História Contrato - Fillie - Reviravolta

Uma fila enorme se fazia presente na entrada da TigerHeat. Fiz um muxoxo ao imaginar o tempo que levaríamos para entrar, contudo nada iria atrapalhar minha empolgação. Eu não sei se foi realmente rápido ou se nossa conversa era tão fluida que mal vi o tempo passar e quando me dei conta já estávamos com as pulseiras nos braços, dentro da boate. A música era tão alta e imersiva que fazia as paredes vibrarem. A pista estava cheia de pessoas dançando como se não houvesse amanhã. 

– Vem! – Saddy gritou me puxando pela mão até o bar de led. – Dois last words por favor. – Pediu ao bartender. 

– Identidades, por favor. – Revirei os olhos e tirei meu rg falsificado de dentro do decote do vestido. Sadie também mostrou o dela. Aguardamos enquanto os drinks ficavam prontos e quando dispuseram as taças em nossa frente, ficaram vazias em segundos. 

Já com uma dose de praticamente álcool puro no corpo, eu e minha melhor amiga nos embrenhamos no meio da multidão e começamos a dançar. Duas músicas se foram até eu reconhecer Copycat logo nos primeiros segundos da batida sensual. 

(N/A: Deem play na música agora)

Mordisquei o lábio inferior pronta para fazer minha performance. Sink piscou para mim por compartilharmos da mesma ideia. Aproximamo-nos mais uma da outra e demos início a nossa dança. 

Don't be cautious, don't be kind

You committed, I'm your crime

Push my button anytime

You got your finger on the trigger, but your trigger finger's mine

Cantei a primeira estrofe fazendo uma arma com a mão encenando cada frase. A garota de olhos azuis fez gestos pela segunda estrofe, interagindo comigo. Nós duas amamos essa música. As luzes psicodélicas faziam o seu trabalho. Com a chegada do refrão, fechei os olhos ao balançar meu corpo no ritmo da melodia, sentindo cada batida guiar meus movimentos e céus, como senti falta dessa sensação de liberdade! Sorri com malícia ao sentir que estava sendo observada. Eu e Saddy sabemos dançar e sempre há pessoas nos olhando principalmente nesse tipo de dança.

Copycat trying to cop my manner

Watch your back when you can't watch mine

Copycat trying to cop my glamour

Why so sad, bunny, can't have mine?

Subi as mãos pelo pescoço devagar até chegar em meus cabelos e senti gotículas de suor se formando. Lambi os lábios e continuei com os movimentos insinuantes, rebolando nos momentos certos e me sentindo cada vez mais eufórica. Dedilhei as laterais do meu corpo envolvida na minha própria velocidade. Abri os olhos e ainda dançando arrisquei um olhar para cima, mais especificamente a parte do andar superior onde ficavam os camarotes, lugar em que tinham visão privilegiada da pista onde estávamos e sabia que era de lá que vinham os nossos maiores apreciadores. A reação química em meu sangue aumentou consideravelmente quando encontrei um par de olhos castanhos fixos em mim. Uma expressão ilegível adornava seu rosto. Ele possuía um copo de whisky em uma das mãos e sem quebrar o contato visual entornou o líquido do copo devagar. Luzes vermelhas iluminando suas pupilas. Minha garganta secou. 

Fiquei estática sem saber o que fazer. Saía correndo? Fingia demencia? Cavava um buraco no chão? Os milésimos de segundos em que divaguei foram o suficiente para que quando eu voltasse a olhar para o camarote conseguisse encontrar apenas a figura de Noah e os outros dois, que se mobilizaram para descer de onde estavam. 

– Sadie! Sadie! – Gritei por cima da música e ela parou de dançar, abrindo os olhos.

– O que foi? Você está bem? – Um vinco de preocupação apareceu em sua testa. 

– Preciso sair daqui. Merda, Finn está aqui, estou ferrada. – Ela arregalou os olhos vendo por cima dos meus ombros e eu simplesmente senti meu corpo inteiro gelar. 

– Acho que é tarde demais. – Falou mas eu não escutei, li seus lábios.

Ok, improviso. 

Virei-me encontrando quatro homens sendo um deles o que eu menos gostaria de encontrar. 

– O que está fazendo aqui? 

– Dançando, caso não tenha notado. E você está atrapalhando. – Respondi com desdém.

– Você vem comigo. – Deu um passo em minha direção e eu dei outro para trás, esbarrando na ruiva.

– Não mesmo! Se você tocar em mim eu chamo os seguranças. – Gritei.

– E o que os seguranças farão por você? – Questionou cínico como se esperasse que eu fosse dizer tal coisa.

– Te colocar para fora daqui? – Ele sorriu adorável; o próprio diabo.

– Esse lugar é meu. Eu quem coloco as pessoas para fora e não ao contrário. – Sua voz saiu tragada de cinismo por cima do som alto. Abri a boca para replicar só que eu não tinha o que dizer. Ele sorriu convencido pela terceira vez. Idiota! – Noah, leve-a para casa. Caleb, faça o mesmo com ela. – Indicou Sadie. – Gaten, vem comigo. 

– Eu odeio você! – Gritei quando deu as costas e fui ignorada com sucesso. 

Do lado de fora, segui Noah pisando duro. Eu estava furiosa. 

– Se pisar mais forte vai abrir um buraco no chão. 

– Vai se foder você também!

– Calma aí irritadinha, não tenho nada a ver com isso. E aliás, você quem estragou. 

– Estraguei o que? – Perguntei impaciente.

– A foda que eu iria ter em poucos minutos.

– Ah meu Deus. – Reclamei com cara de nojo. 

– Você que perguntou. – Defendeu-se, tirando uma chave do bolso e destravando o alarme de um carro caríssimo. Abri a porta do passageiro e me joguei no banco, emburrada, batendo a porta.

– Eu odeio esse cara! Quem ele pensa que é?! 

– Bem... 

– Eu não quero saber! 

– Mas você perguntou.

– Foi uma pergunta retórica, seu idiota. – Deu uma risada antes de ligar o motor e dar partida.