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História Contradições - Discurso


Escrita por: amanur

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 7 - Discurso


Contradições

by Amanur

...

Capítulo 7

...

 

Quando eu era pequena, eu sonhava em ser astronauta. Não por que eu pudesse ver o mundo lá de cima, ou por que ficaria famosa como uma das poucas mulheres a ter viajado para o espaço, mas por que eu queria flutuar no ar, leve como uma pluma. Depois, pensei em ser uma bailarina, por que me encantava por como elas pareciam também flutuar sobre seus pequenos pés, graciosas e dançarinas. Alguns anos depois, meus sonhos mudaram novamente, e eu decidi que seria um piloto de avião, por que queria voar. De certa forma, acho que meus sonhos apenas foram evoluindo, de um para o outro, na medida em que fui crescendo, e percebendo que o que eu queria era meio improvável. Mas por algum motivo, eu tinha essa fixação por leveza, delicadeza e sutileza, todas essas qualidades femininas que eu nunca tive.  Na verdade, eu nunca havia contado nada sobre isso para os meus pais, porque achariam que eu estava ficando louca, já que sempre fui uma menina grossa e estupida como só um jegue conseguiria o ser.

 

Mas ali, naquela mesa, cercada por toda aquela gente estranha, eu tentava resgatar essa doçura oculta que eu tinha em mim, enquanto ouvia o Sasuke vomitar aquele discurso barato, segurando uma taça de champanhe para o alto naquela encenação ridícula que fazia.

 

—... Por que a Sakura é a mulher dos meus sonhos, a pessoa com quem quero passar o resto dos meus dias, ou até que os dez mil nos separem! — todos se entreolharam sem entender e ele riu — Hahahaha, é uma piadinha nossa, não é, benzinho? Mas como eu ia dizendo, é com muito orgulho que estou aqui, anunciando que hoje oficializo nosso comprometimento. Teremos uma vida cheia de amor, respeito, carinho, dedicação... Até que os dez mil nos separem. — dei uma cotovelada nas costelas dele — Enfim, como eu ia dizendo, ainda me lembro como conheci a Sakura, me lembro como se tivesse sido... Vejam só, há duas semanas atrás! — eu sorri, como se aquilo não fosse verdade — Quando penso naquele dia, só consigo concluir que nosso encontro foi obra do diabo, quero dizer, do danadinho do destino! — e o desgraçado sorriu — Aquele foi um encontro pra lá de inusitado, não foi mesmo, querida? Eu estava praticando a minha corrida matutina que sempre faço nos fins de semana. E como sempre, eu corria pela calçada para não atrapalhar o trânsito nas ruas, como qualquer pessoa consciente deve fazer, por que, vocês sabem, eu sou um cidadão responsável pelas minhas ações e tal, e eis que para a minha surpresa, ao virar numa esquina, onde as pessoas que estão do outro lado não têm visibilidade alguma, onde se é prudente não parar, — revirei os olhos, já sabendo onde aquilo tudo ia dar — estava lá, minha pequena e graciosa Sakura, bem na esquina, encolhidinha, amarrando seus sapatinhos, pequenininha, picurrucha, meiguinha, atrapalhando o meu caminho. Querida! Ainda bem que ela é assim, essa criaturinha meiga, delicada e sem noção, mas com um coração enorme e dez mil no bolso. — e sorriu — Caso contrário, teríamos passado um pelo outro como dois estranhos, e nunca mais nos visto, para minha felicidade. Digo, infelicidade! Pois, como todos podem imaginar o que deve ter acontecido, eu caí sobre seu pequeno e frágil corpinho. Mas como um bom e generoso cidadão que sou, a levei para o hospital, e assim, nos afeiçoamos a cada segundo que se passava, não foi mesmo, docinho de mel? Naquele hospital, tivemos uma conversa muito profunda e reveladora, na qual foi extremamente decisivo para o nosso relacionamento. No apaixonamos! Foi amor à primeira tombada! E eu amo essa mulher, como amo dez mil pratas! É um amor incondicional, único e verdadeiro! Viva ao número dez mil. Enfim, e agora, se me permitem, quero nomear esta incrível mulher como minha noiva, digo, oficialmente. — e então, o idiota tira do bolso uma pequena caixa quadrada, forrada com cetim vermelho. Muito bonita. Ele faz um pouco de suspense, olhando para aquela porcaria, enquanto eu engolia a seco. E a abre, revelando duas alianças de noivado. Revela duas lindas argolas feitas com aquele arame de prender saco de pão. Sorridente como um palhaço, ele tira um delas, puxa a minha mão (aquela que eu obstinadamente me recusava a lhe entregar a todo custo, mas que ele acaba conseguindo tomá-la de mim) e enfia no meu dedo aquela porcaria — Querida, seremos felizes para sempre, até que os dez mil durar. 

 

Só a Karin bateu palmas. E acho que foi só por que ela estava bêbada.

 

— Aliança de arame? — indaguei emburrada, entre os dentes, para que ninguém me ouvisse xingar o cretino — Essa porcaria vai me dar alergia!

— Eu ia trazer a aliança do meu noivado anterior, mas aí lembrei que meus pais conhecem aquilo, então, isso foi tudo o que me restou. — deu de ombros.

 

Revirei os olhos.

 

— Ai, gente, isso é lindo! É muito romântico! — Karin resmunga, tão bêbada que nem sabia para onde olhar — Sakura, Sakura, sua vez de fazer o brinde! — ela ainda berra, toda empolgada, olhando para o Naruto, que lhe deu o dedo do meio.

— Nah, tudo bem, essa baboseira toda já foi o suficiente... — resmunguei.

 

Mas para quê fui dizer aquilo, pai do céu?

É claro que a mãe dele se ofendeu, e me olhou torto com nojo e com desgosto, como se eu fosse uma aberração da natureza.

 

— Mas como assim, baboseira? Quem você pensa que é para tratar meu rico filhote desse jeito, menina? Mas é muita falta de amor não querer homenagear seu noivo nem na comemoração de noivado! Pobre do meu filho que foi escolher uma criatura como você!

 

Para um rico, ele até que se fingia de pobre muito bem.

 

— Anda logo, e faça ela calar! — o Sasuke murmurou no meu ouvido, me cutucando.

 

Minha vida já era complicada o bastante, e eu ainda tinha que aturar aquilo? Aliás, eu também não entendo por que as pessoas gostam dessa bobagem toda de homenagens. Já não basta toda a comemoração, ainda somos obrigados a amaciar o ego dos outros? Usem amaciante! Como se não fossem capazes de se elogiar (leia-se: gabar!) o bastante por si mesmos, os outros tinham que fazer por eles. Aprecia até que se tratava de uma espécie de show de exibições que as pessoas fazem, para ver quem é o mais elogiado. Ou pior, para mostrar aos outros quem é o melhor, por que o mais elogiado, automaticamente, vai para a lista de melhor da roda. Como se a palavra daquela pessoa que elogia fosse a prova final de todos os seus bons atos, afinal, não se fala coisas ruins em homenagens, porque magicamente elas desaparecem. 

 

E o pior é que eu era péssima em inventar coisas.

 

Suspirei. Peguei a taça do Naruto, por que a minha já havia sido esvaziada há muito, com todo aquele discurso emocionante barato que o Sasuke havia feito.

 

— Bom, o que dizer de uma pessoa como o Sasuke? — indaguei — O que dizer? Hum? Alguém sabe? — e então, fiquei encarando aquela gente com a maior cara de bunda (digo, eu estava com cara de bunda) que me olhavam com curiosidade, sem entender que eu realmente estava falando a sério, que eu não sabia o que dizer. Então, resolvi falar qualquer coisa — O Sasuke é um anjo que caiu do céu. Que caiu do céu, e veio correndo pela calçada para me atropelar, sem olhar por onde anda. É essa criatura bondosa e cheia de amor no coração, completamente altruísta, que me levou ao hospital, e quase me matou asfixiada pela sua divina axila celestialmente fedida, mas que salvou a minha vida. Ele é essa pessoa altruísta, sim, esse cidadão do bem, que me ajudou sem nada em troca, tanto que recusou os dez mil que eu lhe ofereci... — e ele me cutucou, sorridente — como agradecimento para me levar ao hospital, é claro — é claro que as coisas não foram bem assim — E instantaneamente eu pensei, nossa!, tenho que casar com este homem! Por que não é todo dia que se encontra uma alma caridosa como a dele. Não é todo dia que se encontra um homem disposto a ajudar o próximo, sem nada em troca. O Sasuke tomou meu coração, na primeira vez que enfiei as mãos nos bolsos! Foi um choque assim, sensacional, eu estava lá, ele estava lá, os dez mil apareceram, e pronto. Como num passe de mágica. Então, agora, eu quero lhes agradecer por estarem aqui, dividindo nossa felicidade, por comemorar conosco a nossa união. Somos como duas pombas rolas, leves e apaixonadas, que se encontraram por obra do destino e se uniram, e assim permaneceremos até que os dez mil se acabem. Amém.

 

Sentei, aliviada por ter acabado com aquela tortuosa baboseira, mas bastante ciente de que meu discurso foi tão podre quanto o dele.

 

E só a Karin bateu palmas.

 

— Pomba rola? — Sasuke resmunga ao pé do meu ouvido, e dei de ombros. Era melhor do que o arame de saco de pão.

 

E pior de tudo não era isso, eram os olhares que o Itachi lançava para o seu irmão, num misto de sarcasmo, raiva, deboche e mais um monte de coisas inexplicáveis. E ele olhava para o irmão, e olhava para mim, e voltava a olhar para o irmão, e voltava a olhar para mim. Enchi minha taça com mais champanhe, prevendo que aquilo não ia acabar bem.

 

— Então, Sasuke, há quanto tempo vocês se conhecem? — Itachi perguntou, relativamente interessado em saber alguma coisa. E eu engoli a seco, por que o Itachi nunca está interessado em saber nada.

 — Nos conhecemos há três anos... — o idiota responde, colocando o braço em minhas costas, sorridente.

 — O que ele quer dizer é que nos conhecemos há dez meses, — interferi — mas é como se fossem três anos, não é isso, querido? Afinal, como você bem sabe, Itachi, vim para cá, passar um ano de intercâmbio... — e cutuquei o idiota do Sasuke.

 

De repente, me arrependi de não ter marcado outro encontro com o idiota para trocarmos uma lista de coisas sobre nós mesmos, para não termos que passar por esse tipo de sufoco vergonhoso.

 

— Exatamente por isso que eu perguntei, querida Sakura. — Itachi murmurou — Sei que está aqui há pouco menos de um ano, e achei muito interessante saber que você já vai casar com meu irmão, tendo-o conhecido há tão pouco tempo.

 

Engoli a seco, outra vez.

 

— Na verdade, eu e a Sakura já nos conhecíamos há mais tempo. Nos conhecemos mesmo pela internet, não foi, querida. Há três anos? Então, quando ela veio para cá, foi que pudemos aprofundar nossas raízes. — bola no gol para o Sasuke, por conseguir bolar aquela ideia. E sorri, concordando com tudinho.

— Mas e a história do hospital? — o retardado do Naruto lembrou. E o cretino fez isso de propósito. E todos olharam para nós, curiosos.

— Então, — Sasuke se adiantou — ela quis fazer surpresa para mim, e não disse que estava vindo, e, por acaso, obra do destino, aconteceu aquele encontro inusitado, e foi no hospital que conversamos e percebi que ela era ela, e ponto final.

— É isso mesmo, ponto final. — eu resmunguei fuzilando o loiro.

— Sabe o que está faltando? — Itachi disse, como se ainda não tivesse desistido de suas desconfianças — Do beijo dos noivos, após o brinde.

— Beijo? — eu, o Sasuke e o Naruto indagamos ao mesmo tempo.

— É. — Itachi respondeu.

— É! — e Karin concordou.

 

Eu queria pular no pescoço dos dois.

Ainda mais depois de ver a Karin sacando da bolsa a sua câmera. E não era nem uma câmera fotográfica, era uma câmera filmográfica mesmo.

 

E para completar o cenário de catástrofe em que aquele noivado havia se tornado, a mãe deles resmungou alguma coisa sobre não querer ver aquilo, e ainda virou o rosto para o outro lado. Junto com o Naruto.

 

Então, muito teatralmente, Sasuke se levantou de sua cadeira, estendeu a mão para que eu a pegasse para me levantar. Eu ignorei aquela mão, me levantei, virei meu corpo de frente para ele, mas o rosto virado para o lado.

 

— Querida, você tem que virar seu lindo e encantador rostinho para mim, para que eu possa tascar um beijo nessa sua boquinha linda. — ele disse, em tom sarcástico. O idiota devia estar adorando aquilo mesmo.

— Sabe o que é, querido? Eu tenho vergonha de fazer isso em publico. Sou uma menina muito acanhada. — eu disse, entre os dentes — E tenho medo de que você me dê urticárias! — resmunguei baixei, só para ele ouvir.

— Bobinha, estamos entre amigos e família. Não precisa se acanhar. — ele argumentou, beliscando minha bochecha, como se eu fosse uma criança.

— É Sakura, — a Karin se meteu, com sua câmera nas mãos, prontinha para gravar aquilo — É só um beijinho.

 

Morra, desgraçada!

Suspirei. Itachi continuava a nos olhar, intrigado, desconfiado, insinuante e desafiador.

Pensei rapidamente com meus botões. Depois de todo o sufoco, eu não poderia dar para trás agora que tinha pagado por todo aquele papelão na frente do meu chefe, e dos pais dele. Ainda mais depois que consegui levá-lo para a minha cama! E isso soava tão maravilhosamente bem em meus ouvidos, que parecia música erudita. Eu tinha que continuar com aquela farsa até o final, ou até que nos desmascarem.

 

Suspirei outra vez. Virei o rosto de frente para o Sasuke, e fechei os olhos.

Então, devagarinho, senti que o Sasuke se aproximava até encostar seus lábios nos meus.

Seus lábios foram surpreendentemente macios e suaves. E o que era para ter sido apenas um selinho, se transformou num limpa ralo.

 

O diabo beijava tão bem, ou até melhor, que o irmão. Me agarrou pela nuca com uma mão, e a outra segurava minha cintura. Eu fiquei meio atordoada, sem saber se deveria retribuir aquela audácia daquele cretino, ou se eu deveria sair correndo, fugindo para bem longe enquanto sentia aquela estranha sensação de queimação no corpo. O que aquele filho da mãe estava fazendo comigo? E a raiva que eu tinha dele, onde ele escondeu?

 

Mas como se lesse meus pensamentos, de repente, ele descolou seus lábios dos meus, me olhando nos olhos com aquela expressão super séria.

 

Por que ele estava me olhando daquele jeito?

Desviei o olhar. E percebi que a platéia parecia meio estranha a nossa volta. A Karin estava com o queixo caído, Naruto cuspia fumaça pelas narinas, e Itachi sorria de ponta a ponta, satisfeito demais para o meu gosto.

 

Aquilo não parecia muito correto. Então, sem dizer nada, eu apenas fui às pressas ao toalete feminino, ao fundo do salão. Fechei a porta, e me apoiei sobre a pia. Abri a torneira para jogar um pouco de água fria no rosto, mas me lembrei que estava com a cara toda cheia de reboco, e iria estragar toda a maquiagem que a Karin havia feito em mim. Mas lá estava eu, de frente para o espelho, me perguntando por que eu precisava me olhar quando algo não parecia certo. Talvez por que precisasse me certificar de que ainda era eu mesma em posse daquele corpo, me certificar de que eu ainda era a mesma de sempre e nada havia mudado.

 

De repente, a Karin entra no banheiro.

 

— Ual. — ela apenas me diz.

— Que desculpa podemos inventar para acabar de vez com essa noite? — indaguei, desesperada para ir embora.

— Por quê? Está tão divertido!

— Divertido vai ser quando eu enfiar esse sabonete na tua garganta, e te ver arrotar bolinhas de sabão.

— E que beijaço foi aquele? Houve até mão boba na traseira! Ele é tão bom quanto o Itachi?

— Ele passou a mão em mim? Filho da puta!

— Não, queridinha, foi você quem passou a mão nele!

— Mentira!

— Estou começando a achar que ele é mais interessante que o Itachi. — ela resmunga, pensativa.

— Karin, foco! Eu quero ir embora daqui!

— Tá, tá... — disse impaciente — Eu penso em alguma coisa.

 

Voltamos para as mesas (eu fui arrastando os pés em passos de tartaruga, protelando ao máximo minha chegada ao destino, na esperança de que todos eles se cansassem de me esperar e fossem embora — o que infelizmente não aconteceu), mas antes de sentarmos, o Itachi me chamou a atenção.

 

— Sakura, por que não se senta aqui, ao meu lado? Deixe-me parabeniza-la pela sua noite. — ele disse, apontando para a cadeira que era da Karin, ao seu lado.

 

Bom, eu sentei no lugar dela, enquanto a Karin sentou-se no meu.

Então, Itachi pegou em minhas mãos, por baixo da mesa, enquanto sorria.

 

— Estou mesmo feliz que tenhas conseguido o que queria. Formar uma família é algo muito importante para a vida de uma pessoa. É se estabelecer como individuo, é amadurecer, — e o engraçado daquele discurso que ele estava me dando, era que no momento do “amadurecer”, eu pude sentir o quão maduro estava o membro dele, dentro de suas calças apertadas, por que ele puxou minha mão até lá, como havia prometido — é o crescimento individual que cada um de vocês terão. Afinal, para essa nova família que surgirá da união de vocês, nascerá o esforço mutuo de cada um, trabalhando em conjunto para que tudo dê certo.

— Claro. Viva o amadurecimento.

— Sim. — e ele piscou o olhinho para mim.

 

O mundo estava perdido mesmo. E descobri que o Itachi era um sádico.

Mas é claro que o show de horrores não tinha acabado por ali ainda. Havia mais. Ah, se havia!

Enquanto a Karin se derretia pelo Sasuke, a mãe dele me fuzilava como se pudesse ver com aqueles olhos de águia o que se passava por baixo daquela toalha de mesa.

 

— E seus pais, menina? Por que não estão aqui, mas esse bando de meninos, sim. — ela indagou, toda cheia de presunção.

— Meus pais não puderam vir. E meu nome não é menina... — resmunguei.

— Ah, mas eles virão para a festa de casamento! — Karin disse, assim, como quem não quer nada, mas como quem conseguiria uma porrada na cara!

— Não vão, não! — eu disse.

— Claro que sim, bobinha, já mandei os convites de casamento para eles! — e ela sorri.

 

A cada segundo que passava, tinha mais vontade de chutar aquela bunda! Na verdade, eu tinha vontade de enterrar a cara dela dentro daquele prato de comida que serviam na mesa ao lado.

 

— Eu não confio em moças que não trazem os pais para sua comemoração de noivado, nem os convida para sua festa de casamento. É uma oportunidade única... Embora eu duvide muito que seja para você. — a mãe dele disse, fazendo cara feia.

— Assim como foi para o seu rico filhote, não é mesmo? — indaguei, venenosa. E eu estava nem aí para o que ela pensasse de mim.

 

Ela estreitou os olhos, e eu olhei para a Karin, esperando que ela inventasse algo para terminar aquela noite, mas a idiota estava bem entretida, conversando com o Sasuke.

 

A gente bem sabe daquele ditado: se quer algo bem feito, faça você mesmo.

Então, murmurei um “com licença, preciso ir ao banheiro retocar a maquiagem”, mas ao invés disso, foi até o bar do restaurante, e falei com um dos garçons.

 

Em seguida, voltei para mesa e, sorridente, escorracei a Karin do meu lugar, que ainda relutou em continuar aquele papinho sobre o seu decote com o Sasuke. Não sei por que, mas aquilo estava me dando nos nervos também.

 

— E o Suigetsu, querida, como vai? — indaguei.

 

Ela revirou os olhos.

— Argh, sua estraga prazeres. Ele está bem! — e aí, ela se virou para ele — Suigetsu é meu avô, coitadinho, está tão velhinho que já precisa usar fraudas.

 

E ai, quem revirou os olhos fui eu.

Sentei, e fiquei de olho no meu relógio, enquanto a mãe do Sasuke continuava a se lamentar para o marido a falta de sorte do filho, enquanto o pai deles continuava a sorrir para todos os lados. Naruto caiu de cabeça sobre a mesa, e eu não sabia dizer se estava dormindo ou se simplesmente estava em estado de negação. Eu queria poder fazer como ele, mas algo maior estava prestes a acontecer, e eu precisava ficar atenta.  Até por que descobri que o Itachi era mais sem noção do que aparentava, mascarado com toda aquela seriedade sexy que mantinha no rosto. Ele não parava de me cutucar por baixo da mesa, com seus pés. E o pior é que eu me sentia tentada, e deslizava as minhas pernas entre as pernas dele. Mas o estranho é que quando eu ia subir um pouco mais, ele se esquivava. E então, comecei a olhar para ele, sem entender, ele me olhava do mesmo jeito.

 

— Que saco, Sakura, pare de coçar minhas pernas! — a Karin resmungou.

— E por que você está me chutando, caralho? — o Sasuke resmungou para o irmão.

 

Eu sorri, e o Itachi resmungou uma desculpa esfarrapada de que estava estirando as pernas.

Pelo menos, ninguém parecia ter desconfiado de nada. Não entendo por que as pessoas ainda têm que se sentarem todos juntos, amontoados, em restaurantes. Eu havia dito para a Karin escolher mesas bem afastadas, e ela fez isso com maestria, nos isolando num canto do restaurante, mas os outros fregueses foram chegando e se amontoando a nossa volta, sendo que havia um monte de mesas vagas do outro lado, e agora nos olhavam com curiosidade, como se fôssemos parte de algum show do estabelecimento. É como se tivessem medo de ficarem sozinhos, e isso era irritante para a minha preciosa individualidade.

 

Pelo menos, o ato final daquela peça ridícula estava para começar.

O garçom com quem eu havia falado apareceu ao lado do Itachi.

 

— O senhor é o Itachi Uchiha? — indagou ao cabeludo.

— Sim...

— Há alguém no telefone, pedindo para falar com o senhor urgentemente. Diz que se trata do seu escritório.

 

Então, solenemente, Itachi o acompanha até o balcão, onde se encontra o telefone. Eu me virei para observá-lo. Itachi se pendurou no gancho, ouvindo atentamente ao que o outro dizia no outro lado da linha. De repente, fica pálido, arregala os olhos, concorda algumas vezes com a cabeça, e desliga. E, então, vem correndo até a mesa.

 

— Me desculpe, preciso ir. Parece que o prédio pegou fogo no andar de cima ao nosso! Karin, Naruto, Shikamaru, vocês venham comigo! Precisamos recolher os documentos mais importantes que temos, para que não se percam no incêndio!

 

A Karin me olhou com aquela cara de bunda, e eu sorri. O Shikamaru, se levantou, mas foi andando em direção às portas do fundo. Naruto, sim, ficou alarmado, e saiu correndo com o Itachi.

 

Os pais dele também se levantaram, preocupados.

 

— Mas como assim, você vai entrar num prédio que está em chamas? Ficou louco, meu filho?! Deixe que os bombeiros façam isso! — a mulher dizia — Sasuke, faça alguma coisa.

 

Ele até fez menção em se levantar, mas segurei seu braço, por baixo da mesa, fazendo não com a cabeça, sutilmente. Ele me olhou desconfiado, mas deu de ombros. Provavelmente por que não se importava com nada que tivesse relação ao irmão, presumi.

 

— Os bombeiros não sabem o que é importante e o que não é, mãe. Não se preocupe, disseram que o fogo já está sob controle, mas tenho que ir, por precaução.

— Por precaução, você deve ficar! — a velha insistia.

— Eu concordo com o Itachi! Temos documentos muito importantes nas gavetas. — achei prudente reforçar o que ele dizia.

— Então, por que você não vai lá, querida? — ela sugeriu, maliciosamente, é claro.

— Pena que é minha noite de noivado, e você sabe, isso só acontece uma vez na vida. Ou duas! — olhei para o Sasuke, que me mostrou seu dedo do meio.

 

Pena mesmo é que ninguém me ouviu. Todos eles saíram às pressas do restaurante, me deixando ali. Não que eu estivesse reclamando, mas aquilo não parecia muito justo. Eu estava noiva, mesmo que de mentirinha, mas eles não sabiam disso. E isso meio que me fez me sentia um tanto solitária...

 

Me espreguicei, despretensiosamente, me levantei da mesa, peguei minha bolsa, e sorri. Que se dane aquilo tudo. E Sasuke veio caminhando logo atrás de mim, coçando o saco, quando fomos barrados na porta de saída por um dos garçons.

 

— Senhores, a conta. — ele diz, estendendo uma caderneta de couro, bem bonita.

 

Bando de filhos da puta!


Notas Finais


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