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História Contrato - Fillie - Máscaras caídas


Escrita por: fl0rence

Notas do Autor


Prometo que vou responder os comentários nesse cap

Capítulo 38 - Máscaras caídas


Corri tanto que fui parar em um lugar qual nunca estive. Chegou um ponto em que desisti de fugir e decidi enfrentá-lo. 

– O que eu fiz para você? – Esperei que diminuísse o ritmo até parar de frente para mim. – Por que me repudia tanto? – Questionei sentindo o meu corpo todo tremer. O que raios estava acontecendo comigo? 

– De onde tirou essa ideia, Millie? Eu não...

– VOCÊ VAI ME EXPULSAR! ME ARRASTOU PARA ESSE LUGAR, PRATICAMENTE ME COMPROU, EU NÃO TENHO NEM MAIS UMA CASA E DEPOIS DE TUDO VOCÊ VAI SIMPLESMENTE ME DESCARTAR! QUE PORRA EU TE FIZ, FINN?! – Esguelei, literalmente, com lágrimas e mais lágrimas escorrendo pelo meu pescoço e ensopando a minha blusa. 

– Mil...

– NÃO! Nem pense em começar com desculpas! Você está me ignorando desde o hospital e agora quer quebrar o acordo! Eu tomei um tiro e você sequer conseguiu olhar na minha cara e dizer um simples obrigado! Você é um puta escroto! 

– Eu nunca vou te agradecer pelo que fez, Millie. – Como ele era capaz?! 

– EU SALVEI A SUA VIDA! 

– VOCÊ PROMETEU QUE FICARIA NO CARRO! 

– VOCÊ PODIA ESTAR MORTO! 

– NÃO IMPORTA! EU QUASE PERDI VOCÊ PORRA! – Berrou angustiado com os olhos tragado de emoçōes.

– Q-Quê? – Meus lábios tremeram. E ele apertou os fios encaracolados entre os dedos comprimindo as pálpebras como se sentisse algum tipo de dor.

– Tem ideia de como eu me senti quando aquela bala atravessou o banco onde você estava meio segundo antes? Sabendo que se eu tivesse demorado o tempo de um ponteiro no relógio para perceber você estaria morta? Ou então quando eu te vi indo diretamente para o meio de um tiroteio e levando a porra de um tiro bem na minha frente?! 

– Eu tinha uma arma. E tudo sob controle. – Ao menos foi o que Noah deu a entender. – Eu poderia ter o matado se não tivesse me impedido.

– Eu nunca deixaria que fizesse isso. 

– Por que? Você faz isso. 

– Quando extremamente necessário.

– Era bem mais que extremamente necessário.

– O peso que se carrega por tirar a vida de uma pessoa, Millie, por pior que ela possa ser, é algo que eu não desejo a nem ao meu pior inimigo. Muito menos a você. Nunca permitirei que suje suas mãos com o sangue de alguém. 

– Você não vai...

– Sim, eu vou. Depois da noite passada eu simplesmente não posso deixar que algo do tipo aconteça de novo.

– Você precisa desse contrato!

– O quê? 

Você precisa! Eu sei que precisa estar casado! – Aleguei recordando-me da conversa que ouvi com seu pai horas atrás que mais me parecia há mil anos. A questão é que argumentei quase que em súplica como se eu fosse quem precisasse estar ali. Como se eu não conseguisse lidar com a ideia de não tê-lo por perto. Finn deu mais um passo em minha direção e eu quase me encolhi com o seu tamanho.

– Você não sabe o que eu preciso. – Fui enviada diretamente para o dia em que ele chegou chapado e falou essa mesma frase; com os olhos perdidos.

– Então me diz, Finn. Me diz o que é que você precisa. – Meu coração retumbava em meu peito e eu não sabia o motivo. Ou começava a me dar conta do mesmo. Ele encarou um ponto acima do meu queixo. 

– Eu preciso que fique em segurança e a salvo. E isso não acontecerá se sua imagem continuar ligada à mim.

– Você sabia dos riscos o tempo todo. Por que só agora mudou de ideia? 

– Porque eu sou egoísta. Eu sempre soube... – E novamente reproduzindo frases do tal dia. 

– O quê? O que você sempre soube? – Eu queria saber. Eu tinha que saber.

As íris dele capturaram as minhas e lutei contra a vontade de abaixar as pálpebras quando seus dedos carinharam meu rosto; não queria parar de esquadrinhar seus olhos agora transparentes e claros como uma manhã ensolarada.

– Eu sempre soube que amaria você. Desde o momento em que a vi pela primeira vez eu soube em minha alma que eu te amaria até o fim dos meus dias, Millie. Só que eu fui tolo em achar que poderia bloquear quaisquer sentimentos que viesse a ter. Era para ser simples. Um contrato. Pessoas se beneficiando. Fim de doze meses e tudo ficaria no passado. Eu fui egoísta ao te trazer para o meio dessa bagunça e quando eu percebi que... – Ele fez uma pausa, ponderando o que diria a seguir. – Quando um dos caras de Joseph acertou você – Seus dedos continuavam em meu rosto e apertavam como se eu fosse fugir. – eu entrei em pânico, Millie. Meu mundo pareceu ruir sob os meus pés com a iminente possibilidade de te perder. 

– Eu estou bem. – Assegurei pondo minha mão por cima da dele. Eu estava tonta e extasiada ao mesmo tempo. Eu nunca jamais esperaria por algo do tipo saindo de seus lábios cheios. 

– Sim, por um milagre. E eu não posso correr o risco novamente. Tenho que fazer ao menos uma escolha sensata na vida. 

– Vocês tiraram o meu poder de escolha quando assinaram esse contrato. Vocês tiraram o meu poder de escolha quando me obrigaram a vir para cá. Então por favor, Finn, ao menos dessa vez me deixe escolher o que eu quero. E o que eu quero é ficar aqui. Eu quero ficar aqui... com você. – Seus dedos mergulharam pelo meu cabelo alcançando a minha nuca e enviando centenas de partículas químicas ao meu córtex.

– Tem consciência de todos os absurdos contidos nessa declaração que acabou de fazer? 

– Por favor – Implorei. Não sabia pelo que. Apenas tive a necessidade de que soubesse...

– Não sou bom para você. Nunca vou ser. Eu não sou uma pessoa boa e sabe disso. – Um suspiro partido saiu de suas narinas – Eu percebi há certo tempo como seu olhar sobre mim mudou gradativamente sem que percebesse ao longo das últimas semanas. E ontem eu tive certeza. Não houve espaço para dúvidas quando você deliberadamente tentou proteger minha vida mesmo que precisasse perder a sua para tal. E quando estava no banco daquele carro, quase delirando de tanta dor, disse que me queria. Eu causei todas essas coisas à você e apesar de disso me escolheu. É loucura. Eu tinha que achar uma maneira de fazê-la mudar de ideia nem que para isso precisasse magoar o seu coração. Só que quando eu te vi parada naquela porta, tão arrasada, não consegui manter as máscaras ao ver que entendeu tudo errado. Eu conheço esse sentimento e nunca no mundo quero ser a pessoa a fazer isso com você. Não a olhei nos olhos, Millie, porque eu senti vergonha. Vergonha e culpa por você estar naquele leito de hospital em meu lugar. 

– Eu não sou perfeita, Finn. Não sou imaculada e tampouco uma princesa em apuros. 

– Sei disso. Tenho plena consciência, sempre tive. Mas o que mais me encanta em você, Millie, é a sua luz. É a sua capacidade em iluminar tudo que estiver ao redor. E eu sou apenas vasta escuridão. Luz e trevas não caminham juntos. E não posso lidar com a ideia de que esse brilho seja sucumbido por mim como um buraco negro que atrai a luz apenas para destruí-la depois.

– Compreendo tudo o que diz. – Diminuí um passo em nossa distancia. – E você tem razão. Eu não vou falar que é inocente por que não é. Só que não significa que a culpa é inteiramente sua e muito menos que só me fez mal. Vou deixar de fora todo o benefício material porque de tudo é o mais insignificante. – Umedeci os lábios. – Sabe o que conta? As melhores coisas que ganhei na vida. Eu nunca tive amigos além de Saddy. Hoje eu tenho Gaten, Caleb, Ayla e principalmente Noah. Eu não tive uma mãe durante a maior parte da minha vida e hoje tenho Mary e Dorothy. E isso graças à você. Não posso esquecer do que me foi proporcionado apesar de toda a parte ruim. Você me deu uma família, Finn. Você me deu pessoas que se importam comigo. Pessoas que me amam. – Toquei o seu rosto. –  Pessoa que abriria mão de um patrimônio por querer me ver segura. – Porque era o que aconteceria se o acordo fosse desfeito antes do prazo. – E para mim isso conta. Para você talvez não seja tão colossal. Mas para mim é. Muito. E não existe lugar mais seguro para mim se não ao seu lado, Finn. Não existe.

Subi nas pontas dos pés para conseguir alcançar sua boca e abrí-la com a minha. Beijar-me parecia lhe doer. Uma de duas mãos prrmaneciam em meu cabelo a medida que a outra circulava minha cintura com incerteza. O sabor úmido de sal se misturou às nossas línguas enroscadas, porém tais lágrimas não me pertenciam. Apertei-o mais forte contra mim com o braço bom. 

 

 

– Mills, não. – Tentou se afastar, ofegando.

– Por favor, eu q... 

– Não termine a frase, por Deus. – Desejo oscilou em seus olhos. – Não podemos. Você acabou de fazer uma cirurgia.

– Estou bem. 

– Você tem uma artéria rompida. Eu poderia... se eu te... – Ele engoliu em seco pelo anseio mútuo que não poderia ser saciado.

E ele estava certo. 

Eu poderia matá-la se eu te fodesse. Era o que ele ia dizer. E era verdade. A energia física que seria gasta e a torrente exacerbada de prazer dilatariam os meus vasos sanguíneos e devido a pequena falha recente eu poderia sofrer uma grave hemorragia novamente que teria a capacidade de me matar por  eu já não estar exatamente em perfeito estado.

Morrer de prazer, literalmente. 

Curioso se não fosse perturbador.

– Peço perdão. Por tudo que causei à você. – Suas palavras soaram sinceras contra o meu pescoço. 

– Obrigada. – Arquejei me afastando para olhá-lo. – Você nunca deixou transparecer. – Inclinei o corpo ficando de frente para ele.

– Fui obrigado a mascarar os meus sentimentos ao longo dos anos. Mascará-los, soterrá-los... Era a única maneira de sobreviver. – Analisei suas palavras e sabia que havia mais coisas das quais eu não sabia. Suspeitava, claro. Era um tanto quanto óbvio. Mas não queria trazer tal assunto à tona agora. Apenas quero ficar aqui com ele.

E fiquei, até que o sono e o cansaço me venceram.

 

Acordei sentindo como se borboletas sobrevoassem o meu rosto. Pisquei algumas vezes. 

– Oi. – Finn me estudava com cautela. As pontas dos dedos dele dedilhando minha face. 

– Não queria te acordar. 

– Tudo bem. Em que está pensando? 

– Em nada. Apenas olhando para você. 

– Eu sei, sou linda. – Um risinho escapou-lhe dos lábios. 

– Sim, você é. – E para melhorar ainda mais o clima, minha barriga pareceu rugir. Ele ergueu uma das sobrancelhas. 

– Acho que estou com fome.

Você acha? – Caçoou. – Está sem comer há quantas horas? 

– Na verdade – Estalei a língua no céu da boca – não comi nada desde ontem no hospital. 

– Cristo, Millie. Não deveria ficar tanto tempo sem comer assim, ainda está fraca. 

– Estou ótima. – Repeti pela septuagésima vez naquele dia.

– Admiro sua convicção. Fique aqui, eu volto em um minuto. – Abandonou a cama e em seguida o quarto escurecido. Alcancei o travesseiro ainda quente e o abracei inspirando o cheiro característico. O quarto tinha o aroma do perfume masculino incrustado em cada canto; mas a roupa de cama possuía o seu cheiro. 

A luz foi acesa quando ele voltou com uma bandeja prateada em mãos. Reconheci o mesmo suco que Dorothy deixou em meu quarto e um dos pratos de porcelana ornamentados contendo uma farta fatia de torta de frango.

– Obrigada.


Notas Finais


YAYYYYYYYYYYY
O SURTO VEM BRASIL


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