Era quase meio dia, Tatiana observava atentamente enquanto os garotos faziam sua habitual faxina no salão vermelho, ela já tinha bebido alguns trinques e já estava ficando meio bêbada. Carlos percebeu a oportunidade única e não perdeu um só minuto, sabia que Tatiane quando estava bêbada não se continha e abria o bico com muita facilidade, se aproximou e puxou assunto bem baixinho.
__ Se eu te perguntar uma coisa você me responde?
__ Responder o que garoto? __ Tatiana olhava vidrada para o copo de uísque que segurava em sua mão, o balançava na esperança de afogar sua amargura naquele resto de bebida.
__ O que vocês fizeram com o garoto que matou a Patrícia?
__ Nada __ respondeu ela secamente bebendo o restante do uísque de uma só vez, depositou seu copo sobre o balcão de granito; uma lágrima se formou em seus olhos, mas ela logo a enxugou antes mesmo que escorresse e alguém a visse chorando __ ele pagou pelo prejuízo dado a casa.
__ De quanto nós estamos falando? __ Perguntou Carlos
Tati olhou para a porta, tinha receio de que alguém pudesse entrar e escutar a conversa, mas Daniel foi mais rápido e logo acenou que ficaria de vigia.
__ Cinco mil, esse foi o preço que foi cobrado pela vida dela.
__ Cinco mil? __ os olhos de Carlos se acenderam em um vermelho rubi tamanho era seu ódio.
__ Ridículo __ Tatiana não deu muita importância a Carlos e logo encheu novamente seu copo de uísque __ eu ainda vou matar aquele canalha __ sussurrou baixinho.
__ E o que foi feito do corpo dela?
Tatiana não falou nada, ficou apenas observando o gelo se desfazer em meio a bebida.
__ Ela foi jogada no lixo __ seus olhos mais uma vez se encheram de lágrimas __ o lixo voltou para o lixo, foi assim que eles trataram o assunto.
Tatiana olhou no fundo dos olhos de Carlos, sentiu seu ódio e com um breve sorriso mais uma vez tomou a palavra.
__ Eu não concordei com isso, queria eu mesma pagar pelo enterro, mas fui impedida. Como eu iria explicar quem era ela e como ela tinha morrido? Tem coisa que não tem como explicar. Além do mais eu já a salvei de um destino muito pior do que este.
__ Como assim? __ perguntou Carlos enquanto colocava mais bebida em seu copo __ me conta tudo.
__ A Patrícia jamais era para ter ficado aqui na boate, ela já estava praticamente vendida a um empresário turco que iria transformá-la em uma escrava sexual, não somete em uma simples escrava, mas no pior tipo de coisa que poderia existir nesse mundo, ela seria transformada em uma boneca sexual.
Todos não podiam deixar de notar a tensão na voz de Tatiana, ela falava aquilo com a voz tremula, olhava sempre de rabo de olho para porta e pela primeira vez na vida os garotos viram Tatiana demostrar algum tipo de sentimento, era muito sinistro, naquele momento, todos percebiam que Tatiana estava com medo.
__ Boneca sexual? __ Carlos mais uma vez rompeu o silêncio __ o que é isso?
__ A pior coisa que já vi em minha vida e olha que eu já vi muita coisa de ruim neste mundo, mas isso... __ as mãos e a voz de Tatiana tremiam, Carlos apressou de colocar mais um bocado de uísque em seu copo.
__ Continua.
__ Boneca sexual __ ela respirou fundo e continuou __ eles vendem a garota, mais ou menos do mesmo perfil da Patrícia, menina pobre que ninguém vai reclamar de seu desaparecimento, muitas vezes elas são vendidas pelos próprios pais. Depois elas são vendidas por uma quantia bem significativa, a Patrícia mesmo estava sendo negociada por cinquenta mil reais. Até hoje não sei como consegui convencer a Mirian a não fechar negócio, ela disse que eu estava ficando sentimental, dizia que ela não era minha filha, disse que ela era apenas mais um negócio, um bom negócio, mas mesmo assim ela me ouviu e a poupou.
__Cinquenta mil? __ suspirou Daniel deixando a vigia de lado e se aproximando para escutar melhor a história.
__ O preço não é nada comparado a crueldade que eles fazem com essas crianças __ Tatiana acenou o copo vazio para que Carlos o completasse de bebida __ eles levam essas crianças em clinicas médicas clandestinas e as submetem a um monstruoso processo cirúrgico, eles amputam seus braços e pernas, na altura dos joelhos e dos cotovelos, isso para que elas não os chutem ou soquem e nem mesmo os arranhe no ato sexual, depois eles retiram suas cordas vocais para que elas não chorem ou gritem e por fim arrancam todos seus dentes para elas não morderem.
__ Isso é terrível __ gritou Daniel se esquecendo totalmente a vigia.
__ Isso é lucrativo __ respondeu Tatiana secamente.
Neste momento a porta principal do salão se abriu por ela entrou Miriam e Edgar seguidos por dois seguranças, ela não ouviu a conversa que de Tatiana com os garotos, mas olhou com nojo quando percebeu que o salão ainda estava sujo. Ela começou a gritar, estava furiosa, todos voltaram suas atenções a ela, foi neste momento de distração de todos que Carlos viu que havia uma faca em cima do balcão, ele pensou rapidamente, sabia que jamais aquilo aconteceria de novo, uma faca ao seu alcance e todos distraídos com o acesso de raiva de Mirian, ele a pegou com vontade e se atirou em cima da cafetina, houve um momento de silêncio, o tempo parecia ter congelado, um gelo que só foi quebrado pelos gritos de Horror dado por Daniel, o único que viu que Edgar percebera o momento de deslize e pulou na frente de Carlos para desarmá-lo, o sangue jorrou longe e ele caiu, foi ferido no abdômen, Carlos foi agarrado por um dos seguranças enquanto o restante das pessoas viam Edgar estirado no chão agonizando.
__Façam alguma coisa__ gritou Daniel __ ele ainda está vivo.
Daniel foi levado para o quarto juntamente com os outros garotos enquanto os seguranças socorriam Edgar.
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