História Crime das Flores - Boca de Leão

A reunião entre os Kages havia dado uma pequena pausa.

O primeiro e único tema da discussão em conjunto era uma nova organização recém descoberta, cujo objetivo era o mantimento da paz por uma ótica distorcida, onde todos os ninjas deveriam ser expostos assim como suas técnicas, principalmente as Hiden. Ataques à clãs estavam ficando frequentes nas regiões mais ao Leste e, atualmente, mortais.

— Você não costuma se atrasar, Kankuro... — Gaara disse calmamente, encontrando o irmão do lado de fora da sala.

— Claro, o trabalho sujo sobra para mim, jaan! — o mais velho deu de ombros, seguindo ele e Temari — Ei, você já soube? — ele olhou diretamente para a irmã.

— Hun? — a loira arqueou a sobrancelha.

— Aquela amiga do seu namorado, ela está metida em um rolo...

— Não sei do que está falando. — a resposta seca se referia tanto ao “namorado” como a amiga dele — Ficou fofocando por ai e por isso se atrasou para a reunião?

— Fofocando não, jaan! Eu estava fazendo uma investigação minuciosa e descobri algumas coisas interessantes...

— Algo relacionado ao incidente na floricultura? — Gaara parou de andar quando chegaram em um local com maior privacidade.

— Isso mesmo. — Kankuro sorriu com um ar de suspense — Parece que aquela não foi a primeira vez que ficaram mal por causa de flores...

— Acredito que deva ser comum... — Temari suspirou, sempre ganhava alguma diferente do namorado e, na maioria das vezes, se enjoava com o perfume forte na metade da viagem.

— Não do jeito que Tenten ficou — o ruivo fez uma cara de preocupação, ainda não havia recebido notícias alguma dela.

— Resumindo, parece que algumas pessoas simplesmente morrem quando entram em contato com as flores de lá. Espero que a Tenten tenha sido uma exceção, já que a Ino ajudou ela na hora...

 O olhar de Gaara ficou vidrado no nada por um tempo e depois tomou uma proporção maior de preocupação, só em pensar que uma de seus guias poderia morrer apenas por causa de uma flor. Temari estava assustada, esbranquiçada e boquiaberta, eram informações demais para criar uma linha de raciocínios.

— A reunião já vai recomeçar. — Shizune anunciou casualmente, passando por eles e indo avisar aos outros Kages.

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Shikamaru estava andando tão apressado pelo hospital que seria capaz de derrubar qualquer um que se enfiasse em sua frente. Choji ia logo atrás dele, se desculpando pelo amigo e implorando para que o Nara se acalmasse. O motivo para um preguiçoso estar com tanta pressa era simples e urgente: membros da AMBU estavam neste momento só esperando a Yamanaka ficar sozinha para ataca-la como abutres, seguindo ordens impostas sabe-se lá por quem, mas que não haviam partido de Kakashi.

O último corredor era onde os casos de emergência e especiais ficavam. Normalmente aquele lugar era vazio devido ao afastamento das demais alas, mas estava com pelo menos seis membros mascarados e sorrateiros, investigando em qual sala a presa poderia estar. Shikamaru passou por todos eles e os encarou com as feições mais severas que conseguia.

— O Hokage já sabe que estão aqui, já que, por sinal, vocês não estão mais sendo liderados por ele. — ele viu aquelas “sombras” parando de se mexer e fita-lo com certo temor — Sugiro que não cometam um erro tão grave como agir por impulso, principalmente quando está havendo uma reunião entre os Kages e nenhum deles teria tempo de ordenar algo.

— Impossivel... — Shikamaru levantou a mão, interrompendo uma das pessoas que ousou tentar se justificar.

— Tenho ordens expressas de garantir a segurança dos envolvidos neste acidente. Alguém tem dúvidas quanto a isso? Podemos ir agora mesmo interromper a reunião e perguntar ao Rokudaime, isso, claro... Se vocês quiserem mesmo provar algo.

O silencio se instalou e os AMBU’s começaram a sair lentamente por onde vieram. Choji e Shikamaru só não fizeram questão de acompanha-los até o lado de fora porque, graças à um “agente duplo” assegurado por uma máscara e vestimenta preta, estava naquele pequeno grupo e foi o responsável por avisar à Kakashi o que estava acontecendo.

Ambos abriram a porta em tempo de ver uma médica de cabelos cor-de-rosa se deixando cair no chão, encostada na parede, enquanto recobrava o folego. Ino se debulhava em lagrimas enquanto abraçava Sai, que por sua vez, olhava fixamente para Sakura a espera pela resposta.

— Ela... — a Haruno retomou a fala — Conseguimos estabilidade, mas...

— Mas? — o olhar de Shikamaru, sempre tão tranquilo, beirava o pânico.

— Ei, Sakura... “Mas” nunca é uma coisa boa nessas ocasiões, fale logo de uma vez para não deixar a gente mais preocupado... — Choji também recuperava o folego, mas de maneira discreta.

— Não sabemos reverter o quadro.

Ino soltou uma risada estridente, afastando-se de Sai e encarando a amiga. Deu passos embolados até ficar de frente para a médica e se abaixar, ainda gargalhando.

— Eu sabia que você iria me pregar uma peça! — ela respirou fundo, limpou as lagrimas do rosto e continuou — Claro que a Tenten está bem! Não tem como estabilizar nada no quadro dela além de ela manter-se viva... — ela deu uma pausa, pigarreou e bateu no próprio peito — Eu acompanhei ela até aqui evitando que algum órgão falhasse no caminho, ela parecia mais morta que viva, Sakura! Não tem como estabilizar ninguém assim, apenas respirando! — ela encarou os amigos, amante, voltou-se para Sakura e esperou a confirmação.

— Exatamente. Ela está respirando.

— É? Só? Sakura... Não me diga que logo a Tenten virou um daqueles casos sem volta, onde a pessoa mais parece uma planta do que humano! Isso é... É impossível! — ela voltou as gargalhadas — É impossível a Tenten se manter assim, é impossível! — ela continuou rindo, enquanto se levantava — É impossível... — aos poucos, as risadas eram de desespero misturadas ao choro — Não pode ser...

— Ino... — Sai colocou a mão no ombro dela e recebeu um abraço apertado em troca — Ela vai ficar bem, vai ficar tudo bem... — ele abraçou a Yamanaka, tentando reconforta-la.

Shikamaru e Choji estavam em choque. Sakura tentava se manter calma, mas a vontade que tinha era de chorar e socar as paredes até sua frustração por não conseguir fazer nada além disso passar.

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Shikamaru ainda estava atordoado.

Ele andava pelas ruas um tanto sem rumo, segurando uma bela flor amarela e comprida. Quando deu por si, estava indo para uma direção qualquer pela quinta ou sexta vez, em busca de Temari ou dos irmãos dela... No fundo, ele sabia que a reunião estava perto do fim e que precisava se apressar para encontrar a namorada, mas o temor em explicar tudo para ela e, provavelmente, aos Kages estava tomando conta de si. Ele acreditava em Ino, conhecia a amiga e o caráter dela, mas os outros não.

— Ei, Nara...

Aquela voz feminina e tão familiar fez com que o rapaz olhasse ao redor, encontrando uma belíssima loira indo na direção dele com um sorriso.

— Temari...

— Você não parece bem, aconteceu alguma coisa?

— Hun? Não, não. — ele tentou sorrir e estendeu a flor — Eu não sabia ao certo se você iria voltar hoje mesmo ou não, então...

— Vamos ficar até amanhã, mas pode dar essa flor para a Tenten ou Ino, elas precisam mais. — ela comentou como se não fosse nada demais.

— Como você...?

— O tagarela do Kankuro me contou, eles estavam na floricultura naquela hora.

— Então você acha que a Ino...

— Eu não acho nada! — ela o cortou — Shikamaru, meus irmãos estavam lá, poderiam ser eles ao invés de Tenten, mas eu sei que não foi a Ino...

— Sabe?

— Shikamaru... — ela revirou os olhos — Acabei de falar que meus irmãos estavam lá, com ela, a Ino só tentou ajudar a garota. Céus! O que aconteceu com seu raciocínio lógico?

— Eu... Eu preciso ir! — ele sorriu, estendendo a flor mais uma vez.

— Aprendi que flores amarelas são para amigos, então melhor me trazer alguma outra. — Temari colocou as mãos na cintura — Agora vai, você precisa resolver seus assuntos e eu os meus...

— Temari... — ele segurou as bochechas dela e a beijou na testa antes de sair em disparada para falar com o Rokudaime.

Apesar de muito tímida com o gesto do namorado, Temari ficou feliz com aquele pequeno beijo. Ela também ficou muito feliz por ele levar a flor: as amarelas comumente são as com perfume mais forte. Outra curiosidade sobre aquela Boca de Leão amarela é ser indicada para amigos que precisam de ajuda, como Ino e Tenten.

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Shikamaru adentrou a sala do Hokage sem nem bater antes, deixando os presentes um tanto surpresos. O Nara tentava balbuciar alguma explicação, mas a verdade é que tinha deixado o sangue subir à cabeça e queria gritar aos sete ventos que Ino era inocente.

— Curioso, queria mesmo falar com você! — Kakashi sorriu sob a máscara.

— Temos novas informações sobre o caso. — uma voz familiar partiu de um homem vestido de preto e com uma máscara cobrindo todo o rosto.

— Se for quanto a Ino, eu...

— Feche a porta e respire fundo, temos a noite toda. — Shizune sorriu, convidando o Nara para se sentar.