História Coração De Gelo (Em Hiatus) NÃO CONCUÍDA - Como Salvar Uma Alma

Devil's on your shoulder

(Os demônios em seu ombro)

The strangers in your head

(Estranhos em sua cabeça)

As if you don’t remember

(Como se você não se lembrasse)

As if you can forget

(Como se pudesse esquecer)

It’s only been a moment

(Foi apenas um momento)

It’s only been a lifetime

(Faz apenas uma vida)

But tonight you’re a stranger

(Mas esta noite você é um estranho)

Some silhouette

(Uma silhueta)

Silhouette - Aquilo

♤♡◇♧

Jen estava entorpecida, ela não podia sentir nada, tudo o que ela acreditava e amava se foi, e agora ela não é nada mais que uma casca vazia com um coração batendo, coração que já foi estraçalhado tantas vezes que agora só resta os pedaços.

Sua alma parece uma concha vazia cujo interior foi arrancado brutalmente. A dor é tão forte, tão intensa que ela acha que não pode respirar, seu interior está em chamas com urgência de ar.

Nos meses em que ela conheceu Dean, Jen nunca iria imaginar que pudesse se apaixonar tão intensamente, é algo surreal, ele conseguiu ser a sua rocha, ele conseguiu puxa-la do poço fundo onde ela estava caindo lentamente, e agora ela não pode ver mais a luz.

Jen deve muito a Dean, deve a ele sua fé renovada, sua certeza de que existe afinal felicidade em um mundo que só lhe trouxe dor. Dean a mostrou que ela pôde sim ser amada intensamente por alguém, e que poderia recompensar com reciprocidade.

Sua vó sempre lhe disse que um dia Jen encontraria sua outra metade, alguém a quem ela iria amar, e não se importar com os defeitos. E ela realmente encontrou esse alguém. E agora ele ... ele se foi.

O universo deve realmente odiá-la, ele brincou com ela e agora ele está rindo incontrolavelmente de sua cara. A vida conseguiu tirar tudo o que ela amava e agora não resta mais nada.

Jen odeia o escuro que se formou por dentro.

— Jen — A voz embargada de Sam foi ouvida vindo de longe e só agora ela percebeu que não tinha se movido nem uma polegada, ela estava com o mesmo rosto estoico de antes, nenhuma lágrima caía de seu rosto pálido.

— Temos que ... tira-lo daqui — Sam avisou usando uma voz tão quebrada e impotente que Jen teve que olhar pra ele pra ter certeza de que era ele mesmo falando.

Jen queria se jogar no chão, agarrar Dean junto a ela, e apenas chorar no seu ombro frio e sem vida. Ela queria se permitir derramar todas as lágrimas que está acumulando, mas no lugar disso ela apenas acena pequeno e quase imperceptível.

Cas estava olhando pra Dean com um olhar no que aparentava confusão. Seus olhos azuis elétricos concentrados no corpo de Dean, seu cenho franzido e suas sobrancelhas juntas formando um vinco em forma de V.

Ele parecia concentrado em algo, uma curiosidade estranha que realmente irritava Jen. Ela estava prestes a perguntar o que diabos ele achava tão interessante quando ele falou algo que tomou a sua respiração.

— Dean não está morto. — Foi só o que Cas disse pra fazer Sam e Jen olharem pra ele rapidamente os tirando de seu torpor melancólico.

— Oque?. — Sam falou antes que Jen tivesse a chance. Ela agradecia por isso, as palavras estavam entaladas na sua garganta desde que Dean foi esfaqueado.

— Eu posso sentir através de nossa conexão, ele não está morto. — Cas repetiu olhando pra Dean que continuava obviamente imóvel e insensível.

— Como isso é possível?. — Sam tremulou e era possível sentir uma ponta de esperança nas palavras do mais jovem Winchester.

— O seu corpo está morto mas seu coração está batendo, muito fracamente, quase imperceptível, por isso que parece que ele está morto. A sua alma parece diferente, não parece tão brilhante, como se uma nuvem escura estivesse cobrindo a luz que exala dela. — Cas murmurou como se estivesse dando o prognóstico de um paciente no hospital.

Foi nessa afirmação que Jen se permitiu parar pra pensar, Dean tinha a marca, e se Dean morresse a marca faria ele ...

"— Você não pode me salvar.

— Eu posso, eu e Sam vamos te trazer de volta, eu vou trazer o amor da minha vida de volta pra mim.

— Mesmo? E se eu quiser ficar assim? E se o amor da sua vida não existir mais?

— Ele existe, eu sei que sim, não vou desistir."

Não isso não vai acontecer. Jen não pode permitir que isso aconteça.

— Sam, onde está o livro dos condenados? Precisamos dele agora. Precisamos do feitiço pra remover a marca do braço dele — Ela quase gritou e Sam ficou sem palavras por um momento.

— O que ...

— Sam, a marca está fazendo algo com ele. Eu vi em uma daquelas visões malucas. Dean estava estranho, não era o meu Dean. Ele ... ele tinha olhos negros. Não posso explicar agora mas ... confie em mim — Jen implorou pra Sam e ele regalou os olhos em compreensão e horror, ele então olhou pra Cas que estava olhando pros dois com ansiedade.

— Mas se tirarmos a marca dele ele não tem o risco de morrer? praticamente a marca é a única coisa que o está mantendo vivo, certo?. — Sam questionou, ele não iria fazer algo que fosse matar o seu irmão, ele estava vendo todas as possibilidades.

— Sam, Jennifer tem razão, eu posso ver agora, a sua alma está sendo envolvida em escuridão lentamente, a marca está torcendo a alma dele e se não tirarmos dele ele pode realmente se tornar um demônio. Respondendo o que você perguntou, Dean está vivo, mas seu corpo está muito doente, quase que apenas um fiapo segura a sua vida, eu não posso cura-lo por que a marca está impedindo, se a removermos eu vou poder usar a minha graça nele e curar a ferida em seu estomago. — Cas respondeu, seu rosto sério porém preocupado.

— Mas ... o feitiço pode ... — Sam começou mais Jen o interrompeu no meio da frase.

— Sam, Dean iria preferir morrer do que se tornar demônio, eu o conheço a tempo suficiente pra saber disso, e você também sabe, mas não vamos deixar nenhuma das duas coisas acontecerem. — Ela com força disse ao irmão mais novo de Dean que balançou a cabeça assentindo.

— Ok, temos que leva-lo ao bunker, lá tem tudo o que precisamos pra fazer o feitiço, Cas quanto tempo temos antes de ... — Ele parou mas continuou olhando pra Cas com um olhar determinado.

— Levaria alguns minutos se ele estivesse com a primeira espada, mas como felizmente não é o caso então pode durar até 48 horas. É um processo lento e doloroso — Cas respondeu e Sam acentiu com uma carranca.

— Primeira espada?. — Jen perguntou e Sam se lembrou que nunca havia mencionado esse fato pra ela.

Jen é namorada de Dean afinal, ela merece saber tudo o qualquer merda que ele tenha se metido.

— Sim, é uma espada estranha com uns tipos de dentes nela, só pode ser usada por quem tem a marca. — Sam falou enquanto juntava tudo pra voltar ao bunker. Jen foi até ele e o ajudou enfiando roupas na mochila sem se preocupar em organizar

— E onde ela está agora?. — Jen questionou com interesse.

— Crowley a tem. — Sam respondeu pra ela com um rosto mal humorado e nada feliz ao mencionar o demônio.

— O rei do inferno?. — Ele acentiu, mas a sua expressão dura ainda estava no rosto bonito de Sam. Parece que ele realmente não gosta desse demônio, pra falar a verdade Jen também odeia esse idiota, é por causa dele que Dean tem a marca, e por causa dele Dean quase morreu.

— Sam, eu levo vocês, assim vai ser mais rápido. — Cas sugere e Sam acentiu, ele rapidamente entrou no banheiro pra pegar o resto das coisas.

Jen suspirou e caminhou até o corpo imóvel e insensível de seu lindo namorado. A ferida da faca não sangrava mais, deixando apenas uma profunda ferida que furou a carne de seu estômago. Ela não sabia como o coração dele ainda estava batendo, mas ela agradecia que estava, pelo menos a maldita marca o mantinha vivo.

Ela sutilmente colocou a mão no peito dele pra sentir a batida fraca que viria, passaram alguns segundos quase um minuto de espera em ansiedade quando ouviu um pequeno:

Tu-dum

Ela limpou a lagrima sorrateira do rosto e deu um sorriso pequeno pra ele.

— Você vai ficar bem, eu prometo. — ela sussurrou e pegou a mão dele na sua dando um beijo no dorso da mão.

A dor de ver o homem que ama tão pálido e ferido quanto a própria morte a está quebrando em pedacinhos por dentro. A frieza que ele emana por sua palma a faz estremecer. Não existe calor, ele não pode transmitir isso. Não ainda ...

— Vamos, temos que preparar o feitiço rápido . Ah e Cas, quando nos levar ao Bunker você pode voltar e pegar o carro? Dean vai nos deserdar quando acordar e souber que deixamos ele aqui. — Sam riu suavemente e Jen e Cas sorriram de vagar.

{...}

Em um piscar de olhos eles estavam no Bunker, Sam estava segurando Dean nos braços carregando o corpo quase sem vida de seu irmão, ele levou Dean até o quarto e suavemente o colocou sob os lenções.

— Jen você fica aqui, eu vou buscar o livro. — Ela acentiu, se aproximado de Dean e passando os dedos pelos cabelos loiros dele.

Sam voltou pouco tempo depois com o livro. — Aqui diz que o feitiço tem que ser feito a noite, mais precisamente as onze em ponto.

— Que bom que podemos esperar. — Ela murmurou e ele acentiu, o rosto de Jen ainda estava desprovido de emoções, ela estava se proibindo de chorar, afinal tudo não estava completamente perdido. Sam colocou a mão no ombro dela em um gesto reconfortante e fraterno.

— Vamos traze-lo de volta Jen. — Ele falou em voz baixa e Jen apenas puxou o lábio em um pequeno sorriso. — Dean é durão, ele não deixaria que um demônio o derrubasse num quarto de motel barato sem a chance de lutar. Não foi assim que ele planejou o fim pra ele. Tenho quase certeza de que incluiria uma chama de glória.

Jen riu, a lembrança de Dean mencionando por acaso como seria seu fim como caçador, seu fim nesta vida.

"— Não vai ser agora, não se eu puder evitar. Quando eu realmente for, quero que seja lutando, quero que seja numa chama de glória e faíscas marcadas em mim de uma guerra ganha."

Dean prometeu que não iria agora, e agora ele é obrigado a cumprir com a sua palavra.

— Sim.

{...}

Esperar até a noite foi como esperar um mês inteiro, as horas não pareciam passar e os nervos de todos estavam a flor da pele.

Saber que Dean estava vivo era reconfortante, mas todos estavam apreensivos com o resultado desse feitiço.

Jen estava do lado de fora do bunker olhando as árvores, a imensidão de verde que cercava o bunker. Agora ela notou que nunca tinha parado pra deslumbrar um pouco da natureza que tinha tão perto dela, era calmante.

Ela queria ficar com Dean mas ela não conseguia olhar muito tempo pra ele sem quebrar em lágrimas, mesmo sabendo que ele ainda estava lá.

Sua cabeça continuava brincando com ela, mostrando imagens indesejadas. Ela tem certeza de que isso vai segui-la por muito tempo.

Essa imagem nunca vai sumir.

— Ei, como você está?. — Sam perguntou enquanto se aproximava da moça e se sentava ao lado dela.

— Eu? Acho que não sei, não sei o que eu estou sentindo. — Ela respondeu calmamente com um rosto estoico. Seus dedos se movem de modo sincronizado por cima de seu colo e ela encara Sam antes de perguntar — Como você conseguiu? Sabe ... passar por isso antes?

— Eu não passei, quando Dean vendeu a alma dele por mim no começo eu fiquei com raiva, porque eu iria viver e ele iria morrer por minha causa. Eu o achei um egoísta filho da puta por algum tempo. Não me orgulho disso. Mas quando eu vi ele morrendo na minha frente eu só pude chorar e depois eu bebi, bebi muito e acabei fazendo o mesmo que ele, tentei fazer um trato. Eu soube porque ele fez isso por mim, eu teria feito o mesmo, então eu não passei, longe disso. — Sam respondeu olhando pra frente com um olhar distante.

O amor fraterno que esses irmãos sentem um pelo outro é memorável e até invejável, ela queria ter um irmão que a amasse assim e que ela amasse de volta. Ter família é importante, pessoas que te amam e estão lá pra você não importa o que você esteja passando, e ela encontrou isso com os Winchesters, ela encontrou o lar novamente.

— Sinto muito por isso.

Sam suspira — Bem, são coisas que não tem volta. Acho que já concordei comigo mesmo que o melhor é deixar isso no passado. Afinal sempre temos novos problemas para se preocupar. — Ele bufa. Jen morde o lábio e acena mirando os olhos pra frente.

— Você quer comer?. — Ele questionou mudando de assunto. Ela enruga o rosto, a menção de comida agora fazia o estômago dela embrulhar.

— Não estou com fome. — Ela falou simplesmente.

— Jen você tem que comer, já faz horas que você comeu qualquer coisa. — Ele repreendeu e Jen ia negar de novo quando viu o olhar de filhote perdido que Sam estava lhe mostrando, ela riu pela primeira vez no dia.

— Tudo bem. — Ela falou e ele sorriu com a pequena vitória.

{...}

— Cas, você acha que vai funcionar?. — Jen questionou pro amigo que estava com um olhar suave no rosto.

— Eu honestamente não sei, mas estou torcendo pra que funcione. Dean é meu amigo, ele e Sam conseguiram se tornar a minha família, eles me mostraram o que é ser livre, me ensinaram como ser humano, eu não posso ver nenhum deles morrer, eu ... — Cas parou e Jen ficou surpresa quando viu uma lágrima perdida descendo de seus olhos azuis. — Não achei que fosse tão difícil ver esse tipo de coisa acontecendo com pessoas a quem gosto. Nunca tive que me preocupar com isso antes. Esse sentimento não é interessante.

Era obvio que Cas estava tentando ser o forte, o centrado dos três, mas ver alguém que você gosta sofrer não é fácil pra ninguém, e Jen entendia perfeitamente o sentimento.

Jen não disse nada e simplesmente o puxou pra um abraço, ele pareceu surpreso no começo, Cas não parece que já deu muitos abraços ao longo de sua comprida vida, ele então relaxou e a abraçou com um sorriso.

— Fico feliz que Sam e Dean tenham você em suas vidas, me deixa mais tranquila, você é como o seu anjo da guarda. Literalmente — Ela falou suavemente quando se separaram do abraço, Cas sorriu devagar pra ela com um olhar amigável e gentil.

— Vou estar aqui quando você precisar também, também posso ser o seu anjo da guarda, você também é minha família. — Ele revelou e ela bufou quando sentiu lágrimas se acumulando em seus olhos de novo.

— Droga Cas, não me faz chorar agora, eu estou segurando o dia todo. — ela fungou sorrindo e limpou as lágrimas com a manga de sua blusa comprida.

— Sinto muito. — Ele se desculpou mas o sorriso nunca deslizou de seu rosto.

{...}

Quando chegou 10:50 eles prepararam tudo em volta de Dean, o feitiço era até simples pra algo tão grande. Pelo menos era o que ela via.

Jen estava apreensiva roendo as unhas, isso pode dar muito errado ou com muita sorte pode salvar Dean de se tornar um cavaleiro do inferno.

Ela não sabe o que vai fazer caso isso dê errado ...

— Pronta?. — Sam perguntou e ela acentiu devagar, Jen juntou as mãos em forma de oração, ela estava mesmo orando aos céus que funcione, pra que qualquer ser celestial que esteja ouvindo a ajude dessa vez.

— Ok, eu vou começar.

Ele pegou o livro com a mão esquerda e com a direita ele tocou a marca com água benta como pedia o feitiço, Cas estava do lado pra rapidamente cura-lo com a sua graça quando a marca fosse removida, Dean teria apenas alguns segundos de vida quando a única coisa que o segurava a vida fosse removida.

As palavras que Sam dizia não fazia nenhum sentido pra Jen, Sam tirou os dedos da marca e começou e colocar alguns ingredientes do feitiço em uma grande tigela.

Ela não entendia nada que estava acontecendo mas ela não ligava, o que importava era que Dean ficasse bem como resultado disso.

Sam terminou o feitiço e durante alguns segundos nada aconteceu, Jen e Sam sentiram o pânico chegando. O medo se infiltrou por dentro de cada um deles e mil cenários horríveis passaram por suas cabeças ... e então algo mudou, a marca estava dissecando, ela estava sumindo lentamente do braço de Dean mudando para uma ferida seca e se despedaçado como cinzas flutuantes no ar.

Cas correu ao lado de Dean e rapidamente colocou os dedos em sua testa, o corpo do homem inconsciente começou ficar menos pálido e com mais cor, sua ferida fechou e foi como se nunca estivesse lá.

A marca tinha sumido.

Ela tinha realmente sumido.

Havia dado certo?

— Funcionou? — Jen perguntou sentindo a felicidade surgindo, Dean iria ficar bem?.

Foi quando Dean lentamente abriu os olhos verdes, a respiração de todos na sala travou por alguns segundos apenas olhando pra Dean, ele olhou pro teto com um olhar cansado e confuso, então virou o olhar pra Jen e em seguida fechou os olhos mais uma vez.

Ele está bem, só está cansado certo?

— Ele ...

— Jennifer, Sam, eu consegui curar o corpo humano dele ... mas a sua alma está ... está corrompida, a marca conseguiu destrui-la. Sinto muito.

Não

TBC