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História Corte de Sombras e Sonhos - Uma visita


Escrita por: lisacampos

Capítulo 9 - Uma visita


Fanfic / Fanfiction Corte de Sombras e Sonhos - Uma visita

— Casa do Vento

Assim que voltou das Terras Humanas, Davina tomou um banho e se aprontou para o jantar semanal do Ciclo Íntimo, na casa de Rhysand e Feyre. Todos estariam lá, exceto Mor, que continuava em Vallahan. Naquela noite em exceção, Dav usava um dos conjuntos que Amren amava vestir: um top de mangas com uma calça que deixava seu umbigo a mostra, ambos no tom de verde escuro. Ela não estava acostumada com aquele tipo de roupa, mas se iria voar, era melhor não estar de vestido.

A fêmea caminhou até a varanda da Sala de Jantar e olhou para baixo, apoiando seus braços na balaustrada. A distância, as luzes de Velaris pareciam o próprio reflexo do céu estrelado da Corte Noturna. Ela inspirou profundamente e, com sua magia, deixou que asas se formassem atrás de si. Suas asas negras que tinha herdado da mãe e dos illyrianos, as quais tinham sido mantidas escondidas por três séculos.

Inicialmente ela estranhou o peso nas suas costas, após tanto tempo, mas depois de alguns minutos, parecia que elas sempre estiveram ali. Davina se inclinou novamente para olhar debaixo de si, agora focando na altura até o chão ao invés do que no que havia lá em baixo. Ela fechou seus olhos e imaginou que estava decolando, mas seus pés não saíram do piso e suas asas não se moveram um centímetro. Algo a estava impedindo.

—  Você está atrasada — Azriel lhe disse as mesmas palavras que ela tinha usado para ele no seu primeiro treino, batendo as asas no ar a sua frente, após atravessar usando o seu poder. Ele então voou até a varanda onde a morena se encontrava e aterrissou ao seu lado, notando as asas atrás de si.

— Eu sei — ela respondeu baixinho, e lhe deu um breve sorriso, voltando seus olhos novamente para a frente.

— Você quer que eu te leve? — Az inquiriu, sentindo a hesitação da fêmea em iniciar vôo.

— Eu quero tentar — ela lhe confessou — Mas não sei se consigo.

— Eu não acho que seja possível esquecer como se voa — o macho disse, apoiando-se também na balaustrada.

— E se eu cair?

— Você não vai cair — ele lhe garantiu com tanta firmeza que aquilo lhe passou um pouco mais de confiança — Mas se por acaso você não se sentir confortável, é só atravessar.

— Falando assim parece ser simples — ela sorriu para Azriel, suspirando.

Não podia pensar muito. Aquilo sempre a atrapalhava. O excesso de precaução. Por isso, Dav deu cinco passos para trás e, para não ter tempo de se arrepender, ela correu a pequena distância, batendo suas asas e passando por cima da sacada.

Azriel passou alguns segundos imóvel, em choque. Não imaginou que suas palavras fossem surtir esse efeito em Davina e, quando ela demorou alguns segundos para subir, ele começou a se preocupar. No entanto, ao se esticar para olhar para baixo, um vulto passou pela sua frente rapidamente, voando  em direção aos céus.

— Você não vem? — Davina lhe sorriu, o vento bagunçando seus cabelos, e por um momento, Az apenas a encarou. Ele não sabia o que dizer ou o que fazer. Não sabia porque só tinha notado agora, mas ela estava...diferente. Estonteante. Ele sacudiu de leve a cabeça, como se aquilo pudesse fazer aqueles pensamentos impróprios com a irmã de seu melhor amigo e Grão-Senhor irem embora. Então decolou atrás dela.

Ao chegar na Casa do Rio, Dav atualizou Rhys e os demais imediatamente. Eles receberam as suas informações com expressões severas e sombrias.  No final da noite, Azriel estava se preparando para o seu reconhecimento em Briallyn enquanto Amren ponderava quais poderes ou recursos a rainha e Koschei poderiam possuir, se eles realmente tivessem capturado os soldados de Eris com tanta facilidade.  E então Davina recebeu uma nova ordem: fique de olho em Eris.  

— Apesar de ele ter te abordado primeiro, — Rhys havia dito —  Mantenha contato com ele a partir de agora. Eris comanda as forças de Beron.  

— Eris quer evitar uma guerra que o exponha — Feyre adivinhou — Se Beron ficar do lado de Briallyn, Eris seria forçado a escolher entre seu pai e Prythian.  O equilíbrio que ele atingiu ao jogar dos dois lados iria se desfazer.  Ele quer agir quando for conveniente para seus planos. Seus planos estão sendo ameaçados.  

No entanto, ninguém foi capaz de decidir qual era a maior ameaça para eles: Briallyn e Koschei, ou o desejo de Beron de aliar-se a eles.  Enquanto a Corte Noturna estava tentando tornar a paz permanente, o bastardo estava fazendo o seu melhor para começar outra guerra.  Depois de um jantar excepcionalmente quieto, Dav voou de volta para a Casa.

x x x

Uma semana havia se passado da sua visita ao Bando de Exilados quando Davina sentou na mesa do café da manhã ao lado de Nesta, que já estava lá comendo de uma forma estranhamente demorada. A morena colocava algumas torradas no seu prato quando Cassian entrou pelas portas da sala de jantar, dando uma olhada para a fêmea na lateral de Davina e sorrindo.  Dav sentiu uma certa tensão tomar conta da sala e teve certeza que pelo olhar que Nesta lançou ao general, ela considerava jogar alguma coisa contra sua cabeça, mas Azriel entrou na sala logo em seguida.  Nesta se endireitou com a aparência do encantador de sombras, a escuridão agarrando-se a seus ombros enquanto ele lhes oferecia um sorriso sombrio. Davina apenas sorriu de volta. Cassian deslizou para a cadeira em frente à Archeron, sua comida instantaneamente surgindo diante dele, e disse com alegria áspera: 

— Bom dia, Nesta — ela lançou-lhe um sorriso igualmente meloso.  

— Bom dia, Cassian.

Os olhos cor-de-mel de Azriel dançaram até os olhos castanhos de Dav, como em uma pergunta silenciosa se ela entendia o que estava havendo, mas ele não disse nada enquanto graciosamente tomava seu lugar ao lado de Cass, um prato de sua própria comida aparecendo.  

— Bom dia para vocês dois — a morena quebrou o clima, olhando para o amigos e Cass apenas lhe deu um aceno de cabeça, o que a levou a fazer uma anotação mental de depois perguntar a ele do que se tratava o comportamento de ambos naquela manhã.

— Faz um tempo que não te vejo — Nesta disse a Az.  Ele deu uma garfada dos ovos mexidos em seu prato antes de responder.  

— Lhe digo o mesmo — Az acenou com a cabeça na direção às suas roupas — Como está o treinamento?

Cassian lançou-lhe um olhar penetrante para Nesta que apenas tomou um gole de seu chá com a face congelada em uma expressão de desdém e Davina se sentiu uma mera telespectadora do diálogo entre os amigos.

— O treinamento está fantástico.  Absolutamente fascinante. 

— Espero que você não esteja dificultando a vida do meu irmão — Azriel disse enquanto seus lábios se curvavam levemente para cima, fazendo com que Nesta pousasse a sua xícara de chá.  

— Isso é uma ameaça, encantador de sombras? — Cassian deu um longo gole em seu próprio chá, até a última gota, e Dav se sentiu desconfortável com o rumo que aquele conversa tomava. 

— Não preciso recorrer a ameaças — o illyriano de sifões azuis disse friamente e suas sombras se enrolaram em torno de si, como cobras prontas para dar o bote.  Nesta lhe deu um sorriso, mantendo seu olhar.  

— Nem eu — ela se recostou na cadeira e virando-se para Cassian, que franzia o cenho para os dois — Eu quero treinar com ele.

Davina poderia jurar que Cassian ficou imóvel. Interessante.  Azriel engasgou com o seu chá e Cassian tamborilou os dedos na mesa.  

— Acho que você vai descobrir que Az é ainda menos indulgente do que eu.

— Acredite em mim, ele é — Dav disse com uma careta ao se virar para Nesta, em uma tentativa de descontrair. No entanto, ela não falava nada além da mais pura verdade. Azriel era o pior dos três quando se tratava de treino.

— Com aquele rosto bonito? — Archeron sussurrou para a fêmea ao seu lado, diversão perpassava pelos seus olhos — É difícil acreditar nisso.

Dav apenas riu, mas algo nas palavras de Nesta a incomodou, mas a morena apenas ignorou a sensação. Azriel somente abaixou a cabeça, concentrando-se na comida.  

— Se você quer treinar com Az — disse Cass com firmeza — Vá em frente, eu treino com Dav — ele pareceu pensativo por um momento, seus olhos brilhando antes de acrescentar — Embora eu duvide que você sobreviva a uma aula com ele, quando você não nem consegue descer cem degraus sem estar completamente dolorida na manhã seguinte que não consegue se levantar da cadeira. 

Davina se conteve para não arregalar os olhos. Então Nesta tinha tentado descer os dez mil degraus até a cidade? Ela estava surpresa. Não imaginava que a o desgosto por aqui e a dependência da fêmea de cabelos claros por álcool e apostas fosse tão grande.

Azriel estudava os dois quando Nesta plantou as mãos na mesa e se levantou com depressa.  Cassian deu uma garfada de ovos e disse com a boca cheia: 

— Não conta quando você usa as mãos para fazer a maior parte do trabalho.

— Aposto que não é o que você diz a si mesmo à noite — Nesta manteve seu rosto em total desdém, mesmo quando, claramente, uma raiva crescia dentro dela.  

Os ombros de Azriel se mexeram com uma risada silenciosa quando Cassian largou o garfo, com os olhos brilhando de desafio. Davina apenas largou os talheres e cobriu a boca com uma das mãos, tentando disfarçar o riso.

 — É isso que aqueles seus livros de sacanagem te ensinam?  Que é só à noite? — A voz de Cassian se tornou mais grave e demorou um segundo para as palavras se estabelecerem.  O olhar de Nesta desceu para as mãos do general e Azriel agora mordia o lábio para não rir.  Cassian então lhe lançou um sorriso malicioso — Pode ser a qualquer hora - a primeira luz do amanhecer, ou quando estou tomando banho, ou mesmo depois de um longo e árduo dia de treino. 

— Parece que você tem muito tempo disponível, Cassian — Nesta disse com um leve sorriso, caminhando para a porta e recusando-se a deixar transparecer o desconforto de suas pernas doloridas.

— Uau — disse Azriel suavemente para ele enquanto um vento frio entrava pela varanda após eles finalmente não conseguirem ouvir os passos de Nesta no corredor — Você está na merda.

— Eu sei — murmurou Cassian, consciente de que tanto seu irmão, quanto Dav tinham percebido a mudança e a excitação no seu cheiro. 

— Vamos? — Davina se pronunciou após algum tempo, olhando esperançosa para Az. Ele sabia que Cassian queria ficar sozinho.

O macho assentiu com a cabeça, se levantando para que ambos fossem para o ringue acima da Casa treinar.

— Boa sorte hoje — Cassian desejou ao irmão. Az partiria para começar a espionar especificamente Briallyn - Feyre decidira na noite anterior. Os olhos castanhos de Azriel brilharam.  Ele apertou o ombro de Cassian, sua mão um peso quente contra o frio. 

— Boa sorte para você também.

x x x

Mais uma semana  tinha se passado rápido e agora Davina estava sentada no sofá da sala de estar da Casa do Vento olhando para o teto. Azriel tinha partido para o Continente e por isso eles não tinham treinado nos últimos dias. Por um lado, Dav estava feliz por ter algum tempo para descansar e não precisar se preocupar em dormir cedo, mas pelo outro, um certo tedio tomava conta de si. Pelo menos ele voltaria amanhã e o treino seria interessante, já que Nesta e Cassian tinham começado praticar também acima da Casa e ambas as duplas estariam lá no dia seguinte.

A Casa estava vazia. Nesta provavelmente se encontrava em seu quarto ou na biblioteca particular e a morena não tinha ideia de onde estava Cassian. Pela primeira vez nas últimas semanas, passou por sua cabeça que talvez não tivesse sido uma ideia tão boa sair da casa de Rhys; pelo menos lá ela tinha Elain, Nualla e Ceridwen para lhe fazer companhia. Mas lá ela também não se sentia cem por cento a vontade, vivendo as custas do irmão e da sua parceira. 

— Que ótima maneira de passar o tempo — a morena ouviu e então uma cabeleira loira com um belo vestido dourado surgiu na porta da sala, a arrancando de seus pensamentos. Mor.

— Não sabia que tinha voltado! — Davina se levantou em um pulo e correu até a prima, lhe abraçando e ignorando o comentário sarcástico.

— Eu precisava de umas férias daqueles vallahanos insuportáveis — a loira reclamou, retribuindo o abraço.

— Rhys me contou que eles não querem assinar o tratado. Algum avanço desde então?

— Não — ela negou com a cabeça, seu olhar de repente se tornando travesso — Mas disso não importa agora. Vá se arrumar.

— Como? — Dav inquiriu desconfiada, olhando para o roupão longo de seda bege que ela usava por cima de sua camisola curta da mesma cor. Morrigan com certeza estava planejando algo.

— Nós vamos sair para festejar que eu estou de volta — Mor falou como se fosse óbvio e passou um de seus braços pelo ombro da prima a guiando para o corredor, afinal, era bem mais alta.

Davina se aprontou em quinze minutos, pegando um vestido fino de tule fúcsia sem mangas e com um decote um tanto quanto revelador. Ela ajeitou seus cabelos em um rabo de cavalo alto com algumas mechas soltas e pegou algumas joias discretas. Sabia que os lugares em Velaris eram frequentados por pessoas de todas as classes sociais e não pretendia esbanjar.

— Para onde vamos? — Dav inquiriu ao sair para a varanda do seus quarto, onde Mor a esperava olhando a vista.

— Primeiro para a casa de Rhys — a loira disse e ambas subiram até a parte de cima da montanha, onde ficava o ringue de treinamento e atravessaram para a cidade.  Nenhuma delas estava afim de pular do parapeito para depois atravessar, afinal, não podia fazê-lo para dentro e de dentro da Casa.

Assim que chegaram na frente da residência do Rio, Rhysand abriu a porta após Mor bater com a aldrava algumas vezes.

— Vamos sair — ela afirmou, sorrindo para o primo.

— Feyre não está aqui — ele disse, abrindo espaço para que elas entrassem.

— Nós esperamos — Mor deu um breve abraço em Rhys e Dav fez o mesmo.

— Acho que não poderemos nos juntar a vocês dessa vez — o Grão-Senhor tinha um sorriso que parecia estar escondendo algo, mas Davina não sabia o que era.

— Por favor, Rhys — Morrigan implorou, segurando na mão do macho enquanto os três ainda permaneciam sob o batente da porta — É minha primeira vez na cidade em um bom tempo e eu quero aproveitar que meu pai ainda não decidiu vir par cá.

Rhys pensou por alguns segundos após a loira jogar aquilo sobre ele. Para que a Legião da Escuridão do pai de Mor se juntasse a eles na batalha com Hybern, Rhysand tinha feito um acordo com Keir que eles poderiam visitar a Cidade de Luz Estelar, e aquilo tinha acabado com Mor. Velaris era a única coisa que seu pai não conseguirá estragar durante todos os anos de sua vida e agora, ele o faria apenas pelo prazer de vê-la sofrer.

— Sinto muito, Mor, mas infelizmente não dá para sairmos hoje — o moreno disse com sinceridade, e, ao perceber o olhar curioso da irmã sobre si, ele completou — Tenho coisas para resolver.

— Tudo bem — Davina respondeu compreensiva e Mor assentiu com a cabeça — Pelo visto somos só nós duas hoje.

A dupla então aproveitou a brisa noturna para caminhar até o Rita’s, o bar favorito de Morrigan, colocando o papo em dia. Ao chegarem na casa de espetáculos, o local estava cheio de Grão-Feéricos e alguns feéricos inferiores, todos socializando, dançando e bebendo.

— Que tal começarmos por shots? — inquiriu Mor, que nem esperou uma resposta e puxou a morena para o bar.



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