Naruto não entendia o que acontecia, há dias o Uchiha o ignorava, já havia tentado de tudo para encontrá-lo, mas cada vez que chegava aos locais em que sabia que poderia estar, o moreno já havia partido, como se estivesse se escondendo dele e isso o deixava frustrado, seu lobo por algum motivo grunhindo e arranhando dentro de si.
- Está me desesperando, Naruto-kun. – a doce voz da ômega quebrou o silêncio, os azuis olhos do maior a encarando – O que aconteceu? Ainda não o encontrou?
- Não, o bastardo parece estar me evitando. – respondeu com irritação.
- Está preocupado. – afirmou a menor, os olhos do alfa se abriram em surpresa e este negou.
- Claro que não. – negou.
- Sim, está. Já roeu todas suas unhas. – afirmou a pequena, apontando para as unhas do maior, normalmente perfeitas e bem cortadas, agora completamente roídas.
- Oh, pela Deusa, é verdade. – exclamou estupefato, por não ter percebido aquele detalhe, tirando os dedos da boca – Estúpido ômega, quando o encontrar vou matá-lo por me fazer voltar a esse costume. Do que está rindo?
- Nada, é só que... Naruto-kun, nunca havia te visto tão preocupado assim pela ausência de alguém. Gosta dele? – perguntou a garota, ainda sorrindo, o maior paralisou, chocado pela pergunta.
- É claro que não. Como posso gostar de um ômega tão... grosseiro e mal educado? – um sorriso de lado surgiu no rosto da garota.
- É o completo contrário a você, não é? – o maior assentiu – Já ouviu falar que os opostos se atraem?
- Pois a mim o único que ele faz é irritar. – garantiu.
- Uzumaki, tem um ômega te procurando. – um de seus colegas de sala o avisou e ao olhar para trás e fitá-lo, seu coração acelerou e inconscientemente ajeitou os cabelos, para em seguida levantar-se, ajeitando a saia e tirando uma gargalhada de sua amiga.
- Sim, claro, apenas irrita. – falou com sarcasmo a garota, recebendo um olhar de reprovação do maior, que não disse nada, apenas dirigiu-se até a porta, onde o Uchiha o aguardava.
- Vejo que finalmente resolveu aparecer. – cruzou os braços à frente de seu corpo – Onde esteve todo esse tempo?
- Não importa, isso não te incumbe. – a resposta irritou ao alfa, que encarando-o, o fuzilou com o olhar.
- Não me incumbe? É claro que incumbe. É meu professor, esqueceu? O mínimo que deveria ter feito era me avisar que já não continuaríamos com as aulas. – o acusou, o menor suspirou.
- Eu sei, desculpe. Ainda deseja continuar as aulas? – o ômega perguntou, para a surpresa do alfa, que não sabia o que dizer.
- Eu... é... – indeciso, olhou para trás, vendo à Hinata, que balançava a cabeça afirmativamente o incentivando a aceitar – sim. – sussurrou por último.
- Então... nos vemos mais tarde. No mesmo horário. – e sem já dizer nada, o moreno girou-se, deixando para trás um loiro ainda paralisado.
(...)
E lá estavam novamente, o loiro vestido com um short apertado preto e uma blusinha lilás, os longos cabelos presos em um rabo de cavalo alto, seu rosto pingando suor, enquanto o moreno, vestindo uma bermuda preta e uma regata vermelha, o encarava do chão, com uma expressão surpresa, após ter sido pela primeira vez desde que haviam começado as aulas, derrubado.
- Muito bom dobe, parece que está melhorando, parece até animado. – o loiro sorriu com malícia.
- É a irritação acumulada de dias, sabe como é, um certo ômega andou me ignorando. – respondeu, oferecendo uma mão para ajudar o outro a levantar, este que sorriu de lado pela resposta, aceitando a mão oferecida.
- Pois parece que esse ômega está te fazendo bem, está até mais esperto, diria até que sua cara já nem parece tão tonta. – ao contrário de se
irritar, o maior apenas sorriu como seu contrário, entrando no jogo.
- Pode ser, mas ele a mim ainda parece uma maldita rúcula. – Sasuke não pôde evitar, acabou rindo, surpreendendo o loiro, que paralisou pelo som da risada alheia, o sorriso sincero o pegando de surpresa, fazendo seu rosto corar, enquanto sentia seu coração bater mais forte, não entendia o que estava lhe acontecendo.
(...)
Quando saíram estava um pouco frio, por isso o loiro pôs um vestidinho azul bebê florido e um casaquinho branco, com meia calça e sapatilhas dessa última cor, enquanto o moreno usava uma simples calça jeans negra, camiseta também dessa cor e casaco xadrez azul e preto, com tênis Converse marinho, seus cabelos ainda bagunçados e molhados.
Após combinarem iniciar as aulas de tutoria, andaram calados cerca de trinta minutos, até a casa do loiro, um sobrado germinado cor branco, de dois andares, enormes portas de vidro no andar de cima e uma pequena escadaria na frente, junto ao pequeno jardim. O moreno sorriu ao ver o local, não era grande como a casa de seus pais, mas sem dúvida parecia muito mais aconchegante, podia perceber sem nem precisar entrar.
Era hora do almoço, por isso toda a família do Uzumaki estava em casa, ao redor da mesa, aguardando o mais novo de seus integrantes, e por isso surpreenderam-se quando Naruto chegou, com um ômega.
- Tadaima! – anunciou quase em um grito o caçula da família – Okaa-san, otou-san, Dei-nii... – cumprimentou aos maiores, que olhavam intrigados ao pequeno moreno, que já sentia-se desconfortável pela situação.
- Ah... okaeri, Naru-chan. – cumprimentou sua mãe com um sorriso, após perceber o que estava fazendo e o desconcerto do menino desconhecido – Vejo que trouxe visitas.
- Ah, sim... esse é o Sasuke, ele é da minha escola, vai me dar aulas de tutoria. – falou à sua família, surpreendendo-os ainda mais, não pelo menino dar aulas a seu filhote, e sim por este desejar tê-las. Naruto virou-se ao moreno – Teme, essa é minha okaa-san Kushina, meu otousan Minato e meu nii-san Deidara.
- É um prazer tê-lo conosco, Sasuke. – sorriu de forma doce a mulher da casa.
- O prazer é meu, Kushina-san. – o menor respondeu, fazendo uma pequena reverência. A mulher sorriu mais uma vez, observando os dois garotos lado a lado, pareciam o perfeito contraste do outro, mas algo muito dentro dela dizia, que talvez um fosse todo o necessário para completar ao outro.
(...)
- Em 1943 e 1944, no Japão houve diversas derrotas em diferentes partes do continente. No entanto... – seus olhos levantaram do caderno aberto para pousarem no rapaz à sua frente, o fazendo franzir as sobrancelhas em irritação e rasgar uma folha de caderno, amassando-a, para jogar no outro, que sobressaltou-se.
- O que houve? Por que fez isso? – perguntou alarmado, após ter sido tirado bruscamente de seu delicioso sono.
- Como o que houve? Está dormindo. Se não vai levar isso a sério, então vou embora. – reclamou o irritado moreno, juntando suas coisas e andando até a porta, até ser detido por uma mão segurando seu braço.
- Não teme, espera. Não foi minha intenção, eu só... acho isso muito chato, me dá sono. – o loiro coçou a cabeça por trás, desconcertado, era por isso que suas notas na escola eram tão ruins, quase sempre dormia enquanto os professores explicavam, mesmo estando na mesa da frente, mas ver o menor irritado, ameaçando ir embora fez que algo dentro de si se movesse, por algum motivo não queria que ele fosse – Prometo tentar prestar atenção, só... não vá embora. – o Uchiha suspirou.
- Deixemos pra amanhã, está bem? Eu também já estou cansado. – desfez-se discretamente do agarre alheio, colocando a mochila nas costas e saindo do quarto, deixando ao loiro sozinho e frustrado, sem entender porquê havia detestado tanto a partida alheia.
(...)
Naquela noite, sob a escassa luz das velas, pela falta de energia, o moreno passou acordado, estudando seus livros e planejando uma forma de tornar mais interessante as aulas para o alfa.
(...)
- Onde vamos? – perguntou o maior após o fim de suas aulas de defesa pessoal, sendo completamente ignorado pelo ômega, que apenas correu até a parada de ônibus, vendo o que desejava já estacionado.
- Não vem, dobe? – o loiro suspirou, antes de sair correndo também, não desejando ser deixado para trás.
(...)
- Confesso que foi a primeira vez que peguei um ônibus. – revelou o alfa, após terem descido do atulhado veículo, o menor sorriu de lado.
- Percebi pela sua cara de pavor.
- Não ria de mim teme, não era embaixo da sua saia que queriam enfiar a mão. – reclamou com as sobrancelhas franzidas.
- Claro que não... eu não uso saia. – falou o moreno em tom divertido, rindo pela expressão brava do outro, que no final acabou rindo também.
- E bem? Onde vamos? Estou curioso. – perguntou o loiro ao final.
- Pois se aguente, estamos quase chegando.
- Não fale assim no meio da rua, as pessoas podem entender outra coisa. – disse o loiro aflito.
- O que? Que quer cagar? – perguntou o menor em deboche, o rosto bronzeado alheio tornou-se vermelho.
- Argh! Como você é nojento.
- E você um fresco. – mas apesar das palavras de ambos, cada qual possuía um sorriso em seus lábios, pois por algum motivo sentiam-se a vontade na presença do contrário, como com ninguém antes.
(...)
- É a primeira vez que eu venho em um museu, sempre achei-os chatos. – confessou o alfa.
- Não são chatos. – defendeu o ômega – Olhe... vê todas essas fotos? São dos soldados falecidos na segunda guerra. – apontou as diversas fotos dispostas em uma parede enorme do museu – E aqui, nesse caderno, temos os nomes de cada um deles e suas assinaturas, ele é chamado de “Livro das Almas”, como o do Santuário Yasukuni. Olha... reconhece esse nome? – apontou o menor uma assinatura com o nome de Ashura Senju, Naruto o encarou boquiaberto ao fitar o nome de seu tataravô.
- Como...
- Eu pedi para que marcassem a página. Olha... logo abaixo tem a do meu tataravô, Indra Uchiha, eles eram do mesmo pelotão, morreram juntos, em um ataque americano. Pelo menos é o que está escrito. – o menor deu de ombros e o maior o encarou, sem entender porquê seu coração batia tão rápido.
(...)
Após ver todo o museu, enquanto o ômega lhe dizia tudo o que sabia sobre a Segunda Guerra, os dois adolescentes saíram do lugar, pegando um ônibus de volta, que os deixou próximo à casa do loiro.
- Bom... nos vemos amanhã. – disse o menor quando já estavam frente ao sobrado Uzumaki, o loiro assentiu nervoso, colocando a chave na porta, a abrindo, porém paralisando e mordendo o lábio inferior, para então suspirar e girar-se, vendo o moreno já se afastando, criando coragem para então andar a passos rápidos até ele.
- Sasuke... – o chamou, fazendo o menor se virar e arregalar os olhos ao sentir os lábios do mais velho em sua bochecha – Obrigado por tudo. – foi o último que disse, antes de correr para o aconchego de sua casa, deixando a um pequeno ômega paralisado em sua calçada, este que levou uma mão à própria bochecha, sem entender porquê seu coração estava tão acelerado.
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