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História Crawling - Tomarry - Escolhas


Escrita por: Trevo_Cobre

Notas do Autor


Olá! Curiosos sobre o que vai rolar nesse capítulo?
Então bora pro capítulo e ótima leitura.

Capítulo 44 - Escolhas


— Eu perguntei, o que você prefere, Tom — Meus olhos encontraram os dele com tanta intensidade que minha cabeça chegou a doer, mas mesmo assim repeti dando ênfase a cada palavra — Você prefere ser cruciado ou morto?

Tom mexeu no cabelo e negou com a cabeça como se estivesse espantando um pensamento ruim, eu estava com os nervos a flor da pele, se o Riddle achava mesmo que eu não faria aquilo, eu estava disposto a provar o contrário. Quando soube que ele não estava mesmo me levando a sério, a maldição saiu como se fosse minha própria respiração, mas antes que pudesse atingir o alvo, em uma fração de segundo, Tom se aproximou de mim e com o braço fez com que minha varinha fosse direcionada para uma das paredes, onde o feitiço caiu em uma planta que murchou na hora. Senti meu coração ficar pesado, era isso que ele havia feito comigo.

Tentei resistir com todas as minhas forças, mas o Riddle torceu o meu braço e me fez desequilibrar, caí no chão com ele em cima de mim, não consegui me conter, antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, soquei ele. Tom levou a mão ao nariz e eu me aproveitei disso para derrubá-lo e ficar por cima dele, apertando seu pescoço com minhas mãos.

— Harry... — apertei com mais força, conseguia perceber que a cada segundo ele sentia mais falta de ar — Pare... Pare por favor... Harry!

— Eu não vou parar, não até seu coração deixar de bater — Já não sentia meus dedos de tanta força que estava aplicando, sorri enquanto Tom se debatia em busca de ar.

— Harry... Eles estão seguros... — franzi a testa, mas aquelas palavras não significavam nada, nada mais fazia sentido enquanto Lord Voldemort tivesse ressurgido, enquanto Tom estivesse vivo — Eu fiz... Por você, Harry. Pare, por favor.

Inspirei profundamente, nunca achei que eu fosse me sentir tão bem fazendo aquilo, eu nunca quis vingança, não até agora. Eu não ia parar, não podia parar. Não até ouvir um ronronar baixinho, olhei para trás e vi Safira parada próxima a nós dois, ela miou e eu prendi a respiração. Aos poucos minhas mãos deixaram o pescoço de Tom. Fechei os olhos e me afastei dele, caindo sentado próximo à gata, Safira andou até mim no mesmo instante, pedindo carinho.

Olhei para minhas mãos por um segundo antes de olhar para o Riddle, ele tossia e arfava buscando ar, uma dor invadiu meu peito, era como se um buraco negro tivesse se formado lá, então eu senti as lágrimas começarem a escorrer pelo meu rosto. Não falei nada, tudo ficou silêncio, a não ser pelo ronronar incessante de Safira que agora estava no meu colo. Levei um susto quando Tom teve a iniciativa de falar.

— Não tomamos o castelo, mandei os comensais embora... Eu não pude... Me perdoe, Harry — Tom não estava olhando para mim, mas quando olhou, o moreno se encolheu um pouco, como se sua pele estivesse se retraindo.

Eu não podia falar nada, não conseguia, não conseguia evitar as lágrimas e o vazio ainda estava lá. Fixei meus olhos em um lugar distante, me esquecendo até mesmo de respirar. A minha tristeza era tanta... Mesmo tendo desistido, eu conseguia ver aonde havíamos chego. Tom quase havia voltado a ser Voldemort, eu quase o havia matado de novo. Quase rastejando, o Riddle foi até mim, ele hesitou, mas uma de suas mãos tocou minha bochecha. Não me movi.

— Não posso ter o mundo bruxo se não tiver você. Não posso pensar em um mundo sem você ao meu lado. Eu errei — Tom engoliu em seco, fechei os olhos — Por favor diga alguma coisa.

— Tire a Safira daqui — fiz uma pausa, sabia que ele estava me olhando, mas não conseguia encontrar os olhos dele agora — Saia daqui.

Precisava ficar sozinho, precisava digerir aquilo, mas ao mesmo tempo sabia que se ele saísse daquela sala nunca, eu mais iria conseguir falar sobre isso de novo com Tom. Bem, ele tinha feito uma escolha e agora eu estava fazendo uma. Eu precisava encontrar forças para lidar com os acontecimentos do dia e se Tom ficasse aqui, não conseguiria encontrar força, só tristeza. Eu precisava de um tempo.

— Não quero te deixar — estalei os lábios com a fala do Riddle, eu não sabia o que responder, graças a Merlin fui salvo de dar alguma resposta naquele momento.

— Pode ir, Tom, vou cuidar para que Harry fique bem — olhei para Dumbledore parado na porta com um olhar e voz tranquila, senti meu estomago revirar só de imaginar ter que conversar com alguém agora — Acho que será bom para todos se você descansar por hoje, amanhã tudo estará bem.

Fiquei parado no chão até ouvir os passos de Tom desaparecerem e, ainda sim, demorei um pouco para me levantar, Dumbledore foi ao meu auxílio, me guiando até uma cadeira. Queria dizer que estava bem e não precisava ficar ali por mais tempo, mas a realidade é que no momento em que me sentei na cadeira, não consegui levantar mais, apenas fiquei catatônico observando Albus abrir a janela para Fawkes entrar enquanto fazia um chá com auxílio de magia.

— Espero que goste de chá de camomila, Harry, meus nervos não estão nas melhores condições e acho que todos nós precisamos de um chazinho calmante nessas horas — fiquei em silêncio, não estava com vontade de adivinhar as intenções do diretor com aquela conversa — Imagino que os acontecimentos de hoje também o tenham deixado estressado.

O diretor se sentou em minha frente e pegou duas xícaras de chá, eu podia sentir o olhar dele pairando sobre mim, mas eu não me sentia mais motivado para falar. Como se Dumbledore finalmente entendesse que eu não estava para conversa, o homem começou a batucar na mesa enquanto mexia na barba.

— Sabe Harry, eu não guardo mágoas do dia de hoje — olhei para ele com vontade de gritar, depois de tudo que Tom fez... Como ele podia agir com tanta naturalidade? — Tom Riddle fez o certo no final das contas e de um jeito brilhante, sem deixar a entender que era ele por trás disso o tempo todo... Isso não diminui a gravidade do ocorrido, mas fico feliz em pensar que apesar de ter começado mal, ficou tudo bem. Um último suspiro do lorde das trevas.

— O senhor e toda Hogwarts foi refém de comensais, como pode dizer isso? O que Tom fez foi terrível, foi... — mordi a língua e desviei o olhar, eu não queria debater sobre isso, não estava com cabeça para isso.

— Harry...

— Ele me traiu! Me traiu fazendo isso! — explodi, se Dumbledore queria me fazer surtar ele estava conseguindo — Como eu posso fingir que nada aconteceu quando os fatos estão na minha frente? Eu confiei nele e na primeira oportunidade de voltar a ser Lord Voldemort ele simplesmente me descartou e tudo que passamos juntos. Jogou toda a nossa história no lixo só para satisfazer o maldito ego dele. Pessoas podiam ter se machucado... Morrido, e isso seria minha culpa por não querer acreditar que Tom e Voldemort são a mesma pessoa. Por não querer ver que ele nunca seria capaz de amar ninguém além de si mesmo.

Albus ficou quieto e, com o passar dos segundos, eu recobrei a postura. Pisquei com força para afastar as lágrimas e olhei pela janela, estava torcendo as mãos tentando encontrar minha voz para pedir para sair daquela sala. Molhei os lábios e mexi no cabelo. Eu podia fazer aquilo, não seria um pedido que me derrubaria, não depois daquele dia.

— Posso ir embora? — perguntei finalmente.

— Tome seu chá antes, Harry — Em dois segundos virei a xícara de chá goela abaixo e me levantei pronto para ir embora — Harry, nós ainda não acabamos. Sente-se.

— Diretor, seja lá o que queira falar, fale de uma vez, eu só quero ir para o meu quarto e fingir que não existo — Dumbledore olhou para a cadeira que eu estava sentado segundos antes, lentamente, voltei à ela.

— Os desejos são egoístas, Harry. Todos temos desejos egoístas no fundo de nossos corações, mas gostaria que pensasse em algo... Acha que nossos desejos ditam quem somos ou acha que as escolhas que fazemos falam mais sobre nós mesmos que algo fruto do nosso ego?

Eu conseguia perceber aonde o diretor queria chegar, levei alguns segundos para engolir a minha raiva.

— Ele escolheu me trair — frisei a palavra.

— É verdade, mas também escolheu desistir de tudo por um motivo, e fale o que quiser, não acredito que apenas a moral dele pudesse impedi-lo — O recado era claro, Dumbledore estava do lado de Tom naquela história, me levantei pela segunda vez e respirei fundo.

— Vou pensar sobre isso — sibilei, minha vontade não era de pensar sobre isso, eu só queria esquecer tudo por um tempo.

Deixei a sala do diretor sem olhar para trás e tentando evitar quaisquer almas vivas que pudessem estar nos corredores depois daquele dia infernal, mas é claro que eu não conseguiria evitar todos. Em questão de minutos, fui encontrado por Hermione, Sirius e Remus, os três vieram para cima de mim como se fossem mortos de fome e eu um pedaço de bolo de chocolate. A Granger foi a primeira a me alcançar, a morena se jogou em meus braços.

— Ai meu Deus, Harry, você está bem? Eu tentei... Tentei queimar o diário, tentei tudo, não sabia se ia conseguir, não acho que tenha conseguido, mas... Ah, Harry... — retribui o abraço dela, conseguia perceber pela voz dela que ela estava desesperada, assustada até. Depois que consegui acalmá-la, nos afastamos e Sirius tomou o lugar dela.

— Está machucado? — neguei com a cabeça, as mãos de Sirius estavam em meus ombros, e em questão de segundos sua expressão passou de preocupação para irritação — Seu filho de uma... Lily teria comido o seu fígado... E o meu! O que estava pensando? Por Merlin, Harry! Fiquei preocupado de ter que enterrar você.

— Isso seria um problema, não tenho certeza se temos plano funerário — sorri fraco e meu padrinho inspirou fundo, conseguia ver que ele estava nervoso, percebendo isso também, Remus apareceu e colocou a mão em seu ombro em um gesto de apoio.

— Que bom que está bem, Harry — Lupin sorriu e deslizou a mão pelo braço de Sirius até estar segurando sua mão.

— Digo o mesmo, professor — pensei nele no salão principal, como refém, um bolo se formou na minha garganta.

Olhei por cima do ombro para ver que Victor Krum chegava acompanhado de Draco e Ron. Krum correu para Hermione, já Ronald puxava Draco pelo braço, isso antes de se atirar sobre mim chorando com uma voz esganiçada, eu não estava entendendo nada do que ele estava falando, só que ele estava sendo barulhento. Olhei para Malfoy com uma cara de quem não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo, o loiro revirou os olhos e começou a traduzir.

— Ele estava preocupado com você, achou que você ia morrer, que todo mundo ia morrer. Está surtando a no mínimo uns vinte minutos — murmurei um "Ah" quando ouvi a explicação de Draco, dei algumas batidinhas nas costas de Rony.

— 'Tá tudo bem, Ron — Meu amigo só teve tempo de guinchar um "Não está nada bem" antes de precisar que Draco o amparasse, Ron estava literalmente tremendo dos pés a cabeça — Eu, hãn... Preciso de um tempo sozinho, se me dão licença...

— Ah, você não vai sair daqui até nos explicar o que caralhos... — Meu padrinho começou, porém nesse momento Snape apareceu e, não acredito que vou dizer isso, mas foi a melhor coisa que poderia ter acontecido.

— Deixa o garoto, Black, ele deve ter mais o que fazer que ouvir vocês surtarem — Com Severus por perto, Sirius poderia se distrair com outra coisa além de mim.

— Vai se foder, seu morcego narigudo, Harry não saí daqui sem dar umas explicações — Meu padrinho surtando não era uma coisa legal, novamente fui salvo pelo inimigo.

— Acho que o que Harry quer dizer é que ele precisa fazer algo urgente — Draco nunca foi tão útil na minha vida quanto naquele momento. O loiro arqueou a sobrancelha como se esperasse que eu continuasse a mentira.

— Preciso encontrar alguém, é urgente — dito isso, fugi de lá o mais rápido possível, deixando todos discutindo entre si.

 

~

 

Me joguei na cama e tranquei a porta, meus colegas de quarto podiam esperar, todos os outros poderiam esperar. Eu só precisava deitar na cama com uma coberta quentinha e descansar um pouco, se isso fosse possível. Os primeiros minutos foram fáceis, me concentrei na minha respiração e batimentos cardíacos, o problema foi depois, quando minha mente começou a vagar por lugares dolorosos.

Eu só queria parar de pensar nele, parar de me sentir mal por tudo isso, parar de pensar nas palavras de Dumbledore e do olhar de Tom quando eu estava tentando matá-lo. Não queria ser fraco a ponto de acreditar nele de novo, não queria ter que quebrar a cara de novo e de novo sem nunca aprender nada com isso. Não queria amá-lo, nunca mais. Não queria estar tão machucado por tudo que aconteceu.

Nunca menti dizendo que o amava, nunca. Queria que pudesse acabar com todos os sentimentos que nutri por ele em questão de segundos, mas sabia que não funcionava assim. Sabia que mesmo estando com raiva e magoado ainda queria Tom, queria voltar ao que éramos poucas horas antes. Queria, principalmente, que não fosse eu o único a amar nessa relação, mas não conseguia ver o amor dele apenas em abandonar um plano que ele fez pelas minhas costas, sabendo que me machucaria. 

Suspirei e fechei os olhos, toquei minha cicatriz na testa, ela havia sido o primeiro erro de Tom Riddle comigo e esse dia era o segundo. Eu não deveria querer dar uma terceira chance a ele, mas sabia que já estava dando ao querer que ele se redimisse comigo. 

 


Notas Finais


O que acharam de tudo isso? Ainda estão muito putos com o Tom? Vou adorar saber a opinião de vocês sobre os últimos acontecimentos, então se quiserem comentar... Se não, nos vemos no próximo capítulo!


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