História Criminal - Capuz vermelho?

Eu estava a frente do local que o careca indicou. Era uma boate de strippers, e não parecia ser das baratas. O que eu iria fazer aqui? Eu tiraria minha roupa por dinheiro? Até que não me parece má idéia. Olho pro papel pra verificar se esse era mesmo o endereço indicado pelo careca pelo qual nem perguntei o nome, merda.

Atravesso a rua e vou logo tentando entrar mas dois armários me param.

-Aonde pensa que vai?- Um cara alto que devia ter por volta de uns dois metros me para. Eu o olho assustado. Podem me chamar de cagão, mas garanto que vocês teriam medo nessa situação, é eu tava com medo. Ate que deus resolveu me ajudar. Não exatamente deus, mas...

-Ei, Jack. Ah Jack. Nós estávamos te esperando cara.- O careca que me deu o endereço saiu pela porta e me agarrou pelo ombro.- Relaxa ai Abu. Ele ta comigo.- Ele fala pro cara enorme, que logo após volta para seu ponto inicial. – Você vai poder se divertir um pouco já que o Bill ainda não chegou.

- Ele sabe que estou aqui?- Entramos e uma musica do que deviam ser Joan Jett preenche meus ouvidos.

-Claro, ele ficou bastante interessado em você quando eu falei sobre.- Solto um “aah” e olho ao meu redor pela primeira vez. Havia um palco a fundo que estava vazio, varias luzes piscavam. – Quer uma bebida?- ele me oferece e eu aceito. Estávamos indo em direção ao bar e eu tentava não olhar pra ninguém, ah porra, Candice me mataria se eu falasse sobre isso.

Me sento em um alto banco vermelho no bar e uma garçonete vem me atender. Ela estava com os seios completamente se fora se não fosse por um par de pasties vermelhos que cobriam seus mamilos, o que eu tentava não olhar.- Jodie, me traz uma dose dupla de vodka.

-E você, bonitinho?- Ela pergunta olhando pra mim com um sorriso. Ótimo Jack. Olhe pro sorriso, não pros seios dela, não olhe pros seios dela. Mas são tão bonitos... ah merda, merda, merda. Lembre-se de Candice.-O que vai ser?

-O que?- Ela começa a rir juntamente com o careca. Ah porra. Que vergonha, eu me sinto um adolescente que nunca viu peitos na vida. Eu até entendo minha abstinência em relação ao sexo, eu não transava a alguns meses. Depois que a barriga da minha esposa foi ficando maior, ela sentia desconfortos durante o sexo e isso fez com que o sexo fosse abolido durante a gestação dela, eu me masturbava as vezes... Mas não era a mesma coisa.

- O mesmo pra ele.- O careca fala. Ela se vira e vai preparar os drinques e que bunda, caralho, mas que bunda. O desconforto começa a ficar evidente entre minhas pernas.- A quanto tempo você não transa? Meu deus.

- Eu tenho uma esposa grávida, ela não pode fazer muito esforço.- Digo.- Sabe...- Você não me disse seu nome.

- Me chame de Big. Você não vai querer saber meu nome.- Os copos de vodka chegam e a tal Jodie demora um pouco pra soltar o meu o que faz com que minha mão encoste na sua e ela solta um sorriso malicioso pra logo após atender outro cara. Bebo um gole do meu copo que desce queimando minha garganta. Eu não conseguia conversar muito com aquele cara, ele era estranho.

Sinto duas mãos em minhas costas e a dona dela logo aparece ao meu lado, ela usava um corset preto com várias lantejoulas e seus seios eram “cobertos” por um sutiã de renda, ela era um pouco magra demais, o que fez com que ela não roubasse muito minha atenção como a tal Jodie prendeu a minha.

- O que acha de me pagar uma bebida. Ein amorzinho?- Ela pergunta no meu ouvido, o que me causa um certo arrepio, mas sua voz era um pouco fanha o que já me deixou um pouco broxado. Ela alisa meu peitoral por cima da minha camisa e sua outra mão pelo meu braço por cima da minha jaqueta. Sua mão que antes estava na minha barriga começa a deslizar até o cós da minha calça e eu a impeço antes que possa chegar perto do meu garoto.

- Não. Não estou afim.- Tiro suas mãos de mim e ela logo sai de perto com a cara emburrada.

-Está certo cara.- Big fala.

- Como assim?- Pergunto sem entender.

-Tem putas mais bonitas por aqui. Mas as melhores  não ficam por aqui, essas são só um divertimento. Olhe em volta.- Eu o faço.- Alguns caras que estão aqui nem podem comer elas, elas são só uma diversão. As mais baratas se por acaso estiver interessado.

-E ela?- Aponto para Jodie que agora estava conversando com uma garota que trabalhava ali.

-Ela? – Confirmo.- Ela não está a venda. Ela só fica no bar usando essas roupas, ela tem que sustentar o filho de alguma maneira.

-Filho?

- Sim. Ela namorou um babaca quando estava na escola. Ele só comeu ela e deu o fora, quando ela engravidou ele não quis assumir. Então ela encontrou Bill e ele ajudou ela.

- Pera aí, ela deixou a escola? A quanto tempo isso?

- Uns quatro anos.- Ele fala- Por que?

- Quantos anos ela tem?

-Dezenove.- Ele fala e depois bebe um pouco de sua bebida.

-Eu achava que ela era mais velha. Bem mais velha.- Digo. Então uma garota ruiva muito bonita por acaso, se aproxima de nós e fala algo no ouvido de Big. Ela se vira e sai andando, ela usava um vestido curto, verde e colado ao seu corpo. Ela era a única mulher vestida ali.

- O Bill chegou. E quer te ver.- Ele fala então se levanta deixando seu copo já vazio de lado.

-Mas eu ainda não acabei de beber.- eu ia pegando o copo pra tentar beber o resto de uma vez quando ele tira o copo da minha mão  e me puxa pelo braço pra que eu levante.

Nós abrimos uma porta que entrava em um corredor inteiramente de madeira, as luzes eram todas vermelhas e havia varias portas pelo caminho de onde deveria ser os quartos. Bem, eu percebi isso sozinho pelos gemidos que ouvi pelo caminho .

Nós subimos um lance de escadas e chegamos ao segundo andar onde havia uma porta dupla com dois seguranças tão altos quanto os que estavam lá fora, eles liberam rapidamente a entrada de Big e abrem a porta. Do lado de dentro havia um espaço igualmente como o debaixo, a diferença e que tocava uma musica antiga qual eu não identificava, as mulheres não usavam nem que seja tapa sexo como as do andar inferior usavam, elas andavam de um lado para o outro inteiramente nuas, aquilo parecia uma visão do paraíso. Alguns homens sentados conversando entre si  com uma ou duas garotas no colo distribuindo beijos em seu pescoço ou roçando o quadril em suas partes baixas.

Mais a frente havia um palco, mas este estava em uso por algumas garotas que dançavam lentamente hora passando seu corpo uma nas outras, aquilo era algo lindo de se ver.

- É bonito. Eu sei.- Ele se refere as garotas no palco.- Mas o Bill não gosta de esperar. – Ele me leva a uma porta logo nos fundos do clube, onde havia mais um segurança que o deixa entrar, eu entro logo em seguida, era uma sala, como um escritório. O tal Bill estava sentado em uma cadeira de couro, ele era o típico cafetão de filmes de época, era gordo com seu terno caro de cor púrpura, seu charuto pendia em sua mão pra logo após pousar em sua boca. Seu pescoço mal se via de tanta gordura, seu cabelo com uma calvice já um pouco avançada.
-Sente-se garoto.- ele fala se referindo a mim.- Big, deixe-me a sós com ele.- Me sento na cadeira a sua frente e o cheiro de seu charuto invade minhas narinas.

-Bem, o Big disse que você poderia me ajudar.- Ele ri com sua voz grossa.

-E eu vou te ajudar. Não é exatamente uma ajuda, eu diria que é um favor.- Ele fala. Eu estava tão nervoso que minhas mãos já estavam ensopadas de suor.

- O que seria esse favor?- Pergunto.

- Soube que precisa urgente de dinheiro?- Confirmo prontamente.- Bem, você trabalhava na fábrica certo? Nicholson me deve algo e também precisamos de um estoque emprestado.- Ele queria que eu roubasse da fabrica? Eu não consigo nem levantar da cama ser acordar a vizinhança quanto mais entrar em uma fabrica sem ser visto.

-Quer que eu roube?- Pergunto não acreditando no que estou ouvindo.- Eu vou ter um filho, eu tenho uma esposa. Eu não posso ser preso. Eu preciso de dinheiro, mas eu não poderia entrar sozinho na fabrica e pegar algo pra o senhor.- Me levanto da cadeira exasperado.

-Você não vai entrar sozinho. Irei mandar dois capangas com você, você só vai fazer com que eles entrem lá.- Ele fala.- Eu sei que você precisa de dinheiro, e terá isso.- Começo a me interessar pela idéia e volto a me sentar.

- E como eu faria isso?

- Tem uma ala de químicos na metalúrgica...- Eu o interrompo.

-Eu sei disso. Mas eu não trabalhava lá, eu cuidava apenas dos moldes de metal e temperatura. É uma ala completamente diferente e eu nunca entrei na parte dos químicos.-Digo.

-Sei disso. Você não vai se arriscar eu te garanto. Precisamos de algo nosso que está lá. Depois que a fábrica ao lado foi abandonada a ala de químicos foi comprada pelos Nicholson. Há muitos materiais químicos que podem me servir pra algo, além de uma grande quantia em dinheiro. Você pode nos indicar o caminho pela fábrica abandonada pra entrar na metarlugica sem sermos vistos.

-Não há seguranças. Bem, eu nunca vi. Já faz um tempo que trabalho lá.-falo- Trabalhava...- Corrijo.

-Você vai poder comprar uma jaqueta nova depois disso.- Ele fala em tom de escárnio se referindo a minha jaqueta de couro já gasta. Ele pega o telefone em cima da mesa e digita alguns números e leva seu telefone ao ouvido.- Pamela, peça pra que Joseph e Big venha até aqui e traga aquilo que eu pedi que confeccionassem. Ele desliga o telefone e põe seu charuto a boca novamente.- Quer fumar algo?

-Não, obrigado. Eu larguei o fumo.- Me explico.

-Bom garoto.- Ele diz.- Quantos anos tem Jack?

-Vou fazer vinte e nove em breve.- O respondo um pouco desconfortável.

- Não que eu curta homens ou algo do tipo. Mas você é um cara muito bonito, devia ser modelo.- Agora sim estou desconfortável.- Deve ter um monte de mulher de quatro na hora que você quiser.

-Ah não. Eu só quero a minha esposa, não me interesso por outra mulher.

- Marido fiel, sei.- Tom sarcástico, qual é. A porta é aberta e Big e um Homem com cara de latino segurando uma caixa entram. Eu me volto pra Bill e volto a falar.

-Sabem... Tenho responsabilidades como marido e pai!- Digo.- Eu não estaria fazendo esse tipo de coisa se... não fosse necessário. Era um emprego mais ou menos, dava pra pagar o aluguel se eu fizesse algumas horas extras, não dava pra reclamar mas... eu preciso mesmo de dinheiro agora. Eu vou ser expulso do apartamento.

-Calma ai cara. Vai dar tudo certo.- Big fala. O outro nem se quer me olha.

-Bill... esse cara é mesmo de confiança?- o tal Joseph pergunta.

-Sim ele é.

- Como eu entraria sem ser visto?

-Talvez seja visto. Mas não reconhecido.-Bill fala.- Joseph, mostre a ele.- o homem coloca a caixa sobre a mesa e a abre, tinha algo dentro que parecia acrílico vermelho e uma capa ao lado.

-Isso é um balde?- pergunto.- Acho que já vi isso antes. Eu vou usar um balde na cabeça? Como eu iria enxergar?- Eles riem. Eu contei alguma piada por acaso?

- É um capacete.- Big avisa.

-O capuz vermelho usa um igual, então mandei fazer um do mesmo jeito. Você vai entrar na fábrica com Big e Joseph, você vai usar o capacete e entrar lá. Não se preocupe com a visão, ele tem lentes infravermelhas. Vai enxergar melhor que eles.- Ele diz se referindo a Bill e Joseph.- Se algo der errado. Eles vão em busca do capuz vermelho, você vai estar livre e com muita grana.- Não importa quem está em baixo do capuz, a gente só quer que você esteja em segurança.

-Segurança?- Ainda tenho um pé atrás.

-É a gente se preocupa com você.- Big fala e o outro ainda se mantém calado.

-Bem... Sabe, entrar na fábrica não é tão facil...- Reluto.

-Ah, qual é. Você disse que a segurança é estúpida.-Bill fala.- Quer ver seu garoto nascer na miséria?

-Não! Claro que não!- O que eu tinha a perder? Ninguém iria me ver.- Tudo bem. Eu vou.- Ouço um suspiro de alivio dos caras que estavam as minhas costas e Bill abre um sorriso.

-Amanhã, as onze da noite.- Bill fala.

-Mas já? Amanhã?- Questiono.

- Claro, não podemos adiantar mais. Se você fizer isso vai ser um homem rico.- Ele rebate.

-E então a partir de sábado vou ser rico... Mal posso acreditar. Vou mudar de bairro, vou ter uma vida nova. Nada será como antes... Nunca mais!