História Coralee - Parte VI

Parte VI

Coralee 01/03/2019

Rua d'Aribau no Dry Martini

Algumas semanas se passaram desde que eu sai com o pessoal, nada demais aconteceu, continuei me dedicando a minha faculdade, que aliás me desgastou bastante e a clínica com o Sr. Holan começou a ter muita procura, temos vagas de consultas até abril, e eu fui promovida para “auxiliar de psicólogo”, me tornei uma aprendiz do meu chefe, ele tem me ensinado bastante, fiz até outras consultas sozinha quando ele precisava sair. 

Agora estou na frente do Dry Martini, o Sr. Holan me convidou para vir tomar um drink com ele, Christian e o Nicolas, que de tantos “vai e volta” agora parecem querer realmente estar um ao lado do outro. Cheguei bem adiantada, estava ansiosa, não é todo dia que receberia um convite para tomar um drink com meu chefe rico e gato, tanto que dizem que aqui um coquetel sem álcool é uma fortuna, e olha que só é um suco, estou até com uma de minhas melhores roupas (foto acima), luga chic merece roupa chic!

Não que eu vá ficar com ele, provavelmente é só uma noite entre amigos, ainda mais que agora estamos muito próximos, e, querendo ou não, ele é pai do meu ex, tem idade o suficiente para ser meu pai também. Bem… Nem tanto, ele teve o Chris com apenas treze anos, agora ele tem 33 anos.

De tanta ansiedade e espera resolvi ligar para o Gabriel, precisava tirar minha ansiedade de alguma forma, depois de dois toques ele atendeu. 

-Estou nervosaaaa

-Boa noite, Cora, eu vou bem e você? 

-Deixa de ser bobo, estou nervosa Gabriel. O Sr.Holan vai chegar daqui a pouco e eu não estou preparada.

-Só não faça nada que eu não faria, não beba muito e impressione.

-Eu te amo muito - falei e ouvi uns sons de algo quebrando - está tudo bem, Gabriel? 

-Sim, são só meus pais de novo.

-Larga eles aí e vem morar comigo, olha, você tem uma chave lá do apartamento, se quiser passar a noite lá, pode ir, sabe que não me incomodo, pode passar até o resto da vida lá!

-Cora, não, por favor, sabe que eu não vou querer.

-Eu sei, tudo bem, mas se acontecer algo você vai pro meu apartamento e me liga, tudo bem?

-Tá bom, Cora. Agora vai aproveitar o musculoso do Sr. Holan.

Ele desligou a chamada e eu me virei para a frente da rua e todos os três já me esperavam de braços cruzados.

Christian: Muito tempo no telefone heim, Cora

Cora: Era o Gabriel

Sr. Holan: Não precisa se explicar - ele chegou mais próximo de mim e me deu beijo na testa - você está linda

Cora: Obrigada, Sr. Holan

Sr. Holan: Coralee, por favor, me chame de Maxon

Cora: Tudo bem

Sorri meio envergonhada e fui cumprimentar o Nicolas. Que me deu um baita abraço apertado e sussurrou um “obrigada, por aconselhar o Chris”.

Conversamos bastante, rimos de algumas situações e eu fui tomando minhas bebidas, como Gabriel falou, não bebendo muito e impressionando, Maxon (é estranho chamar ele assim) foi começando a entrar em assuntos relacionados ao trabalho, falando e programando as próximas reuniões, começando a se agitar.

Coralee: Sr.Ho… Maxon, relaxa, não aceitei esse convite para falar sobre o trabalho

Sr. Holan: Me desculpa, você tem razão, preciso me desestressar

Começou a tocar uma música mais agitada, com a sonoridade perfeita para dançar, na hora não soube o nome da música e até agora estou procurando pela internet, mas sei que tive que me levantar. Pode até ter sido impulso dos dois coquetéis pequenos que eu tomei, mas na hora nem quis saber, fui dançar sozinha mesmo, o som era daqueles que mexem com você, fazem arrepiar cada fio do seu corpo e emana uma energia maravilhosa pelo ambiente, precisava aproveitar aquela música até seu último segundo. É… Acho que estava bêbada mesmo. Quando ela acabou eu finalmente me toquei que parecia uma maluca, fiquei mais tranquila ao ver que quase todos daquele local também estavam dançando.

Voltei para me sentar à mesa, no momento em que sentei o Sr. Holan se levantou.

Maxon: Mas já cansou? Estava indo agora dançar com você, essa é a hora da melhor música da noite.

Ele me olhou meio diferente, com aquele leve sorriso no canto da boca e a serenidade no olhar de quem estava prestes a me surpreender, estendeu a mão e pelo impulso daquele sorriso não consegui recusar, quando chegamos ao centro começou a tocar aquela música, não qualquer música, mas aquela música, La Vie en Rose é seu nome e acho que não há outra que se iguale a ela. 

Cora: Como sabia que tocaria essa música? 

Disse em meio a nossa dança, minhas mãos estavam uma em seu seu ombro e outra em seu peito sentindo cada batida dele e as dele já estavam em minha cintura, conduzindo meu corpo perfeitamente, foram os dois minutos mais incríveis em anos, não sabia que ouviria La Vie en Rose aqui no Dry Martini.

Maxon: Eu sempre sei de tudo

Ele sorriu daquele mesmo jeito de antes de me convidar para dançar, dessa vez com um olhar ainda mais brilhante o sorriso num tom irônico, não consegui deixar de sorrir.

Cora: Deixa de ser convencido! 

Conversamos e rimos a noite toda, ficamos lá juntos até o último segundo, aproveitando cada momento até o local fechar às cinco da manhã. Nicolas e Chris já tinham ido embora faz tempo, me distraí tanto com o Maxon, que se quer notei a presença dos dois durante a noite. 

Maxon: Vamos, eu te levo pra casa

Cora: Não precisa, minha casa é poucos quarteirões daqui

Maxon: mesmo que fosse aqui na esquina, não vou deixar você sozinha indo para casa essa hora e ainda mais tão linda do jeito que está.

Aceitei o convite, não deu pra recusar…

Entramos no carro dele, que aliás, é um nojo de lindo, por dentro é tudo daquele couro bege lindo, fiquei encantada. Em pouco tempo já estávamos na porta do meu apartamento. Olhei para Maxon pronta para me despedir e ir embora, mas ele segurou meu braço antes mesmo que eu colocasse a mão na porta.

Maxon: A noite foi ótima

Cora: Eu amei, de verdade, cada segundo… obrigada

Maxon: posso pedir uma coisa? - assenti - me deixa te beijar? 

Me estremeci só com ideia de sentir ele tão próximo a mim, por um leve impulso do meu próprio corpo, agarrei meu chefe na mesma hora, acho que ele até levou um susto. Mas que beijo, meu povo. Que boca perfeita, não queria mais parar de beijá-lo e ele foi me puxando cada vez mais para perto, até não haver qualquer espaço entre nós e conseguirmos sentir o peito um do outro pulsar rapidamente, parei o beijo e olhei para ele, ele e seus lindos olhos cor mel, deu aquele sorriso no canto da boca e a vontade de tirar tudo aquilo que nos impedia de estar ainda mais próximos começou a vir, beijei-o novamente e com mais intensidade, até perceber que estava passando dos limites que restavam no pouquinho de consciência que havia em minha mente. 

Cora: Tenho que ir, Maxon

Me levantei e fui para dentro da minha casa, a porta estava meio aberta, já sabendo quem estava lá dentro, entrei com o maior cuidado e fui até meu quarto para ver que Gabriel estava lá dormindo na minha cama, mas para minha surpresa ele não estava sozinho.