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História Coral - A Filha de Coraline - Dentro da Floresta


Escrita por: ElanePimentel

Notas do Autor


Me desculpem pelo capitulo (péssimo e pequeno) fiz rapidamente pra não deixar vocês sem nada. Sorry.

Capítulo 27 - Dentro da Floresta


Grandes olhos negros de botões me encaravam. Abri novamente os olhos assustada e apenas vi o teto do meu antigo-novo quarto. Meu coração estava acelerado com o pequeno susto dos fantasmas do passado, aquilo era algo que estava em meu relatório de insanidade, alucinações com monstros com olhos de botões, mas tudo não passava de imaginações de uma mente perturbada, no caso, a minha mente perturbada. Toby dormia suavemente ao meu lado, era a única coisa boa que ainda me restava e me dava a força para continuar.  Levantei da cama devagar para não o acordar, instintivamente fui diretamente olhar pela janela, aquela casa da frente parecia me encarar tão convidativa e ao mesmo tempo tão assustadora, uma fina névoa cobria o chão lá embaixo e o céu estava mais cinza do que nunca, a floresta sombria lá atrás estava tão branca de neblina que ficava ainda mais assustadora, mas apesar de tudo isso, todas essas coisas pareciam me chamar incansavelmente, eram como um enorme imã, me atraindo para onde não deveria ir. Repentinamente, algo me fez saltar de susto dentro do quarto. Sussurros.

“... eles...”

Olhei e vi que era Toby que sussurrava enquanto dormia. Era tão baixo que mal conseguia ouvir alguma coisa.

“... eu vi o que...”    

“... aconteceu...”

Me abaixei e fiquei de joelho diante da cama, cruzei os braços e apoiei meu queixo sob eles, prestando bastante atenção no rosto e nas palavras que vinham de Toby.

“... você saiu do labirinto...”

“... eu vi tudo...”

“... sangue... sangue... sangue...”

“... por toda parte...”

O rosto de Toby agora transformou-se em agonia, queria acorda-lo, mas o que ele estava falando parecia bastante significante.

“... monstro...”

“... a pior maldição em cima da Terra...”

“... Elzarella...”

Aquele nome me atraiu. Encostei meu ouvido nos lábios de Toby.

— Me fale, irmãozinho. Estou aqui pra proteger você. – sussurrei.

“... Elzarella comerá nossas carnes, beberá nosso sangue e guardará nossos corações...”

Quando ouvi aquelas palavras afastei meu ouvido para olhar o rosto de meu irmão e me deparei com seus olhos arregalados me olhando fixamente, mas não parecia ele, parecia algo assustador, suas mãos foram rapidamente em volta do meu pescoço e me enforcaram. Tentei gritar, mas a voz não saia e o ar me faltava, Toby estava incrivelmente mais forte do que eu. Parecia uma criança possuída por algo maligno, tentei lutar, mas foi em vão e aos poucos fui perdendo as forças e os sentidos, em um segundo, tudo escureceu.

Abri os olhos abruptamente, ofegante e com o coração quase saindo pela boca. Toby estava dormindo ao meu lado suavemente como se nada tivesse acontecido. E realmente, nada havia acontecido, tudo não passou de um terrível pesadelo.

Ouvi passos suaves subirem as escadas e se aproximarem de minha porta e em seguida duas batidas suaves surgiram e logo a porta se abriu revelando o rosto sorridente de minha tia Mikaella.

— Querida, o café está pronto. – Mikaella notou Toby dormindo e logo foi até ele e o pegou nos braços. – Vou levar esse pequenino pro seu quarto, pode ter sua privacidade agora.

Mikaella saiu carregando meu irmãozinho nos braços, eu não ficava incomodada de tê-lo ali, era bem melhor ficar na companhia dele do que ficar sozinha, era mais fácil para protege-lo de qualquer coisa que o pudesse ferir. 

Desci as escadas rápido, mas diminui os passos ao notar uma pessoa sentada de costas, tinha longos cabelos encaracolados e tão dourados que pareciam ouro. Mikaella estava de frente pra pessoa e conversava distraidamente. Me aproximei devagar, mas minha tia logo me percebeu e abriu o velho sorriso bondoso da qual eu parecia me lembrar. A garota que estava sentada de costas, virou-se rapidamente e dei de cara com grandes olhos azuis da cor do céu, lábios rosados e o rosto que parecia de uma boneca de porcelana. Ela era muito perfeita.

— Coral! – ela levantou-se animadamente e com um sorriso feliz no rosto e me abraçou. Não soube reagir e fiquei imóvel tentando não empurrar a garota. Não sabia porque, mas não gostava dela. — Tenho tantas coisas pra te contar, não se preocupe, seremos melhores amigas, você será minha irmã, assim como Toby é meu irmãozinho.

Odiei a forma como ela falou. A voz dela era inquieta e mimada, parecia uma criança super feliz, era como se nada na vida dela desse errado, era uma vida perfeita, muito diferente da minha.

— Desculpe, não consigo lembrar de você. – foi a única coisa que consegui falar enquanto tentava se livrar do abraço.  

— Não se preocupe, vou fazer de tudo pra que suas lembranças voltem. – Ela sorriu de forma gentil, mas algo naquele sorriso não me pareceu bondoso.

Sentei de frente pra Rowena, a mesa estava cheia de coisas deliciosas, mas naquele momento não conseguia sentir fome.

— Toby está dormindo? – perguntei pra Mikaella que agora estava sentada a mesa tomando uma grande xícara de café.

— Sim. Ultimamente o pequeno Toby anda muito sonolento, já o levei no hospital e tecnicamente ele não tem nenhuma doença. – ela deu um gole e voltou a falar. – Talvez fosse sua falta, provavelmente agora ele ficará mais animado.

— Eu e ele nos divertíamos muito, não acho que seja isso. – Rowena falou e naquele momento percebi que definitivamente ela não era legal.

— Mas claro que ele estava com bastante saudades da Coral, assim como todos nós.

— Claro que sim. – Rowena sorriu, aquele sorriso lindamente irritante e então levantou-se da cadeira. — Tenho que ir, combinei de encontrar o Ru...

— Mas querida, você disse que hoje levaria Coral pra conhecer suas amigas. – Mikaella falou de forma gentil, mas o que me chamou atenção foi o nome que Rowena ia pronunciar.

— Mas mamãe, eu já havia marcado com... – Rowena me olhou, talvez estivesse com expressão ansiosa, ou sei lá, ela apenas deu um sorrisinho que parecia zombar, mas estava impecavelmente disfarçado de gentileza. — Posso remarcar com meu queridíssimo namorado, não preciso encontrar ele agora.

Meu coração estava absurdamente acelerado, definitivamente não queria sair com ela.

— Não, não precisa. – falei rapidamente e levantei da cadeira. – Eu queria mesmo dar uma volta por ai, sozinha.

— Ótimo! – Rowena falou e saiu rapidamente.

Mikaella ficou parada me olhando como se quisesse falar algo e logo não se aguentou e falou.

— Coral, não quero ser uma pessoa chata, você acabou de chegar, teve anos difíceis e sei que tudo ainda está estranho, mas não seria bom você ficar andando por ai sozinha. Só quero o seu bem estar e não quero que nada de ruim nos aconteça.

Mikaella era diferente das pessoas que lembrava, ela realmente parecia ser uma boa pessoa e tudo nela expressava paz e tranquilidade, era difícil não gostar dela, mas naquele momento eu precisava sair.

— Tomarei cuidado, não se preocupe.

Sai rapidamente antes que ela conseguisse me convencer a ficar. Não sabia exatamente pra onde ia e comecei a caminhar, passei direto pela casa da doutora Elza e aquilo me fez arrepiar, parecia vazia e tudo era sombrio. Uma brisa tocou minha pele fazendo me arrepiar ainda mais, mas continuei caminhando.

A floresta enorme estava a minha frente, lá dentro parecia tão sombrio quanto o hospício que me servia de casa, uma nevoa brotava no chão fazendo parecer um cenário de filme de terror. Comecei a caminhar e adentrei a floresta.

As árvores eram enormes e quase não entrava luz solar ali, uma breve lembrança me veio sobre aquela floresta, um poço e uma porta em uma árvore bastante antiga. Mas nada estava claro em minha cabeça, não poderia ser uma lembrança, talvez fosse apenas imaginação. Um vento bastante forte começou a percorrer naquela floresta, e o que era mais estranho é que a névoa continuava a pairar ali ainda mais densa do que do lado de fora. Continuei a caminhar e o vento começou a parecer sussurros e logo comecei a ouvir algo que pareciam passos atrás de mim. Virei-me e nada além das longas árvores balançando freneticamente. Ali dentro parecia uma tempestade. Olhei ao redor e a floresta parecia cada vez mais fechada, não sabia por onde havia vindo.

— Droga! Era tudo que eu precisava.

Um vento ainda mais forte que o primeiro me jogou no chão com toda a força, aquilo não parecia vento e não parecia normal, levantei rapidamente e comecei a correr. Ouvia passos me seguindo e não conseguia olhar pra trás.

“Corra, corra, bonequinha...”

Olhei para trás ao ouvir aquelas palavras, não havia nada além do vento anormal que parecia me perseguir. Quando voltei a olhar pra frente me choquei abruptamente com alguma coisa e cai no chão, olhei para cima, não era uma coisa, era uma pessoa. Olhos negros como a noite, cabelos espetados e estranhamente platinados, e um sorriso de lado totalmente satisfeito. Ele estendeu a mão.

— Olá, meu nome é Jack Skellin, você parece estar muito longe de casa. 



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