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História Cravo branco - Jardim da saudade


Escrita por: rosesforkai

Notas do Autor


oi, rosinha.

primeiro e mais importante: créditos. @oprum, mil e um agradecimentos pela capa meiga, linda, e pela sua generosidade. seu trabalho é adorável, espero que continue sempre o fazendo! ♡ vou deixar o link do perfil desse neném talentoso nas notas finais.

eu vou deixar pra falar dessa história nas notas finais.

Capítulo 1 - Jardim da saudade


Em 1854, no inverno, Londres conseguia ter sua movimentação aumentada, ainda que pouco. Quando o clima esfriava, as pessoas da classe alta retornavam de seus terrenos imensos para as casas tão reclusas na cidade. Tanta riqueza e tanta pobreza pisada naquele lugar era angustiante; uns com tanto, outros com nada.

A família de Junmyeon Jacob Thompson tinha conquistado e estendido seus bens através do comércio, eram o que chamavam de uma família da classe média. Nem tão ricos para se sobressaírem em excesso, mas ricos o suficiente para agirem como soberanos. Mantinham-se em conjunto com famílias da mesma condição ou de degraus acima, seja indo à igreja, lutando por um convite para uma confraternização… Qualquer evento que os aproximasse de pessoas de bom status social.

O casal tinha três filhos, todos homens. Junmyeon, o do meio, vinha praticando com afinco seus aprendizados no piano. Receberiam a visita da família de um banqueiro naquela tarde, para um chá amigável. Para exibir talento e entreter os convidados, o segundo filho tinha sido escolhido.

Enquanto percorria as teclas com os dedos hábeis, não mais relia as partituras, pois já as tinha escrito, linha por linha, na cabeça. 

Quando o Thompson finalizou pela segunda vez a mesma melodia, foi a vez do som das palmas leves e lentas de Yixing preencher o cômodo principal da casa. Estavam somente os dois na sala.

 — Como fui? — Junmyeon levantou os dedos para não encostar nas teclas; na mesma posição, fechou os olhos e moveu o pescoço de um lado para o outro, sentindo estalos.

— Ótimo. — Yixing sorriu fechado, elogiando com sinceridade. Admirava muito aquele enorme instrumento de cordas e adoraria ter a chance de aprender a tocá-lo como o Thompson fazia.

Yixing Deverich era um jovem irlandês que emigrou há quase uma década para a Inglaterra junto aos pais, não tendo boas condições na Irlanda devido a crise que lá decorria. A situação melhorou, dentro das proporções cabíveis a uma família de emigrantes. 

Os Deverichs superaram a fome e tiveram até sorte, alguns diriam, ao encontrarem seus respectivos empregos. O pai e a mãe embarcaram na indústria, nas grandes fábricas ditas promissoras que chamavam muitos novos moradores para lá. O filho também chegou a trabalhar por entre as maquinarias quando criança, porém, num acaso, conseguiu ser contratado como empregado dos filhos de um comerciante da região. Yixing servia a todos os três, mas acabava por dar mais companhia a Junmyeon, pois, por alguma razão, ele era o que mais solicitava sua presença.

Mesmo somando a renda mensal dos três, pai, mãe e filho, eles viviam a ponto de chegarem no vermelho. Era muito pouco; recebiam pouquíssimo por muitíssimo esforço, pelo tempo que valia tanto e não era recebido nem mesmo um terço. Vivendo numa pequena vila, numa casa de três pequenos cômodos, conseguiam se manter aos rastejos.

Ao menos Yixing teve a sorte de gostar do serviço que prestava. Gostava de estar com Junmyeon.

— Hum… Não quero ir mais uma vez. Acha que fui bem o suficiente? — Permaneceu movendo as costas de maneira que a relaxasse, sem nunca perder a postura. Manter-se naquela posição, movimentando os braços e dedos constantemente ao tocar o piano, era cansativo para a coluna do rapaz.

Yixing assentiu. Junmyeon olhou para o estrangeiro em busca da resposta que não havia ouvido e acabou por ver não só a confirmação gestual, mas um sorriso gentil, que, mesmo que pequeno, envolvia também os bonitos olhos. 

A face alheia transmitia carinho em seu estado mais doce, mas Junmyeon não lia isso em totalidade. Sabia que era doçura emanada na expressão, mas não conseguia evitar prender-se principalmente à beleza dela.

Voltou os olhos às mãos e ao piano, pois não devia um homem feito admirar-se de tal jeito com os traços de outro. Com tom de voz duro, indagou:

— Poliu meus sapatos?

— Não ainda. Desculpe, me distraí com a música. 

Junmyeon crispou os lábios, erguendo ambas as sobrancelhas e balançando o rosto fracamente para cima e para baixo. Ao bater aleatoriamente as pontas dos dedos, emitia sons incompletos e calmos no piano. Com poucos segundos, notando que Yixing não o deixava sozinho como desejava no momento, sinalizou:

— Eu te dou a licença. Pode ir. — Sorriu fechado, mas sem olhá-lo no rosto. Viu apenas pela visão periférica o rapaz abandonar o cômodo.

Já vinha se repreendendo há muito tempo. Não se entendia, não entendia de onde vinha aquela vontade de observar o rosto de seu empregado e todos os outros atos realizados por ele. Não entendia porque gostava tanto de estar com ele, um gostar anormal.

Era péssimo, esquisito. Todos aqueles sentimentos eram.

Yixing poliria os sapatos, mas logo voltaria, para sua satisfação e insatisfação. Queria e não queria estar com o jovem da sua idade, de recém completados dezenove anos. Era… complicado.

No fim da tarde do dia seguinte, Yixing vestiu o agasalho mais grosso dele. Não aquecia tanto quanto necessitava, mas era o melhor dentre os outros poucos que tinha e serviria para levá-lo para casa. A casa também não era tão quente quanto o necessário, mas era o que tinha à disposição.

Tinha saído sem se despedir de Junmyeon naquele dia, avisara sobre sua partida apenas aos outros dois irmãos dele, pois não o viu pela casa. Estava com certa pressa, era um dia especial: aniversário de sua mãe.

Durante todo o dia passou pela sua cabeça uma única pergunta... Qual presente poderia dar a ela? Se seu dinheiro todo tinha de ir para as mãos dos pais, de onde tiraria algum trocado para comprar um presente? E que presente seria tão acessível?...

Yixing suspirou frustrado, abraçando-se. Tanto frio o fazia queria chegar logo a casa para trocar o abraço solitário pelo abraço generoso da mãe, isso quando ela viesse chegar do trabalho de horário integral.

Estava caminhando pela estradinha entre o jardim frontal da casa, tão preso nos pensamentos, que não enxergava uma possível resposta logo ao lado de seus pés. Foi com alguns segundos de raciocínio, olhando e olhando as flores belas e coloridas da fachada da residência dos Thompsom, que o jovem pensou em levar um buquê para a mãe.

Um sorriso quente surgiu juntamente à ideia. Buquês eram lindos, amorosos. Seria um presente perfeito.

Dez flores não fariam falta em meio a mais de dez dezenas, Yixing pensou. Eram tantas ali. Não deveria se preocupar em ser pego tomando um punhado delas, portanto.

Ajoelhou próximo às flores. Certas flores brancas com pétalas dobradinhas, dando aparência de serem arredondadas, chamaram sua atenção. Eram brancas, lindas. Sem muita demora, arrancou algumas dali.

Rodando as vistas pelo ambiente, logo veio a encontrar flores vistosas que se assemelhavam a uma pequena jarra de suco. Eram também brancas, o que fez Yixing pensar em conseguir mais cor ao escolher a flor seguinte.

Enquanto empunhava algumas daquelas belas flores, ouviu passos se aproximarem pela estradinha na qual estava de joelhos. Ao virar o rosto, rapidamente avistou Junmyeon vindo em sua direção. 

Yixing inicialmente esperou receber uma despedida ou uma última ordem antes de partir, porém, ouviu somente uma indagação de mau tom:

— O que está fazendo, Yixing? — Acompanhada dos braços cruzados do Thompson, as sobrancelhas franzidas dele não exibiam satisfação. Pelo contrário…

O Deverich logo se pôs de pé, limpando os joelhos da calça com batidas. Não estava entendendo aquela entonação quase brava.

— Estava pegando algumas flores… — Grudou o incompleto e desorganizado buquê ao peito de maneira defensiva. Aquele ato tinha incomodado Junmyeon?

 — Para quê?

— Para dar a uma pessoa, senhor.  — Havia demorado certo tempo para responder, já vindo a entristecer com a possibilidade de não poder levar as flores.

— Não vejo nenhuma caridade em meu jardim. — Fechou mais o rosto e também o aperto dos braços. Sentia-se incomodado com a ideia de Yixing a levar um buquê a alguém, mas não admitiria nem para si mesmo e nem para o empregado, não enquanto pudesse dar a desculpa de que apenas não queria um desfalque das flores formosas de seu jardim. — Para quem são as flores? — Manteve a rispidez.

— É aniversário de minha mãe. Eu daria de presente a ela. — Mostrou-se cabisbaixo. Teria logo de pensar em outro plano, mas precisava insistir antes. — Por favor… Eu não tenho dinheiro para dar outra coisa — revelou, sem tirar os olhos das pétalas brancas em suas mãos.

Novamente… Junmyeon não admitiria, mas foi um alívio saber que aquelas flores não tinham intuito romântico. Saber que eram destinadas à mãe de Yixing fê-lo querer abandonar a expressão turrona, mas não o fez por completo. Teve a imponência reduzida, mas não demonstrou. 

No fim, após observar o canto que perdera algumas flores… Realmente não fazia muita diferença. Cederia um buquê, mas se mostrar repentinamente menos rígido não condizia com a personalidade que mostrava ter. Junmyeon manteria, então, as palavras duras e a expressão fechada. Era como sempre fazia.

— Leve — proferiu —, mas não estas. — Apontou com desdém para o buquê mal feito nas mãos do Deverich.

Yixing se pôs a sorrir, mas logo o sorriso enfraqueceu. Por que não aquelas flores? Tinha gostado tanto delas.

Olhou-as mais uma vez antes de subir o olhar para o Thompson novamente.

— Quais, então? — Tentou não se mostrar desanimado. Não estava, afinal. Tinha conseguido o presente para sua mãe, era o que importava.

Batendo o dedo indicador no braço esquerdo, ainda com os dois antebraços cruzados sobre o peito, vasculhou o jardim. Não era tão difícil encontrar uma flor com mensagem que se encaixasse à ocasião, na verdade era bastante fácil. Alguns crisântemos vermelhos foram a resposta.

— Aquelas ali — indicou. — Tem um significado mais coerente — ditou sem dar muitas explicações, parecendo não se importar. Yixing permaneceu confuso.

— Significado?... Os significados dessas aqui não são bons? — Franziu a testa. A flor oferecida por Junmyeon era linda, tão linda quanto as que queria levar, mas gostaria de não deixar para trás o buquezinho por si mal montado.

— São bons, mas não para dar à sua mãe no aniversário dela. — Para quem queria mostrar desinteresse, Junmyeon estava se importando demais com o presente de Yixing. Talvez fosse algum perfeccionismo seu, ou realmente quisesse que o outro desse um presente adequado. Nunca diria, nunca pensaria muito sobre. — Pegue os crisântemos, eles vão dizer por você que a ama. 

E Yixing permaneceu confuso. 

— As outras também não podem dizer isso?

— Agora não tenho tempo para te responder, Yixing. — Descruzou os braços, prestes a dar meia volta e retornar à casa. — Pegue alguns crisântemos vermelhos e pode ir embora.

— Tudo bem… Muito obrigado, senhor. — Sorriu fechado. Gostaria mesmo de saber mais, mas já estava contente por ter garantido o buquê.

Junmyeon certamente tinha algum tempo para explicar a Yixing o que sabia sobre a linguagem das flores, entretanto, fazê-lo significaria ser mais bondoso do que ele se permitia ser.


(...)


Na manhã de um sábado frio, com nuvens cobrindo todas as cabeças londrinas, Yixing cuidava de acompanhar Junmyeon numa caminhada pelas ruas. Era simbólico para os homens, mesmo os mais novos, andarem com bengalas; o Thompson seguia o padrão que ajudava a expor que estava uma classe acima que a grande maioria.

Yixing andava com as mãos seguradas uma à outra atrás das costas. Não se envergonhava por estar andando como empregado de alguém, não se sentia menor, não se encolhia diante dos outros. Mas, claro, tinha noção de seu lugar naquela sociedade na qual a condição financeira de cada pessoa estava exposta nos mínimos detalhes que a compunham.

— Senhor — Yixing chamou, meio distraído. Observava os arredores, dando passadas sem pressa.

— Hum — Junmyeon murmurou. Caminhava pouco mais à frente, bem atento à movimentação alheia.

— Minha mãe adorou as plantas de ontem — comentou alegremente.

— Ótimo — respondeu sem dar muita importância, ainda focado nos arredores.

Yixing, que vinha pouco mais atrás, silenciou-se por alguns segundos. Não entendia Junmyeon, o jeito como ele era duro consigo na maioria das vezes. 

Em certas e poucas situações, ele era bastante amigável. Pensava que talvez fosse uma oscilação de humor a responsável pelos momentos de diálogos mais dóceis entre os dois.

— Eu não queria que elas morressem, são belas demais. Pensei se… poderia me dar um pouco da terra fértil do seu jardim — pediu com a voz calma. Junmyeon quase havia negado flores, mas terra? Não pensava ser possível.

O Thompson olhou de canto de olho para o companheiro de caminhada, fortemente juntando as sobrancelhas.

— Já não acha um abuso pedir, também, terra? Levou ontem mesmo algumas de minhas flores! — surpreendeu o irlandês com uma voz de indignação.

— Mas, senhor… Não vai afetar em nada o jardim. É uma quantidade pequena, só para que elas sobrevivam num vasinho. — A insistência era uma característica forte de Yixing. Com os dois anos de convivência, Junmyeon sabia bem disso. Às vezes se culpava por deixar aquele empregado ser "tão folgado".

— Não. Não vou deixar estragar o gramado — finalizou, sem dar brechas. Ou queria ter finalizado, mas não conseguiu; não quando o Deverich ficou cabisbaixo e repuxou um canto do lábio para baixo, uma expressão que Junmyeon sempre observava e ficava compadecido. Funcionou também daquela vez. Suspirou fortemente e, ainda ríspido, disse secamente:

— Retome este assunto amanhã.

Yixing levantou os olhinhos, ainda mais atrás do jovem inglês. Deu uns dois passinhos apressados, visando a se igualar ao outro.

— Por quê? — inquiriu, sentindo-se brevemente animado.

— Apenas retome, lembre-me disto. — De canto de olho, viu o sorriso e as covinhas surgirem no rosto do outro. A alegria naquele rosto trazia sempre um incômodo nervosismo para Junmyeon, que ficava sem jeito. — E não tente mais roubar algo do meu jardim — ditou.

Ficar sem jeito levava Junmyeon a agir com certa grosseria, parecendo até que sua intenção era fazer sumir o sorriso encantador de Yixing, que tanto mexia com ele. Inconscientemente, o resultado era mesmo esse.

Era muita incoerência.

Até porque, na tarde seguinte, quando Yixing o lembrou sobre o assunto das plantas, ele foi buscar algo que tinha comprado especialmente para entregar ao Deverich. 

Estavam os dois rapazes no quarto, logo o luar juntaria-se a eles pela janela aberta. Junmyeon, sem interromper a leitura de um romance, capturou com a mão livre um vaso de pouco diâmetro, marrom como barro, preenchido por uma úmida terra preta e um ramo de flores. Tudo sem que Junmyeon retirasse os olhos das letras do livro, fingindo ainda estar concentrado na leitura. Não estava e nem conseguiria.

Yixing, de pé ao lado da cama, ergueu as sobrancelhas ao vê-lo trazendo flores amarelas que se assemelhavam a bolinhas pequenas amontoadas. Perguntou-se para que eram, não querendo iludir-se sobre serem para si. Até porque seria muito inabitual um patrão a presentear seu empregado.

Quando o Thompson estendeu o braço na direção de Yixing, este já não podia evitar pensar que era um presente sendo oferecido. Sentiu-se até nervoso, achando já muito esquisito um homem dar flores a outro.

— Se não quiser pegar, posso dar outro destino à planta. — Junmyeon não olhava para o outro um milissegundo sequer, fingindo bem demais que a atenção dele era toda detida pelo livro.

— É para mim? — A vergonha pela situação estranha quis tomá-lo, mas estava tão encantado pela florzinha delicada, que não podia perder a chance de tê-la.

— É. — Impacientemente bufou. Por dentro, estava se sentindo tão esquisito quanto o Deverich.

Yixing adiantou-se para capturar o vaso antes que o Thompson desistisse da oferta. As flores tinham um belo efeito cascata, com suas pétalas a parecerem borboletas planando numa brisa leve. Antes não percebia o quanto flores eram facilmente admiráveis, agora, observando melhor, elas eram até apaixonantes. Pensava naquelas dadas a sua mãe, que já estavam murchas; queria salvá-las.

Por pouco, não esqueceu que era uma rara primeira cortesia de Junmyeon. Inspirou o ar mais fortemente, querendo sorrir. Aquelas sensações estranhas vinham e ele as deixava tomá-lo, tendo plena noção de que não eram normais, mas não se prendendo tanto a isso.

Enquanto Yixing observava o presente, Junmyeon o observava. Chegou a ter o coração mais acelerado, então notou que era hora de guardar os olhares disfarçados e acalmar o coração que expunha a paixão não assumida. Era tarefa difícil, então deu meia volta para sentar-se novamente na cama.

O irlandês girou o vaso e viu letras gravadas nele. Possivelmente compunham o nome da flor, porém, ainda que tivesse aprendido a falar inglês pelos anos na Inglaterra, não sabia ler e escrever. Era o mesmo caso de seus pais.

— Senhor? — chamou. — Como se chama essa flor?

— Acácia. — Passou a página do livro.

Yixing concluiu que era um nome muito diferente das palavras que ouvia e falava no dia a dia, muito distinta do inglês e do irlandês com o qual ele se expressava somente em casa.

— Ela também diz alguma coisa? — questionou interessado, recordando-se que as flores do jardim dos Thompsons carregavam mensagens.

— Como? — Junmyeon olhou para o irlandês com impaciência. A impaciência, na realidade, era sua maneira natural de expressar nervosismo, principalmente quando o assunto era Yixing.

— Ela tem alguma mensagem? Como as… os… crisântemos, eu acho. — Tentou recordar do nome das flores vermelhas dadas à mãe dele.

— É… tem. — Comprou tendo a consciência de que acácias amarelas sinalizavam a existência de um amor secreto. Levar aquelas flores para casa foi travar uma guerra contra si mesmo, como assumir algo que não quer que seja assumido e ainda fingir que não foi. — Mas não sei qual. — Teve de reler o parágrafo, pois desconcentrou-se e não absorveu nenhuma das informações nele contidas.

— Entendi.  — Passou o dedo carinhosamente pela planta, admirando-a. — De onde… vêm esses significados? Alguma pessoa deu?

— Não sei te dizer a origem. — Mais uma vez, retornou para o início do parágrafo. Melhor seria reler toda a folha, pois havia se perdido na leitura. Percebendo que o ar de curiosidade permanecia no Zhang, suspirou. Depositou o livro aberto sobre a cama, então levantou-se para procurar algo. — Se chama floriografia, é a linguagem das flores. Tenho um almanaque guardado, um com significado de mais de cinquenta espécies. — Rapidamente avistou o livro de bolso na estante. — Pegue. — Jogou cuidadosamente na direção do Deverich.

Yixing por pouco conseguiu agarrar com uma mão, a única desocupada, pois cuidava de segurar o vaso da flor. Cuidadosamente pôs a acácia no chão, para poder folhear o almanaque.

Era informativo, cheio de letras miúdas… em um inglês que não sabia ler. Passou as páginas, portanto, somente para observar a forma e cor de cada flor, apreciando a diversidade.

Yixing passou alguns minutos distraído daquela maneira, assim dando brecha para Junmyeon ter concentração no livro novamente.

O filho de comerciante lia com tanta rapidez, era excessivamente acostumado. Tinha algumas dezenas de livros, fato que sua mãe gostava de relatar às mães de famílias amigas.

Quando olhou disfarçadamente para Yixing, viu que os lábios deste estavam entreabertos, como se o rapaz se surpreendesse a cada imagem vista. Foi então que Junmyeon se lembrou do que, há pouco, fora levantado: o irlandês não sabia ler.

Com um gosto amargo na boca, tentou até manter a atenção no romance pela… vá saber qual vez. O que se sabe é que não conseguiu. Imaginava o quanto Yixing estava se sentindo curioso sobre as letras no livrinho; não sabia como era se sentir de tal maneira em relação à leitura, mas imaginava.

— Outro dia leio para você — afirmou.

Pego de surpresa, o Deverich sorriu, trazendo à tona as covinhas e o nervosismo bruto de Junmyeon, que tensionou a expressão de imediato.

— Obrigado. — Repousou o objeto no colo. — O senhor também pode me dizer como eu cuido dela? Da acácia.

— Preciso me concentrar no livro, Yixing.

Dias depois, o inglês arrependeu-se de não ter ensinado a seu empregado, que apareceu a queixar-se da morte precoce das pobres acácias. Yixing não sabia o que fizera de errado, pois nem soube o que deveria de certo.

Perto de sair rumo a uma das lojas do pai e com a velha culpa habitando o peito, Junmyeon tomou a decisão de mais uma vez presentear o Deverich.

— Já que gosta tanto de flores, Yixing — rodeou o próprio corpo com o sobretudo —, passaremos numa floricultura no caminho. Você pode ver novas acácias ou o que lá quiser. — A impaciência na voz era a linha que segurava Junmyeon diante da possibilidade de expor o quão bondoso gostaria de ser com Yixing. Até se permitiria abertamente sê-lo, mas noutras ocasiões (vidas).

— O senhor faria isso por mim? — Os olhos abertos eram como crianças admiradas.

— É só um vaso de planta. — Tratou o assunto com descaso, assim tentando convencer até a si mesmo de que não passava de uma situação sem valor, qualquer.

Já andando pelas ruas, a boca seletivamente tagarela do irlandês se abre:

— Eles ensinam como cuidar lá na floricultura? Das flores. — Lembrava-se de como sua acácia murchou com imensa facilidade.

— Eu vou te instruir. E não levará uma acácia dessa vez, verei uma flor mais resistente. — Nem sequer viu o assentir em prontidão do outro.

— Aquele almanaque me deixa curioso toda vez que olho para ele… — soltou pelo espaço aperto aquele pedido indireto para que Junmyeon lesse de verdade o almanaque algum dia, como o próprio prometera. Recebeu, no entanto, somente um murmúrio desinteressado. — O senhor disse que leria em um tempo livre — relembrou.

— Uma coisa de cada vez. — Se não fosse culpa própria a de permitir tamanha folga por parte do empregado, estouraria-se com ele.

Rever a floricultura daquelas bandas era como ver pela primeira vez para Yixing, pois este pouco reparava na mesma anteriormente. O interesse repentino abriu seus olhos para aquela fachada organizada e colorida por pequenos pedaços de natureza.

Enquanto o rapaz inglês foi recebido com cumprimentos pelo dono do estabelecimento, Yixing foi sinalizado para entrar e escolher o que queria (ou melhor, uma entre todas as que queria).

Junmyeon observou, de braços cruzados, o irlandês se mover timidamente por entre o pequeno espaço da floricultura. 

Yixing olhou, olhou, querendo demorar-se em cada uma. Admirado, abaixou-se um pouco para ver melhor um arranjo de lírios. Por sorte, os olhos do inglês capturou a cena, viu o outro atrás do ramo de flores, estas com significado doce e pueril. O significado ajudou na cena: Yixing quase se mesclando às pétalas, como se elas fossem enfeites no cabelo ondulado dele.

— Gostou dessa? — A vontade era de sorrir, e quase não a conteve.

— Muito. — Riu baixo. — Mas aquelas ali também são tão lindas! — Apontou animadamente para um vaso com jasmins de interior amarelado, algumas fechadas, parecendo serem um moinho. As flores simbolizavam amabilidade, combinando com Yixing tanto quanto os lírios. E Junmyeon quis rir pela ironia de como as características das flores eram também do irlandês. — Essa! — Assemelhava-se a uma criança naquela loja, encantado a cada passo. Admirou-se com um vaso de lilás.

Lembrar o significado daquelas flores fez Junmyeon pigarrear, voltando a ficar tenso. Elas remetiam aos primeiros sentimentos do amor. Saber disso e ver Yixing tocando-as com carinho… 

Com a cara fechada, disse:

— Essas são para arbusto. Decida-se logo, meu pai me espera.

— Acho que… — mordeu o lábio, girando os olhos por tanta variedade — eu vou levar aquelas — decidiu um pouco menos animado que antes, graças à entonação repentinamente seca de Junmyeon. 

Saíram com Yixing a carregar cuidadosamente um vaso de amor-perfeito, de cores destoantes e quentes.

— Muito obrigada, senhor — agradeceu. — Essas flores me dizem algo? — pensou alto a última frase, pronunciou com um balbúcio despretensioso.

— Somente se falarem por si mesmas. — Puxou um relógio do bolso, prestes a ler o horário nos ponteiros. Junmyeon, na verdade, sabia que o tinha presenteado com flores que eram verdadeiras mensageiras do amor. Mas ele ainda poderia usar a desculpa de que o recado era unicamente das flores, sem remetente, e não seu.


(...)


O carinho por plantas de Yixing somente aumentava. Foi bem orientado sobre as necessidades específicas da planta que ganhara, então pôde cuidar bem dela. Assim, diariamente narrava para Junmyeon atualizações sobre ela.

Numa tarde, o inglês iniciou a leitura prometida do almanaque sobre floriografia. Yixing fazia tantas perguntas quanto conseguia pensar, algumas eram bem respondidas, outras replicadas secamente.

Na noite que se seguiu a tal tarde, Junmyeon se pegou conflituoso. Se a cada sorriso que via de Yixing, seu coração palpitava mais rapidamente, parecia que esse efeito tinha se acumulado para também quando estivesse sozinho com as lembranças da face feliz do rapaz.

Aquele coração animado demais deveria ser indiferente. Com suspiros preocupados, admitiu para si que estava pecando, passando por cima dos próprios valores ao dar corda a um sentimento que nem sequer deveria existir.

A hora do basta tinha até mesmo passado. Mas era melhor redimir-se tarde do que nunca o fazer.

Foi pela reflexão decisiva que Junmyeon veio a planejar receber Yixing não com um bom dia na manhã seguinte, mas com uma ordem para que levasse suas roupas para serem perfumadas. Foi pela reflexão decisiva que ele definiu que era hora de tratá-lo somente como empregado, sem qualquer vantagem.

Nesta manhã, no entanto… até mesmo Yixing aparecera diferente. O semblante desanimado trajado naquele amanhecer foi inabitual. Não que Yixing estivesse obrigatoriamente feliz em todos os nasceres do dia, a questão era que ele estava especialmente mal naquele.

— Bom dia, senhor. — Olhava para o chão desde a chegada.

— Bom. — Cobriu a própria voz com o som da música animada no piano, que era dedilhado com fluidez.

Por um tempo, permaneceram ambos calados. Yixing sem a vontade de falar, Junmyeon sem dar importância a isso. E quando deu, foi ao fim da melodia, para dispensar Yixing:

— Não vou precisar dos seus serviços por essa manhã. — Percorreu as pontas dos dedos sobre as teclas com classe. — Pode ir atrás dos meus irmãos.

— Tudo bem — o assentir foi baixo e quieto. Yixing não estava se importando muito com qualquer coisa que não fosse o estado de seu pai naquele dia.

Junmyeon demorou a notar que algo perturbava a vida do irlandês, pois optou por passar a menor quantidade de tempo possível com o mesmo. Sequer se despediu do Deverich ao seu partir, pois não achou importante fazê-lo. Até porque, seguindo a rotina, Yixing estaria em sua casa no amanhecer do dia seguinte.

Mas rotina é frágil, quebra-se e pode ser quebrada com facilidade imensa — Junmyeon ainda viria a perceber; os primeiros alertas vieram na mesa do chá, numa quase reunião de família. 

— O garoto conversou comigo antes de ir — o patriarca da família Thompson disse após degustar um pouco do chá. Todos os presentes sabiam que "garoto" era como ele se referia a Yixing. 

— Sobre qual assunto? — o interesse de Junmyeon se sobressaltou.

— Ele me disse que o pai está com a peste branca. — Negou com a cabeça, como que penoso. As reações dos outros familiares foram do mesmo tipo.

Junmyeon juntou as sobrancelhas, mais preocupado que os outros. Aquela doença tenebrosa era tão contagiosa quanto uma praga de insetos, tão tristemente mortal. As pessoas iam-se raquíticas, sem chance de se recuperarem, e ainda deixaram para trás os resquícios daquela doença terrível. Era um dos grandes males da época.

— E então?... No que deu a conversa? — Retomou a xícara, tentando manter uma imparcialidade sobre o assunto.

— Ele vai ficar afastado. Ele pediu, quis cuidar do pai.

— Não é perigoso demais estar próximo a alguém nessa condição?

— O que ele poderia fazer se não isso? Deixar o pai morrer à míngua? — retrucou o irmão mais velho de Junmyeon.

— Não estou dizendo isso…

— Ele é filho único, Junmyeon. Não tem mais quem cuide para ele de seus pais.

Ele rebateria ainda mais uma vez, mas não queria demonstrar mais interesse pelo assunto. Calou-se para responder somente quando seu pai fez a oferta de contratar alguém provisoriamente, proposta recusada pelo filho do meio.

Na manhã seguinte, depois do desjejum, Junmyeon quase esperou por Yixing para trazer suas roupas perfumadas do dia anterior. Quando a empregada da casa bateu à porta no lugar do Deverich, lembrou-se do afastamento deste. Foi a primeira pequena falta da qual se deu conta.

Enquanto tocava piano, sentiu falta de alguém para dar aprovação. Não de alguém para cumprir esse cargo, mas de quem sempre o fazia. Esta foi a segunda falta percebida.

A terceira foi no passeio vespertino pelas calçadas londrinas, no qual caminhou sozinho. A quarta foi enquanto lia um romance, num silêncio tão propício à concentração que chegava a ser estranho.

Foram pequenos pedaços alterados do cotidiano, nada que impedisse o dia a dia de seguir. Além do mais, logo o irlandês voltaria, para a plena normalidade dos dias de Junmyeon.

Entretanto… passada uma semana, um menino desconhecido bateu à porta dos Thompsons para levar um recado de seu vizinho, Yixing. Dissera que ele vinha tossindo, suspeitando estar adquirindo também a doença do peito.

Para o bem da verdade, naqueles tempos, não se podia dizer que os que adquiriam a peste branca tinham chances de saírem vivos. E aqueles que mantinham contato com os adoecidos, acabavam da mesma maneira.

Com a notícia, Junmyeon quase não conseguiu se passar por calmo. Aquele era um grande medo inevitável para ele, o de que Yixing adquirisse aquela praga maldita. E se aquele garotinho de bicicleta aparecesse todas as manhãs para trazer-lhe notícias sobre o Deverich, sua situação teria melhorado.

O passar da segunda semana foi diferente da primeira. A desesperança era maior. Ele não mais tinha aquela enganosa certeza de que logo mais toda a rotina seria exatamente a mesma.

Mas o tempo passa, seguia normalmente. O tempo e toda sua teimosia de nunca querer voltar um pouquinho, toda sua rigidez de nunca permitir uma mínima correção, um refazer de fatos. Ele ia em frente, fazendo Junmyeon roer as unhas e franzir mais o cenho com o passar das horas.

Muitas vezes perguntava-se como estava a situação de Yixing. Outrora forçava-se a crer que a tosse era de resfriado, e não daquela temida doença letal. O que fazia mesmo a todo tempo era reparar nas pequenas faltas deixadas por aquele jovem irlandês.

Ele ainda não sabia o mistério explícito do costume, apego e sentimentalismo. Os três trabalhavam juntos para formar, um dia, um dos maiores sofrimentos possíveis para um ser humano: a perda.

A rotina é uma estrutura à base de cartas de baralho, tão sensíveis, que um sopro a leva ao chão com facilidade. Ela é composta por pequenos detalhes, que te fazem ser apegado, progressivamente dependente.

Se a caneta com a qual você escreve todos os dias quebra ou some, tudo bem, é possível adquirir outra de mesma cor, fabricante, pelo mesmo preço. Objetos são normalmente substituíveis e tendem a ser repostos.

Mas se algo que estava contigo todos os dias, algo que te trazia bem e que não se pode encontrar numa venda pelas esquinas, nem nas mais refinadas lojas… simplesmente é desintegrado desse funcionamento que se ia tão agradável? Se foi por uma razão acima do seu controle, as coisas ficam ainda mais difíceis. 

Outro empregado foi contratado para cumprir os serviços no lugar do irlandês, mas ele nunca conseguiria dar conta de todos os papéis prestados por Yixing.

Numa manhã, enquanto saía pela estrada de pedras da fachada, sua bengala foi de encontro com um pequeno ramo de uma flor não pertencente ao jardim daquela casa. Era amarela, delicada… talvez trazida pelo vento. Com pouca observação, identificou se tratar de uma acácia.

Acácia, aquela que sinalizava o amor secreto. Impropriamente Yixing já tinha recebido uma daquela das mãos de Junmyeon, que não sabia como tinha sido tão audacioso.

Nas altas horas da noite daquele mesmo dia, pouco tempo depois que Jacob conseguira cair em pleno sono, o frio tomou-lhe pelos braços descobertos. A janela estava aberta… talvez obra do vento agressivo e gélido.

Quando levantou-se para fechá-la, observou não somente as cortinas manejadas pela brisa, nem somente a paisagem externa, mas uma margarida selvagem no parapeito da janela, prestes a cair em seus pés. Era uma flor que há tempos não via, nunca plantada em seu jardim.

Recolheu-a com delicadeza, franzindo as sobrancelhas. De relance, o almanaque sobre floriografia que entregara a Yixing veio à mente. Em uma das diminutas páginas dele estava informado o significado daquela flor: um delicado "penso em você".

No terceiro dia que se seguia, repetiu-se o caso de ter a janela aberta durante o sono. Passou a pensar em trocar os ferrolhos, ainda que não parecessem ruins. Mais uma flor cruzou seu caminho.

Uma miosótis, no mesmo lugar da margarida, pedia tristemente "não me esqueça".

Junmyeon já não sabia se era mesmo o vento que trazia aquelas flores e dizeres.

Não conseguiu mais pregar os olhos, pensando se aqueles ocorridos recentes eram comuns. No fim, concluiu apenas que precisava ir à igreja, pedir perdão por todos os seus feitos e, como não podia pedir descaradamente Yixing de volta, oraria para que ele e seu pai estivessem bem.

De noite, mais uma vez o frio o assolava. Teve calafrio não somente pelo clima, mas por um nervosismo súbito. Acordou-se até mesmo assustado.

Tinha checado mais de uma vez que a janela tinha sido bem trancada antes de dormir, então ouvi-la ranger e escancarar-se foi o bastante para fazer o coração acelerar.

A luz da lua entrava no quarto novamente; desta, refletia num véu branco que pareceu fruto da imaginação. Junmyeon esfregou os olhos para saber se estava enxergando corretamente.

O chão próximo à janela estava forrado, havia um tapete pálido. 

Junmyeon andou com passos tão lentos quanto poderia, receoso. Já próximo, notou que o "tapete" era formado por pétalas, todas brancas como neve, acentuando a noite de inverno que invadia seu quarto.

Eram cravos espalhados pelo chão, flores únicas, inconfundíveis. Tão delicadas quanto uma renda fina, elas eram arrastadas levemente pela ventania pouco amistosa que vinha da janela recém aberta.

O cravo era a flor do luto, que forrava as lápides como estavam a forrar o cômodo naquele instante.

Pela primeira vez, Junmyeon não sabia exatamente o que as flores queriam lhe dizer. E, pela segunda vez, passou a noite em claro. Por algum motivo, todos os seus sonhos acordados daquela madrugada tiveram rosto: o de Yixing Deverich.



·



Th.,

Para você, que nunca deixará de fazer parte de mim, todo um jardim de flores que falam de amor, que falam do amor que eu gostaria de poder permanecer te dando.

Você, que é a minha primeira eterna saudade, a minha primeira pétala de cravo branco, nunca estará noutro lugar que não seja a minha memória e o meu coração.

Essa história foi escrita graças a sua ida, Th., que me deixou com a dor de um adeus cruel. Eu sequer consegui me despedir, te dizer um sofrido "até mais".

Num ingênuo voto de esperança, espero um dia te ver novamente. Me encontre no jardim da saudade.

Com amor e uma tristeza incabível,

Lily.


Notas Finais


olha, a história é bem mais pessoal do que parece. tanto é, que eu a escrevi pra um projeto e depois vi que era loucura, ela é pessoal demais para estar noutro perfil.
ela pode abordar a linguagem vitoriana das flores, pode falar de um amor não assumido, mas o principal ponto aqui é esse triste sentimento de perda que me tomou e ainda me faz chorar todos os dias. é a pior coisa, te afoga como uma maldita areia movediça. eu precisei escrever algo que me expressasse, só pra vomitar algumas coisas em forma de palavras. a dedicatória no final é pra quem partiu da minha vida cedo demais.

ღ CAPISTA: https://www.spiritfanfiction.com/perfil/oprum
ღ informações do significado das flores: http://amodistadodesterro.com/flores-eravitoriana/


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