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História Corrupted (Livro 1) - Dragões?


Escrita por: moonysupreme

Capítulo 27 - Dragões?


Fanfic / Fanfiction Corrupted (Livro 1) - Dragões?

19 de novembro de 1994
Hogwarts
13:21

As próximas duas semanas passaram num piscar de olhos, e Eleanor muito mal viu o tempo passar. Já começava a se acostumar com o fato de ser uma Campeã Tribruxa, e os olhares que recebia quando passava pelos corredores já não eram mais surpresa, por mais que ainda a incomodassem.

Não estava recebendo muita atenção de fora da escola, e isso era ótimo, graças ao artigo de Rita Skeeter, que foi publicado no Profeta Diário alguns dias depois da entrevista.

– Isso é ridículo! – Hannah reclamou, enquanto lia e relia o artigo no sofá da Sala Comunal. – Ela sequer falou de você! – Jogou o jornal com força na mesa de café.

Era verdade. O artigo não parecia ser sobre o Torneio, e sim uma versão melancólica da vida de Harry Potter. E, pelo o que os colegas comentavam, uma versão bem exagerada.

– "Acho que herdei a força dos meus pais, sei que eles teriam muito orgulho de mim se me vissem agora... ás vezes, de noite, ainda choro a perda deles, não tenho vergonha de admitir. Nada de mal me acontecerá nesse Torneio, pois sei que estarão me protegendo..." – Justin leu, dramaticamente, pegando o jornal assim que Hannah o jogou.

– Ah, por favor! – Ernie revirou os olhos.

– Por favor, mesmo! Vocês não podem possivelmente acreditar que o Potter realmente falou essas coisas. – Eleanor levantou a cabeça, que estava encostada no sofá.

– É o que diz aqui. – Ernie apontou para o jornal nas mãos de Justin.

– Como se a Rita Skeeter fosse uma fonte muito confiável! – Eleanor revidou.

– Minha mãe confia nela... – Ernie cruzou os braços.

– Ah, é? – Eleanor arqueou a sobrancelha e se levantou, arrancando o jornal das mãos de Justin. – Então você acha que isso aqui é verdade? – Procurou por um trecho específico do artigo, e então pigarreou e leu:

"Harry finalmente encontrou carinho e, aparentemente, romance em Hogwarts. Seu amigo íntimo, Colin Creevey, diz que o garoto raramente é visto sem a companhia de Hermione Granger, uma linda menina nascida trouxa que, como Harry, é uma das melhores alunas da escola."

– Mas não tem como sabermos se é verd... – Ernie argumentou, mas foi interrompido.

– Ainda não acabei! – Eleanor ergueu o dedo indicador, o silenciando, sem tirar os olhos do papel em suas mãos.

"Porém, nossa repórter Rita Skeeter, cuja pena já esvaziou muitas reputações infladas e descobriu muitas informações quentinhas, disse ter sentido um clima amoroso entre ele e a outra campeã de Hogwarts, a nascida trouxa Eleanor Sparks. Estaríamos prestes á acompanhar, de primeira, um triângulo amoroso em meio ao Torneio Tribruxo?"

– Agora sim, acabei. – Ela dobrou o papel e o jogou em Ernie, que o pegou antes que batesse em seu rosto. – Então, Macmillan, acha que é verdade que eu estou em clima de romance com o Potter? – Debochou, mas Ernie não respondeu.

Nos corredores, ao invés de apenas receber olhares curiosos e sorrisos dos outros alunos, ela passou a ter que ouvir cochichos sobre a "especulação" de Skeeter.

– Não é possível que ela não veja que é muito bonita pra ele! – Um dos meninos da Sonserina comentou.

 Ela nem é tão bonita assim! – Pansy sibilou, fazendo Eleanor segurar um riso.

Para evitar os olhares e cochichos, ela passou a se esconder cada vez mais na biblioteca, e Cedric, na maioria das vezes, a acompanhava. O menino ficou revoltado ao ler o artigo pela primeira vez, já que toda a primeira página foi ocupada por uma foto individual de Harry, enquanto o artigo (que ocupava três páginas do jornal) só citou a história dele, com os nomes de Krum e Fleur escritos (de forma errada) na última linha do artigo. Eleanor não foi citada em nenhum momento além da insinuação de que ela estaria "em clima amoroso" com Harry.

– Bem que eu estranhei quando você disse que ela falou que iria fazer entrevistas mas só chamou o Potter... – Ele comentou, remoendo o assunto, enquanto Eleanor fingia ler um livro qualquer, para evitar o assunto.

– Você viu quem está aqui? – Eleanor o cortou, apontando para uma das mesas próxima á deles, onde Krum lia silenciosamente.

–... não sabia que ele lia. – Cedric franziu a testa, e Eleanor segurou a risada. – Não, não! Não quis dizer que acho ele burro... é que ele não parece muito do tipo que lê.

– Deve estar tentando escapar delas. – Eleanor apontou para o grupo de garotas que apareceu para espioná-lo por trás das estantes, dando risadinhas. – Ah, pelo amor de Deus... – Negou com a cabeça, voltando sua atenção ao livro.

– Um sucesso com as garotas. – Cedric brincou.

– Ele nem é tão bonito... – Eleanor murmurou.

– E o que é bonito pra você? Porque aquilo ali... – Ele apontou para Krum. – E inegável que é um cara bonito.

– Não disse que não é, só disse que não é tão bonito assim. – Deu de ombros, sem tirar os olhos de seu livro. – Mas, acima de tudo, ele parece ser um cara legal.

No último sábado antes da primeira tarefa, todos os alunos do terceiro ano pra cima tiveram permissão de visitar o povoado de Hogsmeade, e Eleanor mal via a hora de poder sair da escola por algumas horas.

Hannah e Ernie quiseram passar na Dedosdemel para comprar sapos de chocolate; Ernie queria terminar sua coleção de figurinhas e Hannah só queria comer chocolate mesmo. Enquanto os esperavam do lado de fora, Cedric seguiu Cho Chang, que passou por eles com seu grupo de amigas á caminho do Três Vassouras, com o olhar.

– Pessoal, que tal irmos no Três Vassouras depois? – Ele perguntou, voltando ao normal assim que elas fecharam a porta.

– Você é vergonhoso. – Eleanor revirou os olhos pra ele, rindo. – Vai chamar ela pra sair quando?

Cedric não respondeu, apenas ficou vermelho e deu um peteleco na testa de Eleanor, que continuou rindo da cara dele.

– Conseguimos, conseguimos! – Hannah exclamou, saindo da Dedosdemel com uma sacola cheia de sapos de chocolate. Ernie saiu com uma sacola cheia também. – Querem ir aonde agora?

– Vamos pro Três Vassouras. – Eleanor cutucou Cedric com o cotovelo e puxou ele pelo braço em direção ao estabelecimento, os outros foram logo atrás.

Estava lotado, principalmente por alunos de Hogwarts, mas também haviam pessoas de todos os cantos, já que Hogsmeade era o único povoado inteiramente mágico da Grã-Bretanha, e era visto como uma espécie de refúgio para os bruxos que não gostavam de se esconder.

Ao entrarem, Eleanor identificou os distintivos de "APOIE ELEANOR SPARKS" nas roupas da maioria dos alunos de Hogwarts, o que a fez sentir vontade de dar meia volta e sair dali, mas apenas seguiu Cedric em direção á uma das poucas mesas vazias. Por pouco, não esbarrou em Rita Skeeter, que andava até a saída acompanhada do seu amigo fotógrafo. Ao ver quem havia passado por ela, Rita a deu uma piscadela debochada, e Eleanor precisou conter o impulso de voar no pescoço dela.

A mesa que Cedric conseguiu era um pouco pequena para todos eles, então Ernie e Justin sentariam com Cedric em uma, e Hannah e Susan sentariam com Eleanor em outra, quase do outro lado do estabelecimento. Cedric foi pegar as bebidas para eles e Hannah foi até a mesa dos meninos para trocar figurinhas de sapos de chocolate. Susan a acompanhou para poder ficar perto de Justin, e chamou Eleanor pra se juntar á eles enquanto Cedric não voltava, mas ela preferiu ficar sozinha na mesa por um tempo.

"Pareço uma idiota sentada aqui sozinha..." ela pensou.

Olhou em volta e viu Cho Chang sentada com suas amigas em uma mesa próxima da porta. Cho pareceu perceber que Eleanor a olhava, pois a olhou e acenou docilmente. Continuando a olhar em volta, percebeu que o grupo de Draco estava sentado em uma mesa próxima á dela, mas ele parecia não estar ali.

Não falava com ele desde a primeira vez em que viu os distintivos e que ele a viu azarando Pansy. Ela não percebeu, mas isso não havia acontecido apenas por Draco não querer falar com ela ou algo do tipo; Cedric fazia questão de lançar olhares feios para o garoto toda vez que ele sequer olhasse na direção de Eleanor.

Mas ela não ligava de não falar com ele, nem um pouco. Estava á quatro anos na escola, sem sequer trocar duas palavras com ele, não era agora que isso precisava mudar. Não havia motivos para ela se importar se ele falava ou deixava de falar com ela, inclusive, era melhor se ele não falasse.

Enquanto se convencia disso, se assustou quando alguém se sentou em frente á ela.

– Você não fica sozinha nunca, garota? – Draco resmungou, olhando para trás, na direção de Cedric, que esperava pelas bebidas no balcão.

– O quê? – Ela gaguejou.

– Não aja tão surpresa, venho tentado falar com você tem semanas. – Ele revirou os olhos. – Mas seu melhor amigo parece um abutre, te rodeando.

– Você tem tentado falar comigo? – Ela franziu a testa. – Pra quê?

– Pra te ajudar com as tarefas do Torneio. Nós falamos sobre isso. – Ele explicou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. – Não me surpreende você não se lembrar de nada, seus dois neurônios devem estar parando de funcionar.

– Engraçado. – Ela fez careta pra ele. – E por quê um ser tão sábio como você poderia ajudar uma mera mortal como eu?

– O primeiro passo pra perceber que é burra é a aceitação. – Ele conteve um sorriso no canto da boca. – Você está representando a escola, e por mais que essa escola esteja caindo cada vez mais no meu conceito, eu não quero que alguém nos envergonhe em frente á Beauxbatons e Durmstrang.

– E você acha que eu envergonharia a escola, sem sua ajuda?

– Basicamente... sim. – Ele balançou a cabeça. – Acho que, com minha ajuda, você pode ter chances de ganhar.

– Que honra! – Ela debochou. – E como um menino que muito mal soube lidar com um hipogrifo pode me ajudar?

– Quando você vai esquecer isso? – Ele contorceu o rosto, desviando o olhar. – E não se esqueça de que você tentou me ameaçar com um garfo. – Sorriu, sarcástico.

– E te dei dois tapas. – Acrescentou, vendo o sorriso no rosto dele se esvair. – Esses foram bem certeiros.

– Tanto faz. – Balançou a cabeça. – Já descobriu algo sobre a primeira tarefa?

– Não.

– Não? Enlouqueceu? É na terça-feira e você não se preparou?

– O que você quer que eu faça? Eles disseram que tudo que precisamos saber é que só vamos poder usar as varinhas.

– Então descubra! Ou você quer chegar lá sem qualquer treinamento ou preparo?

– Pra você é fácil dizer! – Ela revidou.

– Me procure quando conseguir algo pra trabalharmos. – Ele ignorou o que ela disse. – Enquanto você não descobre, eu vou procurar por feitiços de defesa, azarações e coisas do tipo. Ou talvez seja melhor ler sobre as primeiras tarefas dos últimos Tor... – Refletiu, mas parou de falar quando alguém o cutucou no ombro.

Cedric segurava uma caneca de cerveja amanteigada em uma das mãos, e a outra cutucava Draco com certa agressividade. O rosto dele não parecia nada amigável.

– Estou interrompendo algo? – Ele disse, ainda o encarando, levantando as sobrancelhas.

– Ele só estav... – Eleanor disse, mas Draco levantou o dedo indicador, a silenciando, e se levantou. Antes de voltar para a mesa de seus amigos, ele a lançou um olhar que, surpreendentemente, ela entendeu exatamente o que ele quis dizer. Como se fosse telepatia. "Não diga nada sobre o que conversamos".

– Pirralho mimado. – Cedric resmungou, enquanto se sentava na cadeira na qual ele estava sentado antes. – O que ele queria com você?

– Ele... – Eleanor pensou por alguns segundos. – ...estava falando sobre o artigo da Rita, você sabe... veio fazer umas piadinhas. – Deu de ombros, desviando o olhar.

– Sabia que coisa boa não era. – Ele balançou a cabeça em desaprovação. – Está bem?

– Claro que sim. – Ela sorriu.

– Ótimo. Sua bebida... – Ele empurrou a caneca na direção dela. – Vou ficar aqui com você, tem problema? Elas ainda estão lá, com os meninos.

– Claro que não. – Balançou a cabeça, mas ele não ouviu pois olhava na direção da porta. Eleanor seguiu o olhar dele e viu que ele e Cho Chang se olhavam. Então, segurou o sorriso e se virou de volta á sua caneca, a bebendo disfarçadamente.

Antes de dar um gole, ela fez um brinde mental consigo mesma. "Um brinde á terça-feira, eu acho."

*****

Eleanor se levantou na manhã de domingo sem vontade alguma de sair da cama. A primeira tarefa parecia estar se aproximando com a velocidade dobrada, e o estômago dela sentia isso; muito mal tinha fome. Se arrumou rapidamente e desceu até o Salão Principal, onde todos os seus amigos comiam tranquilamente.

– El, separei umas panquecas pra você. Sei que você gosta. – Susan empurrou um prato na direção dela.

– É que eu não estou com muita f... – Eleanor disse, mas desistiu de terminar a frase ao perceber que Susan estava tão preocupada em relação á terça-feira quanto ela. – Tudo bem, eu como... mas só porque são panquecas.

Tentou comer tudo, mas acabou deixando metade do prato. Sentia que se comesse mais uma garfada, iria vomitar ali mesmo. Então, ao largar o garfo ao lado de seu prato, percebeu algo pendurado nas vestes de Hannah e Ernie. Imaginou ser um truque da sua mente, mas ao cerrar os olhos para enxergar melhor, confirmou o que era.

– Hannah, que droga é essa?!? – Eleanor apontou para o distintivo "Apoie Eleanor Sparks, a VERDADEIRA campeã de Hogwarts." e Hannah quase engasgou no próprio suco ao perceber.

– É... eu... – A menina tentou arrancar o distintivo de suas roupas mas apenas mudou a frase de "APOIE ELEANOR SPARKS" para "POTTER FEDE", o que piorou a situação.

– Eu pedi pra você não fazer isso! – Eleanor massageava as próprias têmporas, seu estômago mais embrulhado ainda. – Quer dizer, não esperava menos do Ernie, mas você?

– Ei! – Ernie exclamou, ofendido, mas lembrou que também usava o distintivo, então se calou.

– Eu nem tenho usado a parte do Potter! Só uso a com o seu nome! – Hannah se explicou.

– Faça o que você quiser. Você também, Ernie. Inclusive, porque todos não usam? Já que eu pedir pra não usarem não importa de nada. – Explodiu, e então se levantou, saindo do Salão Principal batendo os pés.

Seus nervos estavam á flor da pele por conta da primeira tarefa, e ela percebeu que estava mais irritada do que o normal. Mas se recusava a admitir que pode ter exagerado ao agir daquela forma, pois havia pedido inúmeras vezes para que, pelo menos seus amigos, não se envolvessem nessa palhaçada de colocar ela e Harry como rivais. Os dois representavam a mesma escola, afinal, e a vitória de qualquer um deles significaria mais uma vitória para Hogwarts.

Saindo do Salão Principal, decidiu ir se sentar no pátio. Já estava quase no final do café da manhã mesmo, e logo todos os outros alunos se reuniriam no pátio. Escolheu um banco vazio e se sentou ali, fechando os olhos e respirando fundo por alguns minutos. O ar fresco parecia tirar parte do peso de suas costas. Na verdade, toda vez que ela ficava um tempo do lado de fora, parecia se sentir melhor.

Os sinos badalaram, indicando o fim do café da manhã, e como ela esperava, o pátio rapidamente se encheu de alunos. Susan e Cedric se juntaram á ela, mas Hannah e Ernie, envergonhados, ficaram no corredor, junto de Justin e outros lufanos que também usavam os distintivos que Draco distribuiu pela escola.

– Se sente melhor? – Susan se sentou ao lado dela, com um tom mais dócil do que o normal, provavelmente com medo de Eleanor surtar novamente. Eleanor não respondeu, apenas assentiu.

– Entendemos que você esteja estressada e que você não gosta desses distintivos, mas... Hannah não tem culpa. – Cedric disse, em tom normal. Não se importava se ela ficaria brava ou não, pois sabia que estava certo e uma hora ela o escutaria. – E sobre Ernie, sei que vocês não se dão bem, mas ele também está tentando te apoiar e ajudar...

– Eu sei. – Eleanor o cortou. – Só... me deixa pensar.

– Hannah ficou muito animada por você estar no Torneio, depois do choque, sabe... – Susan disse. – Mas ela não sabe como mostrar que te apoia sem fazer parecer como se ela não tivesse medo de que você se machucasse, então acaba se atrapalhando.

Eleanor abriu a boca para responder, mas desistiu ao ver Harry andando, pálido, na direção deles.

– Eleanor. – Ele disse, parando na frente dela, mexendo ansiosamente na alça de sua mochila.

– Oi, Harry. – Ela olhou pra ele. – Aconteceu alguma coisa?

– Sim. – Ele disse, mas balançou a cabeça. – Quer dizer, não... é que... podemos conversar?

– Claro. – Ela balançou a cabeça e continuou olhando pra ele.

– ... em particular. – Ele lançou dois olhares rápidos para Susan e Cedric.

– Ah, tudo bem... – Ela franziu a testa e se levantou. – Eu já volto, pessoal. – Olhou para eles antes de seguir Harry.

Ele andava dando passos largos e apressados, olhando pros lados como se alguém fosse os escutar. Eleanor precisou dar algumas corridinhas para alcançá-lo.

– Harry, sobre o que é isso? – Ela perguntou, sua voz em um sussurro.

– Acha que alguém está nos escutando? – Ele parou, olhando em volta.

Eleanor olhou em volta também; não havia nenhum estudante ou professor por perto.

– Certo.. é... dragões. – Harry disse, e Eleanor o olhou com uma expressão vazia.

– O quê?

– A primeira tarefa. Dragões. Vamos ter que passar por eles; quatro dragões, um pra cada um. – Ele elaborou, e Eleanor sentiu seu coração parar.

– Dragões? Dragões tipo... os que cospem fogo, tem uns vinte metros... com sede de sangue? – Ela gaguejou.

– Sim, foi o que eu disse. Dragões. Agora, escute iss...

– Eu nem sabia que dragões existiam! – Ela disse, esganiçada.

– ...sua varinha não tem núcleo de coração de dragão? – Ele fez careta.

– Sim, mas eu não achei que fosse literalmente um dragão... Harry, você acha que ele vai sentir o cheiro da minha varinha e vai me atacar? Vai pensar "olha só, ela matou um dos meus"? – Ela retirou a própria varinha das vestes, a olhando, em desespero.

– Eleanor, dá pra se acalmar?!? Isso não é tudo! – Harry a interrompeu. – Sinto muito por ter sido o primeiro a te contar que dragões existem, mas essa não é a pior parte.

– Fica pior do que isso?!? – Ela arregalou os olhos mais ainda, sem saber que aquilo era possível.

– Fica. Eu falei com... com Sirius. – Ele sussurrou a última palavra, mas alguma coisa chamou sua atenção do outro lado do pátio. – Que é que ele está fazendo? – Olhou de cara feia.

Eleanor seguiu o olhar dele, vendo Draco pendurado em cima de uma árvore, olhando na direção deles. Mal conseguia se equilibrar, mas continuava com o olhar fixo neles. Parecia extremamente interessado em saber o que eles faziam juntos.

– Acha que eu sei o que se passa na cabeça dele? – Eleanor respondeu, revirando os olhos. – O que você dizia? Sobre... Sirius.

– Ok, vou falar rápido: ele me contou que Karkaroff foi um Comensal da Morte. Ficou junto com ele em Azkaban, mas foi libertado quando fez um acordo com o Ministério de entregar os outros Comensais. – Contou, rapidamente. As palavras mal faziam sentido para Eleanor por alguns segundos. – E disse também que Karkaroff ensina Artes das Trevas para seus alunos, então devemos ter cuidado com ele e com Krum.

– Ok, primeiramente... como foi você falou com ele?

– Longa história.

– Tá bem. – Ela respirou fundo e tentou colocar seus pensamentos em ordem. – Porquê está me contando isso?

– Eu disse que te devia uma. – Ele respondeu. – E além do mais, Karkaroff e Maxime também sabem, então, obviamente, Krum e Fleur estão sabendo. Seria injusto deixar você ser a única despreparada, não seria?

– Acho que sim... – Ela assentiu, olhando em volta. – O que fazemos então? Em relação á Karkaroff?

– Ficamos atentos. – Ele deu de ombros. – Eu precisei te contar sobre isso por causa do ano passado, com... Rabicho. E para manter distância do Krum.

– Vou fazer isso. Obrigada, Harry. – Ela sorriu, tentando esquecer sobre os dragões. Sem sucesso. – E boa sorte na terça-feira.

– Você também. – Ele balançou a cabeça e se afastou. Eleanor ficou parada ali, observando ele se afastar e tentando absorver por inteiro o que ele havia acabado de falar pra ela.

Mal percebeu que estava o encarando até o momento em que Harry pareceu ter uma pequena discussão com Ron. Então, assim que Ron saiu andando, Draco se sentou na árvore e começou a falar com ele em tom alto suficiente para todos escutarem.

– Porquê está tão tenso, Potter? – Ele perguntou, debochando. – Sabe, eu e meu pai fizemos uma aposta... eu acho que você não dura 10 minutos nesse Torneio.

Eleanor pensou em interrompê-los antes que algo acontecesse, mas viu Moody observando, de longe. Por mais que ele fosse imprevisível, com certeza não deixaria uma briga acontecer, então apenas ficou parada ali, olhando.

– Ele discorda. – Draco acrescentou, descendo da árvore com a ajuda de seus minions. – Diz que você não vai durar sequer 5 minutos. – Finalizou, e todos deram risadas.

– Eu não podia ligar menos pro que seu pai fala, Malfoy! – Harry avançou na direção dele, o empurrando, e o sorriso no rosto de Malfoy sumiu. – Ele é uma pessoa cruel, e você é patético. – Disse, virando de costas para sair de perto dele.

Quando Harry estava á alguns passos de distância, Draco resmungou algo com o rosto contorcido e tirou a própria varinha das vestes. Eleanor tateou suas vestes procurando pela sua; não ia deixar que atacasse alguém sem que a pessoa pudesse ter a chance de ao menos se defender.

Mas não precisou fazer nada; Moody saltou de onde se escondia, apontando sua varinha para Draco.

– AH, NÃO VAI NÃO, GAROTO! – Ele gritou, e um feixe de luz dourado saiu de sua varinha, atingindo Draco em cheio.

O feitiço fez efeito instantaneamente, a silhueta de Draco foi envolvida por uma luz forte, que girava e girava, até que foi diminuindo até chegar no chão. O efeito da luz se dissipou, revelando uma doninha branca, que tremia no chão.

– Vou lhe ensinar a não atacar um adversário pelas costas! – Moody veio mancando com seu cajado na direção da doninha, e demorou alguns longos segundos para Eleanor entender o que havia acontecido: a doninha, na verdade, era Draco. Todos os alunos presentes no pátio pareceram perceber isso ao mesmo tempo, pois explodiram em risadas. Moody, ainda empunhando a varinha na direção de Draco, balançou-a e a doninha subiu uns três metros no ar, voltando com velocidade até o chão e subindo de novo. – Covarde! Ingênuo! Traidor! – Ele resmungava.

Eleanor segurava a risada o máximo que podia, mas perdeu a vontade quando a Professora McGonagall surgiu atrás dela, correndo desesperadamente até o Professor.

– Professor Moody! – Ela exclamou, parando ao lado dele. – O que... que está fazendo? – Perguntou, o fitando de cara feia.

– Ensinando. – Moody respondeu, ríspido, enquanto Harry ria incontrolavemente atrás dele. Eleanor deu alguns passos para chegar mais perto deles e escutar melhor.

– Mas isso... isso aí... é um aluno? – McGonagall perguntou, incrédula.

– Tecnicamente, é uma doninha. – Moody revidou, andando até Crabbe, puxando o elástico das calças dele e jogando a doninha lá dentro. Eleanor não conseguia mais segurar a risada, e todo o pátio explodiu em risadas ainda mais altas junto com ela.

Olhou para trás e viu Cedric rindo como se sua vida dependesse disso; na verdade, todos os seus amigos pareciam estar adorando a cena.

Crabbe se esganiçava, desesperado por ter uma doninha em suas calças, enquanto a pequena criatura tentava se segurar para não cair lá dentro. Porém, sem sucesso, pois escorregou para dentro das calças de Crabbe.

– Fica parado, fica parado! – Goyle segurou Crabbe pelos ombros e, num impulso, colocou a mão dentro das calças dele. Pareceu ter colocado a mão em algo além da doninha, já que sua reação foi soltar uma exclamação de nojo e retirar a mão na velocidade da luz, olhando desconfiado para Crabbe e se afastando dele, tropeçando em seus próprios pés.

Moody, no meio da confusão, se virou para Harry, que estava ao lado de Eleanor, e o deu uma piscadela. Harry continuou rindo em resposta. A doninha saiu por uma das pernas de Crabbe, seu corpo tremendo de medo e, calmamente, a Professora McGonagall sacudiu sua varinha na direção dela, desfazendo o feitiço e trazendo Draco de volta ao normal.

Draco estava deitado no chão, com os cabelos lisos e loiros, geralmente muito bem arrumados, agora bagunçados e caídos por cima de seu rosto extremamente corado. Ele se levantou, assustado, e ao ver Moody de frente á ele, deu diversos passos para trás.

– MEU PAI VAI SABER DISSO! – Ele gritou, parecendo ter reunido todas suas forças para aquilo.

– Isso é uma ameaça?!? – Moody soltou seu cajado no chão e ergueu a mão contra Draco, correndo atrás do menino, e Draco começou a correr para longe dele, dando voltas na árvore na qual ele estava sentado antes.

– Professor Moody! – McGonagall o repreendeu.

– É uma ameaça, moleque? – Ele a ignorou, continuando perseguindo Draco, enquanto ele passou correndo ao lado de Eleanor, em direção ao lado de dentro da escola. – Sei de umas histórias sobre seu pai que arrepiariam até esse seu cabelo lambido! – Ele gritou, e só não continuou o seguindo pois a Professora McGonagall entrou na frente dele.

– Alastor! – Ela gritou, em tom de advertência.

– ISSO NÃO TERMINA AQUI! – Ele gritou, seguindo Draco com o olhar, e seu olho mágico girando loucamente.

– ALASTOR, nós nunca usamos transformação como castigo. – Ela apontou a varinha em direção ao rosto dele. – Tenho certeza de que Dumbledore lhe contou sobre isso.

– Ele deve ter mencionado... – Moody resmungou.

– E é muito bom que se lembre disso! – Ela disse, por último, e retirou a varinha do rosto dele, se virando com autoridade para os alunos que observavam. – Vão! O show acabou!

Eleanor permaneceu ao lado de Harry, e viu Moody fazendo careta ás costas da Professora. Ele se virou, ríspido, pegou seu cajado do chão e puxou Harry pelo colarinho.

– Você, venha comigo. – Disse, e Harry foi cambaleando junto com ele.

Cedric apareceu ao lado de Eleanor, colocando a mão no ombro dela. Hannah e Susan também apareceram, se recuperando das risadas.

– Melhor dia da minha vida. – Hannah respirou fundo, limpando o rosto molhado pelas lágrimas.

– Eu quase senti pena... quase. – Susan acrescentou, fazendo Hannah começar a rir de novo.

Eleanor também sorria, mas logo se lembrou do que Harry a falou sobre a primeira tarefa, e seu coração pareceu cair de seu peito até seu estômago. O sorriso sumiu de seu rosto e ela se virou bruscamente, andando até o lado de dentro da escola.

– El? – Cedric a chamou, confuso, mas ela não respondeu. Apenas foi andando em direção á biblioteca, sentindo um pico de determinação.

*****

Cedric, Susan, Hannah, Justin e Ernie encontraram Eleanor na biblioteca depois de uma hora, tirando diversos livros das prateleiras e os empilhando em seus braços.

– O que deu em você? – Cedric se sentou á mesa em que ela reunia os livros, junto dos outros. – Saiu correndo sem falar nada... te procuramos pela escola toda.

– Estão todos aqui? Ótimo... – Ela andou até a mesa e jogou os livros em cima dela com um baque. – Quando vocês iam me contar que dragões existem?

Os cinco a olharam, as expressões vazias, e se entreolharam, confusos.

– Ninguém vai falar nada? – Ernie olhou para eles. – Ok, eu falo. De que droga você está falando?

– Dragões! – Eleanor exclamou, batendo com a palma de suas mãos na capa dura de um dos livros.

– Como nós deveríamos saber que você não sabe? – Hannah fez careta.

– Eu sou nascida trouxa! Vocês acham que eu e Justin vemos dragões a cada esquina? Ou que vamos viajar dando um passeio nas costas de um dragão? – Eleanor apontou para Justin, que parecia estar tendo a mesma reação que ela teve ao descobrir sobre isso.

– Existem mesmo? – Ele perguntou, olhando para Ernie, de olhos arregalados.

– Ok, mas porquê você surtou com isso do nada? – Cedric os calou, balançando as mãos.

– Fiquei sabendo... por fontes seguras... de que a primeira tarefa envolve dragões. – Ela sussurrou a última parte.

Susan tampou a boca com as próprias mãos, tentando conter o pequeno grito de susto que ela deu. Cedric arregalou os olhos. Hannah franziu a testa ligeiramente, enquanto Ernie e Justin trocaram olhares assustados.

– Pois é. E agora, eu preciso saber como... como lutar com um dragão! E eu nem sei se isso é possível porque até duas horas atrás eu nem SABIA que isso existia! – Ela suspirou, e se sentou em uma das cadeiras vazias, apoiando sua cabeça em suas mãos.

– Nós achávamos que você já imaginava que existia... nós sabemos da existência de criaturas mágicas. – Cedric se explicou. – Vocês nunca estudaram dragões em aula?

Os cinco quartanistas negaram com a cabeça.

– Lobisomens, trasgos, gigantes, dragões, o que mais eu devo esperar? Sereias? – Eleanor exclamou, e Cedric engoliu em seco.

– Você sabe... que tem sereias no Lago Negro... não sabe? – Ele disse, lentamente.

– DESISTO! – Ela se levantou e voltou á tirar livros das prateleiras desesperadamente. – Sereias... vê se pode? – Ela resmungava para si mesma.

Todos permaneceram em silêncio enquanto ela falava sozinha.

– Eu sabia do polvo gigante, mas sereias? – Ela se virou para Cedric, incrédula. – Pelo menos diga que elas são igual a Ariel de A Pequena Sereia...

– Quem é Ariel? – Hannah fez careta.

– Ah, esqueçam. – Ela suspirou, derrotada. – Vou morrer na terça mesmo. Morrer pra um dragão. UM DRAGÃO!

– Eleanor, você precisa se acalmar, senão não vai conseguir achar um jeito de se preparar nunca. – Cedric a aconselhou. – Larga esses livros e senta aqui, precisamos pensar em como vamos lidar com isso.

– Eu sei como vamos lidar: eu vou escrever um testamento deixando minha coruja pra minha irmã. Na verdade, não, Amy mataria Alaska de fome... Cedric, você quer ficar com minha coruja? Sua mãe gostou tanto dela...

– Ninguém vai ficar com sua coruja!

– VOCÊ VAI DEIXAR A ALASKA SOZINHA?

– Você não vai morrer!

– Se controla, mulher! – Hannah lhe deu um peteleco na testa. – Continua assim e você vai cair dura antes mesmo de terça-feira.

– Vamos dividir as tarefas. Macmillan, Fletchley, vocês procuram livros sobre dragões no último setor. Susan e Hannah, procurem feitiços de defesa. Eu vou procurar livros de feitiços simples. – Cedric ordenou e todos se levantaram, indo fazer suas tarefas.

– E eu? – Eleanor disse, agora sozinha na mesa.

– Você lê esses livros que já pegou. – Cedric voltou e apontou para a mesa, saindo novamente.

Já começava a anoitecer, e os seis ainda estavam sentados na mesma mesa, em silêncio absoluto, folheando os livros procurando por qualquer informação que pudessem encontrar.

– Olha isso! – Ernie apontou para uma das páginas do livro de dragões que ele lia. Todos se viraram para ele, esperançosos. – Apenas a cauda de um dragão pode chegar a 15 metros de altura!

– Não está ajudando, Macmillan... – Cedric disse, entre os dentes, quando Eleanor fechou o livro que lia e começou a bater com ele na própria testa.

– Esqueci... foi mal, Sparks.

– Sem. Problema. Algum. – Ela respondeu, entre batidas.

– El... – Cedric tirou o livro da mão dela. – Vamos parar pra irmos jantar. Depois voltamos e continuamos de onde paramos.

Os outros concordaram e se levantaram, saindo da biblioteca em direção ao Salão Principal. Eleanor permaneceu sentada.

– Você não vem? – Cedric se virou pra ela.

– Não posso perder tempo. Quero, ao menos, encontrar o feitiço hoje, pra amanhã, passar o dia todo praticando. – Ela explicou, direcionando seu olhar para os diversos livros que ainda não haviam sido lidos em cima da mesa.

– Então eu fico com você, te fazendo companhia. – Ele andou de volta para a mesa, prestes á se sentar.

– Não, não, não precisa. – Ela negou com a cabeça. – Não era nem pra eu aceitar ajuda de vocês, Dumbledore disse que deveríamos passar pelas tarefas sozinhos.

– Mas você nunca vai estar sozinha enquanto estivermos por perto. – Ele bagunçou o cabelo dela com a mão.

– Ótima frase de efeito. – Ela sorriu. – Agora vá comer. Se encontrar algo, vou correndo te contar. – O tranquilizou e ele assentiu, se retirando da biblioteca.

Os sinos badalaram, anunciando o início do jantar, e Eleanor sentiu seu estômago roncar levemente. Começava a sentir fome devido á ansiedade e ao nervosismo, mas não podia perder o foco. Concentrou toda sua energia em ler o máximo de páginas que podia, o mais rápido possível.

Corte mágico de unhas de dragão, tratamento de escamas, apenas coisas sobre cuidados de dragões. Ela não queria criar um dragão, queria saber como passar por ele e como se defender. Em um dos livros, achou uma foto bem gráfica de uma vítima de queimadura de dragão. Perdeu o apetite na hora. Leu também sobre feitiços de substituição, "talvez eu pudesse substituir os dentes dele por... geléia? Não... ainda tem o fogo...".

Quando percebeu, os sinos badalaram mais uma vez, anunciando o fim do jantar. Nenhum de seus amigos voltou, provavelmente foram para a Sala Comunal para descansar, e ela continuou com sua caçada por qualquer coisa que pudesse ajudá-la.

Logo, Eleanor era a única pessoa na biblioteca além de Madame Pince. Estava tão escuro que a única iluminação vinha da lua do lado de fora e do lampião que Eleanor segurava acima das páginas que lia, já que as velas estavam quase se apagando e mal dava pra enxergar algo.

O fato de não estar encontrando absolutamente nada começava a angustiar e irritá-la. Ela bufava de raiva á cada cinco minutos, enquanto fechava o livro que lia com um baque e passava para o próximo, e suas pernas se sacudiam de ansiedade, embaixo da mesa.

A porta da biblioteca, então, se abriu, e Eleanor escutou Madame Pince conversando com alguém.

 Ainda posso ficar aqui? – O menino perguntou.

– Normalmente eu não deixaria. Mas já tem alguém aqui mesmo. – Madame Pince respondeu, parecendo entediada. – Como quiser, Sr. Malfoy.

Eleanor se levantou e andou até onde pôde ver a entrada da biblioteca: realmente era Draco. Ele pareceu a ver ao mesmo tempo que ela o viu, pois parou de andar e a encarou.

– Malfoy, vem aqui! – Ela o chamou com as mãos.

– Eu? – Ele fez careta, andando até ela.

– Tem outra pessoa chamada Malfoy aqui? – Ela revirou os olhos.

– O que é? Quer pedir desculpas por ficar rindo de mim? – Ele cruzou os braços.

– Hã... não. Mas obrigada por me lembrar disso, foi engraçado mesmo. – Ela riu pelo nariz. – Vim cobrar aquela ajuda que você falou que daria.

– Sabia que ia precisar de mim uma hora ou outra. – Ele sorriu, convencido.

– Não deixe subir á sua cabeça. – Ela revidou, andando até a mesa onde antes estava sentada. – Já procurei em quase todos esses livros e nada. Não é como se você fosse ajudar muito.

– Ah, Sparks... você me subestima. – Draco balançou a cabeça em negação e se sentou na mesa. – Vamos lá, sente aqui. – Puxou a cadeira ao lado dele e pegou um dos livros na pilha de "não lidos".

–...do seu lado?

– Oras, é claro. Como vou te mostrar o que eu achar se estiver do outro lado? – Ele fez careta. – Não vamos perder tempo.

Ela se sentou ao lado dele, mas afastou a cadeira alguns centímetros. Ficar muito perto dele a fazia sentir coisas estranhas, que ela não sabia explicar e nem queria entender, então manter a distância era o melhor jeito de ficar concentrada.

– Porquê estava lendo sobre dragões? – Ele perguntou, fazendo careta ao olhar para os 6 livros de dragões recolhidos por Ernie e Justin.

– Ah, eu... fiquei sabendo... que a tarefa de terça-feira vai envolver dragões. Vamos ter que passar por eles. – Ela desviou o olhar, evitando que ele desconfiasse que Harry havia quebrado as regras ao descobrir sobre a tarefa e ao contar pra ela.

– Hm... me lembre de mandar um cartão de meus pêsames pra sua família. – Ele levantou as sobrancelhas.

– Como assim?

– Imagino que vai ser muito dolorido perder a filha, ainda mais pra um dragão... não vai ter a menor chance contra ele, coitada. – Ele disse, sem expressão no rosto e ainda analisando o livro em suas mãos.

– Uau, Malfoy. Obrigada pelo voto de confiança. – Ela sentiu vontade de o bater. – Achei que estava torcendo por mim?

– Estava, antes de saber que você teria que lutar contra dragões. Agora, só torço pra poderem recuperar seu corpo á tempo de poder ter um funeral.

– Encantador como sempre. – Ela bufou, cruzando os braços.

– É isso que vai acontecer, ou você acha que vai conseguir azarar o dragão igual azarou a Parkinson? – Ele a olhou, com uma sobrancelha arqueada, e ela ficou sem palavras. – Pois é, eu vi.

– Não sei do que está falando. – Ela desviou o olhar, suspirando, arrancando uma risada fria dele.

– Faz-me rir, Sparks. Não banque a sonsa, não combina com você. – Ele balançou a cabeça. – Pensando bem, também nunca imaginaria que você seria capaz de azarar alguém. Acho que você pode surpreender ás vezes.

– O que quer dizer com isso?

– Quem diria que a lufana de ouro seria capaz de azarar alguém? Eu nunca imaginaria isso.

– Ah, não aplique esse estereótipo á mim. – Ela revirou os olhos. – Já duelamos no 2º ano e eu fiz bem pior do que te fazer cair.

– ... às vezes, eu ainda sinto como se tivessem besouros saindo do meu nariz, sabia? – Ele fez careta.

–  Você fez por merecer. – Ela revidou. – Vou presumir de que você contou tudo sobre eu azarar a Parkinson pro Snape e agora ele quer minha cabeça em uma bandeja de prata?

– Sobre a parte dele querer sua cabeça numa bandeja, eu não sei. – Draco deu de ombros. – Mas eu não contei nada.

– Não?

– Pra quê? Não foi comigo. – Ele deu de ombros. – E foi bom saber que não somos tão diferentes assim.

– O que quer dizer com isso?

– Você também atacou o adversário pelas costas, boneca. – Ele disse, num tom debochado. – A única diferença é que Moody não estava lá para ver isso, senão formaríamos um belo casal de doninhas. – Riu, ácido.

– É diferente. – Eleanor fez careta.

– Diferente como?

– ...é diferente. Só isso. – Ela balançou a cabeça. – Eu estava lendo sobre feitiços de substituição. Acha que tem algum que funcione? – Perguntou, mudando de assunto.

– Nenhum feitiço contra o dragão vai funcionar. – Ele negou com a cabeça, sem tirar os olhos do livro que lia. – O couro deles é grosso demais e eles são muito resistentes á magia. É preciso mais de quinze bruxos para conseguir estuporar um para que ele durma. – Explicou.

– E o que eu faço, então? Chego na tarefa e abro os braços, esperando a morte?

– É uma opção. – Ele parecia pensativo. – Ou... estamos olhando pra isso do ângulo errado. – Parecia que uma lâmpada havia se acendido acima de sua cabeça.

– Como assim?

– Nós estamos procurando como atacar o dragão ou como você pode se defender... mas não procuramos como podemos distraí-lo.

– Ainda não entendi.

– Céus, Eleanor. É por isso que você não foi pra Corvinal. – Ele revirou os olhos e massageou as próprias têmporas.

– O qu... nem você foi pra Corvinal! – Ela exclamou, exaltando-se.

– ... – Ele ficou em silêncio, percebendo o que havia falado. – Não importa. Não é disso que estamos falando. – Balançou a cabeça.

– Você acabou de falar! – Ela fez careta pra ele, que a deu um peteleco na ponta do nariz. – Ai!

– Calada. – Ele sibilou. – Escuta: você disse que precisa apenas passar pelo dragão, não é?

Ela assentiu, massageando a ponta do próprio nariz.

– Então, isso quer dizer que você não precisa lutar com ele ou se defender de qualquer forma, você só precisa atraí-lo para longe de você, para que possa passar e completar a tarefa. – Explicou, parecendo se empolgar com a idéia. – O que diz?

– Malfoy, esse é o plano... – Ela cruzou os braços, parecendo pensativa por alguns segundos. – ...mais genial que eu já ouvi.

– Eu sei que sou genial. – Ele sorriu, genuinamente, com um certo brilho nos olhos que ela nunca viu antes, e seu estômago se revirou dentro dela.

– Não estrague o momento. – Ela riu dele. – Eu realmente não pensei por esse lado...

– Agora só precisamos saber como você pode fazer isso. – Ele voltou a parecer pensativo. – Pensando rapidamente, me veio á cabeça o feitiço das faíscas vermelhas... talvez você possa chamar a atenção dele com isso...

– Não é muito simples? Até demais?

– Não custa nada tentar, eu acho. – Draco deu de ombros. – Seu melhor amigo Diggory não sabe de nenhum feitiço de Transfiguração? Ele está no sétimo ano, afinal...

– Acha mesmo que eu vou aprender um feitiço de Transfiguração no nível dos alunos do sétimo ano até terça-feira? – Ela perguntou, sentindo sua esperança se esvair.

– Acho. Você pode ser meio lerda fora das aulas, mas dentro delas, até que dá pro gasto.

– Obrigada pela parte que me toca.

– Aceite o elogio, Sparks.

– Uau, esse é o seu conceito de elogio?

– Aceite o elogio. – Ele repetiu, revirando os olhos.

Quando Eleanor abriu a boca para responder, Madame Pince apareceu em frente á mesa deles, de braços cruzados.

– 10 minutos para o toque de recolher, vocês dois. – Ela anunciou. – Recolham esses livros antes de saírem.

– Tudo bem, Madame Pince. – Eleanor assentiu a cabeça e a mulher se retirou, voltando á sua mesa. – Pode ir andando, eu guardo tudo. – Ela se levantou, empilhando os livros em seus braços.

– Vai guardar tudo manualmente? – Ele fez careta pra ela.

– Oras, como mais eu faria? – Ela o olhou, confusa.

– Céus, você é lamentável... esqueceu que você é uma bruxa ou você gosta de bancar a idiota? – Ele tirou a própria varinha das vestes e apontou para os livros. – Libris Tollatur. – Conjurou, e os livros voaram dos braços de Eleanor lentamente até de onde foram retirados.

– ... da onde você tira esses feitiços? – Ela o olhou, com os braços agora vazios, com um semblante de surpresa.

– Vantagens de crescer em uma família de bruxos. – Ele guardou a varinha. – Bem, essa e outras...

– Modesto como sempre. – Ela revirou os olhos. – Bem, boa noite, Malfoy. E obrigada pela ajuda, eu acho.

– Obrigado, você, por provar que eu não sou só um rostinho bonito. – Ele revidou, com um sorriso no canto da boca.

– Patético. – Ela balançou a cabeça, sorrindo também, e se retirou da biblioteca, o deixando pra trás.

Enquanto saía dali, Eleanor se recusou á olhar pra trás, pois sabia que ele ainda a observava. Sentia o olhar dele esquentar suas costas, e seu rosto também esquentou.

Chegando na Sala Comunal, Eleanor encontrou Cedric dormindo no sofá, provavelmente adormecido depois de esperar que ela voltasse. Deu uma pequena corrida até ele, o sacudindo freneticamente, o que o acordou com um pulo.

– Ced, Ced! – Ela balançava ele, mesmo vendo que ele já havia acordado.

– Ai, o que é? – Ele esfregou o rosto, desnorteado.

– Quais feitiços de Transfiguração você pode me ensinar? – Ela perguntou, se sentando ao lado dele.

– Feitiços de Transfi... pra quê?

– Eu não preciso atingir o dragão, só preciso distraí-lo! Fazer com que ele se afaste de mim! – Ela explicou, com certa euforia. – Entendeu? E talvez, um feitiço de Transfiguração que eu ainda não aprendi pode ser perfeito pra isso...

– El... – Ele encarou um ponto fixo no chão, parecendo colocar seus pensamentos no lugar e despertar aos poucos. – Brilhante! Como pensou nisso? – Perguntou, sorrindo e parecendo mais aliviado.

– Eu... tive uma epifania. – Ela mentiu, rezando para não ter corado. – Acho que todos aqueles livros fizeram efeito.

– Boa idéia, ótima idéia... mas por enquanto, vamos dormir. Amanhã, vou ter o feitiço perfeito em mente e começo a te ensinar. – Ele se levantou do sofá, alongando-se. – Minhas costas estão me matando, vai pro dormitório agora?

– Vou. – Ela se levantou, o acompanhando até o corredor dos dormitórios. A Lufa-lufa era a única casa que não dividia os dormitórios entre meninos e meninas; o corredor era livre para todos, os meninos dormiam nos dormitórios da esquerda e as meninas, nos da direita. Cedric dividia o quarto com outros dois meninos do sétimo ano, em frente ao dormitório de Eleanor, Hannah e Susan.

Os dois se despediram e passaram pelas portas circulares. Eleanor nunca caiu no sono tão rápido, se sentindo aliviada por ter dado um jeito de sobreviver á primeira tarefa. Sentiu uma sensação estranha em seu peito ao se lembrar que, sem a ajuda de Draco, não chegaria em lugar algum.

Como poderia ele ser tão arrogante e nojento na frente de todos, mas no momento em que ele se senta para conversar com ela longe dos outros, ele parece virar outra pessoa? Qual desses era o verdadeiro Draco? E porquê ela sentia algo tão diferente por quem Draco era quando estava longe de todos?


Notas Finais


mais uma vez, deixo aqui que meu Twitter é @georgerweasley caso queiram me marcar em algo sobre a fanfic ou me mandar uma DM <3 espero que tenham gostado do capítulo!


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