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História Criminal - Namjoon - Un


Escrita por: forella

Notas do Autor


Oie!
Bem vindo(a) a Criminal! É minha tentativa de escrever ficção. Espero que goste!
Fique atento nas datas, para não confundir flashbacks e dias atuais. Boa leitura!

Capítulo 1 - Un


Capítulo Um - Março de 2011

 

 — Joon-ah, você não sabe o que está dizendo… — Dizia a garota, encarando o rapaz no fundo dos olhos e tentando encontrar algum vestígio de brincadeira. 

 

 — Eu nunca brincaria com isso. — Sua voz era firme. Ele também a encarava profundamente. Estava quase suplicando, mas manteve sua postura. — É nossa única chance.

 

 — Joon, não faça isso. Não me pede isso…

 

 — Por quê? — Ele a olhou desapontado. — Você não está dando uma chance pra mim…

 

 — Anjo, não é assim...

 

 — Não está dando uma chance pra gente, Oli.

 

 — A gente sempre soube que nós não duraríamos muito. Mas insistimos nisso, de qualquer forma. Chegou a hora de arcamos com as consequências.

 

 — Não quer nem mesmo tentar? — Continuava olhando-a, suplicando em segredo.

 

 — Tem noção do que você está me pedindo?

 

 — Claro que tenho. — Chegou mais perto, colocando uma mecha dos cabelos dela para trás de sua orelha. — Foge comigo, noona? Foge comigo pra bem longe dessa bagunça toda? — Pediu, beijando-lhe a testa, mantendo suas respirações misturadas.

 

Era um pedido sagrado. Impossível, ele sabia. Mas não queria ir embora daquele Motel sem perder a oportunidade de poder levá-la consigo. Já esperava a resposta negativa, mas ainda insistia naquela ponta de esperança em seu peito.

 

 — Não dá… me desculpe, amor. Me desculpe. — Ela dizia bem baixinho, com medo de que se levantasse um pouco a voz, pudesse voltar a chorar aquela dor.

 

Ele observou o rosto que estava entre suas mãos. Os olhos cor de avelã, os cabelos cacheados e bem moldados. A pele negra mais lhe parecia um paraíso secreto, e ele não queria acreditar que a estava perdendo. Seu peito doía mais à cada pensamento.

 

Desde que começaram aquele romance maluco, eles já sabiam que haveria um final sem eles juntos. Era óbvio; sendo Olivia filha de um chefe dos departamentos policiais, e Namjoon filho de um dos maiores traficantes da Itália.

 

Durante pouco mais de oito meses, eles se pertenceram. Mas agora, todos os beijos em segredo e as noites abraçados escondidos naquele Motel afastado da cidade estavam cada vez mais perto de nunca mais se repetir.

 

Visto que seu pai precisava voltar à Coreia do Sul para fugir dos olhos da polícia, Namjoon precisava fazer o mesmo. Deveria acompanhá-lo e aprender tudo o que podia para que no futuro, pudesse tomar o lugar de seu pai como chefe das ligações entre a Coréia do Sul e a Itália.

 

Ele olhou fundo nos olhos da garota. Não suportava pensar em um fim tão injusto para com um sentimento que ele cultivara tão bem, guardado em um segredo nulo por eles dois. Encheu os pulmões para falar, mas ela quebrou o silêncio primeiro:

 

 — Dói… — Suspirou, encostando a testa na dele. — Dói demais, Joon.

 

 — Eu sei, biene mio (meu bem), eu sei. 

 

Ele a rodeou com os braços e Olivia se permitiu afogar-se naquele abraço. Então eles ficaram assim, por sabe-se lá quantos minutos, tentando esquecer que lhes restava pouco tempo. Ele cheirava a cigarros de menta e um perfume não tão forte da CK, o qual ela já tinha visto a embalagem algumas vezes dentre as coisas dele. Ela se perguntou se aguentaria tudo sem ele, e só de pensar, quis chorar. Então o abraçou ainda mais forte, não querendo que ele e seu cheiro de menta fossem embora de seus braços jamais.

 

O celular dele tocou. Ele não quis atender, porque naquele momento só queria gritar. Amava seu mundo e as adrenalinas nele, mas estava desejando se bater por deixar aquela garota entrar em sua vida e embaralhar tudo. Sentia que essa dor era completamente culpa dele. O som era irritante, então com o peito doendo, se afastou dela devagar e andou até a cama. Puxou o aparelho de debaixo dos travesseiros e atendeu o celular.

 

Enquanto ele falava, Olivia se sentou na poltrona que havia ali. Viu o rapaz alto suspirar fundo ao ouvir seu pai no celular, dizendo que era hora de ir. Os ombros dele estavam tensos e os olhos que costumavam brilhar, estavam tristes e cansados.

 

Quando ele desligou a chamada, colocou o celular no bolso da calça que vestia. Ia pegar sua camiseta, mas a garota se levantou e andou até ele, não deixando o rapaz terminar de se vestir.

 

Suas mãos contornaram os ombros dele. Namjoon fez menção de se virar, mas ela o impediu outra vez.

 

 — Me deixa decorar você… — Pediu baixinho. — Preciso me recordar de cada detalhe. 

 

Ele respirou fundo mas não disse nada. Continuou de costas para ela e fechou os olhos. Olivia passava as pontas dos dedos na pele que tão facilmente se arrepiava, sentindo sua textura, decorando as pintinhas que formavam um tipo singular de constelação. Se aproximou um pouco mais e abraçou o tronco alto, encostando sua cabeça nas costas dele e beijando um dos pontos espalhados ali. 

 

 — Sartori? — Chamou-o pelo sobrenome italiano. — Vai voltar pra mim?

 

Ele abriu os olhos devagar, colocando as mãos por cima das palmas dela.

 

 — Vou voltar. Mas não voltarei para você, biene

 

Ela suspirou. Sabia bem o motivo, por isso não precisou perguntar sobre ele. Apenas fechou os olhos outra vez.

 — Eu sei…

 

Ele se virou e colocou o rosto dela entre suas mãos novamente. Fez um carinho em suas bochechas antes de se inclinar para beijá-la. Encostou seus lábios e se demorou ali, se despedindo daquela calma. Depois se permitiu, com dor, dizer adeus ao gosto da boca dela. Gosto de perigo, desejo e fuga. 

 

Quando se separaram, ele ainda quis dizer que a amava. Sabia que mais tarde se arrependeria, mas acabou não dizendo nada. Nenhum dos dois havia pronunciado tais palavras durante seus momentos juntos, e se ele falasse agora, doeria mais. 

 

Ciente de seus atos, ele vestiu a camisa. Colocou o sobretudo e calçou os sapatos. Sentiu o peito arder ao olhá-la. Quis beijar sua boca de novo, mas sabia que se o fizesse não iria embora tão cedo.

Ela estava tão linda quanto no dia em que se conheceram. Mas agora, um olhar triste pairava no rosto bonito. Ele sorriu. Pegou sua mão e beijou as costas de sua palma, sem quebrar o contato visual.

 

 — Vou chamar seu nome quando estiver sonhando. — Ele segredou.  — Sogna anche me. (Sonhe comigo também, em Italiano).

 

Ela não ousou dizer palavra alguma, ou senão choraria. Então apenas fez que sim com a cabeça. Ele disse algo como “Tome cuidado ao voltar para casa” em italiano, e começou a andar em direção a porta. Mas pouco antes que ele encostasse na maçaneta, ela o chamou de novo.

 

 — Sartori? — Ele se virou. — Vou saber quando você voltar?

 

Ele sorriu de um jeito diferente, como quem planejava algo grandioso. 

 — Lerá meus sinais, biene.

 

Quando ele saiu pela porta, ela se permitiu deitar na cama e chorar o máximo que conseguia, porque não podia mais chorar depois daquela noite. Pelo menos, não por ele.

 

Dezembro de 2019

 

Os saltos altos de seu sapato faziam barulho a cada passo que ela dava. A mulher de pele negra e olhos esbanjando autoridade andava assobiando a última música que havia escutado, enquanto observava o lugar todo bagunçado à sua frente. O bar da cena do crime estava virado de cabeça para baixo, com as cadeiras jogadas para longe das mesas e garrafas caras de bebidas quebradas no chão. O cheiro do álcool era forte e lhe dava enjoo. E então, seus olhos focaram para os quatro corpos mortos no meio do cômodo, um caído ao lado do outro.

 

Enfiando as mãos dentro dos bolsos do casaco preto, ela apertou o pano inferior e aquietou seu assobio. Olhou fixamente para cada um dos mortos, e devido à uma lona que os cobria, não pode notar com clareza o motivo pelo qual eles foram assassinados, mas o sangue no chão declarava que não havia sido algo pacífico. Ela sorriu. 

 

Deu exatos cinco passos até ficar de frente com um dos corpos no chão, se agachando ao lado dele. Aproveitou que já usava suas luvas e afastou a lona, vendo o rosto de um deles e tocando-lhe a face, virando-o para o outro lado. Pode ver as tatuagens com um mesmo símbolo nas costas da mão de cada um deles, e também o mesmo símbolo em cada um dos pingentes dourados dos colares em que eles usavam. Bastou meio segundo para ela entender o que havia se passado ali: 

 

Eles faziam parte de uma máfia.

 

Ela conhecia muitos mafiosos, sim, mas aqueles não lhe eram familiares. Olhou mais de perto a tatuagem no pulso do homem, e viu o símbolo de uma rosa bonita desenhada na parte de cima do polegar do indivíduo, toda pintada em uma tinta preta forte. Era a famosa tática de se separar as quadrilhas com desenhos inocentes, a fim de enganar a polícia. Felizmente, Olivia já conhecia a quadrilha dos Gambo Nero há um bom tempo.

 

Estava prestes a ir checar o outro pulso do homem, quando viu que um par de botas de um dos policiais parou em pé ao seu canto direito. O cheiro conhecido entrou por suas narinas, e quando ela encarou-o por cima dos ombros, viu os fios ruivos do oficial caídos sobre sua testa.

 

 — Detetive.

 

 — Oficial Ludovico Tersigni. — Ela se levantou, colocando as mãos no bolso outra vez. — Algum relatório pronto?

 

 — Não, senhora. Apenas o óbvio que se pode confirmar pelas tatuagens: provavelmente foi alguma cobrança de máfia. Já pedi uma equipe para recolher os pingentes e coletar digitais, mas eles não parecem ser de Milão, nem de Nápole, e nem de Veneza.

 

 — Eu também nunca vi nenhum desses caras por aqui. — Garantiu. — Mas temos suspeitos?

 

Ele negou novamente.

 — A denúncia foi feita em anônimo por vizinhos que escutaram os disparos. Mas alegaram que depois dos tiros, todos que estavam no bar saíram correndo de uma vez, e não deu para suspeitar de ninguém. Seja lá quem quer que tenha feito isso, entrou e saiu sem ser visto de forma nenhuma.

 

 — Estranho… — Ela apontou. — E o proprietário do bar?

 

Tersigni direcionou seus olhos para um dos corpos no chão antes de voltar a alegar.

 — Era o último da esquerda, Senhora.

 

A Detetive arqueou as sobrancelhas e fixou seu olhar no homem morto. Não fazia sentido. Deu uma olhada rápida em todos os cantos daquele lugar, pensando que pudesse haver mais alguma evidência qualquer. E novamente, não havia nada além de bagunça.

 

 — Mas Tersigni, os Gambo Nero não são uma máfia local. Tem integrantes deles que nunca vimos nessa parte do país vindo para cá, e pra melhorar um deles abre um bar aqui. Esses psicopatas são loucos por território, e isso não é segredo pra ninguém.

 

 — Provável que seja por isso que tenham morrido. Digo, ele sabia que ia morrer, não sabia? Quem comanda as máfias daqui é outro pessoal. — Ele deu deu de ombros.

 

 — Tem muita coisa escondida nisso. Muita mesmo. Eles não seriam tão descuidados assim. — Ela mordeu o lado interno de sua bochecha, pensativa. — Algum vizinho concordou em ser testemunha?

 

 — Os vizinhos permaneceram no anônimo, mas uma das pessoas que presenciaram os tiros concordou em relatar o que houve. Marquei um horário na delegacia, ele disse que não queria falar agora. Estava em choque.

 

 — Entendo… — Falou em um tom mais baixo. — Faço questão de interrogá-lo. Qualquer atitude é suspeita em uma cena como essas.

 

 — Com toda certeza, Senhora.

 

Alguns segundos de silêncio se passaram. Olhando fixamente para o policial ao seu lado, a Detetive reparou em seu rosto pela primeira vez no dia, percebendo o quanto o ruivo estava cansado.

 

 — Está parecendo um zumbi. — Falou baixinho.

 

 — Não muito diferente de você. — Ele dizia em tom de brincadeira, evitando falar em voz alta.

 

 — Eu estava trabalhando. Já você deveria ir descansar. — Ela sorriu calma para o melhor amigo.

 

 — Logo irei pra casa. Esses casos de máfia te consomem mais que o normal. Tenha ao menos o cuidado de comer direito.

 

 — Irei, não se preocupe.

 

À medida que Olivia analisava o local, Tersigni a observava e assistia seus saltos pisarem no chão. Eles acabaram formando uma boa amizade desde seus anos de treinamentos juntos. Tinham bons e maus momentos compartilhados, mas eles evitavam mostrar sua intimidade para o demais policiais do departamento. Tersigni estava adiando seus passos para dirigir-lhe a palavra outra vez, mas antes que ousasse, um perito que também analisava a cena do crime chamou pelo nome da detetive e bateu continência.

 

— Detetive Lualdi. Oficial Ludovico. — Dirigiu seus olhos para o rapaz por um momento. — As equipes vasculharam todo o local, não há mais nenhum corpo. Já chamamos o pessoal da necrópsia para vir analisar os mortos, não houve nenhum ferido.

 

 — Muito bem. — Suspirou. — E acharam alguma outra pista?

 

— Sim, senhora. Há um símbolo desenhado por todas as paredes da cozinha, mas é diferente dos símbolos dos mortos. Uma outra máfia, provavelmente.

 

Atiçada por sua vontade de investigar, Olivia ajeitou sua postura e retirou as luvas antes de falar.

 

 — Muito bem, me leve até lá.

 

O homem andava na frente, Olivia e Ludovico o seguiam. A madeira do chão rangia a cada passo dado e o cheiro daquele lugar causava náuseas. Quando adentraram a parte de trás do balcão, andaram até a porta que dava para a cozinha nos fundos.

 

 A detetive, que antes andava olhando para o chão, levantou o olhar e segurou-se para não cair nos próprios pés. Prendeu sua respiração forte e mordeu os lábios sentindo o coração bater em uma velocidade absurda.

 

Seus olhos fitaram cada canto daquele lugar pintado de branco, e se travaram em cada um dos desenhos grafitados na parede. Tinham ali muitos desenhos diferentes, mas o qual a tinta ainda estava molhada e pingando no chão foi o que lhe chamou atenção.

 

Ludovico, percebendo o choque da mulher, se aproximou.

 

 — Conhece esses símbolos, Detetive?

 

Vozes rondavam na cabeça dela, que estava perplexa. Um flashback veio-lhe em mente de uma só vez e, quando ela se deu por conta, já estava revivendo novamente na memória tudo o que ela tanto se esforçou para esquecer.

 

 — Detetive? — Ele a chamou de novo, tirando-a de seu transe. — Reconhece esse símbolo?

 

Os olhos de Olivia se firmaram no brasão desenhado e ela leu a palavra embaixo dele. "Sartori".

 

Completamente ciente do que aquilo significava, ela apenas acenou que sim antes de lhe falar baixinho:

 

 — Sartori…

 

 — Perdão, Senhora?


 — Sartori voltou. — Respirou fundo. — Kim Namjoon Sartori está de volta.



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