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História Criminal Blood - Stay


Escrita por: Capulet_

Capítulo 38 - Stay


Fanfic / Fanfiction Criminal Blood - Stay

Sigo por um longo e escuro corredor, a luz era tão fraca que eu tinha que forçar minha vista.  

Williams fecha a porta atrás de si, corro até ele mas sou impedida de entrar na sala. 

-Eles ainda não terminaram.  

-Eu não dou a mínima. - Falo, enquanto ainda tentava entrar na sala. - Não me faça te machucar, Williams.  

-Entrar lá só vai dificultar as coisas, deixem que eles terminem. 

Empurro seu corpo contra a porta, Williams fica se reação alguma. 

Sou puxada pelo braço até uma das cadeiras que tinham ali, Ryan se senta ao meu lado, segurando minha mão com força.  

Várias pessoas apareciam pelos corredores, algumas choravam alto, outras suspiravam de alivio. 

As horas eram de extrema agonia, Williams continuava perto da porta, enquanto o resto dos meninos estava parado no corredor 

Todos calados 

Sigo Williams e seus movimentos, ele entra em uma das portas e permanece lá. 

Minha garganta estava seca, meu estomago se revirava querendo que eu vomitasse tudo o que tinha comido no café da manhã. 

Todos nos levantamos assim que a porta é aberta, Williams volta a sair de lá, mas dessa vez, não fecha a porta atrás de si. 

-Não. - Murmuro, balanço a cabeça.  

Me sento no chão, abaixando minha cabeça até a altura de meus joelhos, sinto alguém ao meu lado, passando seus braços pelo meu corpo e me puxando para si.  

-E-eu sinto muito f-filha. - A voz de Williams estava entrecortada, seu choro era alto, assim como o meu. 

-S-são eles, Candice. São eles.  

Balanço a cabeça, enquanto continuava a chorar no colo de Ryan, que me apertava contra seu corpo com tanta força  

Ele sabia o que eu estava sentindo  

-Tem certeza que não tem algum erro? - Escuto a voz de Bieber, indagando Williams.  

-Os legistas fizeram um procedimento que e-examina as..A-arcadas dentárias.  

-VOCE NÃO SABE O QUE ESTÁ DIZENDO. - Grito, indo para cima de Williams.  

O empurro na parede, batendo em seu rosto. Williams não tentava se defender, apenas me encarava enquanto chorava alto.  

-C-candice, e-eu sinto m-m. 

-NÃO, NÃO SENTE. - Grito, ainda mais alto. - E-eles, e-eu sei que... 

Braços cheios de tatuagem me puxam para perto de si 

Respiro, sentindo o cheiro do perfume de Bieber. - Eu sinto muito, Candice.  

Me debato contra seu corpo, querendo que seus braços me soltassem, mas não consigo tal efeito. Bieber me abraçava com mais força do que Ryan, que continuava sentado no chão. 

Meus gritos eram abafados pelo seu corpo, e quando mais eu gritava, mais forte ele me apertava. 

-Vai ficar tudo bem, estamos aqui com você.  

 

Flashback On  

A porta da cabine do banheiro era esmurrada, coloco a mão na boca de John para que ele não risse alto.  

-CANDICE, EU SEI QUE VOCE ESTÁ AI. - Claire gritava, continuando a esmurrar a porta com força. - CANDICE, SUA MALDITA.  

-JOHN, EU SEI QUE VOCE ESTÁ AI DENTRO COM ELA, SEU IMUNDO.  

Os olhos de John estavam vermelhos, sei que se eu não estivesse com a mão em sua boca, ele estaria rindo alto até agora.  

Mordo meus lábios, tentando conter meus risos. 

-CANDICE, SEU MALDITO E IDIOTA IRMÃO ESTÁ QUASE MATANDO UM DOS JOGADORES NA PORRADA LÁ FORA.  

Arregalo os olhos, tiro a mão da boca de John e abro a porta da cabine.  

-Onde? - Pergunto. 

-Ora, finalmente saiu. - Murmura, encarando John com desdém. 

-ONDE, CLAIRE? 

-LÁ FORA. - Grita. - NO NOSSO CORREDOR, VAMOS LOGO.  

Os corredores que nessa hora estavam cheios de alunos, estavam vazios. Claire corria atrás de mim, empurro algumas pessoas da minha frente que gritavam altos e apostavam para ver quem ganhava a briga. 

O chão estava cheio de sangue, os jogadores de futebol americano rodeavam Nate e seja lá quem for que ele estivesse brigando.  

Ninguém ousava interferir naquela briga, saberiam que se entrassem no meio, mais alguém sairia ferido.  

E é claro, muitos temiam meu irmão.  

Acho que ser o capitão do time de futebol da escola tinha dado essa impressão de que ele era uma pedra, nada o atingia tão fácil assim. 

-PORQUE NINGUEM FAZ NADA? - Pergunto para um dos jogadores que estava ao meu lado.  

-Não seja idiota, Candice. - Responde. - Acha que alguém entraria ali? - Aponta. - É morte na certa, garota. Você conhece seu irmão. 

Balanço a cabeça, ao meu lado Claire discutia com outros três jogadores.  

-ORA, SE TRES DE VOCES ENTRASSEM ALI, NÃO ESTARIA ESSE SANGUE TODO NO CHÃO. 

Nate socava o rosto do menino que estava cheio de sangue a essa altura. Balanço a cabeça, sabendo que poderia acabar com o nariz quebrado, mas precisava acabar com aquela briga idiota.  

Claire entende minha intenção, e balança a cabeça, concordando comigo.  

 Puxo o corpo de Nate para trás, o forçando a sair de cima do garoto, suas costas batem com agressividade no chão. Seus olhos cheios de raiva me encaram, ele se levanta rapidamente, mas eu o empurro até um dos armários.  

-CHEGA. - Grito. - SEU IDIOTA, É A TERCEIRA VEZ APENAS NESSE MES.  

Como se tivesse hipnotizado, ele apenas me encara, sem nada a dizer.  

Claire arrastava o outro garoto para longe da confusão, alguns jogadores a ajudavam.  

A poça de sangue que se formou no chão era de arrepiar qualquer pessoa.  

Enquanto o outro menino estava com o rosto detonado, Nate apenas tinha alguns ferimentos no rosto, nada tão grave.  

-ACABOU? - Grita alto, querendo evitar todo o sermão que eu estava prestes a dar. 

-NÃO. 

A roda de gente que estava formada para ver a briga, não se desmanchou, apenas pareceu que cresceu ainda mais.  

Era obvio o porquê, todos queriam ver a segunda parte da briga.  

A briga dos Johnsons.  

Por mais que eu e Nate fossemos unidos, nada poderia evitar muitas de nossas brigas, que muitas delas aconteciam na escola.  

-EU NÃO PRECISO DE SUA LIÇÃO DE MORAL, CANDICE. 

-MAS PARECE QUE PRECISA. REZE PARA QUE ISSO NÃO CHEGUE AO OUVIDOS DO PAP... 

Uma tosse seca atrai nossa atenção, o diretor Kellerman estava parado no meio do corredor, encarando a poça de sangue.  

-Para minha sala, agora. - Fala calmamente. - E quanto a todos vocês, sugiro que vão para a sala de aula agora, o sinal já tocou.  

Como um passe de mágica, todos desaparecem.  

Seguimos o diretor Kellerman, que nos manda aguardar.  

Pulo duas cadeiras, não querendo sentar perto de Nate. 

-Ótimo, obrigada.  

-Não tem de que. - Responde, sorrindo para mim. 

-Você não tem nenhuma responsabilidade? Estou farta de ter que me intrometer em suas brigas. 

-Nunca pedi para que entrasse nas minhas brigas.  

-Até porque se eu não interferir, quem vai?  

-Não é para ninguém interferir. - Seu tom grosseiro me faz revirar os olhos 

Babaca 

-Claro, até porque você ameaça seus próprios jogadores, não é mesmo, capitão? - Pergunto com ironia, atraindo sua atenção. - DENTRO do campo você é o capitão, e até fora dele também pode ser. Mas para mim, é apenas o idiota do meu irmão.  

-Já acabou?  

-CLARO QUE NÃO.  

Ele sorri, revirando os olhos. - Não preciso ouvir lição de moral da minha irmã de 15 anos.  

-Sua irmã de 15 anos tem mais noção que você. 

-P-porque fez aquilo, Nate? Porque bateu naquele menino? 

-Quer realmente saber o porquê, Candice? 

-Bem, é obvio que sim. 

-Pois bem. - Diz, se ajeitando na cadeira. - Eu estava cuidando da porra da minha vida, quando alguns caras entraram no banheiro e começaram a falar a respeito de você e Claire.  

-Sabe porque ninguém interferiu naquela briga, Candice?- balanço a cabeça, fazendo com que ele prosseguisse. - Aquele idiota que espero eu que esteja na enfermaria agora, disse para todos que estivessem ali que para te comer, seria a coisa mais fácil que ele faria na vida, e que não demoraria muito para que isso acontecesse, já que você dá para todos.  

-Claro, ele não sabia que eu estava em uma das cabines. Quando fui atrás dele, ele confirmou o que havia digo no banheiro. Então, não me venha com seus sermões idiotas, ele teve o que merece 

Fico em silencio, parando de encara-lo.  

Claire aparece marchando para perto de nós, assim como eu, evita se sentar ao lado de Nate, se sentando ao meu lado. 

-O que está fazendo aqui? - Nate pergunta, interessado. 

-Não é da sua conta, panaca. - Responde, bufando.  

Claire me encara. - Acredita que por causa desse idiota, tive que vir até aqui? EU, que nem estava metida naquela confusão.  

-Quanta injustiça, docinho.  

-Não me provoque. 

Balanço a cabeça, enquanto ouvia a risada de meu irmão. - Sabe, Claire... Se quiser, poderá ir ao baile comigo como um pedido de desculpas.  

-Nem.morta. - Responde, pausadamente. - Eu preferia ir sozinha, do que ir com você.  

-Muitas garotas matariam para que eu as chamasse para o baile. 

-Pois que se matem, se não percebeu antes, tudo o que sinto por você é uma enorme repulsa.  

-Sabemos que não é verdade.  

-E você me deve uma maldita manicure, seu infeliz. - Claire volta a se virar para mim, mostrando seu indicador. - Olha o que aconteceu, por causa desse retardado quebrei minha unha.  

-Deixe-me ajuda-la, sei de algo que poderia te confortar, Claire.  

Ambas nos viramos para encarar Nate que tinha uma expressão divertida no rosto. 

-Você e seu pau podem ficar a quilômetros de distância de mim. 

-Isso seria um enorme castigo. 

-Que tal você enfiar seu pau em sua bo... 

Claire não termina sua frase, o diretor Kellerman volta a se aproximar, examinando o pequeno grupo que tinha a sua frente.  

-Claire, pode aguardar aqui. Irei conversar com Candice e Nate primeiro.  

Me levanto, lanço um último olhar generoso para minha amiga e entro na sala do diretor. 

Infelizmente, tive que me sentar ao lado de Nate, enquanto o diretor contornava sua mesa para se sentar a nossa frente. 

-Porque será que eu ainda me surpreso quando alguém vem me avisar de alguma briga nos corredores dessa escola? E mais ainda surpreso, pois sempre me deparo com os irmãos Johnson envolvidos nessas brigas.  

Diretor Kellerman apoia seu rosto em suas mãos, nos encarando com tamanha atenção.  

-Porque será?  

Não respondo, permanecendo calada.  

-Bem, aposto que sua rotina deve ser muito chata. E sei que a melhor parte do seu dia é quando sou chamado até sua sala. 

Encaro Nath ao meu lado, querendo soca-lo com tamanha força que ele iria ficar um mês no hospital.  

O diretor ri alto, pegando algumas folhas que estavam ao seu lado. - Sabem o que é isso? 

Ambos concordamos, sem dizer nada. - São o desempenho e nota de vocês dois, claro que não estão surpresos, já sabem isso de cor.  

-Sim, sabemos.  

-Mas sempre é bom revisar isso, não é mesmo? Começaremos com você, Candice.  

-Ótima aluna, sempre com ótimas notas e um desempenho maravilhoso. Entrou para a equipe de líderes de torcida esse ano, e sempre recebeu elogios por sua ótima capacidade.  

Killerman abaixa a folha, me encarando com um sorriso no rosto. - Está de parabéns, sei que seu pai tem muito orgulho de você. 

-O-obrigada. 

-E vejamos você, Nate. - Fala, se virando para encarar meu irmão.  

-O mesmo que ela, eu sei. Também sou o orgulho de meu pai.  

O diretor balança a cabeça, rindo fraco. - Um ótimo aluno, excelentes notas, um humor muito peculiar.  

-Todos os Johnson tem esse humor, meu querido diretor. - Nate responde, interrompendo-o. 

-É capitão do time da escola há 3 anos, um garoto muito prodígio. Diga-me, Nate, a quanto tempo está no time da escola? 

-Desde que tinha 13 anos, prestes a fazer 14. - Nate responde, contra sua vontade. 

-Oh, é claro que sim. Um dos jogadores mais novos a entrar para o time, um grande potencial você tinha. E é claro, ainda tem. 

-Mas continuando, seu histórico com brigas apenas aumentou nos últimos meses, não acha? 

-Candice não teve nada a ver com isso. - Responde.  

-Sim, eu tive. - Interfiro, sabendo o que ele iria fazer. - E-eu..bem, eu simplesmente... 

-Ela apenas separou a briga, assim como Claire. - Nate fala. - Não tem porque duvidar de minhas palavras, Kellerman.  

Kellerman e Nate se encaravam, por fim, o diretor balança a cabeça.  

-Candice, pode ir. E fale para Claire que ela está dispensada. Certamente seu pai gostaria de leva-los para casa, juntos.  

Balanço a cabeça, olhando com desprezo para Nate, que pisca para mim. 

Fecho a porta atrás de mim, encarando Claire. 

-E então? 

-Podemos ir. - Respondo.  

-Gloria a Deus, finalmente livres. - Responde, enquanto seguimos para o corredor. - Foi tão ruim assim? - Pergunta, vendo que minha cara não era das melhores.  

Faço a combinação de meu armário, coloco algumas coisas em minha bolsa. a - O diretor ligou para meu pai. 

-Merda, o tio não. 

E não demorou muito para que meu pai aparecesse. As expressões em seu rosto não eram das melhores, mas ele era assim o tempo todo. 

Seu terno estava perfeitamente alinhado, seus cabelos estavam penteados, enquanto o mesmo caminhava com firmeza até mim e Claire. 

Ele esbanja um sorriso, é claro que forçado, e manda que eu o espere no carro.  

Claire e eu esperamos paralisadas no corredor ainda o seguindo com o olhar. 

Meu pai era alto e intimidador, com certeza todos sentiam medo dele. Isso fazia dele um bom advogado, geralmente, ele não esbanja muita reação.  

Claire espera comigo no carro, e minutos mais tarde, Nate aparece junto com meu pai.  

- Não perca suas aulas por causa de minha filha, Claire.  

-Não se preocupe, tio. Eu perco algumas aulas com muito prazer. 

Me despeço de Claire, e entro no carro. 

O caminho até nossa casa foi silencioso, ninguém queria dizer nada.  

O jantar foi ainda mais sinistro, todos permaneciam em silencio, até que meu pai disse que queria conversar com Nate. 

Subo para o meu quarto, ou pelo menos, finjo.  

Com cuidado e na ponta dos pés me aproximo da porta do escritório de meu pai. 

Os gritos de meu pai eram altos, a voz de Nate era calma e não se alterou em nenhum momento desde que eles começaram a discutir. 

-É INACEITAVEL ESSA CONDUTA, EU NAO O CRIEI PARA ISSO. SABE O QUE ACONTECERÁ A SEGUIR? OS PAIS DO GAROTO ESTÃO PENSANDO EM PROCESA-LO. 

-É isso que você quer? Uma mancha na sua vida? Que afetará seu futuro e todas suas decisões? É ISSO? 

Nate não responde, encosto minha orelha na porta, tentando ouvir ainda mais. - Tentarei de todos os meios possíveis persuadir os pais do rapaz, espero que eu consiga, e eles escolham em não abrir uma ocorrência contra você.  

-Tá.  

Escuto o barulho da cadeira, sabia que era Nate que estava se levantando para sair do escritório. 

Mas meu pai o chama novamente.  

-Ainda não acabou. - Fala. - Tem sorte de eu ter uma longa história com o diretor Kellerman, e por isso, não será expulso.  Eu te dei todas as chances, muitas chances para que você ficasse fora de encrencas, e nada resolveu. Terei que tomar medidas drásticas, e não me orgulho disso.  

-Sem futebol, acabou para você. Amanhã, quero que entregue seu posto como capitão e se retire dos campos, para sempre.  

Volto para perto da escada, Nate não se assusta quando passa por ali. - Porque não contou a ele? 

-Não iria fazer diferença. - Diz. - Ele não iria acreditar em mim, como você mesma ouvir, me meti em muitas brigas esse ano.  

-Mas, Nate...você ama o futebol, não consegue viver sem ele. 

-Terei que arrumar um jeito, não é mesmo? - Se aproxima de mim, depositando um beijo no topo de minha cabeça. - Ao menos, consegui dar a aquele idiota o que ele mereça. Vá dormir, você tem treino amanhã.  

-É, certo...- Murmuro o vendo subir as escadas.  

Eu sabia o que teria que fazer, bato na porta do escritório, esperando que meu pai permitisse que eu entrasse.  

Ele levanta o rosto, sorrindo para mim. - Muito trabalho? 

-Sempre tenho tempo para você. - Coloca as papeladas que estava lendo ao seu lado, focando em mim.  

-Novo caso? 

-Sempre. - Suspira. - Williams e eu estamos trabalhando juntos nesse. 

-Referente ao que? 

-Desaparecimento de uma garotinha de 6 anos. - Responde. - O padrasto dela, ele a.. 

-Eu entendi. - Falo rapidamente, não querendo que ele terminasse a frase. - O que eu tenho a dizer é referente ao Nate. 

-Não precisa vir até aqui limpar o historio deplorável de seu irmão, querida. Sabemos que essa nãoé sua função, falei com o diretor, você e Claire apenas estavam querendo separar aquela briga.  

-Certo, sim..mas, Nate ele apenas... 

-Não quero ouvir a respeito do comportamento que seu irmão vem tendo a algum tempo, Candice. - Fala. - Nós dois sabemos que o que ele mais tem feito é se meter em brigas, quem sabe agora, comigo tirando a única coisa que interessa a ele, talvez ele entre na linha. 

-Ele é o melhor jogador e capitão que já tivemos na escola a anos. - Respondo. - Graças a ele, o time está indo para a final. Não pode tira-lo disso. 

-Eu posso e vou. Já esta tarde, creio eu que seja melhor você ir dormir.  

-Eu não irei dormir. - Falo, me levantando. 

-Não estou pedindo, estou mandando, Candice.  

-Antes você irá ouvir o que eu tenho a dizer. - Respondo com grosseria. - Nate, entrou nessa briga porquê... 

-Ele acha que tem autoridade nas pessoas por ter um posto maior no time, já ouvi a respeito da fama que ele tem em sua escola. Arrogante, prepotente, e de acordo com o que eu ouvi, anda pela escola como se fosse o rei dela. 

-Bem, isso não é mentira. - Concordo com ele. - Mas... 

-Não me interessa. - Diz, voltando a prestar atenção na papelada que tinha em sua mesa 

-Te interessa, pois a briga foi causada por minha causa. 

-O que? 

-Foi o que voce ouviu,Nate entrou nessa briga para me defender...e defender Claire também. 

-Está blefando.  

-Não, não estou. - Conto brevemente o que aconteceu, dando um belo e leve resumo da situação que Nate havia me contado.  

-Tem certeza disso? 

-Eu acredito em seu filho, diferentemente de você, pai. 

-Eu acredito em seu irmão. Apenas se tornou difícil acreditar em sua palavra quando ele se mete em uma briga a cada mês.  

-Nate não se mete em brigas sem motivo algum. 

-Tem certeza disso?  

-Algumas delas sim, outras não. Ele apenas não te conta o motivo delas, pois sabe que você não acreditará no que ele diz. 

-Meu relacionamento com o seu irmão é muito mais que isso, Candice.  

-Bem, não é com você que ele conversa no fim da noite. - Respondo. - A briga do mês passado? Também para defender Claire. Antes que eu me esqueça, a briga que aconteceu no jogo contra os Lions foi porque um dos jogadores citou a mamãe... 

Eu sabia que citar minha mãe era algo pesado, já que muitas vezes, evitávamos menciona-la nessa casa. 

Todos nós sofríamos, mas meu pai sofria ainda mais. Era citarmos seu nome, que ele já se abalava.  

-Deixe-me a sós, irei dar alguns telefones. 

-E quanto a Nate? - Pergunto.  

-Se certifique que ele vença o campeonato, querida.  

Sorrio, beijo a bochecha de meu pai e fecho a porta de seu escritório, correndo para o quarto de Nate para dá-lo a notícia.  

(....) 

Abraço Williams assim que abro a porta, ele sorri para mim. 

 As mangas de sua blusa estavam levantadas. - Trouxe comida. - Diz, segurando a sacola em mãos. 

Nos sentamos no chão da sala, meu pai e tio Williams bebiam cervejas, enquanto eu assistia um programa na tv.  

Era divertido ter tio Williams ali, ele era divertido e sempre trazia algo para mim e Nath. 

-Estava vendo aquele caso que você pegou, e sabe.. 

-Falaremos sobre isso depois, Williams. - Meu pai interfere. - Qual a primeira regra dessa casa, querida? 

-Não tacar fogo em seu irmão? - Me viro para encara-los, Williams ri alto, balançando a cabeça. 

-A outra regra. 

-Não falar sobre o trabalho na hora da refeição. 

Nate aparece, horas depois. Ele cumprimenta meu pai e Williams, que pergunta aonde ele estava até aquela hora. 

-Treino, as finais estão chegando. 

-E aí? Temos esperanças? - Meu pai pergunta.  

-Vi algumas jogadas dos adversários, temos uma puta chance. - Meu irmão responde, sorrindo. - Candice, podemos conversar um instante? 

-Aconteceu algo?  

-A chefe das líderes de torcida me pediu para falar algo sobre os novos passes, algo assim. - Da de ombros.  

Encaro meu pai e meu Williams. Ambos conversavam entre si, não ligando para nós. Concordo lentamente e me levantando, seguindo Nate até seu quarto. 

-Pode falar. - Falo, fechando a porta.  

-Tem que prometer que não irá contar isso a ninguém. 

-Isso o que? 

-Promete? 

-Nate, o que você est.. 

-Me prometa, Candice.  

-Certo, eu prometo.  

Nate concorda, tirando a camisa. Minha boca se abre em um perfeito O, fico algum tempo encarando seu corpo sem dizer nada. 

-Papai vai te matar. - Falo, depois de um tempo. 

-Gostou? - Se aproxima de mim, para que eu pudesse ver a tatuagem mais de perto. 

-Papai vai te matar. - Repito, encarando a tatuagem mais de perto. - Que loucura, porque diabos fez isso? 

-É uma homenagem, não gostou? 

-É claro que eu gostei, seu idiota. - Respondo, emocionada. Passo meus dedos em cima da tatuagem, Nate geme de dor. - Porque não escolheu outro lugar sem ser o peito? 

-Não tive muito tempo para pensar. - Responde, indo até o espelho que tinha ali.  

Me aproximo dele, encarando seu reflexo no espelho, ambos sorrimos.  

Encaro o nome ‘Candice ‘ tatuado, pensando o quão estranho e louco meu irmão mais velho era.  

-Para a melhor irmã que alguém poderia ter.  

-Mais uma vez, papai vai te matar quando ver. 

-Se ele ver.  

E por 1 ano, meu pai nunca viu a tatuagem. 

(....) 

-Claire, eu já entendi. Estou arrumando minhas coisas e chego aí em 10 minutos, no máximo...Sim é claro que estou levando camisinhas, que pergunta idiota, Claire. - Falo rapidamente, me certificando que a porta estivesse fechada e ninguém tivesse me escutado. - Tá tá, te vejo daqui a pouco. 

Finalizo a chamada, soco algumas roupas no fundo da minha mochila e jogo alguns livros por cima.  

-PODE ENTRAR. 

Meu pai ignora a bagunça no meu quarto, mas nem tanto quanto eu gostaria. - Céus, esse lugar está uma bagunça, Candice. 

-Provas finais chegando. - Respondo, enquanto pegava meu notebook na escrivaninha e tentava enfia-lo na mochila. - Sabe a pontuação que eu preciso para conseguir uma bolsa de estudos? É tão...merda, me esqueci de minhas escovas. - Corro para o banheiro, pegando minhas escovas e voltando para meu quarto. - É um inferno. 

-Tenho certeza que você já tem a pontuação necessária. 

-Se eu quiser ser a primeira, preciso de muito mais. - Fecho o zíper da mochila e a jogo sobre meus ombros. - Já estão saindo? 

Ele concorda, se aproximando de mim. - Vamos passar o final de semana todo lá, ficará com Claire o final de semana todo? 

Nego. - Não, apenas essa noite. Amanhã irei ver Nona.  

-Certo, me certificarei que isso seja verdade.  

-Ainda remoendo algo que aconteceu a dois meses atrás? 

-Deixe-me ver, duas adolescentes de 17 anos em uma festa cheia de bebidas e drogas, e quando seu tio chega lá...imagina a surpresa de vê-las ali. Estavam estudando, certo? 

Concordo. - Não sabíamos que iria ter drogas ali. 

-E quanto a bebidas? 

-Bem, isso nós sabíamos.  

-Tenho a forte impressão que você e seu irmão competem para ver quem me matará primeiro. 

-Eu ficarei com a casa. - Respondo rapidamente. - E Nate com seu carro.  

-Já decidiu? - Pergunta, mudando rapidamente de assunto.  

-Ainda não..Estou indecisa, Harvard tem um programa ótimo de Medicina, mas ao mesmo tempo... 

-Boston te chama ainda mais com Advocacia, entendi. - Suspira. - Seja qual decisão irá tomar, ficaria orgulhoso. Sei que sua mãe também ficará..embora, tenho certeza que ela está torcendo para você escolher Medicina. 

-E você advocacia. - Falo, rindo de sua cara de surpresa.  

-Quer uma carona até Claire?  

-Não, ainda irei demorar aqui. - Escutamos a buzina do carro e nos aproximamos da janela. Nate estava com a cabeça fora do carro, ainda buzinando, até que nos encara. 

-O UNICO FINAL DE SEMANA QUE EU VENHO PASSAR COM MINHA FAMILIA E SOU OBRIGADO A VIAJAR, ANDE LOGO. 

-Tem certeza? 

-Claro, não se preocupe comigo. Arrase no caso, okay? 

-Farei o possível. - Diz, rindo. - Criminosos acusados de tráfico ilegal de armas e mulheres, acho que me darei muito bem no caso, Candice. 

-Assim espero eu.  

Fico na ponta do pé para poder abraçar meu pai, seus enormes braços me rodeiam e me abraçam com força. - C-erto p-pai, e-eu... estou ficando s-sem.. 

-Desculpe, querida. - Fala, me soltando. - Cuida-se, está bem? Eu te amo muito e tenho muito orgulho de você.  

-Eu sei, eu sei. - Respondo o empurrando até a porta.  

Nate bufa assim que nos vê. - ‘Parabéns pelo incrível jogo esse final de semana, Nate. Estamos orgulhos de você’. - Resmunga.  

-Não se esqueça de trancar a casa quando sair. - Meu pai fala, comigo concordando logo em seguida. 

Ele contorna o carro, entrando no mesmo. Me despeço dos dois, com Nate se escorando na porta e gritando que me amava. 

-VOCE É MALUCO. - Grito alto, para que ele pudesse ouvir.  

Aquela foi a última vez que os vi, vivos e bem. 

Flashback Off 

 

Continuava encostada na janela, encarando o jardim de Bieber.  

O dia nunca esteve tão feio como estava hoje.  

O céu estava fechado, nuvens pretas tomavam conta do mesmo.  

Pelo reflexo da janela, consigo ver a silhueta de Bieber atrás de mim.  

-Vai ficar me encarando sem falar nada? - Corto o silencio, ainda sem encara-lo.  

-Sinto muito. 

-Você já disse isso.  

-Estou repetindo.  

-Devo agradecer? - Pergunto, me virando para ele.  

Sua expressão é confusa. - Williams me contou que você e os meninos estavam atrás deles.  

-Não deve agradecer, foi o que combinamos meses atrás quando você decidiu entrar na equipe. 

-Obrigada. - Falo, agradecendo mesmo assim.  

-Devo ligar para alguém? 

-Tipo? 

-Oma. 

Balanço a cabeça. - Williams já se encarregou disso.  

-Não tem mais ninguém que eu possa comunicar? 

-Não. - Respondo rapidamente. - Não tem ninguém com quem você possa falar, obrigada. 

-Nenhum parente? Nada? 

-Eu disse que não. - Respondo grosseiramente. - Você mesmo sabe que o único parente vivo que eu ainda tenho é Oma, não fale merda. 

-Apenas estou tentando ajudar. 

-Não tente. - Falo. - Antes que você decida mexer no meu passado, mais uma vez, eu tinha um primo. Sim, um lindo e maravilhoso primo, filho da irmã de minha mãe. Todos éramos unidos e muito próximos, meu primo morreu quando eu tinha 15 anos, minha tia não suportou tamanha dor e morreu 6 meses depois.  

-Não queira revirar meu passado, é muita dor para eu suportar no momento.  

Volto a encarar a vista da janela, vendo pelo reflexo da mesma que Bieber saiu do quarto.  

Encosto minha cabeça na janela, me permitindo chorar.  

(....) 

Acordo cedo no dia seguinte, me arrumo rapidamente e desço. O dia continua feia, assim como o anterior.  

-Não chore, Ryan. - Falo, tentando me manter firme. - Se é por mim que está chorando, pare imediatamente. 

-Não se ache importante o bastante para ser motivos de minhas lagrimas, Johnson. - Fala, colocando seus óculos escuros. - Tem certeza que não quer que eu a acompanhe? 

-Tenho, ficarei...bem. - Me viro para encara-lo.  

Ryan me abraça, depositando um beijo no topo de minha cabeça. Por fim, se afasta. - Me ligue que eu virei te buscar, okay? 

Concordo lentamente com a cabeça, me virando e seguindo meu caminho.  

A última vez que estive no cemitério, foi para me despedir de minha mãe. Não voltei ou tive coragem de ver seu tumulo desde aquele dia.  

O cemitério não tinha mudado desde que eu tinha 14 anos, ele continuava com uma bela jardinagem muito bem feita e cuidada, cheia de flores, arbustos, arvores antigas e cheios de estatuas.  

Esbarro com Williams no meio do caminho, ambos nos encaramos.  

Seus olhos continuavam vermelhos, ele chorava.  

-Não sabia que você iria vir essa hora. - Fala, limpando seu rosto. 

-Se eu não viesse essa hora, não iria me despedir deles.  

Ele concorda lentamente com a cabeça, passando por mim. - Seja gentil com as palavras, é sua chance de se despedir deles.  

Concordo, sem encara-lo. - Me desculpe se falhei com você.  

Seus passos ficam cada vez mais fracos, até que somem de uma vez.  

Me sento na grama, encarando as lapides que estavam na minha frente.  

A lapide de minha mãe era a primeira, a de meu pai era a segunda. E por último, a de Nate.  

Todas as lapides tinham flores vermelhas na frente delas.  

Tiro algumas flores do buque, deixando duas rosas em cima de cada lapide para eles. 

-Eu nunca me decidi sobre o que eu cursaria na faculdade. - Começo. - Acho que eu nunca quis nem medicina e nem advocacia, eu achava..tão chato. - Solto uma risada fraca. - Nate sempre soube o que ele queria, esperava que eu descobrisse o que queria no ensino médio, mas não aconteceu.  

-Mãe, faz tempo que não venho aqui, esse lugar sempre me trouxe arrepios, nunca tive coragem o bastante de vir aqui para falar com você, e peço perdão por isso. Papai fez o que ele te prometeu, cuidou e nos deu todo o amor do mundo. É claro, ele não cumpriu a parte que iria nos manter longe de encrencas, ele bem que tentou, mas Nate nunca cooperou.  

-Irei cumprir o que prometi ao meu pai, e o que ele prometeu a você, recitarei o poema que ele recitou no dia em que te enterramos, e nos fez prometer que quando ele morresse, recitaríamos esse poema, mas não com tristeza, e sim com felicidade, pois vocês dois finalmente estariam juntos...novamente.  

 

-’A longa distância apenas serve para unir o nosso amor. 
A saudade serve para me dar 
a absoluta certeza de que ficaremos para sempre unidos... 
 
E nesse momento de saudade, 
quando penso em você, 
quando tudo está machucando o meu coração 
e acho que não tenho mais forças para continuar; 
eis que surge tua doce presença, 
com o esplendor de um anjo; 
e me envolvendo como uma suave brisa aconchegante... 
 
Tudo isso acontece porque amo e penso em você...’ 

 

-Nem por um momento, nós te esquecemos, sempre te carregamos em nossa memória e em nossos corações, mãe. Não gosto quando fazem referências a você sobre mim, sei que nos parecemos, e muito. Mas nunca vou ser metade da mulher que você foi. Aonde você ia, você marcava as pessoas com sua gentileza, bondade e seu sorriso apaixonante, que até hoje, muitos dos seus pacientes quando me vê na rua, se lembram disso. Gostaria de ter tido mais tempo ao seu lado, mas o tempo que passamos juntas foi o suficiente para que eu levasse um pedaço de você comigo aonde quer que eu vá.  

Encaro a lapide de meu pai, as lagrimas já caiam em meu rosto, por mais que eu tentasse limpa-las, nada adiantava. 

A dor que eu sentia em meu peito era enorme, como se um pedaço de mim nunca fosse voltar. 

E não iria 

Eu sabia que sempre iria carregar essa dor comigo, aonde quer que eu fosse, ela sempre me perseguiria.  

-Vovó sempre me falou que minha busca por respostas vinha de você, acho que o lado advogado que o senhor tinha passou para mim. Você foi e sempre vai ser o melhor pai que qualquer pessoa poderia ter, e nada nunca me provará o contrário. Sei o quanto o senhor lutou por mim e Nate depois de mamãe morreu, e só se manteve forte por nossa causa, porque sem você, nós não seriamos nada. 

-Me sinto tola, por achar que..uma parte de mim sempre achou que vocês ainda estavam vivos, mas vocês sempre estiveram aqui, em Atlanta, nunca saíram daqui. Vejamos como é irônico o destino, mesmo falando com o dono do cachorro que achou o corpo de vocês, eu ainda tenho essa estupida esperança. - Solto uma risada.  

-A polícia achou seu corpo um pouco à frente do de Nate, e pela teoria deles, vocês dois estavam gravemente feridos, mas você foi forte o suficiente para tirar Nate e se rastejou para pedir aj-judar.  

-Sinto por vocês terem ficado tanto tempo naquele lugar, e só agora acharmos vocês, nunca irei me perdoar por isso, mesmo sabendo que de alguma forma, nem eu e nem Williams temos culpa alguma sobre isso.  

-Sei que você sempre foi um fiel escudeiro da palavra sinceridade e do significado dela, você nos criou a base disso. Mas sim, eu menti. E praticamente, todas as vezes foi para tirar Nate de uma enrascada, e menti quando te falei que não sabíamos que tinha droga naquela festa, foi quando Claire começou o vício dela... 

-Me arrependo de não ter contado a verdade a você quando foi pedido, sei que você me entenderia, que compreenderia o porquê de tantas mentiras e que me aconselharia como sempre fez. Mas tente me entender, foi sempre por uma boa causa...bem, quase tudo.  

-Sempre levarei sua força, tamanha força que você nunca desistiu nem por um momento, nem dos seus filhos, da sua família, de seus clientes e do amor que você sentia por mamãe. Sei que sou o oposto de tudo que você lutava contra, e que estou em um caminho que você sempre lutou para acabar, o crime era seu pior inimigo nos casos que você defendia, sinto por isso..Mas espero que mesmo com isso, você ainda me ame.  

-E antes que eu me esqueça, fui eu quem coloquei a cobra no carro da sua ex namorada, e não Nate. Ele nem estava em casa na hora do ocorrido, e mesmo assim, levou a culpa por mim. Sinto muito por isso...mas nem tanto.  

Por último, encaro a lapide de meu irmão, não podendo conter as lagrimas nem por um minuto. - Meu fiel e melhor escudeiro, nunca me esquecerei do quão maravilhoso você foi e era comigo. Ficará feliz em saber que o encontrei novamente, e ele não mudou nada, ao lado dele, te sinto por perto cada vez mais. 

- Acho que nunca irei sentir um amor tão intenso e forte o bastante igual nós sentíamos um pelo outro, sei que muitas vezes, fui o motivo pelo qual você se metia em briga, e sinto por isso. De você, prometo que levarei o humor tão peculiar, que todos os Johnson tem. Levarei seu sorriso, que sempre me confortou nos momentos difíceis, e é claro, levarei seus segredos. Não quero, por um dia sequer, esquecer você...nenhum de vocês.  

-Será a última vez que irei me despedir de vocês, o meu medo por cemitério é grande, não prometerei que voltarei aqui com tanta frequência. Pai, Nate fez uma tatuagem que o senhor não descobriu, e falando sobre isso..Ele deu tantas brechas, como raios o senhor nunca viu sequer um C do nome Candice?  

Em minha mente, consigo escutar perfeitamente a voz de Nate. ‘Obrigada Candice, agora irei levar um sermão aqui no céu, ao lado de Deus’.  

-Pai, o teste de gravidez que você achou em minha bolsa quando eu tinha 16 anos não era para Claire, era para mim. E sim, me desculpe por isso, eu não me orgulho, mas estava bêbada...Esse foi o motivo de Nate ter feito aquele menino ir para o hospital, sempre ocultamos isso do senhor.  

Em meio a tanta dor que eu sentia, sorrio ao relembrar esses acontecimentos. - Nate sempre deixou claro para todos, o humor peculiar seguiria os Johnson por gerações, e ele estava certo. Nossa força em meio a momentos tão difíceis é algo que sempre nos vangloriamos, e prometo que continuei sendo forte, por vocês.  

-Encontrei uma nova família, encontrei pessoas que me completam e que me aceitam, sei que ficaram felizes com isso.  

-Levarei vocês comigo, e nem por um minuto, me esquecerei de voces. O-obrigada p-por...- Faço uma pausa, tentando para de soluçar. - E-eu s-sempre..i-irei amar v-vocês..m-muito obrigada. 

Braços rodeiam minha cintura, meu corpo encosta em outro corpo, quente e receptivo. Meu corpo é abraçado com força, enquanto eu continuava a chorar algo.  

-Sinto muito, Candice. - Me aconchego mais ainda no corpo de Cooper, chorando cada vez mais alto. - E-eu realmente sinto muito.  

(....) 

Já passava da meia noite quando retorno a mansão de Bieber, dessa vez, mais silenciosa do que nunca.  

Um buque de rosas estava na minha cama, sem cartão algum. Suspiro, descendo as escadas e indo atrás de Bieber.  

-Obrigada pelas flores. - Falo, enquanto o observava sentado em sua cadeira no escritório. 

-Não são minhas. - Responde, sem me olhar.  

-Oh. - Disfarço minha cara.  

-São de Chaz.  

-É, falarei com ele depois. De qualquer jeito, boa noite.  

-Como se sente? 

-Vazia.  

Bieber se levanta da cadeira, segurando as chaves do carro em mãos. - Vamos a um lugar. 

-Qual? 

-Saberá quando chegar. 

Me aconchego no banco do carro, enquanto Bieber dirigia.  

-Não. - Falo, o encarando. - Não, eu quero ir embora, m-e leve embora, e-eu não quero voltar nesse lugar, Bieber e-eu 

-Enfrente os seus demônios, Johnson. - Fala, enquanto tirava o cinto de segurança e abria a porta do carro.  

Fico um tempo no carro, balançando a cabeça, me recusando a descer do carro. 

Respiro fundo, tentando conter minhas emoções enquanto olhava para a minha antiga casa.  

Bieber me seguia, paramos em frente a enorme porta, enquanto eu decidia se realmente queria entrar ou não. 

-Tem alguma chave aí? 

-Essa casa não tem chaves. - Respondo, alcançando uma tela que tinha ali. Coloco meu polegar esquerdo na tela, enquanto o sistema analisava.  

Uma foto minha de quando eu tinha 14 anos apareceu ali, com um sinal positivo, que sim, era eu.  

A porta é destrancada na hora. - O sistema ainda continua bom, deveria ter uma dessas na mansão. 

-Considerarei sua sugestão.  

Empurro a porta com força, Bieber segurava uma lanterna em mãos. - O interruptor é para lá. - Aponto a direção certa. - Se a companhia elétrica não estiver me roubando, as contas continuam sendo pagas, e a luz permanece ligada.  

-Que desperdício de dinheiro. - Escuto ele resmungar enquanto se afastava.  

Cinco minutos depois, as luzes se ascendem e Bieber retorna para perto de mim. 

Tudo continuava do mesmo jeito, todos os moveis só estavam cobertor por uma capa.  

Puxo a capa do sofá, jogando-a de lado e me sentando. 

-Continua do mesmo jeito. - Murmuro.  

-E com mais poeira. - Bieber diz, encarando tudo.  

Reviro os olhos, não ligando para ele. - Estarei lá em cima, fique à vontade para vasculhar tudo, sei que fará isso com ou sem minha permissão.  

Me sento na antiga cama de meus pais, encarando o quarto todo ao meu redor. Seguro em minhas mãos o porta retrato que tinha a foto de meus pais juntos, aos 20 anos, quando se conheceram.  

Minha mãe estava no terceiro ano de Medicina, enquanto meu pai tinha acabado de entrar na faculdade.  

Eles exibiam o melhor sorriso que tinham. 

Fecho a porta atrás de mim, caminhando lentamente pelo corredor, até parar em frente a porta de Nate.  

Arranco o enorme bilhete que ele pregava na sua porta sempre que podia. 

 

‘Área restrita, apenas gostosas podem entrar.  

Candice, fique fora’.  

 

Seu quarto continuava arrumado, em perfeito estado. Abro as janelas, deixando que a luz da cidade invada seu quarto.  

Encaro os posters dos jogadores preferidos de futebol dele, sabendo o quanto ele se inspirava neles. Seus milhares de troféus estavam em uma estante ao lado de sua escrivaninha, onde ele deixava apenas seu computador e o troféu que ganhou no seu último ano da escola.  

A maioria das coisas que tomavam conta de seu quarto eram seus prêmios e os posters de seus jogadores. Ignoro o porta retrato que tinha nossa foto, eu o via todo dia assim que acordava no meu quarto.  

Me sento em sua cama, suspirando.  

-Passamos tantos sufocos aqui. - Comento, enquanto segurava uma de suas camisas em mãos. - Tantos.  

Me agarro mais ainda a camisa, ainda conseguindo sentir o cheiro de Nate nela.  

Sabia o quanto Nate odiava que eu mexia em suas coisas, mas ele estava morto agora, e nada poderia me impedir de fazer isso.  

Todo final de semana, ele vinha para a cidade nos visitar. Sua mochila continuava intacta, ele saia da faculdade e vinha direto para Atlanta.  

Viro tudo que estava em sua mochila para cima da cama, muitos livros caem dali nada interessante. 

Uma foto escorrega pelas páginas dos livros, me abaixo para pega-la embaixo da cama.  

Encaro a foto por alguns minutos, ainda raciocinando, até que vejo a silhueta de Bieber no final do corredor.  

Dobro a foto e guardo no bolso de trás de minha calça, no mesmo instante em que Bieber entra no quarto.  

-Prometi encontrar respostas sobre seu pai e seu irmão. - Fala, se encostando na porta.  

-E encontrou. 

-Não as que eu prometi. - Coloca as mãos no bolso, me analisando.  

-Isso não interessa. 

-Essa equipe não pode te oferecer mais nada. 

-O que quer dizer com isso? 

-Prometi procurar por eles, enquanto você trabalhava para mim. Sei quais eram suas esperanças, e são totalmente contrarias da situação que estamos. Não tenho mais o que oferecer em troca do seu trabalho. 

-O-o que quer dizer com isso? - Pergunto novamente, já sabendo que as lagrimas iriam vir a tona. 

Em meio a tudo o que aconteceu comigo nessas 24 horas, porque ele estava fazendo aquilo? 

-Estou dizendo, que não tem mais motivos para você ficar nessa equipe.  

-E-eu trabalhei para você todo esse tempo, ajudei você e os meninos, e é isso que eu ganho em troca? Um ‘não tem mais motivos para você continuar nessa equipe? Está se ouvindo? 

Bieber não fala nada, apenas continua a me encarar.  

-Está me dizendo que não tem interesse que eu fique? 

-Em momento algum eu disse isso. 

-É O QUE PARECE. - Aumento meu tom de voz.  

-Desde o momento em que concordou em trabalhar comigo, nosso acordo foi claro, e você sempre me lembrou disso. Trabalhava para mim, e em troca, eu acharia respostas sobre eles. 

-E achou. - Falo rapidamente.  

-É livre para fazer o que quiser, Candice. Se quiser sair da equipe, sinta-se a vontade, não cumpri nosso acordo propriamente. 

-Não tens nenhum motivo para me fazer ficar? - Pergunto, me aproximando dele.  

 

Flashback On 

-Droga, Nate. - Falo, enquanto tentava leva-lo até o banheiro.  

Papai não estava em casa, o que foi pura sorte, ele iria surtar assim que visse como meu irmão estava.  

Completamente bêbado. 

Coloco Nate embaixo do chuveiro, ignorando seus protestos sobre a água estar fria.  

-Cale a boca, seu bêbado maldito. - Reclamo, enquanto fechava a porta do box. - Como consegue ser tão estupido assim? Você se supera.  

-Foi apenas umas bebidas, Candi. - Sua voz arrastada e seu jeito mole de falar me davam náuseas. 

-Hoje fazem dois anos que a mamãe morreu e olha como você se comporta, ridículo.  

Nate ri alto. - Qual a graça, idiota? 

-Acha que mamãe ligaria para meu estado? 

-Bem, francamente? Sim, acho. Ela ficaria completamente mal em saber que você não liga para a morte dela.  

-Candi Candi. - Fala meu apelido, cantando. - Tenho certeza que mamãe está mais preocupa em você não estar vivendo sua vida do que estar lamentando a morte dela. 

-É ridículo você pensar desse jeito.  

-Tenho certeza que ela deve estar pensando o quão idiota você está sendo agora.  

-É melhor calar sua maldita boca, Nate. Você não tem a menor ideia do que está falando nesse estado. 

-Tive muito mais tempo ao lado da mamãe, maninha. - Responde. - E um dos vários ensinamentos dela era: Viva a vida, não importa o que aconteça. Viva a vida ao lado das pessoas que você ama, sem medo de perde-las.  

Flashback Off  

 

Bieber continuava a me encarar. - Como eu disse, é livre para escolher seu caminho, sinta-se à vontade, respeitarei seja qual for sua situação.  

Limpo as lagrimas que caiam do meu rosto. - E se eu tiver motivos para ficar? 

Bieber se vira, pronto para sair do quarto. - Então, fique.  


Notas Finais


Me doi tanto ver a Candice triste assim, mas foi necessário esse capitulo e tamanha tristeza para o prosseguimento da fic.

Sempre quando eu penso no irmão de Candice, me vem na cabeça o Chace Crawford (Gossip Girl), sempre que aparecer ele na imagem do capitulo, saberão que de alguma forma ele foi mencionado.

Espero que tenham gostado, até a próxima meus amores e obrigada por tudo!! ❤️


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