Josh
— Conseguimos? Conseguimos!
— Bate aí!
Toco a mão de Heyoon em um hi-five.
— Finalmente! Caramba, deu trabalho.
— Verdade. Nossa, Josh, sinceramente, somos muito dedicados. Repassar coreografia às onze da manhã no nosso dia de folga não é pra qualquer um.
— Arrasamos, baixinha. Então realmente vamos poder tirar folga no dia de folga?
— Milagre.
Rio junto com ela.
— Bora almoçar?
— Sim! Eu tô faminta!
— Sabina mandou mensagem dizendo que o pessoal tá indo comer hambúrguer.
— Eu vi! Vamos também?
— Só se for agora.
Pegamos nossas coisas e chamamos um carro para irmos até a lanchonete.
— Chegaram!
— Vocês dois não cansam, não?
— Alguém precisa levar esse grupo à sério, né, Sabina?
— Fica quieto, Joshua. — Está de boca cheia.
— Eu tô feliz. Finalmente decoramos tudo. Agora já podemos arrumar vocês quando fizerem besteira.
— Parabéns, amiga! Então tá livre pra ir no salão comigo e Diarra hoje?
— Vocês vão hoje? Ai, posso ir junto?
— Não, Any, a gente te odeia. — Diarra faz a cara mais assustadora do mundo antes de soltar uma risada. — Claro, né, boba!
— Marcado, então.
— O resto de vocês vai fazer o quê? — Diarra pergunta tomando outro gole de uma bebida verde e esquisita.
— Eu, Jojo, Krys e Sabi vamos patinar no gelo!
— Eu e Hina vamos fazer compras.
— E você, Bailey?
— Academia.
— Como sempre. — Falamos todos ao mesmo tempo o que causa uma onda de gargalhadas realmente altas. Nos conhecemos tão bem.
— E vocês dois? — Hina questiona eu e Noah.
— Eu vou pra casa.
— Cof cof privilegiado cof cof.
— Não tenho culpa de morar "perto" do trabalho.
— Não faz essas aspas, não! Você mora há uma hora daqui. Eu moro há nove.
— Desculpa, morar em Paris deve ser uma merda mesmo, Di.
— Noah é privilegiado sim.
— Enfim! E você, Josh? — Ele se apressa em mudar de assunto.
— Bom, eu ia ficar ensaiando com a Yoon, mas agora que terminamos tô meio de bobeira.
— Quer ir lá pra casa comigo?
— Sério?
— É, faz bastante tempo desde que foi lá.
— Beleza.
— É, chama só o Josh. Só liga pra ele mesmo.
— Quer ir também, Sofya? — pergunta sem muita animação, sabe que ela não vai trocar patinar no gelo por isso.
— Não. Não gosto de ser segunda opção de ninguém.
— Eu disse "também".
— E eu disse não. Já tenho planos. Pode ficar com o Josh.
— É, Noah, só chama o Josh pra ir pra sua casa.
— Começou...
— Any tá certa, nem liga pra gente.
— Krys, me poupe. Não posso aparecer com 12 pessoas lá em casa, minha mãe me mata!
— Mas com o Josh...
— Desculpa aí, sou especial.
— Quer ficar também?
— Mal.
— Eu prometo que vou dar uma mega festa com todos vocês, ok? Mas hoje não dá. Chamei o Josh porque ele é um só e meus pais já conhecem ele.
— Bro, seus pais conhecem todos nós. Eles já viajaram o mundo com a gente.
— Eu sei, porra. Todos conhecemos os pais uns dos outros, tô falando conhecer direito. Meu pai literalmente já dormiu na mesma cama que o Josh.
— É verdade. Não foi legal. Ele ronca alto e chuta pra caramba.
— Aquele noite foi... peculiar. — Joalin lembra de quando precisamos nos espremer nos quartos de uma pousada minúscula porque todos os hotéis da cidade estavam cheios e nossa reserva tinha sido cancelada. Foi hilário, Bailey teve que dormir no mesmo quarto que o Simon e Sofya e Joalin dividiram uma cama com Yonta, mas claro que a mídia não sabe disso.
— Eu diria traumático. — A cara de Bailey é hilária.
A conversa se prolonga com lembranças engraçadas daquela noite enquanto devoramos a comida. Quando chegamos no hotel, procuro Noah.
— Que horas saímos?
— Agora. Arruma suas coisas e a gente vai.
— Beleza. Você dirige?
— Óbvio.
Subimos para o quarto e faço a mochila relativamente rápido. Ele cata alguns poucos objetos e finalmente pegamos a estrada.
— É uma hora até lá?
— Um pouco menos. Quer ouvir alguma coisa?
— Pode ser.
Noah mexe no telefone e uma música em português começa a tocar.
— Que porra é essa?
— Eles chamam de "pagode".
— Gostei até.
— Deixa acontecer nooturalmeeente!
— Você tá ridículo cantando isso.
— É muito bom!
— Aham, senta lá, Cláudia.
— Isso é um meme?
— É, aprendi ontem.
— A gente tá muito brasileiro.
— Any ficaria orgulhosa. — Damos risada e eu mudo a música. — Seu irmão vai tá lá?
— Não, só a Linsey e meus pais.
— E o Milo.
— E o Milo.
— Tem algum plano pra hoje?
— Só ficar com eles um pouco. A gente volta amanhã bem cedo.
— Bem cedo tipo que horas?
— Umas sete.
— É realmente bem cedo.
— Sim, tenho que estar no estúdio oito e meia pra gravar.
— Tranquilo. Não vou na sua casa há um tempão.
— É verdade.
— Algo novo lá?
— Nada especial.
— Você também não vai lá pra casa há muito tempo.
— É um pouco mais complicado.
— É aqui do lado, Noah.
— É frio. Eu odeio frio.
— Bom, vou tirar um cochilo. Me acorda quando chegarmos.
— Boa noite.
Noah
— Filho! Josh! — Minha mãe me dá um abraço apertado e em seguida abraça ele também.
— E aí, mãe? Sentiu saudades?
— Eu não senti. — Linsey implica saindo da casa.
— Até parece, você me ama.
— Amo mesmo, pirralho. — Também me abraça. — Como vai, Josh?
— Tudo bem, Linsey?
— Cadê o papai?
— No mercado, daqui a pouco tá chegando. Estávamos indo pra piscina.
— Deve ser bom poder ir na piscina quase o ano todo.
— Para de sofrer, Josh. Vamos entrar. — Ele me segue até o quarto. Engraçado, a última vez que vim aqui estava surtando por ter transado com ele, agora transamos quase todo dia. — Pode botar a mochila em qualquer lugar. Vai querer ir na piscina com elas?
— Bora.
— Beleza.
Ando até o armário procurando algum short decente. Preciso me desfazer de várias coisas, tem muita roupa aqui. Escolho um azul e começo a desabotoar a calça.
— O que você tá fazendo?
— Trocando de roupa.
— E se sua mãe entrar?
— Eu só tô trocando de roupa, Josh. E eu sempre tranco a porta.
— Não pareceu hoje de manhã, mas tudo bem. — Ele levanta, caminhando até mim. — Então não tem problema se eu fizer isso.
Me empurra contra o armário em um beijo desesperado. Afasto ele.
— Tá louco?
— Você disse que tá trancada.
— Ainda é estranho.
— Transar na sua casa?
— Sim.
— Achei que quisesse terminar o que começamos mais cedo.
— Eu quero, mas agora? Tô com saudade da minha família.
— E se for uma rapidinha? Somos bons nisso.
— Josh...
— Tá, esquece. — Me solta meio emburrado.
— Qual é, cara. A gente faz de noite.
— Beleza.
— Vai ficar puto?
— Não tô puto — fala nitidamente puto.
— Transamos têm só quatro dias.
— Você me acostumou mal.
— Engraçadinho.
Josh
— Estamos indo deitar. Boa noite, família!
— Boa noite, meus amores! Amanhã acordo pra fazer o café de vocês.
— Relaxa, mãe. A gente se vira.
— Eu sei, mas quero mimar meu bebê enquanto posso.
— Não vou reclamar.
Ele se despede dos pais e da irmã com mil beijos e abraços e vamos para o quarto. São quase meia noite.
— Sua família é muito fofa.
— É mesmo, amo eles.
Jogo o corpo na cama de Noah um pouco desanimado. Suspiro.
— Tudo bem?
— Aham. Só tô com saudade da minha família, especialmente da minha mãe.
— Não ligou pra ela hoje, né?
— Não... Sei lá, estar no grupo é muito foda, mas sinto tanta falta deles...
— Sim... Pra vocês é muito pior. Diarra tá certa, eu sou sortudo de poder ver a minha com frequência, pelo menos quando estamos em Los Angeles.
— É mesmo. Sei lá, tem dias que tá tudo uma merda e só queria ela perto de mim.
— Não fica assim, cara. Quer um abraço?
— Aham.
Noah senta do meu lado me apertando com força.
— Não sou sua mãe, mas tô aqui pra você, mano.
— Eu sei. Valeu. Você é um amigo muito foda.
— Acho que não aguento transar, tô morto.
— É, também não tô no clima.
— Você passou o dia todo meio pra baixo desde que chegamos. É por causa da saudade?
— Acho que sim. Ver vocês juntos me lembrou deles.
— Foi mal.
— Relaxa. É só que eu não saí de casa exatamente bem
— Como assim?
— Antes de voltar pra cá eu tive uma briga com meus pais. Foi idiota e já tá normal, mas fiquei pensando: cara, e se acontecesse alguma coisa, sabe? Tipo o avião cair e eu morrer, sei lá. Aquela ia ser a última lembrança minha deles. Não quero isso, quero que minha família tenha lembranças boas de mim.
— Tá, primeiro: você não vai morrer, para com esse papo. Segundo: mano, tudo o que eles têm são lembranças boas suas. Você é uma pessoa incrível, Josh.
— Sou?
— É, porra. Você é talentoso, bom de cama, simpático, bom de cama, engraçado, bonito, eu já disse bom de cama?
— Para... — Fico sem graça com os elogios. — Tô falando sério.
— Eu também. Principalmente sobre a parte de ser bom de cama. Mas na moral, você é foda. Por isso é meu melhor amigo. Eu só tenho amigos incríveis.
— Valeu, Noah. Cadê o colchão?
— Merda...
— Que foi?
— Esqueci que minha mãe jogou fora.
— E eu vou dormir onde?
— Tem o sofá, mas meus pais ainda iam ver um filme.
— Tá, chega pra lá.
— Isso não vai dar certo, minha cama é minúscula.
— Se eu e Any coubemos na cama da Belinha nós dois com certeza cabemos na sua.
— Por que vocês...
— Longa história.
— Então tá... Só não me chuta.
— Eu nunca chuto. Boa noite.
— Boa noite.
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