Escrita por: nejiart
Yugiri respirou fundo, fechando os olhos. O ar estava limpo, mas sabia que um pouco mais na frente ele exalava o cheiro metálico característico do líquido vermelho.
Ah sim, sangue.
Já estava tão acostumada a vê-lo e sentí-lo que podia sentir naturalmente seu aroma a quilômetros, mesmo se ele não se fizesse presente. Bom, o que podia fazer? Cresceu participando de chacinas e eventos com grande derramento de sangue. O próprio Satoru a havia dito que não se viciar por aquilo era uma surpresa.
Uma grande surpresa, pensou consigo.
— Megumi está apanhando. — disse, ajustando a lente do objeto pequeno que usava para observar a luta pelo objeto amaldiçoado em jogo: um dos dedos de Ryomen Sukuna. — E feio. — finalmente, olhou o grisalho, que apenas observava-a com as mãos relaxadas em seus bolsos.
Lentamente, Satoru espiou o conteúdo dentro da embalagem que carregava.
— Não vai ajudá-lo? — a menina indagou com calma, esticando as costas.
— Quero ver o que o garoto de cabelo rosa vai fazer. — respondeu sem cerimônia.
— Quer vê-lo morrer, suponho. — Yugiri voltou a observar pela lente, sem dar a mínima para as atitudes infantis do sensor. Estava acostumada.
— Não seja precipitada, Yu-chan. — sorriu.
— "Eu sou mais forte." — os dois disseram em uníssono, mas com timbres diferentes. Yugiri estava farta das mesmas palavras, já tinha ouvido tantas vezes. Para ela, Satoru era totalmente previsível.
Por acidente, deixou o objeto escorregar e cair, mas tinha certeza que algo ruim estava havendo. Algo muito ruim. Levantou com cautela, se afastando para pular até o térreo do outro edifício. Correu rapidamente e saltou, caindo sobre o outro prédio. Sem cessar, continuou a correr até pular mais dois. Yugiri se abaixou e se aproximou da borda. Estava à um prédio de distância da batalha, mas quando se deu conta, o idiota grisalho já estava intervindo na situação.
Respirou fundo, capitando rapidamente as informações que tinha e montando um relatorio ligeiro na mente.
1 - O dedo de Ryomen Sukuna havia sido ingerido.
Espere... O DEDO DE RYOMEN SUKUNA HAVIA SIDO INGERIDO.
Quantos germes malfeitores deviam ter naquela coisa nojenta? Ah cara, se concentre Yugiri.
2 - Megumi tinha apanhado pra caramba, estava quase desmaiando.
3 - Satoru estava lutando com seus bolinhos em risco.
Bolinhos... se amassasse os bolinhos entraria em greve por um mês.
Saltou até o outro prédio, decidida a ver mais de perto.
— E aí, o que que tá pegando? — enquanto o desleixado do sensei pedia o relatório, Yugiri o tinha feito em menos de um minuto.
Alongou as pernas, correndo e pulando até o devido edifício tumultuado. Parou do lado de Satoru, arrancando a sacola de kikufukus das suas mãos.
Olhou-o de canto, sem dar-lhe muita atenção.
— Licença, eu fico com isso. — direcionou o olhar pra Megumi e deu um sorriso. — Yo! — levantou o braço. — Você tá todo ferrado.
— Sua camisa está perfeitamente limpa e bem passada. — o outro respondeu, sentando no chão sem cerimônia. Estava aparentemente cansado.
Yugiri fez o mesmo.
— Qual é a do garoto? — perguntou, olhando o sensei dialogar um acordo com o de cabelo rosa.
— Deve saber a situação que nos encontramos. — fechou os olhos por alguns segundos. — Você é esperta.
A luta contra a maldição continuava ativa. Se aquele garoto tinha mesmo engolido um dos dedos do rei das maldições, Ryomen Sukuna, seu tempo de vida estava contado.
A poeira repentina cobriu seu campo de visão por alguns segundos. Quando se deu conta, Sukuna estava bem do seu lado, mas não tinha o mínimo interesse nela, estava ali por Megumi. Bem, ela também sequer se mexeu com a proximidade, mas não evitou de analisar a maldição de perto. E não queria concordar com isso mas ele era estranhamente bonito.
Ou talvez o receptáculo fosse.
Yugiri balançou a cabeça e a luta entre os dois seguiu, com o sensei um pouco mais... ágil do que o normal, visto que nem precisava daquele poder todo.
— Esse cara é muito exibido. — cerrou os olhos na pronúncia da última palavra, olhando diretamente para Gojo. As vezes se perguntava como um idiota daquele nível podia ser tão da pesada.
— Já deve estar na hora. — Satoru sorriu e em alguns segundos o garoto de cabelo rosa voltou ao normal. As linhas negras sumiram gradientemente da pele morena, e o segundo par de olhos recém abertos fecharam. — Eu tô chocado. Consegue mesmo controlar ele! Você viu, Yugiri?! — indiferente, a garota assentiu. — Viu mesmo? Ah, há anos que não aparece alguém assim!! — bateu as mãos. — Estou animado!
***
— Depois de toda história que ele te contou lá na sala de selamento, ele te nocauteiou de novo e te trouxe pra cá. — disse, olhando com cautela o gume da adaga da Maki-senpai. Devia devolver inteira, embora o shishou tenha pedido emprestado, não eu. Satoru tem a mentalidade de uma criança, e eu e Nanami-shishou costumamos ser mais responsáveis. Coloquei o objeto sobre a mesinha e olhei para Itadori-san. — Por favor vista uma roupa.
— Oh. — olhou para si mesmo, sem demonstrar nenhum rubor. — Verdade, tô peladão. Mas, Aogi-san, eu acordei assim. Onde estão minhas roupas?
— Do lado da cama. A mulher que estava aqui fez questão de te examinar... — fiz um pausa, olhando-o de cima a baixo. — por completo.
Peguei o sobretudo pendurado no cabide e o vesti. A mania de usar roupas formais havia vindo do Nanami-shishou. Ele costumava usar esse tipo de roupa e acho que metade do meu jeito de ser foi influenciado por ele, mesmo que eu passasse mais tempo com o Satoru.
Eles eram quase um casal gay, já que eu considerava os dois como pais.
Na minha cabeça eles eram casados e adotaram dois gatos.
— Satoru está te esperando lá em baixo. — me aproximei dele, que ainda não tinha sequer vestido uma cueca. — Não pode mentir pra mim, Itadori-san. É meio improvável, mas se tentar alguma gracinha, eu tenho ordens pra te matar. — relaxei os ombros por um segundo. — Caso não tenha interesse, vamos ser bons amigos. — sorri, tentando passar confiança. Eu estava realmente falando sério. — Megumi e eu vamos ao shopping hoje, quer ir?
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