro que a Karin roubou de mim para dar para você, Sakura, mas que depois a anta acabou perdendo...

— Eu não perdi, — ela o interrompeu — eu sabia exatamente onde ele estava. Na minha mesa. Ele foi roubado! Roubado da minha casa, da minha mesa!

— E você sabe onde o dinheiro está agora? Não? Não, né?! Então perdeu o dinheiro, sim, senhora! — ele até apontou o dedo para ela, para enfatizar seu ponto de vista, enquanto ela revirava os olhos, contrariada — Mas como eu ia dizendo, parte daquele dinheiro era para pagar as minhas contas, que estavam atrasadas... Como não paguei, fui despejado, e agora estou sem ter onde dormir. Satisfeitas?

— Coitadinho. É por isso que você está fedendo? — ela diz. E eu não pude deixar de fazer a comparação. De repente, ele parecia um vira-lata, pulguento e sarnento, em baixo de uma ponte, se aquecendo com caixas de papelão — Eu juro que vou te recompensar, Naruto.

— Bom, então trate de me pagar de volta!

— Argh! Eu não tenho mais dinheiroooo! — desesperada, ela chegou a segurar as pontas dos cabelos, como se estivesse prestes a arrancá-los em seu momento de sofrimento. Mas aí, de repente, ela pega o espelhinho da sua gaveta e checa o seu visual, como se tudo não passasse de um teatro.

—E é tudo culpa sua! Você e suas ideias idiotas! Mas, olha, com uma bundinha dessas, te garanto, você ganharia dez pratas por hora, rodando a bolsa na esquina. E fazendo as contas, dez vezes vinte e quatro, vezes trinta, você ganharia sete mil e duzentas pratas só num mês! Te aconselho fortemente a ir para as ruas, dona Karin Maria da Silva Sauro. — ele diz.

— Você está sugerindo que ela venda o corpo vinte e quatro horas por dia, durante um mês inteiro? — sussurrei de canto. Por que aquilo me parecia tão absurdo quanto as ideias sem cabimento dela. Talvez aquilo estivesse no DNA da família deles, isso, sim.

— Meu querido, meu corpinho vale muito mais que apenas 10 pratas a hora, ok?! Só não arranco a sua língua para não sujar minhas mãos na sua imundice. — ele resmunga, meio mal humorada — Mas não se preocupe, no dia em que você morrer, comprarei dois caixões para você. Um para o seu corpo, e outro para a sua língua! Ora, imagina se eu iria para uma esquina vender meu corpo maravilhoso para carroceiros, caminhoneiros e lixeiros! Homens muito ricos iriam pagar por mim, é claro!

— Então, tá esperando o quê para fazer o anúncio? — ele resmunga entre os dentes, irritado.

— Por favor, né, Naruto. Sou uma mulher de princípios e moral. Agora, se me dão licença, vou até o andar de baixo para me atualizar sobre as fofocas do dia.

 

E assim, lá se foi a ruiva sem noção, rebolando pelo caminho com a sua moral e ética na sola do sapato. Os dois deveriam ter caixões para suas línguas.

 

Suspirei conformada de que não conseguiria cochilar antes do chefe chegar, que à propósito, estava mais do que atrasado, pois, com toda aquela conversa inútil, o tempo voou e já eram quase meio dia. Então, comecei a digitar algumas coisas que havia recebido por e-mail. Digitei até as juntas dos meus dedos doerem e os tendões enrijecer.

 

Mais meia hora se passou, a Karin já tinha retornado e lixava as suas unhas, enquanto Naruto jogava um saquinho cheio de moedas para contá-las, e Shikabundo havia se perdido no prédio em busca do seu café. Aparentemente.

 

Então, de repente, o nosso chefe (o próprio) chega e passa por nós feito um foguete. Rápido, fulminante, sem nem nos dar bom dia. Só que ele não tinha sido ligeiro o suficiente para escapar dos nossos olhos atentos de urubus. É claro que não, por que éramos muito bons no que fazíamos!

 

— Vocês viram o que eu vi? — a Karin sussurrou para nós, assim que ouvimos a porta dele bater com força, fazendo os quadros pendurados a nossa volta chacoalharem, junto com a vidraça das janelas.

— Eu vi, eu vi! — Naruto diz, triunfante — Ele trocou os botões da camisa!

— Que botões, seu idiota?! Estou falando do olho roxo na cara dele!

— Ah, sim, eu ia dizer isso também, que o olho dele parece um cu de tão roxo e inchado, mas achei melhor falar apenas dos botões! — o idiota diz.

— Ele errou mesmo os botões da camisa? — a idiota pergunta, como se aquilo fosse relevante.

 

Eu estava cercada de idiotas mesmo. Atirei uma bolinha de papel na cabeça dela, me levantei e fui até a sala dele com um palpite em mente. Apesar de ainda estar muito puta com o que ele disse, e ao mesmo tempo morta de vergonha também, pela minha burrice, é claro, eu precisava perguntar o que havia acontecido. Então, bati três vezes em sua porta e, como não me respondeu, entrei.

 

— Muito ocupado? — perguntei como quem não quer nada.

— Na verdade, estou sim, Sakura. — respondeu meio ríspido demais para o meu gosto, sem tirar os olhos dos seus papéis.

— Bom — joguei uma mecha de cabelo para trás, empinando o nariz —, tudo bem, serei rápida mesmo. Como os orgasmos relâmpagos que você me proporcionou, é claro.

 

Aí, ele levantou os olhos para me encarar, com uma sobrancelha erguida, naquele misto de presunção e despeito.

 

— Não, isso não é piada. — acrescentei, antes que ele perguntasse se era — Só quero saber se esse cu roxo na sua cara é obra do Sasuke. Você sabe, só para que eu possa dar os parabéns a ele. Ficou uma cor muito bonita.

 

Eu estava sendo grosseira de propósito, obviamente.

E ele, irritado, dilatou as narinas e ficou batucando o tampo da mesa com as pontas dos dedos, impacientemente, pensando no que responder. Eu sustentei o meu olhar ao dele, sem nem um pingo de medo daquele infeliz, e ele deve ter percebido minha coragem e ousadia. Aí, de repente, ele pega a sua pasta, que sempre carrega para cima e para baixo, e tira de dentro dela um envelope grande e pardo e o joga sobre sua mesa.

 

— Eu realmente acho engraçado como algumas pessoas dependem dos outros para sobreviver, mas esquecem de se por no seu lugar. — ele diz, enigmaticamente e presunçoso.

 

Estreitei meus olhos, e me aproximei de sua mesa para pegar o envelope. Mas assim que coloquei a mão sobre a sua mesa, rapidamente, ele me segura, me impedindo de pegar o envelope. Sem deixar me abalar, olhei para ele.

 

— Mais alguma coisa? — perguntei.

 

Ele esboçou um leve sorriso no canto dos seus lábios. Daqueles lábios sedutores e bem desenhados que um dia me encantaram, mas que agora me pareciam que só serviam para despejar um monte de merda de esgoto.

 

— Não...Nada. — e me soltou.

 

Ele continuou com aquele sorriso irritante, cheio de insinuações, enquanto me observava abrir o envelope. Para a minha surpresa, eram os documentos que eu precisava para ganhar a minha cidadania e meu visto permanente no país.

 

Suspirei.

 

— Bom, em primeiro lugar, eu não dependo disso, e menos ainda de você para sobreviver! Não seja tolo. É tudo uma questão de praticidade, nada mais do que isso. Mas agradeço pelo seu esforço, Itachi. — dei as costas, indo até a porta — Embora isso fosse o mínimo que você poderia fazer depois daquela humilhação que me fez passar, é claro. — ainda resmunguei. E bati a porta.

 

O problema agora era descobrir por que o Sasuke tinha ido brigar com o irmão, ainda mais agora que eu tentava fugir dele a todo custo. Mas, na verdade, eu não tinha tanta certeza assim se iria mesmo querer saber, ou não, sabe? Algo me dizia que era melhor ficar na minha.

 

De qualquer forma, resolvi levar o meu problema para o almoço. Eu, a Karin e o Shikabundo (que encontramos já na porta de saída) fomos comer num restaurante de esquina, onde havia mesas na calçada. Assim, ficamos ali, comendo, conversando e observando o Naruto tentar vender seu triturador mágico para os pedestres na calçada do outro lado da rua. Ele falava tão alto que era impossível não ouvi-lo.

 

—... Vocês nunca encontrarão uma maravilha igual como essa! Ela possui três funções básicas: triturar, fazer suco e lavagem automática. Basta colocar água e detergente dentro, apertar este botão, e pronto! Seu triturador ficará limpo! — ele dizia, enquanto segurava um deles na mão para a demonstração.

— Meu liquidificador faz tudo isso. — uma senhora comentou.

 

Deveríamos dar algum crédito ao loiro por ter conseguido chamar atenção (mas um loiro de olhos azuis, fedendo à carniça, com um monte de caixas nas mãos e berrando numa calçada, chamaria atenção em qualquer lugar do planeta) e conseguir juntar um grupo de pessoas para ouvir a sua lábia fedida.

 

— Ahhh, mas aposto que não faz um suco tão saboroso quanto este aqui, minha senhora. Ele separa a polpa, e mantém apenas o liquido para o seu uso. E mais! Com a polpa, a senhora pode utilizá-la para fazer as suas geleias de vovozinha, que todos os netos adoram.

— Não tenho netos. — ela disse, categoricamente.

— Pode fazer para mim, então!  — ele não entendeu que ela não era tão velha quando parecia ser.

 

A senhora fez careta e resolveu dar as costas, seguindo em seu caminho. Acho que os outros simpatizaram com a ideia dela e resolveram fazer o mesmo. Deixaram o loiro sozinho, sem ter vendido uma caixa sequer, correndo atrás deles tentando vender aquelas porcarias a todo custo, cobrando a pechincha de cinco pratas por cada caixa. Mas, então, percebemos que as pessoas não estavam fugindo apenas da lábia fedorenta dele, como de todo o resto fedido daquele corpinho.

 

Enquanto isso, continuamos a saborear nossa comida.

 

— Mas, espertalhona, me diga como é que você vai arranjar o divórcio se não quer se encontrar mais com o Sasuke? — Karin me perguntou. E era uma boa pergunta, devo admitir.

— Não seeeeei. Talvez vocês pudessem arranjar todo o negócio por mim? — sugeri, como quem não quer nada.

— Não senhora! De seus problemas, cuide você. — ela retrucou — Sabe aquele ditado: em briga de marido e mulher não se mete a colher?

— Mas foi por sua causa que estou casada!

— E não fui eu que subi no altar com ele. Infelizmente...  — ela resmunga de boca cheia — Me passa o sal, por favor. Essa salada tá com gosto de chulé.

— Eu concordo! — Shikabundo diz, roubando um tomate do prato dela — Em briga de marido e mulher não se mete a colher. Sempre sobra tapas para os outros. Como aconteceu com o Itachi!

 

Eu e Karin olhamos para ele.

 

— Você sabe de alguma coisa? Como você sabe de alguma coisa? — perguntei, meio nervosa.

— Hahaha... — riu sem humor — Vocês esqueceram que a Temari é amiga íntima do infeliz?

— Ahhh. — eu e ela dissemos — É, Sakura, é melhor você revolver os seus assuntos pendentes com o seu marido, sem ajuda de ninguém. — ela ainda me disse.

 

Engoli a seco. Depois, bebi um gole do meu suco.

Se a Temari já sabia que eu estava pulando a cerca com o Itachi (embora aquilo não classificasse como traição matrimonial, dentro do nosso arranjo), não duvidaria que o Sasuke soubesse também.

 

Comecei a me preocupar com o que ele pudesse ser capaz de fazer comigo, ainda mais agora que descobriu que eu tinha ido atrás do seu irmão, mesmo depois do que me disse naquela noite.

 

— Se eu não aparecer para trabalhar amanhã, é por que estarei morta. — achei prudente deixa-los avisados com antecedência — E olha que ele nem sabe ainda que estou sem o dinheiro dele! Vou morrer duas vezes! — choraminguei.

— Posso ficar com aqueles brincos que eu te dei de Natal? — a idiota ainda pergunta.

 

Aí, de repente, Naruto apareceu puxando uma cadeira para se sentar conosco, com um sorriso que ia de ponta a ponta, e gotas de suor (nojentas para uma mesa) escorrendo pela testa.

 

— Consegui vender duas caixas por três pratas!

— Ual! Três pratas, Naruto.  Parabéns. Agora você consegue comprar um copo de suco! — a Karin lhe disse, sarcástica e maldosamente, enchendo a boca com a sua comida.

— O seu almoço deveria ser meu, porque é culpa sua que estou sem dinheiro! — ele retruca, inconformado.

— Fala sério, Naruto, você deve estar devendo a Deus e o mundo, por causa do orégano que você fuma!

— O que eu faço com o meu dinheiro, não é problema seu! — agora ele estava indignado. Só que ele estava tão, mas tão fedorento, que achei que eu não conseguiria comer mais nada do meu prato, e empurrei tudo para o lado dele — Para mim? — indagou emocionado — Obrigado, obrigado, obrigado! — aí, o idiota tirou uma caixa daquele sacolão de lixo, tirou todo o trambolho de dentro dele, e empurrou a comida lá para dentro da caixa. Detalhe: meu prato continha massa e um pedaço de carne à milanesa com ovos cozidos picados, ao molho de tomate.

— Naruto, você consegue ser mais nojento do que isso? — a ruiva reclamou.

— É para mais tarde, quando as minhas unhas não saciarem mais o meu estômago. EU NÃO TENHO ONDE MORAR! Que parte dessa sentença você não entendeu? Nada mais importa! Higiene, conforto, comodidade, saúde... Quando não se tem onde cair morto, nada mais importa. — disse, pensativo.

— Sakura, pelo amor de Deus, dê banho e um lugar para esse infeliz dormir! — ela me diz.

— Hahaha. — só rindo mesmo — Você é mesmo uma graça, Karin.

— Estou falando sério! Eu não tenho como abrigar ele no meu apartamento — ela diz — Já tenho um homem na minha casa.

— Eu também tenho um homem na minha! — achei que deveria lembra-la daquele detalhe.

— Mas você tem um sofá enorme! Afinal, você comprou uma cama de casal para você e seu marido dormirem juntos, não foi? Pelo amor de deus, diz que você comprou uma cama de casal para dormir com o Sasuke! — ela insiste.

— Cê bebeu? É claro que não! Eu durmo no meu quarto, e ele no sofá.

— Pera só um instantinho que eu já volto. — ela diz. Então, a vemos ir até a parede do restaurante, e bater a cabeça contra ela três vezes, e voltar com a testa vermelha — Ok, repete de novo, por que ouvi mal.

 

Revirei os olhos.

 

— Que parte do: eu odeio o Sasuke!, você não entendeu? — lhe disse.

 

Aí, de repente, ela se levanta e vem avançando na minha direção, com os punhos cerrados, pronta para me encher de murros, mas o Naruto, que estava entre nós duas, a segurou. Mas foi graças ao seu forte perfume de carniça que ela se afastou.

 

— SAKURA, SUA FILHA DA PUTA SORTUDA DO CARALHO! VOCÊ AINDA NÃO TREPOU NAQUELA COISA LINDA, GOSTOSA, SEXY, TESUDA E DELICIOSA DO SASUKE POR QUE, SUA RETARDADA, MONGOLÓIDE DOS INFERNOS? — ela parecia genuinamente furiosa comigo.

— Vai à merda, vai, Karin! Assim, você faz parecer que eu abro as pernas para qualquer macho que aparece na minha frente! Eu não sou esse tipo de mulher, ok? Já me basta o Itachi querer jogar uma lorota dessas na minha cara, como se ele soubesse de tudo sobre a minha pessoa, sobre a minha vida! Tsc. — agora, quem estava indignada era eu.

 

Mas seja como for, ela suspirou, para se conter. Até passou as mãos no cabelo, e sorriu.

 

— Sakura, minha amiga linda do coração, — agora, ela parecia mais calma — o Sasuke não é um macho qualquer, querida. O Sasuke, veja bem... Preste atenção, ok? O Sasuke é o seu marido! Entendeu? Ele é seu marido por que vocês se casaram. ELE É A PORRA DO SEU MARIDOOOOOO! — finalizou aos berros, numa bela encenação, atirando os braços para todos os lados, dramaticamente, fazendo até mesmo o Shikabundo bater palmas — Olha, escuta, lembra daquele seu lema? Foda-se tudo? — ela continuou com o seu discurso — Então, continue colocando ele em prática. Foda-se o Itachi. Foda-se o Naruto.

— Ei!

— Foda-se o mundo. Mas, principalmente, FODA O SASUKE! — ela concluiu — Aliás, há maneira melhor de se vingar do cabeludo do que trepando com o irmãozinho dele?

— Não quando ele, teoricamente, já pensa que eu faço isso. — ponderei.

— Então, vai lá e dá para ele, minha amiga. — me ignorou — E seja feliz com aquele pau enorme, grosso e gostoso que o Sasuke deve ter. Você é jovem, linda, livre, dona do próprio nariz! Aproveite a vida! Se eu tivesse no seu lugar, eu faria isso! — e disso eu não tinha dúvidas. Ninguém naquela mesa tinha.

— Olha, não é por nada não, mas o meu pau é muito gostoso, sabia, Sakura? — o idiota fedorento ainda me diz.

— Ok, como não gosto de ouvir falar dos pênis alheios, acho que vou me indo. — Shikabundo diz, se levantando — Vejo vocês no escritório. — e então, lá se foi.

— Você não tem nada a perder mesmo. Só tem a ganhar! — ela me diz — E ainda pode conseguir fazer com que o cara fique caidinho por você, e quem sabe, até perdoar a sua dívida para com ele.

— Ah, não! Péssima ideia, Sakura. — Naruto me alerta.

— Na verdade, eu até gostei... Quero dizer, sei que essa era a ideia, desde o início... Mas acho que agora isso faz mais sentido. Ainda mais depois do que o Itachi fez comigo. — refleti.

— Exatamente! — ela concorda comigo — Seja feliz, e abra as pernas para ele!

— Não faça isso! — ele discordava.

— Não tenho nada a perder mesmo. — pensei alto com os meus botões.

— Foi o que eu disse, não foi?! — ela concorda comigo.

— Você tem uma dignidade linda, Sakura. Mantenha ela intacta! — ele insiste.

— Tsc. Não dê ouvidos a um fedorento, cheirador de oréganos, Sakura. — ela me disse.

 

Ele mostrou o dedo do meio a ela, e eu fiquei pensando sobre aquilo. Se por um lado eu sentia que a ruiva tinha razão, e eu precisava mesmo voltar ao meu antigo eu, por outro, ao mesmo tempo eu me sentia na corda bamba, ainda mais agora que eu já tinha conseguido tudo o que eu queria. Quero dizer, já havia conseguido o casamento, e os documentos para ficar. Agora só faltava divórcio para me considerar livre de toda aquela confusão. O pior, que era o casamento, e o confronto com a família, já passou. Então, afinal de contas, o que mais poderia acontecer?


Notas Finais


Algum comentário?
Não se acostumem mal, ok? T__T consegui finalizar esse capítulo rapidinho, por que estava com o fim de semana livre, sem trabalhos para fazer! T_T


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...