1. Spirit Fanfics >
  2. Criminal - Namjoon >
  3. Sei

História Criminal - Namjoon - Sei


Escrita por: forella

Notas do Autor


Oie! Eu dei uma sumida, né? Perdão!

No cap de hoje teremos várias descobertas, mas talvez possa ficar alguma dúvida. Fica a vontade pra me perguntar qualquer coisa, okay? Boa leitura!

Capítulo 6 - Sei


Novembro de 2011

Não estava tão frio quando Olivia acordou. O clima da manhã era fresco, e bem devagar as luzes do sol entravam pela janela do quarto. Aos poucos seu corpo notava os sentidos, e o primeiro deles foi a mão de Namjoon fazendo um carinho em sua cintura. Depois notou o incômodo aperto que o curativo fazia em seu braço direito, junto com algumas memórias da noite anterior.

 

Sete dias haviam se passado desde o dia do tiroteio. Namjoon nunca passou uma semana tão agoniante quanto aquela. Sabia que Olivia havia sido ferida, mas não teve notícias dela, não pôde ligar, muito menos visitá-la no hospital. Mesmo que a polícia não conhecesse seu rosto, ainda sim era um risco alguém de dentro dos Tagliame vê-lo tendo contato com a filha de um policial. A cada dia, o sufoco de guardar aquele segredo só o matava um pouco mais.

 

Quando ele notou que Olivia se mexia ao seu lado, rapidamente se pôs atento, caso ela estivesse sentindo alguma dor no braço. Seus olhos se encontraram pela primeira vez naquela manhã, mas nada foi dito. Ele apenas a puxou com cuidado para perto, para que ela se deitasse em seu peito. De um modo que não a machucasse, Olivia se aconchegou na pele quente dele e respirou fundo, voltando a mentir pra si mesma, dizendo que os braços de Namjoon eram o lugar mais seguro no qual ela podia estar.

 

Acordar com ele era tão bom. O corpo dele era quente e o carinho que ele fazia era como um calmante. Quando tinham a oportunidade de acordar juntos, sempre ficavam sentindo a presença um do outro, decorando as texturas da pele e o ritmo de suas respirações. Para eles, era raro ter um momento como aquele. Estavam vendo o dia nascer pela janela, até que Namjoon começou a falar, bem baixinho:

 

 — Sabe de uma coisa? Não deve existir nada nesse mundo mais gelado do que o seu pé.

 

Rindo e sem saber o que dizer, Olivia colocou o rosto no peitoral dele, gargalhando baixinho. Ele aproveitou a posição em que ela estava para fazer um carinho nos fios cacheados que tanto amava. Alguns minutos se passaram, mas antes que o carinho nos fios de cabelo a fizesse dormir de novo, o celular de Olivia vibrou embaixo do travesseiro.

 

Com preguiça e bem devagar, ela puxou o aparelho e desligou o alarme. No visor da tela havia três mensagens de Tobia. Uma desejando-lhe um bom dia, outra perguntando onde ela estava, e outra a acusando de ter aproveitado o atestado de alguns dias para poder ficar com o namoradinho secreto. Rindo, Olivia apenas bloqueou a tela e colocou o celular de volta no lugar.

 

 — Meu irmão cismou com você. — Disse, se mudando de posição e colocando uma perna de cada lado do corpo dele, para poder se sentar em seu colo.

 

 — Comigo? — Arregalou os olhos. — Como assim? Ele sabe de mim?

 

 — Não, calma. — Ela riu. — No dia do tiroteio, ele me escutou falando com um tal de Joon no telefone. Colocou na cabeça que estou namorando escondido.

 

 — Meu Deus… — Ele riu, subindo as mãos pela coxa dela, sem malícia. — Já pensou se ele descobre que você está ficando com o filho do cara que seu pai quer prender?

 

 — A única coisa que interessa a ele é saber que não estou com um traficante. Enquanto você não vender drogas ou coisa do tipo, estamos bem. — Ela riu.

 

 — Então ele não é um problema. — Sorriu junto dela, parando o olhar no curativo em seu braço. — Ontem não tive tempo de perguntar… — Ele disse, se lembrando que, cinco minutos após Olivia chegar ao quarto, eles já estavam na cama jogando as roupas pelos cantos do cômodo. — Mas como foi? Algumas pessoas sentem muita dor, outras ficam tão chocadas que nem a sentem direito.

 

 — De início não senti nada. Eu e Tobia estávamos correndo até o porão, tomei o tiro na cozinha. Só senti um formigamento leve. Quando chegamos lá e eu acreditei que estávamos seguros, aí sim senti meu braço começar a arder. E só depois doeu. — Ela fez uma pausa. — Parece que, em princípio, meu pai duvidou que fosse seu pessoal. Mas só tiveram certeza depois viram que vocês não estavam nas proximidades da casa.

 

 — É. Fiquei sabendo do tiroteio porque, quando passei na rua detrás da sua casa para fazer uma entrega, vi as pessoas se aglomerando e percebi que algo estava fora do normal. As viaturas chegaram instantes depois, então eu te liguei.

 

 — Foi estranho. Não entendi porquê o tiroteio foi em frente de casa. Nunca ouvi relatos de algum problema pela vizinhança, sabe?

 

 — Deveriam estar querendo chamar atenção do seu pai, ou algo assim. Mas creio que não vai se repetir outra vez.

 

 — Tomara mesmo que não se repita. — Ela se arrepiou só de pensar em passar por aquela situação aterrorizante de novo. — Quantos tiros você já levou? Digo, vejo três cicatrizes, mas sei que nem todas ficam com marcas.

 

 — Sete. — Disse. — Esse foi o primeiro. — Apontou para o lugar acima do ombro. — Não tive tempo de raciocinar, nem nada. Só senti a dor, e foi uma das piores.

 

 — Eu sinto muito. — Falou, olhando triste para a cicatriz.

 

 — Tudo bem. — Sorriu. — Elas não doem mais. Depois da quarta, a dor se torna mais suportável.

 

 — Queria poder te proteger disso. — Ela disse, passando a mão levemente pelo tronco desnudo do rapaz, analisando cada detalhe de sua pele. — Queria que você estivesse seguro.

 

 — Eu sei, biene. — Sorriu triste, sentindo as mãos dela sobre seu corpo.

 

Um pequeno instante de silêncio pairou ali. Namjoon ainda estava digerindo o fato de que iria embora no ano seguinte. Não queria deixar nada para trás. Mas continuou a ignorar esses pensamentos, focando apenas em seus momentos com Olivia e nos carinhos dela por seu corpo. Se manteve assim por um bom tempo, até que ela puxou ar para voltar a falar.

 

 — Eu amo sua pele, sabia? É quente e macia. E apesar de não ser um símbolo que signifique algo bom, eu confesso que essa tatuagem tem um charme. — Ela disse, e ele sorriu de lado.

 

A tatuagem da quadrilha dos Tagliame era um desenho que fazia juz ao nome. “Corte-me” era sua tradução. Duas espadas se cruzavam, e o desenho era na parte superior do peito. Como quase nunca prendiam um Tagliame, a polícia não estava familiarizada com a tatuagem que eles usavam. Olivia se sentia estranha por conhecer tão bem o desenho, porque dava a impressão que ela sabia demais. 

 

Enquanto dedilhava as espadas com o dedo, Olivia imaginou o peso e a responsabilidade que aquele símbolo tinha para Namjoon. Não sabia direito como a vida dentro da máfia funcionava, mas tinha certeza que lá dentro, ele nunca teria tempo para amar alguém de verdade. O fato de ter Olivia abraçando-o nas noites de quinta ou terça-feira era muito mais do que ele poderia pedir.

 

Enquanto ela observava sua tatuagem com brilho nos olhos, Namjoon sentiu a pele se arrepiar e ficou tenso. Como se ele previsse que seu futuro seria sombrio, imaginou como as coisas funcionariam quando ele voltasse para a Coréia, e quem ele seria quando tivesse que retornar para a Itália depois disso. Só de pensar em não ter mais o toque delicado de Olivia em seu corpo, já lhe era motivo para imaginar que não seria mais o mesmo.

 

Namjoon nunca foi uma pessoa cem por cento boa. Não cresceu sendo criado para ser bom. Cresceu sendo criado para matar, e quase nunca se arrependia disso. Não é como se ele não desejasse ter nascido em outro tipo de mundo. Às vezes, tudo o que queria era um pouco de calma em sua vida. Mas ao mesmo tempo, amava seu mundo; as adrenalinas, seus talentos, suas graças. A única coisa que tinha o poder de despertar o que de melhor ainda poderia existir dentro dele era ela, porque ela era boa. E ele amava a gentileza e a bondade com a qual ela o envolvia, mesmo sabendo que essa era uma parte dele que só ela iria ver, e mais ninguém.

 

Pensando nisso, ele levantou o olhar para a moça em seu colo, lhe chamando baixinho:

 

 — Biene? — Ela encarou seus olhos. — Se eu virasse um monstro, ainda amaria minha pele?

 

 — Eu não sei. — Ela suspirou fundo. — Desde que começamos com isso, sempre separei quem você é comigo aqui dentro, de quem você é lá fora. Eu entendo que você vive em outro mundo, e passei a querer comigo o Namjoon que você sempre me mostrou. Não quero saber como você é lá, porque somos perfeitos aqui, entende? — Ela o encarou, entrelaçando suas mãos. — Eu amo sua pele quando ela é minha. Quando você é meu. Não me interessa o que é lá fora.

 

 — Obrigado. — Disse simplesmente.

 

Olivia não entendia o motivo da gratidão, mas ela sorriu. Acontece que Namjoon sabia que não era nem de perto o tipo de pessoa que Olivia merecia. Nunca seria. Ela merecia alguém bom, e há tempos Namjoon só se sentia mais distante disso. O que ela tinha falado, porém, era verdade. Dentro daquele quarto, ele era dela. Por completo, só dela. Fora de lá, ele não podia nem se lembrar de como se pronunciava o nome de Olivia. Tudo porque lá fora, ele teria de matá-la, e não amá-la.

 

Então ele apenas sentiu a graça de ser tocado com tanto carinho. Sentiu com tudo que tinha. Porque sabia que quando fosse embora, jamais seria o mesmo de novo. Aquele lado que amava Olivia com tanta intensidade, também sumiria. Ele nem sabia se seria capaz de amar alguém com tanta volúpia outra vez. Se tornaria um monstro. Sentia isso. Só torcia para que esse monstro não o matasse também.

 

E torcia para que Olivia nunca chegasse perto de conhecê-lo, e que se fosse para ela continuar o amando, amasse apenas as memórias que eles haviam construído juntos. Esse Namjoon morreria no passado, e não voltaria nunca mais.

 

Tempos Atuais - Fevereiro de 2020
 

Olivia tinha acabado de colocar o prato no lava-louças quando seu celular vibrou em cima da mesa. Chegando perto, ainda enxugando as mãos no pano, ela leu a mensagem do número sem nome, que dizia: “Hoje às 22:00, não se esqueça”. Número esse que já nem era mais tão desconhecido assim. 

 

Namjoon havia entrado em contato no decorrer da semana, sempre mandando mensagens com números diferentes. Algumas vezes, ele mandava uma lista de nomes suspeitos para que ela analisasse. Outras vezes, ele indicava a Olivia alguma câmera da delegacia para que ela checasse, a movimentação de certo policial em alguma sala. Porém, ao checar a sala de arquivos e documentos impressos, a câmera não tinha sinal. “A quadrilha que não tinha nome”, como passaram a chamá-los, estava muito bem escondida dentro da polícia. Atuavam há anos lá, e com toda certeza não seria tão fácil encontrá-los.

 

Fazia apenas sete dias desde o encontro deles no Hotel. Olivia demorou a conseguir dormir direito. O choque de vê-lo se juntou a tantas novas informações, por isso demorou um tempo até que ela se estabilizasse novamente. Com alguns dias, ela conseguiu entender melhor o caso e começou a querer investigar cada vez mais.

 

Era inegável que ainda tinha uma ponta de desconfiança sobre estar trabalhando com Namjoon. Nunca quis tanto sentar com seu pai para estudar um caso, mas não podia. Não podia falar nada para ninguém. Tinha que confiar em seus instintos, e por vezes, seria normal desconfiar um pouco de Namjoon. Isso era inevitável. Então decidiu que enquanto estivesse resolvendo aquilo, o faria de um modo profissional e discreto. Ela era boa nisso, só não podia pensar demais. Se pensasse muito em Namjoon e em seu passado com ele, cairia em falso.

 

Do outro lado da cozinha, Ludovico acabava de rir sobre alguma coisa que eles estavam conversando. Ele estava colocando os talheres no lugar quando olhou para trás, vendo Olivia séria ao encarar o celular.

 

 — Tudo bem aí? — Perguntou, vendo ela o encarar instantes depois.

 

 — Tudo ótimo. É que… tenho um compromisso em vinte minutos. Tinha me esquecido completamente. — Ela dizia, guardando o aparelho no bolso da calça.

 

 — Sério? Mas hoje é a quinta do sorvete! — Ele fez uma cara reclamona. — Comprei dois potes de avelã e um de menta, poxa. Nunca desmarcamos a quinta do sorvete.

 

 — Eu sei! Me desculpa mesmo. — Ela o olhou chateada. — Mas isso é realmente importante. Podemos remarcar para amanhã? Só essa semana, eu juro.

 

 — Certo, certo. — Ele desemburrou a cara. — Mas você jura que está tudo bem? Essa semana você tem estado tão… sei lá. Distante.

 

 — Eu sei. — Ela vestiu o casaco. — Sinto muito, mesmo. Está tudo bem. Só estou ajudando uma amiga com um caso.

 

 — Entendi. Tudo bem, não há problema. — Ele disse, realmente acreditando. Olivia era reconhecida em todo país por ser uma das melhores no que fazia, então era comum que ela ajudasse em casos dentro e fora de Milão.

 

 — Muito obrigada pelo macarrão. Já disse que você cozinha muito bem? — Ela sorriu. — A gente se vê amanhã.

 

 — Grazie. (Obrigado). Cuidado, ok? — Respondeu simplesmente e sorriu de volta, vendo-a piscar para ele e sair pela porta.

 

~*~

 

As conversas com Namjoon no decorrer da semana não tinham tranquilizado Olivia nem um pouco. Ainda sentia-se nervosa enquanto andava pela grande recepção do Hotel. Ela não precisou fazer check-in dessa vez, a recepcionista a liberou de imediato. Então apenas caminhou pelo hall, tentando ignorar o olhar de alguns “funcionários” que disfarçadamente a assistiam andar por ali.

 

Se sentia um pouco mal por Ludovico. Ela sabia disfarçar bem sua amizade, sabia tomar cuidado com o que dizia. Nunca o contou sobre seu passado, nunca disse-lhe sobre seus dias antes de conhecê-lo. Estabeleceu em si mesma uma nova Olivia depois que Namjoon fora embora, e era somente essa versão dela que Ludovico conhecia. Não precisava se aprofundar em passados, e por mais que tivesse um grande carinho por Ludovico, preferia as coisas sigilosas, como já estavam. Não mudaria aquilo nunca.

 

Quando pisou no corredor, suas mãos começaram a querer suar, mas ela se controlou. Tinha que se acostumar logo com esses picos de ansiedade, porque ainda iria se encontrar com Namjoon várias vezes. E foi com essa determinação que ela levantou a mão para bater na porta, mas reparou a mesma entreaberta, então só a empurrou e entrou.

 

O quarto estava do mesmo jeito da semana anterior, com a mesma intensidade de luz e a mesma vista fora da janela. Namjoon estava no mesmo lugar; detrás da mesa, escrevendo em um monte de papéis e trajando um outro terno elegante. Daquele jeito, até parecia um homem de negócios. Ele levantou o rosto e a encarou, sorrindo rapidamente, mas não era um sorriso de verdade. Seu sorriso era tão desafiador quanto o clima de todo aquele lugar. Ainda eram inimigos, e nada mudaria isso. Só estavam dando uma espécie de “trégua” para resolverem assuntos em comum.

 

 — Muito bem. O que tem pra me contar? — Disse, se sentando na cadeira de frente pra ele.

 

 — Olá, Olivia. Sim, eu passei muito bem a semana, obrigado. E você? — levantou as sobrancelhas, irônico.

 

 — Mentira. — Ela sorriu, olhando a forma como ele levantava as sobrancelhas e mexia o ombro esquerdo em direção ao pescoço.

 

 — Perdão? — Ele deu um meio sorriso, confuso.

 

 — Não passou a semana bem. Sua quadrilha está em risco, e você está com um dos seus homens atrás das minhas grades. Teve de entrar em contato com a chefe da delegacia, e isso deve ter estragado muitos planos seus. Sem contar as olheiras debaixo dos seus olhos. E claro, o seu ombro levantando enquanto fala. — Ela dizia, calma e plena.

 

 — Acredito que quando tudo isso acabar, você vai fazer com que eu entre em terapia.

 

 — É bem provável. — Se acomodou na cadeira. — E então, o que temos para hoje?

 

 — Essa semana fizemos algumas descobertas interessantes. Quando te passei as listas de policiais suspeitos, já imaginava que eles poderiam ser descartados. Porém, quando te mandei as câmeras de segurança para que você as verificasse, estranhamos o fato delas não estarem funcionando. Entretanto, para que você entenda isso direito, você precisa ouvir além de mim.

 

 — Como assim “ouvir além de você”? — Ela franziu o cenho.

 

 — Eu trabalho em equipe, porque não sou especialista em tudo. Se quiser falar de negócios, contas e mercadorias, eu sou um maestro. Mas em relação a coisas restantes, só as faço com ajuda de alguns dos meus homens mais confiáveis. Lembra? Te falei que eles seriam uma ajuda.

 

 — É, eu lembro. —  Dizia, ainda desconfiada. — E como pretende que eu converse com eles?

 

 — Um deles está a caminho.

 

 — A caminho? Tem certeza que ele é de confiança? Se trouxer qualquer um aqui, é capaz dele querer minha pele para fazer casacos.

 

 — Meu Deus, como você acha que somos violentos! — Ele sorria. — Fique calma. Não há nada com que se preocupar em relação a meus homens. No decorrer da semana, conversei com os que mais estão a par desse caso, e eles concordaram que a melhor coisa a se fazer seria que um deles viesse aqui e te explicasse melhor as suspeitas que temos.

 

 — Isso é sério? Conversou com eles sobre mim? — Se segurou para não rir. — E eles aceitaram de boa? Tipo, de repente você está trabalhando com a chefe da delegacia da cidade. Até parece que é a coisa mais comum do mundo!

 

 — Mas eles não têm que aceitar nada. — Falou, organizando os papéis na mesa. — Podem me dar conselhos se isso for necessário, mas a palavra final é minha. — Sorriu ao largar as folhas, cruzando as mãos. — Entretanto, se a sua dúvida for a respeito do nosso passado, fique tranquila. Eles não sabem dessa parte. Garanti que você era de confiança, escondendo detalhes.

 

 — Sou filha do Chefe antigo, e ainda por cima, sou de confiança… — Ela estalou a língua. — E você jura que eles nem duvidaram?

 

 — Confie em mim, ok? — Disse, pegando o celular e digitando alguma coisa.

 

Cerca de um minuto de silêncio se passou ali. Olivia não olhava para Namjoon e nem ele para ela. Estavam em silêncio apesar de terem muitas perguntas, mas eram orgulhosos demais para dizer uma palavra sequer. Naquela postura, nem tinham como fazer isso. A verdade era que a tensão do ambiente incomodava muito, e mesmo que não fosse bem o que Sartori quisesse perguntar, ele passou a falar sobre qualquer coisa que lhe viesse a cabeça a fim de aliviar a situação.

 

 — E então, como foi? De psicóloga para uma detetive reconhecida… deve ter trabalhado bastante para conquistar o cargo que era do seu pai.

 

 — Meio que isso. — Falou, tranquila. — Primeiro lugar nas provas, muitos casos solucionados, melhor no departamento e por aí vai.

 

 — Imagino. Isso soa com muitas noites de trabalho em claro para conseguir solucionar tudo.

 

 — Algumas. — Concordou. Não falava muito. Naquela situação, era fácil Namjoon montar um jogo de perguntas que a fizesse dizer algo que não devia. Falava apenas o necessário, e nada mais que isso.

 

 — Por que não saiu de Milão? — Ele desviou os olhos do papel para encará-la, querendo entender um pouco mais sobre ela.

 

 — Meu lugar é aqui. Minha família e meu trabalho estão aqui, e eu gosto do clima. — Falava, acenando com a cabeça. — Não preciso de outro lugar.

 

 — Engraçado. Dois meses atrás, quando cheguei em Milão, achei que te encontraria em Roma ou em alguma cidade por perto de lá.

 

 — Escuta, nós não precisamos fazer isso, ok? Essa coisa de falar nossas suposições sobre a vida um do outro ou contar nossas histórias. Acho que seus homens devem ter feito uma excelente pesquisa sobre mim, e lá estará tudo que precisa saber. Vamos só encerrar esse caso, tudo bem? Então você pode voltar a fingir que nunca teve uma vida fora dos Tagliame e eu volto a ficar tranquila ao entrar na minha delegacia.

 

Sartori nem chegou a abrir a boca para dizer algo. Apenas concordou duramente com a cabeça, ligeiramente frustrado. Era estranho ver Olivia tão fechada. O problema é que em sua memória ainda havia muitas lembranças daquela garota de  2011. No fim, ele não conseguia separar o contraste entre a Olivia daquela época e a Olivia de agora. 

 

Olivia dizia para si mesma que o Namjoon que amou um dia havia morrido. Já ele havia passado a acreditar que a Olivia de seu passado ainda estava viva, mas não conseguia enxergá-lo mais. Ela passou a ser apenas uma sombra que permanecia com ele pelas madrugadas vazias.

 

Para a sorte de ambos, alguém bateu na porta segundos depois. Após Namjoon permitir a entrada, um rapaz asiático e de porte baixo entrou no cômodo. Era magro, com os olhos cansados e muitas folhas nas mãos. Olivia notou de primeira a arma na cintura da calça frouxa, e a partir daí entendeu que o rapaz era simplista ao  resolver as coisas. Quem puxa a arma rápido, tende a trabalhar mais rápido também.

 

 — Buonasera (Boa noite). Perdão pelo atraso, chefe, tivemos uma leve mudança nos dados. — Ele deixou as folhas em uma mesa perto de Olivia e logo estendeu a mão para comprimentá-la com um sorriso simples e rápido. — Prazer, detetive. Sou Yoongi.

 

 — Olá. — O comprimentou ao apertar sua mão com um sorriso simples.

 

 — Yoongi faz a parte técnica dos trabalhos. Programas de computador, acesso a sites restritos e coisas do tipo. É ele quem separava as câmeras de segurança do departamento para você checar.

 

 — Um hacker. — Resumiu. — Entendi.

 

 — É, basicamente isso. Muito bem, vamos começar logo. — Ele respirou fundo e molhou os lábios. — Vou tentar explicar o mais claro que conseguir, talvez uma câmera esteja sendo desligada agora mesmo e nós sequer sabemos.

 

 — Perdão? — Perguntou, vendo o rapaz se voltar para as folhas na mesa e pegar algumas delas.

 

Organizado como era, Yoongi separou as folhas que tinha preparado com antecedência e as entregou a Olivia. A princípio, a mulher achou se tratar de mais uma das listas de câmeras da delegacia, mas havia algo diferente nessas folhas de agora. 

 

 — Você está lembrada das câmeras que Sartori te pediu para checar e você disse que elas não estavam funcionando?

 

 — Sim, mas não foi um problema muito grande. Em questão de minutos elas já estavam normais novamente.

 

 — Eu analisei alguns detalhes internos sobre esses problemas… — Ele procurou mais folhas dentro da pasta. — Acontece que não é bem uma falha de sinal ou alguma quebra das imagens comum. Quando existe uma desconexão no link das câmeras somente um técnico pode fazê-los voltarem à normalidade e... — Falava rápido, ainda fuçando papel por papel. — Você notou que ainda hoje a tarde elas voltaram a funcionar sozinhas? Eu fiquei chocado porque ainda estava esperando alguém...

 

 — Hyung, acho que seria mais fácil explicar devagar para que Olivia possa entender com coerência, hm?

 

O rapaz olhou para o chefe e para a moça, tomando um ar e colocando a cabeça no lugar para explicar novamente, sem se exaltar.

 

 — Certo, vamos lá. Quando se instala uma câmera de segurança em uma sala, junto a ela vem também um sistema de informações que vai registrar as imagens e guardá-las em um outro dispositivo. Por exemplo: certa sala tem a câmera “A”, e outra sala tem a câmera “B”, cada uma delas tem um link, uma espécie de código que armazenará tudo o que for registrado. É como se fosse um link de vídeo para o youtube, sabem? Cada vídeo tem um único link. — Olivia e Sartori acenaram que sim. — Acontece que quando esse link “quebra”, ou perde o  sinal, é necessário o auxílio de um técnico para corrigir o erro no sistema e refazer o link de gravação. O problema é que, incrivelmente, essas câmeras não foram desconectadas do sistema, e a perda de sinal não foi um defeito! — Ele dizia empolgado, realmente feliz por ter descoberto alguma coisa.

 

 — Vamos lá, deixa eu ver se entendi. Quando acessei no meu computador naquele dia, as filmagens apresentavam falha no sistema, ou alegavam “sinal indisponível”. O que você quer me dizer é que elas não estavam sem sinal de verdade?

 

 — Isso! Como eu disse antes, precisaria de um técnico para ajustar o sinal das câmeras novamente. Mas essas voltam sozinhas, poucos minutos depois de pararem. E o mais interessante, é que o “link” continuou o mesmo. Não mudou. É a mesma gravação, sem nenhuma falha.

 

 — E isso quer dizer...? — Ela ainda tentava entender.

 

 — Estão programadas. Elas param de funcionar por um momento, e depois voltam sozinhas. Acontece em intervalos de quatro a oito minutos, e não mais do que isso. No período de pausa, ficam fora do ar e completamente sem acesso. Compreende?

 

 — Estou entendendo. — Ela dizia enquanto tentava se lembrar da imagem no computador, dizendo que a câmera estava sem sinal.

 

 — Muito bem. Quais foram as câmeras que ficaram sem sinais quando você acessou?

 

 — A da sala onde guardamos os arquivos impressos, por volta das 14:30 da segunda-feira. Mais tarde, por volta das 17:00, ela ficou sem sinal outra vez. Mas também não durou muito tempo, logo estava de volta. — Ela disse. — Vocês acham que essa… gangue desconhecida programa as câmeras para desligarem enquanto eles fazem alguma coisa dentro das salas?

 

 — Exatamente isso. Seria interessante a senhora ficar atenta às câmeras nesses horários. Talvez dê para descobrir se é uma sequência de horas, ou um momento fixo no qual eles bloqueiam as filmagens.

 

 — Duvido muito disso. — Falou. — Se eles estão escondidos há tanto tempo na polícia, com toda certeza usam horários aleatórios para fazer alguma coisa dentro das salas. Deixar um horário fixo, seja todos os dias ou uma vez na semana, só serviria de pista para encontrá-los. Pelo contrário, ao usar horários diferentes, eles fazem parecer que a câmeras só está funcionando mal.

 

 — Verdade. Eles podem desligar as câmeras em qualquer horário do dia. Vou ter que investigar isso mais a fundo.

 

 — O que você pretende? — Arqueou a sobrancelha.

 

 — Por mais que eu tenha algum acesso às câmeras, meu computador é limitado. Por isso, as únicas pessoas que têm acesso à todas elas, são os seguranças designados para monitorar todo o circuito de câmeras do departamento.

 

 — Sim, os seguranças! — Ele apontou. — Eles poderiam ser os primeiros suspeitos dessa gangue. É muito estranho que eles saibam das falhas e não tenham reportado o problema a você. Eles devem estar no meio disso. Quem são eles?

 

 — De dia, Lorenzo Rossi. No período noturno há um revezamento entre dois policiais, o Paolo ou Antônio. — Disse. — Trabalham lá desde a época de meu pai. Eu não tenho muito contato com eles, quase nunca acompanho o monitoramento das câmeras. Sempre tenho outras coisas para fazer.

 

 — Acha que consegue investigá-los? — Perguntou, vendo Olivia acenar que sim. — Como pretende fazer isso?

 

 — Bem… eu vou ficar de olho nas imagens da sala de arquivos. Quando a câmera parar de funcionar, posso ir até lá fingindo estar checando algum documento ou algo do tipo. Assim vejo quem entrou, e o que a pessoa foi fazer lá dentro.

 

 — Isso seria ótimo!

 

 — Isso seria perigoso. — Falou. — Eles podem duvidar de você entrando na sala justamente no horário em que eles desligam as câmeras.

 

 — Por mais que possam achar coincidência, eu ainda sou a chefe de lá. Preciso dos documentos para estudar os casos. É fácil fazê-los acreditar que entrei para analisar algum documento de algum preso, ou alguma pista de cenas do crime.

 

 — Desculpa, chefe. — Yoongi falou. — Mas concordo com a senhora Olivia. Acho que é uma excelente estratégia, assim teríamos o suspeito na ação do crime.  A partir dessa pessoa, posso encontrar outras envolvidas. 

 

 — Tem certeza que pode fazer isso?

 

 — Sim, senhor. — Disse, convicto. — Posso pegar os dados dessa pessoa e analisar com quem ela mantém contato, se ela está ligada a algum grupo ou até mesmo se há alguém que dá ordens a ela. Dependendo de quem eu achar, teremos um grupo mais específico de suspeitos. — Ponderou. — Mas vou precisar tomar cuidado. Se eles mexem tanto com arquivos e sistemas nos computadores da delegacia, tenho certeza de que são especialistas, qualquer errinho seria detectado e eles saberiam que alguém os está investigando.

 

 — Isso seria muito bom. Estaríamos mais perto de chegar ao grupo, ou melhor ainda, ao chefe deles. — Ela concordou. — Você poderia pesquisar sobre Lorenzo e os outros seguranças. Assim adiantamos o trabalho. Enquanto eu investigo as salas, você descobre sobre eles. O que acha?

 

 — Isso pode dar certo. Chefe, o que acha? — Lançou um olhar para seu superior, buscando aprovação para prosseguir com esse plano.

 

 — É bom que vocês sejam discretos. Continuar com esse trabalho furtivamente vai impedir que eles descubram sobre nossa investigação. Pelo contrário, se descobrirem, não demorariam cinco minutos para acabarem com o pouco que conseguimos descobrir até agora. — Ele dizia. — Acha que há uma possibilidade deles esconderem algo sobre como eles trabalham nessa sala? Se eles deixassem algo lá, talvez você consiga nos passar as informações.

 

 — Sim. — Ela encarou Namjoon. — Posso te passar as informações do que eu descobrir. Mas não sei se devo entregá-las por escrito a você, se é que me entende.

 

Namjoon tomou um suspiro, cruzando os braços e se apoiando na mesa. Passou a língua entre os lábios e tentou pensar em algo para dar a Olivia algum tipo de confiança em suas ideias.

 

 — Não preciso de detalhes dos seus casos, ou documentos que possam comprometer os planos da polícia. Preciso de informações que mostrem o porquê das falhas no sistema de câmeras, para que possamos entender exatamente qual é o esquema deles. 

 

 — Compreendo. — Ela disse. — Mas não te dou certeza de que trarei papéis impressos. Posso te passar as informações úteis, mas não vou te dar provas contra mim.

 

 — Pois bem. — Ele bufou, sabendo que ela não mudaria de ideia. — Então, como vocês dois se resolverão nesse assunto? — Ele perguntou, olhando para Yoongi e Olivia.

 

 — Eu entro no trabalho amanhã às 06:00. Vou deixar a câmera da sala de arquivos ligada e ficar de olho. Assim que o sinal cair, vou entrar na sala.

 

 — E eu vou começar a pesquisa dos seguranças. Pode me passar o número de distintivo deles, por favor?

 

 — O de Lorenzo é 143, de Paolo 155 e de Antonio 188. — Ela falou, vendo-o anotar em um papel. — Tome cuidado com esses dados. Não quero colocar policiais inocentes em risco, ouviu?

 

 — Fique tranquila, senhora. — Ele deu um meio sorriso. — Nosso intuito é descobrir a laranja podre no pomar e não colocar um alvo na testa de um policial. Não é assim que nós trabalhamos. Aliás, vou começar meu trabalho agora mesmo. Tenho licença para sair, Senhor? — Olhou para Namjoon.

 

 — Vá. Diga para Seokjin Hyung me esperar na garagem.

 

 — Sim, Senhor. — Respirou fundo, olhando para Olivia. — Buonasera, senhora Olivia. — Disse, pegando seus papéis e saindo da sala.

 

Quando Yoongi passou pela porta, levou com ele o clima mais amigável que os unia nessa investigação, deixando para trás a mesma sombra tensa de antes. Olivia mordeu a bochecha e olhou para Namjoon, que também a analisava de longe.

 

 — Você está bem com isso?

 

 — Não. — Manteve contato visual. — Mas quero terminar logo com isso. Aliás, se lembra da amiga que te disse que viria ajudar no caso?

 

 — Sim, o que ela te disse?

 

 — Conseguiu alguns dias de folga. Chega de Veneza no sábado. Já a deixei a par de alguns detalhes, ela também está fazendo um trabalho para a delegacia da cidade dela.

 

 — Um trabalho para a delegacia? — Ele franziu o cenho. — Você não disse que ela matava pessoas?

 

 — Não vou entrar em detalhes sobre como ela trabalha. Só saiba que ela é de confiança. Mais alguma coisa? — Perguntou, olhando-o friamente.

 

 — Não, isso era tudo.

 

 — Muito bem, então. Boa noite. — Ela falou, andando em direção a porta.

 

 — Olivia? — Ele a chamou.

 

 — Sim? — Se virou para encará-lo.

 

Ele queria pedir desculpas pela intromissão. Queria se explicar, queria dizer que sentia saudades das conversas dos dois. Queria dizer que se precisasse de ajuda, ele estava a disposição. Mas, de tanto querer dizer, não falou nada daquilo.

 

 — Nada. Só… boa noite.

 

Olivia não precisava ser especialista em linguagem corporal para notar a mudança no comportamento de Namjoon. Sabia que ele estava tenso. Na verdade, ela também estava. Mas não tinha muito coisa que pudesse fazer a respeito, então apenas sorriu fraco e concordou com a cabeça, saindo do quarto.

 

~*~

 

Ainda era de manhã quando a tela do computador de Olivia ficou escura. A câmera da sala de arquivos havia acabado de ficar sem sinal. Namjoon estava certo, eles não usam os mesmos horários para desligar as salas. Ainda eram 09h da manhã de sexta-feira. Então teria até, no máximo, 09:08 para chegar até lá.

 

Se levantando com pressa, ajeitou apenas o distintivo no peito e fechou a janela do computador. Andou até a porta e saiu para os corredores. Fez seu melhor para manter a calma e não demonstrar pressa ou nervosismo durante todo o caminho. Manteve seu olhar fixo na sala que queria entrar, e em um minuto, finalmente estava lá.

 

Quando entrou, sentiu de primeira o cheiro forte das tintas nas folhas. Olhou ao redor, e tudo o que viu foram os armários espalhados pela sala. Todos eles guardavam pistas e documentos sobre diversos casos. Com toda certeza, a “quadrilha que não tinha nome” poderia facilmente tirar evidências de dentro dos armários, bastava trocar as folhas de lugar, ou simplesmente sumir com elas dali.

 

Andou alguns passos dentro da sala, mas não viu nada. Passou pelos primeiros corredores, mas só quando chegou nos armários de letra S que ouviu o barulho de uma gaveta se fechando. Olhou para onde o barulho veio, e conseguiu ver uma sombra lá. Engoliu seco, mas se manteve controlada. Andou cautelosamente até onde a pessoa estava. Enquanto se aproximava, ela notou somente os ombros largos e a postura alta do rapaz de costas. O problema foi quando ela reconheceu seu perfume. Estava chocada, mas antes que tivesse tempo de dizer algo, ele se virou.

 

 — Oli! — Sorriu surpreso, fechando o cenho e estranhando. — O que você está fazendo aqui? Que estranho. Achei que estivesse organizando algumas entrevistas para hoje. A mídia está em cima do assassinato no bar, não é?

 

 — Oi, Ludovico. Oi. — Falou, muito assustada para conseguir raciocinar alguma outra coisa. — Sim, eu só… — Pensou rápido. — Só estou procurando uns arquivos para estudar esse caso melhor.

 

 — Ah, certo. — Ele sorriu, parecendo aliviado. — O nome do cara não era Luigi? Olhe nos armários L, então. — Disse, mas ela só concordou, sem sair do lugar. — Você está bem? Ficou pálida de repente.

 

 — Fileira L. — Disse rápido, tentando acordar. — Fileira L, isso. Eu estou bem. Acho que é… você sabe. — Sorriu. —  A minha pressão deve ter caído. Não tomei café essa manhã.

 

 — Entendi. Tome cuidado, certo? Quer que eu peça para entregarem um café ou alguma coisa na sua sala?

 

 — Seria ótimo. — Concordou. — Obrigada.

 

Ludovico. — Tudo bem. — Disse. E só nesse momento Olivia reparou que ele estava guardando folhas azuis dentro do armário. Ele fechou a gaveta e voltou a  sorrir para ela. — Ainda vamos tomar sorvete hoje, certo?

 

 — Claro! — “Que não”, queria dizer. Estava horrorizada. Como pôde confiar nele? — Tudo bem. 

 

 — Legal. Tome cuidado. Daqui a pouco te mando o café.

 

 — Ok. — Disse, assistindo Ludovico sair da sala.

 

E de repente, como se o mundo girasse rápido, tudo o que Olivia conseguiu entender era que havia acabado de perder o único amigo que conseguiu fazer depois de tudo. Se sentia traída, mas estava confusa demais para pensar nisso. 

 

Tudo o que fez, entretanto, foi puxar o celular do bolso e digitar uma mensagem para o último número que Namjoon havia usado para entrar em contato.

 

“Ludovico Tersigni. Distintivo 144. Me mande tudo o que encontrar sobre ele”.

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...