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História Corrupted (Livro 1) - Conselhos de um Sonserino


Escrita por: moonysupreme

Capítulo 22 - Conselhos de um Sonserino


Fanfic / Fanfiction Corrupted (Livro 1) - Conselhos de um Sonserino

02 de setembro de 1994
Hogwarts
17:27

Eleanor, depois de deixar Hannah com Susan na ala hospitalar, marchou em direção á sala da Professora McGonagall. Tinha tido tempo o suficiente para se acalmar, mas ainda sabia o que deveria fazer, e não existia calma o suficiente no mundo que a fizesse mudar de idéia.

Deu três batidas fortes na porta da sala de McGonagall, esperando que mostrasse que era urgente. Depois de, aproximadamente, dois minutos, a professora abriu a porta.

– Sparks! O que está fazendo fora de aula? – McGonagall tinha a testa levemente franzida.

– Minha amiga passou mal na aula do professor Moody, senhora. – Eleanor respondeu, formalmente, embora suas mãos tremessem. – Vim lhe pedir um favor.

– É... entre. – A professora abriu espaço para que ela entrasse na sala, e então, quando ela passou, fechou a porta atrás dela. – Quem passou mal?

– Susan Bones. – Respondeu. – O Professor Moody demonstrou as maldições Imperdoáveis na frente da turma.

– Bones? Não foi a família dela que...? – McGonagall repousou uma das mãos ao peito.

– Foi assassinada por Comensais da Morte. Sim. Todos eles. Ela mora com a única pessoa que sobrou; a tia dela. – Eleanor fechou a cara. – Tive que levar ela direto para a Madame Pomfrey porque ela estava prestes á ter um colapso nervoso.

– Merlin...

– Por isso, professora... – Ela prosseguiu, ainda em tom sério. – ...eu quero lhe pedir para retirar meu nome da lista de assistentes.

A Professora Minerva se sentou á sua mesa, ainda desconcertada.

– Tentei dar ao Professor Moody uma chance, mas ele já deixou claro que não quer minha ajuda. E depois dessa aula, não quero ajudá-lo. – Finalizou.

– Sparks, eu entendo o seu lado, mas... você não pode renunciar o cargo de estudante-assistente.

– O quê?! – Eleanor arregalou os olhos. – Sinto muito... mas o que disse? – Fechou os olhos e respirou fundo.

– Foi como eu disse no ano passado... os alunos não podem renunciar aos postos quando bem entenderem. É muita responsabilidade.

– Mas, professora, eu não estou saindo porque quero. Estou saindo porque não concordo com o ensino do professor. – Eleanor controlava sua entonação para não parecer arrogante. – E, como eu disse... ele não quer uma assistente.

– O único jeito de você poder sair, é se ele te dispensar. Vai ter que pedir que ele venha até aqui e me fale, formalmente, que não quer um assistente. – Explicou. – E recomendo que, enquanto não fala com ele, arrume outro professor para te aceitar como assistente.

– Eu não vou pedir nada pra ele, a senhora precisava ver o jeito que ele falou comigo! – Eleanor se exaltou, andando em círculos pela sala. – A senhora sabe bem que eu odeio que me insultem ou me tratem mal de qualquer forma.

– Sim, senhorita Sparks, mas o professor Moody não é um aluno qualquer da Sonserina que você pode ameaçar com um garfo. Ele é seu professor e você precisa respeitá-lo, ainda mais que ele, tecnicamente, ainda é seu tutor.

Eleanor bufou e cobriu o rosto com as próprias mãos.

– Ele pode fazer isso? Demonstrar as maldições imperdoáveis na frente de toda a turma? – Eleanor cortou o silêncio depois de alguns segundos.

– Eu, particularmente, não concordo... mas o Professor Dumbledore e ele chegaram a um consenso de que vocês precisam aprender sobre isso... – A professora parecia extremamente contrariada ao dizer aquilo. – Só se ele fizesse algo sem a permissão do diretor, que você poderia reclamar e se retirar do cargo. Até então... não há nada que eu possa fazer.

– Certo, então. – Eleanor riu, sentindo seu rosto esquentar com a raiva. – Muito bem, sinto muito a incomodar, senhora.

– Sinto muito, Sparks. – Ela parecia realmente genuína. – Se algo mais a incomodar, minhas portas estão abertas. Diga isso á srta. Bones também, sim?

– Vou falar. Obrigada, professora. – Se curvou levemente, em uma reverência formal, e se retirou da sala.

Na hora do jantar, Susan já havia sido liberada da ala hospitalar, e, por mais que ainda parecesse abalada, dizia se sentir melhor. Hannah e Eleanor evitaram tocar no assunto pois Susan só teve coragem de as contar sobre sua família no 2º ano. Depois daquele dia, elas nunca mais falaram sobre a família de Susan, a não ser com perguntas informais sobre a tia dela.

– Como foi a aula do Moody? – Cedric perguntou para Eleanor, depois de se sentar ao lado dela um pouco atrasado.

Eleanor não respondeu, apenas levantou as sobrancelhas rapidamente.

– Uh oh. O que aconteceu? – Ele franziu a testa e olhou para as outras duas meninas. Vendo o rosto inchado de Susan, ele se aproximou mais de Eleanor e sussurrou: – Foi tão ruim assim?

– Foi. – Eleanor respondeu, rapidamente, sem tirar os olhos de seu prato, e o explicou, sem muitos detalhes, o que aconteceu.

Puxa, nem me lembrava desse negócio da Susan... – Ele olhou para baixo, entristecido.

Susan terminou de comer rápido, sabendo que todos os alunos da turma a encaravam discretamente, e cochichavam sobre o que aconteceu com ela. Não muitos sabiam sobre a família dela, então ninguém entendeu muito bem o que havia a deixado assim. Hannah se levantou junto com ela, e se virou para Eleanor, que terminava de comer.

– Vamos pra Sala Comunal? – Hannah sussurrou, apenas para eles escutarem.

– Nós não íamos pra biblioteca? – Susan franziu a testa, desnorteada. – A Eleanor disse que queria ler sobre... – Ela se calou quando percebeu a presença de Cedric.

– Vamos nos deitar, Suz. – Eleanor sorriu docilmente, se levantando e indo até o lado dela.

– Mas você queria...

– Não tem problema, eu vou depois. – Eleanor a interrompeu, mantendo seu tom baixo. – Agora, vamos, estamos todas cansadas.

– Verdade, estou morta de sono... – Hannah fingiu um bocejo.

As três foram, de braços cruzados, andando até a Sala Comunal, que ainda estava vazia. Não queriam arriscar Ernie, que costumava ser completamente sem noção em relação às perguntas que fazia, chegar para entrarem para o dormitório. Susan escolheu um pijama em seu malão e, enquanto se trocava no banheiro, Hannah e Eleanor conversavam.

– Conseguiu falar com a McGonagall? – Hannah perguntou, soltando o meio rabo de cavalo que usava em seu cabelo.

– Consegui. – Eleanor ficou séria, olhando para um ponto fixo na parede. – Não deu certo.

– Como não? Você falou que ele demonstrou as maldições imperdoáveis?

– Falei! Mas, aparentemente, ele e Dumbledore concordaram em fazer isso... dizendo que precisamos estar preparados... – Eleanor revirou os olhos.

– Preparados pra quê? Como se alguém fosse nos torturar ou nos matar em plena Hogwarts... – Hannah balançava a cabeça, incrédula.

– Não é isso, até porque estamos em perigo em qualquer lugar. – Eleanor respondeu vagamente, se referindo ao ano passado, lembrando que o rato de Ron Weasley era um Comensal da Morte disfarçado.

– Em Hogwarts, não. – Hannah reforçou seu ponto. – Além do mais, quem iria querer atacar adolescentes de 14 anos?

– Eu não sei. – Eleanor se sentou em sua cama. – O que me incomoda é ele ter demonstrado os feitiços na frente da turma. Ele parecia estar adorando torturar aquela aranha...

– Você viu como o Neville ficou? – Hannah franziu a testa. – Ele parecia que ia vomitar também.

– Eu vi... e ainda falou de Harry, o colocando nos holofotes como se o fato de ele ter sobrevivido á maldição da morte fosse algo pra se ter orgulho...

– Como se os pais dele não tivessem morrido por isso. É doentio. – Hannah se arrepiou. Antes que pudessem continuar conversando, Susan saiu do banheiro, já vestida na sua roupa de dormir.

– El, tem certeza que não quer ir pra biblioteca dar uma olhada no Torneio? – Susan perguntou, sentida. – Eu sei que você queria muito ir, não quero que você perca tempo aqui...

– Não estou perdendo tempo, fique tranquila. – Eleanor sorriu, e se levantou, indo até a amiga. – Só decidi ficar com vocês, não posso passar um tempo com minhas melhores amigas?

– Mesmo?

– Mesmo.

Susan sorriu e se deitou em sua cama. Hannah e Eleanor se deitaram ao lado dela e as três passaram vários minutos conversando sobre assuntos aleatórios, até que Susan adormeceu no meio de uma conversa sobre Adivinhação.

Eleanor e Hannah ficaram mais alguns minutos conversando em voz baixa, mas Hannah também dormiu. Eleanor olhou pro relógio de pulso que usava, um presente de seu pai, e viu que ainda não era hora do toque de recolher. Talvez, se ela se apressasse, pudesse dar uma passada na biblioteca.

Se levantou da cama de Susan, lentamente, com cuidado pra não fazer nenhum barulho que as despertasse; Susan merecia descansar e Hannah, se acordasse, iria querer ir com Eleanor e ela não queria que Susan ficasse sozinha.

Saiu do dormitório lentamente, passando pela Sala Comunal, onde alguns alunos já se reuniam e conversavam. Viu que Cedric estava entre eles e se apressou para sair de lá, sem vontade de o contar que estava indo para a biblioteca ler sobre  o Torneio que ele estava pensando em entrar; tudo para poder contrariá-lo.

Conseguiu passar despercebida por eles, e em 15 minutos, já estava no primeiro andar do castelo, entrando na biblioteca.

Estava significantemente vazia, e escura, mas Madame Pince ainda permitiu que ela entrasse, então ainda estava aberto. A biblioteca era enorme e Eleanor nunca passou muito tempo ali, e isso a fez não saber por onde começar. Ficou algum tempo andando de prateleira para prateleira, analisando todos os livros, mas nenhum deles parecia conter informações sobre o Torneio Tribruxo.

Chegando em um dos corredores repletos de novas prateleiras que ela ainda não havia explorado, encontrou Hermione Granger sentada, sozinha em uma das mesas, anotando algo em um pergaminho com uma caixa ao seu lado.

– Muitos deveres de casa? – Ela anunciou sua presença, e Hermione pareceu se assustar por alguns segundos, mas ao se virar em direção á ela, sorriu.

– Eleanor, oi... o que faz aqui tão tarde? – Ela abaixou sua pena.

– Procurando uma coisa... mas acho que não devem ter. Ou então, não estou sabendo procurar. – Eleanor fez careta. – De qualquer forma, acho que vou ter que voltar amanhã, não vai dar tempo.

– Acho que posso te ajudar... o que procura? – Ela virou o corpo na cadeira, na direção dela.

– Mesmo? É... estou procurando um livro que fale sobre os outros anos em que o Torneio Tribruxo aconteceu...

– Não me diga que também quer participar disso! – Hermione pareceu irritada por um instante.

– Não, não! – Eleanor se apressou para se explicar. – É exatamente por isso que quero ler sobre... quero poder ter provas pra convencer meus amigos de não participarem...

– Se isso for sobre Cedric, ouvi ele falando de participar, ainda hoje... – Hermione murmurou, como se não soubesse se deveria falar aquilo ou não. – Mas, bem... creio que vá achar o que procura em Hogwarts: Uma História.

– Acho que ainda não achei esse livro... – Eleanor se virou, olhando as prateleiras á sua volta, forçando sua visão para enxergar sob a luz fraca das velas que ainda estavam acesas.

– Sim, esse está comigo! – Ela apontou para o livro em sua mesa. – Estava tentando achar algo sobre elfos domésticos, mas não há nada! Absolutamente nada! – Exclamou, exaltada.

– Posso dar uma olhada? – Eleanor se aproximou da mesa dela, e se sentou quando Hermione puxou a cadeira ao lado da dela. – Como assim, sobre os elfos? – Ela perguntou, enquanto folheava o livro.

– Sabia que é trabalho escravo o que eles fazem?!? São obrigados a ficarem presos na cozinha, sem salário, sem férias, sem descanso, sem roupas! É desumano! – Ela contou, e Eleanor reparou uma veia saltada em sua testa, assim como Cedric ficava quando se irritava.

– Acho que nunca pensei nisso... – Eleanor franziu a testa. – Sempre que passei na cozinha, eles pareciam estar felizes... agora, me sinto mal.

– É por isso que eu fundei isso.. – Ela pegou a caixa em cima da mesa e abriu, mostrando para Eleanor o conteúdo; pareciam ter uns cinquenta distintivos, todos coloridos, mas todos com a mesma palavra: F.A.L.E.

– Fale? – Eleanor franziu a testa, largando o livro por alguns segundos.

– Não é Fale, é F.A.L.E. Quer dizer Fundo de Apoio á Liberação dos Elfos.

– Uau, Hermione... é uma... iniciativa. – Eleanor disse, sem palavras. Sabia que os elfos ficavam furiosos quando alguém sequer citava liberdade perto deles.

Hermione pareceu não perceber a expressão no rosto de Eleanor, pois pegou o pergaminho em que escrevia e estendeu na frente dela, mostrando suas extensas anotações.

– Andei fazendo muitas pesquisas... a escravidão dos elfos existe há SÉCULOS. É enfurecedor ninguém ter feito algo até agora!

– Entendo... – Eleanor sinalizou, para ela prosseguir. Sabia o que ela sentia, e não tinha coragem de interromper alguém falando sobre algo que parece ter tanta paixão.

– Á curto prazo, nossos objetivos são obter para os elfos um salário mínimo e condições de trabalho decentes. – Ela numerou. – Á longo prazo, devemos mudar a lei que proíbe o uso das varinhas entre os elfos, e também tentar admitir um elfo no Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, já que eles são muito maltratados e sub-representados.

– Parece que você já tem tudo planejado! – Eleanor sorriu, admirada. Sabia que ela era inteligente, mas ainda se surpreendia. Talvez, por não ter muito contato com ela.

– Vai querer participar? – Ela perguntou, se animando. – Acho que vou cobrar três sicles pra entrar, para cobrir o custo dos distintivos... e o produto da venda pode financiar a distribuição dos folhetos... o que acha? – Perguntou.

– Três sicles? Ah, acho que tudo bem... – Eleanor deu de ombros. – Só vou deixar pra pegar o distintivo com você amanhã, não trouxe dinheiro comigo...

– Sem problemas! – Hermione riu, aliviada. – Sinto muito, me empolguei... posso te ajudar com sua pesquisa sobre o Torneio! – Ela pegou o livro das mãos de Eleanor, folheando as páginas como se já o conhecesse de cabeça.

– Não peça desculpas, é uma causa nobre! – Eleanor balançou a cabeça. – Só não sei se os elfos vão gostar muito...

– Ah, um dia eles me agradecerão... espero. – Ela murmurou, e então abriu uma página do livro. – Aqui está! O Torneio Tribruxo de 1792, aconteceu aqui em Hogwarts.

– Caramba, Hermione, como você soube onde encontrar a página? – Eleanor arregalou os olhos pra ela, em choque.

– Não questione... – Hermione riu, dando uma lida rápida. – Aqui está: foi o último Torneio Tribruxo que ocorreu. Foi cancelado depois daquele ano depois que a criatura que os campeões deveriam estar capturando enlouqueceu e atacou os juízes. Foi um desastre, pelo o que diz aqui.

– O que mais diz aí sobre o Torneio?

– Que existiram, pelo menos, 125 edições do Torneio. Hogwarts tem 63 vitórias, enquando as Beauxbatons tem 62... e a criatura que atacou os juízes foi uma Cockatrice.

Cockatrice?

– É uma espécie de dragão com duas pernas, que parece uma serpente com cabeça de galo, é uma criatura realmente... peculiar.

– Hagrid adoraria. – Eleanor observou, e as duas riram alto o suficiente para a Madame Pince fazer "Ssssshhhhh" de sua mesa. – Céus, não é possível que ninguém perceba o quão louco esse torneio é...

– Pra nós, é loucura mesmo. Mas acho que, pros bruxos, é como se fosse... as Olimpíadas.

– Ninguém morre pra uma Cockatrice nas Olimpíadas do Mundo Trouxa... – Eleanor observou, segurando o riso. – Eu sabia que seria muito diferente, mas não assim.

– Bom... Dumbledore disse que o Ministério tomou precauções para não haver perigo mortal esse ano... deveríamos confiar nisso, não é?

– Deveríamos... mas eu não consigo. – Eleanor murmurou, olhando para um ponto fixo na mesa, pensativa. – Você também tem um mau pressentimento? Ou estou ficando louca?

– Tenho que admitir que sim... mas talvez seja nosso lado nascido trouxa falando... precisamos ficar positivas. – Hermione suspirou. – Bom, preciso voltar para o dormitório.. quer que eu te acompanhe até as escadas?

– Não, não, pode ir... vou continuar dando uma lida aqui... – Eleanor sorriu. – Boa noite, Hermione. Obrigada pela ajuda, e boa sorte com o F.A.L.E.

– Por nada! – Ela se levantou, sorridente. – Não se esqueça de pegar seu distintivo amanhã, até!

E foi embora. Eleanor olhou em volta, escutando o barulho das velas queimando, e das páginas do livro que, ela presumiu que fosse a Madame Pince, lia, se virando. Deu uma olhada rápida pelas outras páginas de Hogwarts: Uma História, mas não havia mais nada sobre o Torneio.

Começou a sentir suas costas se esquentando, como se alguém a observasse, mas imaginou que fosse a Madame Pince se perguntando quando ela iria embora. Mas não iria embora até ser expulsa da biblioteca, tinha muito o que fazer. Leria todos os livros da biblioteca, se isso significasse encontrar algo que convencesse Cedric a desistir do Torneio.

– Quer saber o que eu acho? – Uma voz masculina soou atrás dela, e ela se assustou ao ouví-la. Achou que as únicas pessoas na biblioteca naquela hora eram ela e Madame Pince, mas ao se virar, viu Draco encostado em uma das prateleiras, com um livro velho apoiado em uma de suas mãos. A luz fraca das velas parecia acentuar a cor dos seus olhos.

Na verdade, não... não quero. – Eleanor se virou bruscamente, voltando a fitar a página que estava aberta do livro á sua frente, mas não leu nada; estava atenta aos barulhos atrás dela, esperando indicarem que ele havia ido embora, mas não aconteceu. Pelo contrário, a sensação de que alguém a encarava parecia queimar mais suas costas.

– Vou te falar o que eu acho mesmo assim. – Ele fechou o livro com rispidez e andou, lentamente, até a mesa onde Eleanor estava sentada. – Escute aos conselhos de um Sonserino, Sparks...

– Ah, pronto... – Ela revirou os olhos e cruzou os braços.

– Calma, calma... – Ele sorriu de lado e se sentou em frente á ela. – Eu entendi certo, não é? Você não quer que Diggory participe do Torneio?

– Tem certeza de que estava mesmo lendo? Parece que estava bem concentrado na minha conversa com a Hermione.

– Se você e a Granger soubessem falar baixo, talvez eu conseguisse me concentrar na leitura. – Ele revirou os olhos. – Quer me escutar, agora?

– Por quê você pergunta se sabe que a resposta é não?

– É uma pergunta retórica. – Ele respondeu. – Enfim, olhe o que você deve fazer, na minha opinião...

Eleanor inclinou a cabeça pro lado e olhou pro rosto dele, surpresa pela autoconfiança que ele deveria ter para pensar que ela fosse aceitar algum conselho dele.

– Está claro que você é a protegida dele... – Ela jurou ter visto ele expressar raiva por um milésimo de um segundo. – ... então... ameace ele.

– Quer que eu ameace ele? – Eleanor arqueou a sobrancelha. – Malfoy, não é porque eu bato em você, que eu vou bater no meu melhor amigo.

– Ouch. – Draco levou a mão ao peito, fingindo ter se magoado, mas logo voltou á expressão séria de sempre. – Não falo de bater nele, caso seus dois neurônios não tenham percebido... digo de ameaçar fazer o mesmo que ele.

Ela percebeu o que ele queria dizer e sua vontade era jogar o livro á sua frente na cara dele.

– Você quer que eu coloque meu nome pra seleção?

– Não disse pra colocar. – Ele balançou a cabeça. – Até porque Diggory nunca deixaria chegar nesse ponto.

– Parece até que você o conhece mais do que eu. – Eleanor se inclinou na mesa, encarando Draco nos olhos.

– Nunca diria isso, já que vocês são tão próximos. – Ele a encarou também, arqueando uma sobrancelha rapidamente. – Apenas digo o que eu reparo quando observo vocês.

– Quando nos observa? – Eleanor franziu a testa. – Bem que eu percebi que agora você vive me encarando...

– Não seja convencida, Sparks. – Ele falou, ríspido, mas ela jurou ter visto seu rosto avermelhar sob a luz das velas, porém achou ser um truque das luzes. – Eu observo todos, gosto de saber o que está acontecendo na escola.

– Ótimo jeito de falar que é fofoqueiro. – Eleanor segurou um riso ao ver a expressão dele.

– Da próxima, não te ajudo. – Ele revirou os olhos.

– E quem disse que está ajudando? O que você fez foi sugerir que eu entrasse nesse torneio suicida.

– Você não vai entrar, você vai usar de chantagem, Sparks! – Draco massageou as têmporas, impaciente. – Chegue nele e diga "se você colocar o seu nome, eu coloco o meu.", simples assim.

– Então, você quer que eu minta?

– Mentir é uma palavra muito forte... – Ele franziu a testa, exageradamente. – Eu diria que você vai... simplesmente... pensar como uma Sonserina.

– E como você espera que eu faça isso se eu sou da Lufa-lufa?

– Seguindo meu conselho, gênia. – Ele forçou um sorriso. – Você vai ameaçar colocar o seu nome se ele colocar o dele, mas vai... simplesmente... deixar de fora o fato de que você, na verdade, não tem intenção alguma de colocar seu nome.

– Isso é mentir.

– Eu diria omitir, mas pense como quiser. – Ele deu de ombros.

– E por quê você quer tanto me ajudar? Quer que Cedric saia do caminho pra você ter mais chances de ser escolhido?

– E quem disse que eu vou entrar?

– É bem a sua cara... querer glória, atenção e dinheiro.

– Você não escuta as coisas que saem da sua boca, escuta? – Ele sorriu, debochado. – Já tenho todas essas coisas, e sem nem mesmo precisar arriscar minha vida. – Sua prepotência exala de seus poros tão forte quanto seu perfume, Eleanor pensou.

– Ainda não respondeu minha pergunta... por quê todo esse interesse em me ajudar?

– Nada demais. – Ele deu de ombros. – Seu desespero despertou minha empatia.

Eleanor riu o mais alto que podia sem chamar a atenção de Madame Pince, e ele ficou enfurecido.

– Do que está rindo? – Ele contorceu o rosto e franziu a testa.

– Eu despertei sua empatia?

– Cale a boca. – Ele revirou os olhos e desviou o olhar. – Enfim, pense no que eu te falei.

Ele pegou um pedaço de pergaminho em branco de cima da mesa, pegou a pena que Hermione usava e acabou deixando em cima da mesa. Lançou um olhar rápido para Eleanor, com a pena em mãos.

– Seu nome é só Eleanor Sparks, não é? – Ele perguntou.

– Não, mas é como me chamam.

– Mesmo? – Ele a encarou, parecendo surpreso. – Qual seu nome todo?

– Eleanor Rose Sparks. – Ela respondeu, de testa franzida, sem entender a curiosidade dele. – Por quê?

– Só quis saber. – Ele voltou a escrever no pergaminho, então, largou a pena e rasgou, cuidadosamente, o pedaço que ele havia escrito. – Aqui está. Mostre isso para Diggory quando falar com ele, vai mostrar que você fala sério.

Eleanor pegou o pedaço de papel das mãos dele, sentindo sua mão tocar os dedos gelados dele. Se afastou rapidamente e analisou o papel em que ele havia escrito:

ELEANOR SPARKS - Hogwarts

Ela sentiu seu estômago afundar, e o pior era: ela não sabia exatamente o motivo. O loiro se levantou, ainda a olhando, percebendo que ela estava tensa enquanto fitava o pedaço de papel em suas mãos.

– Você não vai colocar o seu nome de verdade, não precisa borrar as calças. – Ele brincou, sorrindo de lado. – Não precisa seguir meu conselho que, particularmente falando, é bem incrível, se você não quiser. Apenas te apresentei uma solução.

– O que eu faço se ele, mesmo assim, colocar o nome dele? – Ela olhou nos olhos dele, e pela primeira vez, Draco não sentiu nenhuma pontada de deboche, sarcasmo, raiva ou impaciência. Tudo que ele escutou na voz dela era desespero e medo.

– Você não coloca o seu, simplesmente. – Ele falou, igualmente sério. – E arruma novos amigos.

– Amigos como você? – Ela arqueou a sobrancelha, tentando parecer sarcástica, mas a luz do luar refletia em seus olhos marejados.

Talvez. – Ele arqueou uma sobrancelha e voltou a andar em direção à saida, se virando para ela uma última vez. – Ah, e Sparks...

Ela se virou para ele.

– Se falar pra alguém que te ajudei, eu acabo com você. – Sua entonação estava séria, mas ele tinha um pequeno sorriso no canto da boca. E ela percebeu.

– Eu teria vergonha de admitir que conversei com você. – Ela respondeu, na mesma entonação.

– Ótimo, estamos na mesma página, então. – Ele inclinou a cabeça, cordialmente. – Boa noite. – E se retirou da biblioteca.

Eleanor ficou alguns longos minutos olhando para o lugar em que ele antes ocupava, pensativa. É claro que a idéia de ameaçar entrar pro Torneio já havia passado pela sua cabeça, tanto que ela já havia feito isso quando conversou com Cedric na noite em que anunciaram o evento, e não funcionou.

Mas aquele pedaço de papel na sua mão tornava tudo mais sério. Cedric parecia preocupado com o fato de ela se candidatar, mas será que ele desistiria de sua própria candidatura por isso? Mesmo se ela o mostrasse o papel? Ou ele apenas não se importava tanto assim?

Ou, talvez, Eleanor estivesse exagerando em relação á tudo. Talvez, Draco tivesse dado aquela idéia para brincar com ela. Já pensando em Draco, ela percebeu o quão estranho foi o fato de ela aceitar tão bem conversar com ele, mesmo sem terem se falado direito pelos últimos 4 anos. Por algum motivo, o rosto dele, iluminado pela luz das velas em um cômodo escuro e também iluminado pela luz da lua, parecia tão familiar e a cor dos olhos dele era tão... conhecida. Como se ela já o tivesse visto mais vezes. Mas não do jeito que ela via no dia a dia. Era algo diferente. Seu subconsciente gritava a resposta, mas não alto o suficiente, já que ela optou por apenas balançar com a cabeça e se levantar, afobada.

Recolheu os livros rapidamente, os guardou e andou apressada de volta para a Sala Comunal da Lufa-lufa. Com sorte, Filch não a pegou nos corredores, pois seus devaneios a fizeram ficar 10 minutos depois do toque de recolher na biblioteca, e Madame Pince não havia percebido que a hora passou.

Chegando no dormitório, Eleanor se trocou e, quando tirou o roupão, o pedaço de papel em que Malfoy escreveu caiu no chão. Por algum motivo, ela ainda sentia o perfume dele naquele papel. Ou talvez fosse coisa da sua cabeça... definitivamente, era coisa da sua cabeça.

Já em seu pijama, ela recolheu o papel do chão e o levou, apertado em sua mão, até seu malão. O guardou ali, evitando que Susan ou Hannah o encontrassem. 

Se deitou em sua cama, que estava quentinha... os elfos provavelmente colocaram aquecedores, ela pensou, se lembrando da organização de Hermione. Se sentiu mal por estar tão confortável naquele quentinho. Era uma pena não estar com um pingo qualquer de sono.

Se deixou fitar o teto do dormitório por alguns longos minutos que mais pareceram horas, e acabou adormecendo sem perceber, observando os raios de sol que começavam a adentrar o quarto.


Notas Finais


foi aqui que pediram mais interações do casal? 👀

Jornal com o elenco da fanfic: https://www.spiritfanfiction.com/jornais/corrupted--cast-21807049


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