1. Spirit Fanfics >
  2. Corte de Medo e Esperança ACOTAR FANFIC >
  3. XV . After the island and the prom

História Corte de Medo e Esperança ACOTAR FANFIC - XV . After the island and the prom


Escrita por: DaiseArc

Capítulo 15 - XV . After the island and the prom


FEYRE

- Feyre, pela Mãe, eu já estou ficando tonta. - Nestha murmurou de onde estava sentada, em uma das poltronas da sala. Estávamos na Casa do Rio junto com Miryam e Mor esperando eles voltarem da ilha. Os demais estavam espalhados pela cidade, a vigiando e protegendo. 

Rhys e Luke havia bloqueado os escudos mentais, a horas, e eu ainda não tinha uma linha de pensamento fixa que me puxasse até Skyla, ainda, então a única coisa que podia fazer enquanto eles não voltavam era ficar andando em círculos pela sala.

Eu odiava ficar impotente dessa forma, sem consegui ajudar em nada. Hoje a tarde Rhys havia me chamado para ir junto com eles, mas neguei, e agora após horas de espera estava arrependida de não ter aceitado a oferta.

Dei mais algumas voltas, até que parei no meio da sala e passei as mãos pelos cabelos.

Sabia que Drakon junto com equipe havia treinado Skyla até o limite, havia entrado na mente de Miryam e visto o seu treinamento, as manhãs no ringue com Savitor e Drakon, eles eram os que assumiam o controle quando o assunto era combate corpo a corpo, a luta em pleno voo com Lucas, senti um aperto no meu peito ao lembrar que ela não poderia mais voar, não depois da perca das asas, mas ainda há uma esperança, ela havia herdado a metamorfose, descobrir enquanto via as lembranças de Miryam, ela podia criar asas, basta querer... Conversarei com ela mais tarde sobre isso.

Vi também que ela havia sido treinada exclusivamente por Savitor para sobreviver a tortura, das mais cruéis que existem, e creio que foi esse treinamento com o Serafim que a manteve viva durante as duas semanas que esteve com o Attor e Alex, e como eu sou grata especificamente a esse treinamento.

Não sei qual seria minha reação a meses atrás caso tivesse recebido a notícia que minha filha, a qual eu não tinha conhecido, estava morta depois de semanas sendo torturada.

- Tem algo de errado. Já era para eles terem voltado. - Mor se levantou e foi até a grande janela que dava pela entrada da sala.

Voltei a me movimentar, sem perceber, minha amiga piorou o meu nervosismo.

- Não está ajudando Morrigan. - Miryam a repreendeu. 

- Desculpe.- 

Eles saíram logo após o jantar, fazia mais de 7 horas que estavam na ilha. 

-Rhys? - Chamei pelo laço, não veio resposta alguma. Puxei o outro fio

 -Luke. - Novamente, nada.

Me sentei no sofá próximo, apoiei os cotovelos nas pernas e afundei meu rosto nas mãos.

Eu já tinha ouvido vários planos malucos, mas esse...

Fiz uma prece a qualquer divindade que pudesse me atender, e pedi que a protegesse.

Mais minutos se passaram e nada, até que um trovão ecoou dentro da sala, e quando a nuvem de escuridão se dispersou, Rhys apareceu com nossa filha nos braços.

Não sabia se corações feéricos eram capazes de pararem por causa de algum ataque cardíaco, mas ao ver Skyla suja de dois tipo de sangue e com vários cortes pelo corpo, tive a sensação que o meu parou. 

Não tive tempo de entrar em choque, minhas pernas se moveram e eu já estava diante deles, afastando os cabelos pegajosos de sangue do rosto dela, e a visualizei dormindo com uma expressão calma.

- O que foi que aconteceu? - Mor gritou já vindo em nossa direção.

- Eu... eu não sei. - Meu parceiro admitiu rouco. Atordoado.

- Como assim você não sabe? 

Ele interligou todas as mentes dos que estavam na sala e mostrou, as horas na floresta, o grito agudo que chegou até eles, as armas e a poça de sangue que encontraram na clareira, as horas e horas de procura dentro da floresta e quando a encontraram entre os corpos das duas criaturas segurando a cabeça de uma delas.

Quando a lembrança acabou precisei de alguns segundos para me recuperar do que havia visto, pedi que ele a levasse até o nosso banheiro e pedi a minha irmã e a minha amiga que esperassem os demais chegarem.

Já no andar de cima, Rhys a colocou na banheira de água quente, e em silêncio Miryam e eu demos banho nela, retirando todo aquele sangue, enquanto meu parceiro esperava no quarto, quando terminamos e a vestimos,  nem precisei chama-lo, ele entrou no banheiro, com cuidado abrimos a boca dela e dei um pouco do meu sangue para ajudá-la na recuperação do ombro, após isso ele a pegou nos braços novamente e suavemente a colocou em nossa cama.

 

Já no andar de cima, Rhys a colocou na banheira de água quente, e em silêncio Miryam e eu demos banho nela, retirando todo aquele sangue, enquanto meu parceiro esperava no quarto, quando terminamos e a vestimos,  nem precisei chama-lo, ele entrou no banheiro, com cuidado abrimos a boca dela e dei um pouco do meu sangue para ajudá-la na recuperação do ombro, após isso ele a pegou nos braços novamente e suavemente a colocou em nossa cama.

 

SKYLA

Minha cabeça estava girando. No momento em que abrir os olhos a luz do quarto quase me cegou, as janelas estavam totalmente abertas, por um lado era bom já que uma leve brisa entrava por elas, mas por outro tinha muita luz ali dentro. Levei um tempo para ajustar meus olhos. Olhei ao redor tentando me localizar. Estava deitada em uma cama gigante. Aquele era o quarto dos Grão-Senhores. O mesmo quarto que Rhysand tinha me deixado após a madrugada na biblioteca.

Estava limpa. Sem uma gota de sangue. E os cortes não ardiam mais, estavam sarados.

Rhysand e Feyre estavam ao lado da cama dormindo cada um em uma poltrona. Cassian, Azriel, Luke, Órion, Alec, Adam e Drakon estavam espalhados pelo chão dormindo, em um emaranhado de asas. A cena era até engraçada, os maiores guerreiros de Prythian e suas crias dormindo no chão.

Tentei me levantar. E me arrependi na hora, meu ombro direito gritou em protesto. Soltei um gemido baixo. E antes que a visse se aproximar, Feyre já estava ao meu lado me fazendo deitar de novo. Afundei nos travesseiros macios.

- Calma. Seu ombro ainda está se curando. Precisa descansar.

Soltei um murmuro rouco de protesto, e pelo olhar dela ou eu obedecia ou eu obedecia. Não haveria outra opção. Os demais que dormiam no chão já haviam acordado e cada um se espreguiçava, fazendo as asas baterem no rosto de quem estava a seu lado. 

- Aqui. - Rhysand me entregou um copo de água. Não tinha percebido o quanto minha garganta estava seca até aquele momento. Bebi o copo todo em três goles. Quando terminei ele me deu outro. Enquanto bebia o segundo copo, Cassian se sentou na beira da cama e com o rosto sério perguntou

- Como?

Sabia sobre o que ele estava se referindo. Queriam saber como eu ainda estava viva depois daquelas duas criaturas. Então mostrei. Liguei a mente de todos que estavam no quarto com a minha e mostrei tudo.

As horas na clareira. Quando estava quase desistindo daquela loucura. Quando percebi que eles estavam lá. O que me falaram. Quando um deles quebrou meu ombro. E depois me levaram entre as arvores até aquela caverna. Quando um deles tentou me tocar, aquilo me tirou do estado de choque e eu revidei. Estava sem as armas então só dependia dos meus poderes e socos. A briga feia. E mostrei quando usei as chamas para queimá-los, a água para afogá-los, o gelo para atrasá-los e a escuridão para enforcar, desmembrar e matar.

Quando terminei todos estavam calado e em silêncio. 

 Azriel inclinou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada alta. A confusão em meu rosto deveria estar bem clara pois ele me olhou e disse

- Você tem apenas 18 anos e tem poucas experiências em luta comparado a eles. - Ele disse apontando para o filho e os sobrinhos. - Mas mesmo assim, sozinha derrotou duas daquelas criaturas enquanto eles levaram a maior surra só de uma.

- Culpa de Savitor e da equipe que se recusaram a nos ajudar. - Luke resmungou fazendo uma careta.

- Isso porque o idiota aqui, disse que não precisava da ajuda da equipe, já que foi "treinado pelos maiores guerreiros de Prythian." - Alec enfatizou as aspas enquanto apontava para um Adam emburrado.

Soltei uma risada rouca. Os quatros olharam com raiva para mim e para o Mestre Espião

Estava preste a fazer uma pergunta a eles sobre como era ter uma criança de 18 os superando, quando a pergunta de Cassian me chamou a atenção

- Porque você recuou?

Desviei minha atenção para o macho ainda sentado na beira da cama e sério, ocultei o som das batidas do meu coração.

- Porque fiquei com medo.

Todos no quarto nos observavam com cuidado. Inclusive Azriel e Rhysand.

-Mentira.

Suspirei fundo. Não tinha me dado conta daquilo até segundos antes do ataque. Drakon, que até agora não tinha falado nada me olhava preocupado, ele me conhecia melhor do que todos dentro daquele quarto e sabia que eu estava mentido, ele acenou com a cabeça, me confirmando que podia confiar neles para contar o verdadeiro motivo.

- Eu recuei porque lembrei de algo. De quando eu era criança.

Eles me encaravam apenas esperando. Realmente, apesar de minha pouca idade, eu já me meti em confusões piores do que aquela e nunca recuei. Porém ao me dá conta do que estava realmente acontecendo e de como eu tinha sido burra para cair naquela armadilha, o medo tomou conta de mim e a única opção que veio em minha mente era: fugir, para o mais longe possível.

Comecei a falar. - Eu nunca consegui dormir com tempestades. Uma vez, enquanto ainda morava na cabana da floresta, Miryam e os demais tinham ido até a cidade principal resolver alguns assuntos, deixando-me sozinha com a Alex na cabana. Na mesma noite uma tempestade caiu, nunca tinha visto um tão forte como aquela. Quando as tempestades começavam, eu nem precisava sair da cama, Drakon e Miryam viam para meu quarto e dormiam comigo, mas naquela noite eles não estavam então corri para a cama da Alex, e ela me contou uma história para eu dormir. 

Dei uma pausa, eu odiava aquele conto. - De uma menina, que sairia durante a noite para caçar algo terrível, porém ela não tinha ido sozinha, seus amigos estavam por perto para a protegê-la. Mas naquela noite não era ela que ia caçar a criatura, mas sim a criatura quem iria caça-la. Elas matavam a garota, e seus amigos no outro dia encontravam o corpo da garota frio entre as árvores, com os animais comendo o resto do corpo que as criaturas que a mataram não comeram. Apenas o seu rosto ficou intacto.

Me remexi um pouco na cama. E continuei

- Não momento em que percebi o silêncio na floresta, eu lembrei dessa história e algo me dizia que aconteceria o mesmo comigo naquela noite. Tinha caído na armadilha delas e por isso a porcaria do medo tomou conta de mim, e eu recuei. Mas não rápido o bastante para evitar ser pega. - Entreguei o copo a Rhys. - E a minha única maneira de sobreviver seria matando aquelas coisas, então esperei o momento certo e ataquei, não por que queria matá-las, quando eu formei o plano naquela noite no escritório eu pretendia deixar a criatura viva para interrogá-la depois. Descobrir algo sobre o exército dela, o fato de mal termos informações está me sufocando. Mas então o medo de morrer tomou conta de mim e única solução que vi foi matar aquelas coisas. Eu realmente não pretendia morrer no meio do nada. Morrer através de uma espada tentando salvar alguém, eu aceito, sem questionar. Agora morrer comida por animais, não.

Órion se deitou ao meu lado na cama

- Sua definição de histórias para dormir são preocupantes.

Soltei uma risada baixa. Luke se deitou do outro lado

- Certamente.

Cassian assentiu.

- Não se envergonhe por ter sentido medo, pois em muitas situações é ele quem a manterá viva.

Conversas paralelas estouraram dentro do quarto. Luke e Órion já estavam dormindo ao meu lado. O sono começou a me puxar também, ouvi Feyre e Rhysand expulsando todos do quarto e então apaguei.  

 

x

 

Acordei com Rhysand gritando junto da cama, mandando-nos levantar, dizendo que tínhamos mais ou menos uma hora para ficarmos prontos. Para o que eu não sei.

Pela cara de sono e confusão dos gêmeos eles também não faziam ideia do que estava acontecendo. Luke murmurou alguma coisa e voltou a enfiar a cara no travesseiro. Fiz o mesmo. As asas deles estavam relaxadas em cima da cama, e me cobrindo, era como um lençol.

Nenhum dos três saíram da cama.

-Vocês estão dormindo o dia todo. Isso não é normal.

-Velhote sei que também tá cansado, deita aqui com a gente. - Órion falou com voz de sono e estendeu a mão ao pai. Soltei uma risada baixa.

-Levantem agora. - Por mais que ele tentasse soar com autoridade, ele falhou...

Avancei na mente dos dois gêmeos e perguntei

-O que fazemos para ele nos dá mais uns minutinhos de sono?

Órion respondeu – Jogada emocional, sempre funciona com ele.

Luke riu. - Verdade.

-Ok, tenho uma ideia.

Falei com voz de sono

-Por favor pai, vem deitar com a gente, só por alguns minutinhos.

A voz de Luke percorreu a nossa ligação

-Você é cruel.

-Eu tento.

-Idiotas. - Órion

Rimos contra o travesseiro. Rhysand bufou e disse

- Não sou idiota, sei o que vocês estão fazendo.

Luke levantou a cabeça e olhou para o pai que estava na frente da cama. - Funcionou?

-Sim. Órion vai mais pra lá. - Ele subiu na cama e se deitou ao meu lado. Com Luke e Órion nas extremidades da cama e eu e ele no meio. - A mãe de você vai me matar. - Rimos e então nos aproximamos mais.

Abracei Rhys, Luke me abraçou e Órion abraçou o pai, e lá ficamos por alguns minutos apenas escutando a respiração um do outro, até que

-Rhysand, eu mandei você acordar eles e não ir dormir junto com eles. - Feyre estava na beira da cama de braços cruzados, enquanto fingia estar brava, mas ela se segurava para não começar a rir.

-Desculpa, eles usaram a chantagem emocional. - Ri contra o peito dele, ele em resposta acariciou minha cabeça.

-Ok. Levantem, todos já estão lá embaixo, só falta vocês.

-Pra que? - Luke com certeza era o mais preguiçoso.

-Caso vocês tenham esquecido, hoje a noite é a festa da prima de vocês.

Órion sentou na beira da cama. -Droga. Ainda dá tempo de comprar um presente?

Feyre lançou um olhar ao filho que faria qualquer pessoa inteligente correr para o lado oposto. Rhysand observou a cena e riu.

-Calma mãe. É brincadeira, eu comprei o presente a semanas atrás. - Algo que me dizia que enfrentar a Feyre não era algo que eu sairia com vida caso fizesse.

-Ok, já dormiram demais. Levantem. - Rhysand disse enquanto se levantava e começava a arrastar um por um da cama. Ele jogou Luke e Órion da cama. Na minha vez ele me estendeu a mão, aceitei e levantei. Rhysand arrastava os meninos para o banheiro, Feyre estalou os dedos e roupas masculinas surgiram na cama.

-Eu não tive como pegar as suas. - Ela falou enquanto verificava meu ombro.

-Na realidade eu não trouxe roupa para festa. No início não pretendia ficar mais do que algumas horas e quando Asterin me convenceu a ficar, peguei só o básico.

Ela assentiu e foi até o armário. O barulho de alguém caindo soou de dentro do banheiro.

-Eles estão bem? - perguntei apontando para a porta do banheiro.

Feyre sorriu e disse

-Até hoje eu não sei como é que eles ainda não se mataram.

Soltei uma risada e fui para junto dela. As roupas delas eram cada uma mais linda e chique do que a outra. Ela pegou alguns vestidos, porém todos eram longos demais para mim. Rhysand saiu do banheiro, a túnica preta elegante estava ensopada, com um estralar de dedos ele ficou seco novamente.

-Todas as minhas roupas ficarão grandes demais em você. Mas já chamei ajuda. - Feyre trajava um vestido longo de chiffon rosa com detalhes dourados. Estava deslumbrante.

-Olá, olá.

Morrigan entrou no quarto com várias peças de roupas no braço, e jogou tudo na cama. A fêmea trajava um vestido vermelho que era o significado de escândalo.

-Que tal esse? - Ela levantou uma peça vermelha brilhosa. Me aproximei.

-É lindo, mas cadê o resto da roupa? - Perguntei enquanto revirava as roupas na cama. Rhysand se sentou na cama e deu uma risada. Feyre ficou em pé perto do parceiro.

-É peça única querida. - Mor disse balançando a peça.

-Espera, isso é um vestido? - Um aceno de cabeça de Morrigan, olhei para Feyre e ela também confirmou. - De jeito nenhum. - Falei balançado a cabeça. Mor fez uma cara triste.

Peguei o "vestido" da mão dela. - Por acaso faltou tecido na hora da confecção? - Rhysand soltou uma gargalhada.

Comecei a revirar as roupas que ela tinha largado na cama. Todos eram minis vestidos, justos demais e curtos demais.

-Não tem a menor chance de eu usar qualquer um desses.

-Bom esses são todos que eu tenho que cabem em você. Mas tem certeza, eles são lindos.

Balancei a cabeça negando. - Sinto muito, mas se eu vestisse qualquer um desse, iria ter a sensação o tempo todo de estar nua.

-Me esperem aqui. - Rhysand se levantou e saiu pela porta do quarto.

Levantei uma sobrancelha para as duas. Elas levantaram as mãos em sinal de redenção, não sabiam onde ele tinha ido. Nesse tempo, Mor exigiu saber se eu tinha algum macho ou fêmea esperando por mim na ilha. Ouvi protestos saindo de dentro do banheiro, ignorei. Sabia que menti para a Morrigan não era algo inteligente a se fazer então a única coisa que respondi foi

-É complicado. 

Depois de cinco minutos Rhysand voltou, com um vestido nos braços. Ele me entregou. Era lindo, o vestido da cintura para cima era preto, justo até as mangas longas que acabavam nos punhos. E da cintura para baixo tinha uma midi saia de chiffon preta, mas com flores rosas bordadas.

- É seu.

Pisquei algumas vezes, levantei o olhar e estendi o vestido de volta a ele.

-Desculpa, não posso aceitar. Deve ser muito caro.

Ele sorriu de leve.

-É seu. Aceite como um presente que eu nunca lhe dei. Por favor.

Lancei um sorriso fraco e abracei o vestido com força. Morrigan já estava batendo na porta do banheiro e expulsando os garotos lá. Eles disseram algo sobre não apressar a perfeição. Rhysand atravessou e em segundos a porta do banheiro se abriu e ele saiu de lá puxando os dois pelas orelhas. Mor e Feyre já estavam me empurrando para dentro. Tomei um banho rápido e vesti o vestido. Ele se encaixou perfeitamente em meu corpo. Enquanto calçava as sandálias douradas que Mor tinha me dado, ela e Feyre arrumavam meu cabelo. Fizeram um penteado simples, soltaram meu cabelo e deixaram os cachos dele mais vivos, no fim colocaram uma fina tiara de ouro no topo da minha cabeça.

Quando saímos do banheiro, os três já estavam prontos nos esperando. Pingareei um pouco quando o olhar Rhysand recaiu sobre mim, pode ser impressão minha, mas assim que ele pôs os olhos em mim eles brilharam um pouco.

Órion e Luke me arrastaram do quarto até o andar de baixo murmurando sobre estarem com fome e que fêmeas demoravam muito para se arrumar. Lembrei a eles que foram eles quem demoraram mais no banheiro, Luke apenas disse que o tempo era relativo e que para ele eu demorei mais.

Chegamos no andar de baixo, e pela Mãe, eu mal reconheci a casa, todos os móveis tinham sidos guardados e foram substituídos por mesas de comidas e bebidas e decorações.

Todos estavam reunidos no hall de entrada da casa. Drakon e Miryam e a equipe também estavam lá. E também várias pessoas que eu não conhecia.

-O que estamos esperando? – Perguntei a Órion enquanto ficava nas pontas dos pés. Tentando ver por cima da multidão que tinha naquele lugar.

Eu estava no meio dos dois. Luke foi quem me respondeu.

-É meio que uma tradição. Todos os convidados se reúnem aqui embaixo para ver a aniversariante e sua família descer por essas escadas enquanto é aplaudida.

Revirei os olhos. E falei pela ligação mental que estabelecemos mais cedo.

-Pelo Caldeirão, vocês são tão dramáticos.

Duas risadas ecoaram em minha mente.

-Com certeza. Não perdemos nenhuma oportunidade de mostrar a todos nossa beleza. – Luke.

Órion completou – Não é nossa culpa se os machos e fêmeas da família são lindos e fazem filhos maravilhosos.

-Idiotas.

Rimos em voz alta. Alguns Feéricos que estavam por perto olharam estranho, já que nenhuma palavra foi trocada em voz alta por nós. Ver os rostos confusos deles apenas nos fez aumentar o som dá risada. Rhysand lançou um olhar de repreensão. Mordi os lábios com força tentando sem sucesso parar os risos.

-Alguém acordou de bom humor. – Dei um pulo no susto. Era Drakon quem havia se aproximado de nós. Miry me abraçou por trás e apoiou o queixo no topo da minha cabeça. A equipe estava ao nosso lado. Cal me lançou uma piscada de olho, mostrei a língua para ele, e consequentemente recebi um olhar de repreensão de Lucas e Savitor.

-Alguém pode me contar como conseguiram fazê-la vestir um vestido? Eu venho tentando isso a 18 anos. – Asterin indagou para o grupo. Olhei feio para ela, que apenas me ignorou. Feyre gargalhou, Rhysand deu de ombro e disse - Usei meu charme. - e piscou um olho.

Estava prestes a falar algo quando recebi um cotovelada nas costelas, cortesia de Luke. Iria começar.

Trix e sua família estavam no topo da escada. Todos estavam radiantes. Inclusive a aniversariante que não se continha no sorriso. Seus pais também não.

- Eu estou sonhando ou o Azriel está sorrindo?

-Aproveite, esse evento é anual. Só acontece uma vez por ano. – Órion.

Trix usava um vestido midi totalmente dourado. E também uma tiara de ouro com pontas afiadas apontando para cima enfeitava seus cabelos cacheados. Era como se ela fosse o Sol.

Sua mãe, Lilith também usava um vestido dourado, porém longo. Azriel ao seu lado estava em uma túnica preta elegante com detalhes dourados. Seu filho mais velho, Alec também trajava roupas parecidas com a do pai. Eles começaram a descer as escadas e palmas explodiram no cômodo. Olhei para os Grãos-Senhores e puro orgulho e felicidade brilhava naqueles olhos. Após eles chegaram ao fim das escadas a festa começou.

Diversos criados andando de um lado para o outro carregando sempre bandejas e mais bandejas de comidas e bebidas. Todas as salas do andar de baixo virou um salão de recepção.

Porém o salão principal era a sala de jantar onde foi minha primeira refeição com todos. Uma mesa gigante de bolos e doces estavam no canto da sala. Músicos tocavam no outro canto e no meio às pessoas dançavam.

Estava no canto da sala escondida e comendo uns docinhos deliciosos quando Asterin e os meninos chegaram perto de mim.

-Soubemos sobre o que aconteceu ontem.

Levantei a sobrancelha para ela.

-E?

-E a treinamos muito bem.

Ri alto - Vocês são um bando de convencidos. 

-Verdade. - Savitor disse quando roubou o docinho que eu estava segurando.

-Eiii , devolve. Você é velho não pode comer essas coisas. – Em resposta ele jogou o doce inteiro na boca e abriu um sorriso arrogante. Olhei com raiva para ele e cruzei os braços, como se fosse uma criança mimada.

Gargalhadas explodiram de dentro de nós cincos.

-Por mais que a companhia de vocês seja algo encantador. – Lucas falou revirando os olhos. – Nós estamos aqui para festejar, então vamos fazer isso. - Cal completou enquanto agarrou meu pulso e me puxava para o meio da pista de dança.

Fui o caminho todinho negando e tentando voltar para o meu prato de docinhos. Drakon já estava por trás de mim, me jogou sobre seu ombro e me levou até o meio daquela confusão onde estava todos da família do Grão Senhores. Ele me pôs no chão, comecei a negar e falar que não sabia dançar.

-Está me dizendo que você, a fêmea que aprendeu a lutar, a controlar todos os dons que lhe foi dado, que derrubou um general do poder e que nas horas vagas forma planos suicidas e sai com vida, não sabe dançar? – Cassian perguntou enquanto jogava um braço sobre meu ombro.

-Sim.

Ele soltou uma gargalhada alta. Certeza que já tinha bebido umas duas garrafas de vinho.

-Deixa a garota em paz Cassian. – Mor já estava ao meu lado.

O resto apenas observava com diversão.

- Toma, isso vai ajudar você a relaxar. – Um garçom passou no meio daquela confusão e Cassian pegou uma das taças de vinho que ele trazia e me entregou.

- Essa eu quero ver. – Miryam riu e se abraçou um Asterin.

Devolvi a taça a ele, negando. – Não, obrigada.

- Nunca confia no que pode fazer se estiver bêbada Skyla? – Alec perguntou com um tom brincalhão.

Fiquei calada.

-Qual é Skyla, eles vão acabar descobrindo mesmo. Se você não contar eu conto. - Savitor falou enquanto virava uma taça de vinho. 

- Eu vou matar você- Falei em sua mente, ele riu e disse. - Pode tentar, filhote, e veremos quem saíra vivo dessa luta.

 O resto apenas me olhou com diversão, estavam esperando-me falar. Soltei um suspiro baixo e murmurei algo sobre eles serem impossíveis.

-Eu nunca bebi, ok? Nenhum vinho, bebida ou outra coisa do tipo. - Rhysand e os gêmeos levantaram tanto as sobrancelhas que elas quase tocaram o seus cabelos. Me encolhi um pouco, eu odiava ser o centro das atenções e muita gente olhava para nós agora.

- Nunca? – Cassian perguntou alarmado. - Nunca. – Os Serafins responderam em uníssono.

Lilith foi quem falou – Precisamos levar você urgentemente para uma noitada no Rita's. - Todos concordaram.

Dançamos e festejamos. Dancei com cada um deles, com os gêmeos, o trio de morcegos grandes, Alec e Adam, e também com Mia e Trix. Não que eu pudesse chamar aquilo de dança, pisei várias vezes no pé dos machos. Fiquei nervosa na hora de dançar com o Rhys, ele percebeu e me ensinou alguns passos.

 Me juntei com os gêmeos e roubamos doces da mesa do bolo, até que Rhysand e Azriel nos viram e nos arrastaram para longe da mesa, quando tentamos voltar lá, Amren estava nos esperando junto da mesa de braços cruzados. Depois eu, o quarteto de morceguinhos e o quarteto serafim nos juntamos nas escadas do hall, congelei as escadas e fiz duas rampas de gelo. Levamos uma bronca da Morrigan que logo em seguida estava descendo a rampa agarrada com uma garrafa de vinho. Cassian e o restante chegaram em seguida e ali ficamos por um tempo, até que eu quase cai do topo da escada e Rhysand cancelou a brincadeira.

Passei a festa toda com Cassian e Órion no meu pé, tentando me fazer beber uma taça de vinho. O primeiro até me disse que desfilaria nu por Velaris se eu tomasse aquela taça. A noite passou rápido. A festa só acabou quando o sol apareceu no horizonte e a luz dele invadiu as janelas da casa. Desabei em um sofá com Órion e Luke e dormimos ali mesmo.

xxx

Acordei durante a tarde novamente no quarto dos Grãos-Senhores, no meio dos gêmeos que estavam praticamente desmaiados de bêbados. A cama era gigante e Feyre e Rhysand estavam nas pontas da cama, também dormindo, todos ainda com as roupas de ontem.

Me levantei devagar, em silêncio para não os acordar. Ao andar pelos corredores percebi  que a casa estava vazia e silenciosa. Certamente todos ainda estavam na cama devido a festa.

E era onde eu devia estar também, porém ontem à noite, observando a alegria de todos, eu soube que não poderia deixar ela acabar com aquilo. Não poderia deixar que ela tomasse da terra qualquer um deles. Eles eram família e se completavam. Eu sabia o que deveria fazer. Seria mais perigoso do que enfrentar aquelas criaturas terríveis ou lutar contra Alex sozinha ou do que qualquer coisa que já fiz, mas... não podia ficar parada.

Com um pensamento troquei de roupa, e peguei o necessário. 

Fui até o escritório do Rhysand. Escrevi uma carta para ele explicando o que iria fazer e deixei em cima da mesa.

Olhei ao redor observando cada detalhe do escritório, respirei fundo, tentando acalmar a respiração e então atravessei. 

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...