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História Criminal Love - Second Season - From A Cradle To A Grave


Escrita por: limalimao

Notas do Autor


cheguei de novo
gente, eu vou responder os comentários, só to sem tempo
to um pouco desanimada com a fic, não sei direito o que é isso, mas não pretendo abandonar.
Bom, capítulo novo,cheio de surpresas, então vamos lá
não me matem
beajos <33

Capítulo 11 - From A Cradle To A Grave


From A Cradle To A Grave — De um Berço a uma Sepultura. 

 

RAFAEL SALVIATTI POINT OF VIEW

A semana foi um pouco corrida, muitas coisas com fornecedores, traficantes, pagamentos, esse tipo de coisa. Felipe não apareceu por aqui, e notei que os homens que mandei atrás dele sumiram misteriosamente sem deixar rastros. Processei duas cenas de crimes para uns amigos e tirei tempo de onde não tinha para ajudar Fernanda e a mamãe com algumas coisas da festa e para Lola também. Gosto de fotografia, é um hobby e pedi para fotografá-la grávida e ela aceitou de bom grado. Ficaram lindas, e claro, fomos fotografados juntos por Fernanda. Fomos ao médico e eu pude ouvir o coraçãozinho do meu bebê batendo e aquilo simplesmente me desarmou, deixei uma lágrima escapar, mas ninguém viu e eu tive certeza que não quero que meu filho cresça no meio disso tudo, dessa bagunça que estamos envolvidos.

Eu vou parar, eu vou sair dessa, mas só preciso de tempo.

 

SÁBADO, 16H15

Hoje é o grande dia da festa da Nanda. Estou no quarto sentado na minha cama segurando a caixinha preta aveludada com um anel de ouro branco, com um diamante incolor médio central e rodeado de outros pequenos. É estonteante. Uma jóia muito valiosa que já está na família Salviatti há um bom tempo.

— Ela vai amar — me assusto ao ver Nanda ao meu lado. Nem notei quando ela entrou.

— Será que ela vai aceitar? — a olho preocupado.

Ela ri de mim.

— E você tem dúvidas disso ainda? — ela pergunta rindo e me dá um tapa na cabeça, logo saindo dali, me deixando sozinho com meus pensamentos.

Hoje será mais um passo para o resto de nossas vidas.

 

FELIPE LOPES POINT OF VIEW

SÁBADO, 16H20

— Preparada para hoje? — digo alisando seu lindo cabelo ruivo.

Ela me olha sorrindo.

— Esperei por isso mais de cinco anos — me dá um selinho e levanta-se nua da cama.

— Ele vai levar um baita susto — digo para mim mesmo.

Meus olhos a acompanha até ela sumir após entrar no banheiro. É hoje a grande noite. A nossa grande noite. Ele irá cair pela família, pelos amigos e pelos inimigos.

 

LOLA THOMPSON POINT OF VIEW

SÁBADO, 19h20

Já estou pronta! Preferi me arrumar um pouco mais cedo por que ultimamente estou demorando muito para fazer isso. Um vestido de renda curto com a saia um pouco rodada, manga cumprida e com um decote em v até um palmo abaixo dos seios, mas não é vulgar, na cintura um cinto de perolas e um belo salto nude de sola vermelha. Fiz alguns cachinhos que serão em vão por que já estão desmanchando e uma maquiagem básica, mas bem bonita. Minhas jóias, uma clutch, meu melhor perfume e pronto.

— Está pronto? — digo colocando a cabeça na porta do quarto de Jack.

Nunca tinha nem se quer entrado aqui. É bonito, organizado.

— Sim — vem até mim e pede que eu abotoe as mangas da camisa branca.

 

20h15

Já estamos em frente à enorme mansão onde será a festa da Nanda. Ela tinha me dito que por ela fazia um baile funk e estaria de bom tamanho, mas a mãe dela quis fazer uma festa mais formal. Falando na sogra, a conhecerei hoje.

Vejo Rafael já nos esperando na enorme e suntuosa entrada. Ele fica maravilhoso usando smoking, que tesão que vontade arrancar cada peça que cobre seus músculos. Jack e ele se cumprimentam e me deixa com Rafael.

— Você está linda — diz me olhando de cima a baixo, como se tirasse medidas, fazendo-me corar sob esse olhar meticuloso.

— Você também não está de se jogar fora — digo o olhando com uma sobrancelha arqueada.

Ele ri, mostrando as lindas covinhas em suas bochechas e me toma nos braços e então iniciamos um beijo calmo. Amo a forma como sua língua me invade. Nossa, parece que cada toque dele é mil vezes mais excitante. Paramos e ele enlaça nossos dedos e entramos. Ele me entrega uma máscara da mesma cor que meu vestido e segura a sua na outra mão.

Decoração impecável. Na verdade tudo. A iluminação não está tão escura então percebo que Jack já se encontra no bar ao canto. Já está cheio. Algumas pessoas já dançam no centro, outras estão sentadas conversando.

— Como está nosso bebê? — não pude deixar de sorrir ouvindo-o dizer isso.

— Está bem. Não vejo a hora dele começar a se mexer.

— Quero muito — ele levanta minha mão enlaçada na sua e dá um beijo nela — Vem, vou te apresentar a minha mãe.

— Ai que medo — digo um pouco apreensiva e ele solta uma gargalhada.

Chegamos a uma mesa destacada, redonda e com várias cadeiras, onde uma mulher muito bem conservada loira e de olhos azuis se encontra sentada conversando com um homem e dando risadas.

— Mãe — Rafael chega ao seu lado e ela nos olha sorrindo — Quero te apresentar uma pessoa — ela levanta-se me olhando sorrindo muito.

— Lola! — ela diz com os braços estendidos e um largo sorriso no rosto.

Ela me abraça forte e eu apenas devolvo o abraço. Nos soltamos, mas ela segura meus braços.

— Ouvi falar tanto de você!

— É um prazer te conhecer senhora Salviatti — digo sorrindo.

— Oh, não, me chame de Helena — sorri e eu assenti com a cabeça — Como está meu netinho?

— Está bem! Amanhã faz quatro meses — sorrio.

— Garota, você não imagina o quanto nossa família está feliz com essa notícia. Meu marido ficaria tão feliz em te conhecer — diz com um pouco de tristeza no olhar.

— É — Rafael suspira um pouco incomodado — Vou roubá-la um pouco, depois vocês continuam conversando.

Nos despedimos dela e fomos para a pista de dança, onde a iluminação já é mais escura.

— Vocês precisam colocar as máscaras! — Fernanda diz.

Lhe dou um abraço bem apertado e lhe desejo um feliz aniversário, então ela nos obriga a usar as máscaras e sai dali. Voltamos a dançar e então Lucas, Valentina, Gutierre e Branco aparecem também e todos dançamos juntos. Depois fomos para a mesa e ficamos todos juntos conversando, comendo e os meninos bebendo.

A festa rola solta, já é mais de onze horas da noite. Um homem chega até Rafael, diz algo em seu ouvido, o mesmo levanta-se sem olhar ninguém e sai. Ficamos sem entender, mas continuamos lá na mesa. Meia hora depois o vejo voltar para a mesa um pouco perturbado. Só eu estou aqui, os outros estão dançando. Ele respira fundo inúmeras vezes, quando ele leva o copo de uísque até a boca vejo sua mão tremer.

— O que foi amor? — pergunto preocupada me aproximando mais dele.

— Você me ama, Lola? — ele diz segurando meu rosto e me olhando no fundo dos olhos. Ele não esboça expressão alguma.

— Amo muito, por que está perguntando isso? — seu polegar desenha meus lábios enquanto os olhos indecifráveis, escuros estão nos meus.

— Eu quero que você saiba, que independente do que acontecer aqui hoje — ele balança a cabeça fechando os olhos e vejo seus olhos lacrimejar — Eu te amo muito, Lola, muito.

— Você está me deixando preocupada — sinto um nó na garganta.

— O que vou fazer é por mim, por você, pela minha família por todos nós. Espero que um dia você entenda, e amor... — ele alisa meu rosto me olhando — Me perdoa — ele diz com nossas testas juntas — Eu te amo, Lola, eu te amo demais.

Ele beija meus lábios, um beijo diferente, mas ainda muito bom. Rafael segura meu rosto e prende nossos lábios num selinho bem demorado.

Fernanda já faz um pronunciamento, então ela chama Rafael. Ele me dá um beijo na testa e levanta-se, logo indo para o palco onde Fernanda já está. Eu me levanto também e vou para próximo.

Ele diz algumas breves palavras, então emenda.

— Quero aproveitar a noite para fazer uma coisa que eu deveria ter feito há muito tempo — ele está nervoso — Sem mais delongas, gostaria de chamar aqui em cima a mulher da minha vida — seus olhos azuis se encontram com os meus. Abro um sorriso enorme, mas ele não sorri.

Rafael respira fundo e desvia os olhos dos meus.

Pietra Montenegro — e ele diz, palmas são ouvidas então uma ruiva sobe ao palco e lhe cumprimenta com um selinho rápido.

Minhas pernas falham, jogando-me para baixo sem minha permissão, mas Jack me segura. Meu ar parece que sumiu e minha cabeça gira.

— Estou aqui, baby, estou aqui — ele diz próximo ao meu ouvido enquanto me segura.

Mas que porra é essa? O que ele vai fazer? Há um nó gigantesco na minha garganta, eu não sei o que fazer, não sei o que sentir. Talvez uma vontade de me matar? Ou melhor, matar esses dois? Minha respiração pesa toneladas e ela sai apertada enquanto apenas olho imóvel essa cena patética.

Ele ajoelha-se na frente da garota.

Não, ele não vai fazer isso.

Pietra — ele respira fundo a olhando — Você aceita se casar comigo?

Isso foi como um soco no estômago. Lágrimas brotam em meus olhos enquanto me afasto com passos para trás. Eu nem ouvi a resposta.  Tudo se mexe em slow-motion enquanto tudo que consigo ouvir é a minha própria respiração descompassada. Eu vejo a garota dar pulinhos, ele se levantar após lhe dar um anel de ouro e os dois se beijarem. É tudo um borrão.

Quando já estou afastada, eu corro para longe dali. Saio no jardim, e continuo indo enquanto choro alto. Vejo uma escada alta e a subo, logo chegando numa cobertura onde logo encho meus pulmões com o ar frio da noite. Debruço-me no guarda corpo enquanto cubro os olhos com as mãos e continuo chorando alto. Por que ele fez isso? Eu sei que eles estiveram juntos antes, eu sei que ele a amava, mas ele fez isso comigo?

Meu celular dentro da bolsa não para de tocar. Paro de chorar um pouco, tento controlar minha respiração e pego o celular. Jack está me ligando. Eu o atendo e vou novamente para a escada, ainda me sentindo um pouco tonta e com as pernas bambas. Preciso voltar lá e encarar isso de cabeça erguida. Não sou um brinquedo nas mãos dele, não sou segunda opção de ninguém.

 

JACK CARTER POINT OF VIEW

Eu vou matar esse Rafael. Lola saiu correndo para algum lugar que não vi para onde.

Ligo e ela atende.

Oi — Lola diz com uma puta voz de choro.

— Onde você está, Lola? — pergunto no jardim olhando em volta.

E então eu não ouço sua resposta, apenas um grito alto vindo dela e barulhos longes de baques. Conheço bem esse barulho. É uma queda.

— Lola! — grito já assustado.

Não foi só um baque, foram vários... Escadas! Olho para cima e vejo que há uma cobertura. Saio correndo para ver se acho a droga da escada enquanto mantenho o celular no ouvido.

Um! — uma voz que não é de Lola diz bem longe. Paro para ver se consigo ouvir mais alguma coisa — Não é o seu! — a pessoa grita.

E então ouço um urro e outro grito de Lola entre lágrimas. Porra, onde essa garota está? Saio rodeando a mansão em busca de uma escada, então acho uma. Vejo Lola jogada no chão e alguém já longe correndo na direção contrária. Ah não. Eu quis sacar a arma e atirar na pessoa que corre, mas eu simplesmente travei ao ver Lola ensanguentada.

Lola chora baixinho com a mão na barriga. Ela está quase desmaiada, os olhos não param quietos. Ela está sangrando muito e o vestido perolado já está todo vermelho, assim como suas pernas e seu rosto por conta de algumas esfoliações.

— Fica acordada, Lola — seguro seu rosto.

Levanto seu vestido e vejo um corte em sua virilha. Não, por favor, não. Abro um pouco suas pernas e afasto sua calcinha. Ela está sangrando. Não! Isso não está acontecendo! Por favor!

Tiro meu paletó por que já estou morrendo de calor, e pego Lola em meus braços. Ela desmaia e eu saio correndo dali com ela completamente mole. Uma mulher me vê na porta e se assusta, logo colocando as mãos na boca. Sigo correndo até a entrada, um chofer trás o carro de alguém.

— Abre a porta! Abre! — grito o olhando e ele assustado logo abre a porta de trás da Mercedes.

Coloco Lola lá dentro, prendo-a com os cintos de segurança e o homem me entrega as chaves e então saio rápido dali.

Entro na emergência do hospital particular e uma equipe logo vem para tirá-la do carro. Eu os acompanho para dentro.

Quem fez isso com ela vai pagar caro.

 

RAFAEL SALVIATTI POINT OF VIEW

Depois que Pietra me beijou eu rodeios olhos no espaço e já não vi Lola onde ela estava agora há pouco. Pietra pega minha mão e nela coloca uma aliança de ouro, igual a que coloquei na dela. Que coisa mais patética. Descemos dali e Fernanda, minha mãe, Valentina, Branco, todos me olham sem entender.

— Você é meu agora — Pietra diz me olhando.

— Nunca fui e nunca serei — pego seu pulso, o tirando do meu peito.

Saio dali em direção ao jardim.

— Lola! — Gutierre me encontra muito ofegante como quem acabara de correr uma maratona — Um homem passou com ela nos braços — ela respira fundo enquanto me segura nos ombros — Ela está sangrando muito.

Jack.

— Viu para onde foram? — pergunto assustado.

— Não, mas — ela resmunga de dor nas costelas — Ele entrou num carro aqui na frente e saiu correndo.

— Não conte e ninguém — digo e logo saio correndo dali.

[...]

Já estou voando em direção ao hospital particular mais próximo daqui, certeza que eles estão lá. Chego e entro correndo.

— Lola — digo ofegante após chegar ao balcão — Lola Carter.

A mulher me entrega um crachá e me indica para onde ir. Subo e chego a uma sala de espera, onde logo vejo Jack. A me ver ele levanta-se furioso e vem até mim todo sujo de sangue. Sangue dela.

— Onde ela está? — pergunto.

Ele me encosta na parede com o braço em meu pescoço e sinto a ponta de sua arma nas minhas costelas.

— Eu juro por Deus, Rafael, se Lola morrer ou ficar com alguma sequela eu te mato — ele diz entre os dentes me fuzilando com os olhos.

Ele percebe uma movimentação então me solta e torna a esconder a arma. Ele se afasta passando as mãos na cabeça. Se algo acontecer a ela ou meu filho eu nunca me perdoarei. Nunca. Não sei se serei capaz de agüentar saber que fui responsável pela morte do meu filho caso isso aconteça. Ou pior ainda, a dela.

Já se passaram mais de meia hora que estamos sentados um do lado do outro apenas esperando respostas dos médicos. Um homem aparece com uma prancha cheia de papéis nas mãos.

— Tem alguma notícia da Lola? — Jack diz já se levantando e ficando de frente ao homem.

— Não deveria dizer, Jack, mas você é meu amigo — o homem diz e eu já me levanto — Ela acordou quando era levada para a sala de cirurgia. Ela não sabe o próprio nome, está muito confusa mentalmente, o fluxo de pensamento coerente ela não consegue manter, não sente as pernas, está com problemas na audição e na visão, com tontura, vômito. Sintomas claros de uma concussão cerebral.

— E o bebê? — pergunto assustado e preocupado.

— Ainda não sei. Mas ela perdeu muito sangue — diz me olhando — Quando souber de mais venho informar.

O médico se retira.

— Tudo isso é sua culpa — Jack diz sentado ao meu lado — Eu vi. Seu filho não sobreviver — ele levanta-se novamente e me deixa sozinho.

Apoio os cotovelos nos joelhos e levo as mãos à cabeça. Eu não sei o que pensar, o que fazer. Apenas começo a chorar por ver que tudo isso realmente é minha culpa. Mas não é completamente minha.

Flashback

Um homem me chama e levanto-me da mesa curioso após ele dizer que o senhor Montenegro quer falar comigo. Como, e o que ele veio fazer aqui? Entro numa das salas e dois homens fecham a porta e ali ficam.

Vejo o Montenegro e Joseph Thompson rindo tomando uísque. Não pode ser verdade. Simplesmente não pode. Estou vendo coisas.

— Olha quem chegou! — Montenegro diz.

— O que você quer? — pergunto com frieza.

— Surprise, baby — e então Pietra aparece direito do inferno atravessando uma porta.

Eu quase tenho um infarto. Eu juro que matei essa garota, mas algo me dizia que eu deveria te metido uma bala na cabeça dela, mas simplesmente não conseguia fazer aquilo.

— Assustado ao ver um fantasma? — ela diz sentada na mesa, cruzando as pernas bem torneadas.

— Vamos falar de negócios! — Montenegro diz — Joseph é um conhecido, mas ultimamente vem se tornando um grande amigo — se olham rindo. Quero matar esses dois — Temos vontades em comum, uma delas certamente a sua morte, Rafael.

Não serão os primeiros a quererem isso. Cruzo os braços e apenas continuo olhando os dois.

— Mas, minha querida filha, infelizmente ainda gosta de você — olho Pietra que continua sorrindo. A ver que eu a olho ela me fita de cima a baixo e morde o lábio. Reviro os olhos — E bom, Joseph não quer você perto da filha dele. Então enfim vamos aos negócios. Você irá se casar com Pietra.

Ao ouvir isso imediatamente começo a rir.

— Nunca! — digo rindo.

— Ah você vai — Joseph diz — A partir de hoje você não irá mais procurar por Lola.

— Você quase matou minha filha, garoto, eu deveria há muito tempo ter metido uma bala na sua cabeça, mas por ela eu não fiz isso. Você irá se afastar de Lola, se casará com Pietra.

— E se eu não fizer isso?

— Bom. Eu mesmo mato sua irmã, sua mãe, seus amigos, até seu cachorro eu faço questão de matar. E depois nós nos certificaremos que passe o resto da sua vida atrás das grades e que sofra por crimes que cometeu, e garoto, não foram poucos — ele ri — Você sabe que eu posso fazer isso apenas com um estalar de dedos.

E pode mesmo. Não sei o que fazer. Montenegro é chefe de quadrilha, muito poderoso, até mais do que eu e outros dois juntos, e Pietra se aproximou de mim quando eu era bem mais novo apenas para ela conseguir informações do meu pai e passar para o dela. Quando descobrimos, eu a enterrei viva. Como essa desgraçada saiu de lá eu não faço ideia. Deveria mesmo ter perdido o medo e atirado nela de uma vez por todas.

— É casar com Pietra ou ver sua família morrer.

Ele coloca uma caixinha aveludada sobre a mesa. Eu juro por tudo, um dia eu ainda irei matar esses três, mas não agora. Pego a droga da caixa.

— Não conte a ninguém ou já sabe — ele diz e eu saio da sala — E ah, ajoelhe-se.

Estou tão atordoado, quero matar alguém só para ver se consigo mandar embora um pouco dessa raiva. Falar com Lola foi muito difícil, não sei até quando esse casamento vai durar, mas espero que ela me espere. Ela tem que me entender mesmo eu não dizendo com todas as palavras o que está acontecendo.

Fernanda se pronuncia, e eu vou ao palco. As palavras saíram numa bela mentira e sem ânimo algum. Uma ânsia de vômito gigante. Quando disse o nome de Pietra, Fernanda não escondeu sua expressão de desentendida. Eu sei que não era esse nome que eu iria dizer.

Flashback off

Meu ponto fraco sempre foi minha família. Sou capaz de fazer tudo por eles, o possível e o impossível, nem que eu tenha que sofrer com isso, mas eu faço, e isso muitos usam para me atingir. Eu fiz por nós. E como em todas as decisões, como em tudo na minha vida, existem os danos colaterais, e Lola foi atingida por um deles.

 

DOMINGO, 02H00

Meu celular não para de vibrar no meu bolso. Tiro a aliança de ouro e guardo no bolso do paletó.

— Vai embora, Rafael — Jack diz parado à minha frente — Sua noiva deve estar te esperando — dá ênfase no ‘noiva’.

— Não — balanço a cabeça fungando já sem chorar mais.

— Senhor Carter? — levanto a cabeça e vejo um médico chamar, não é o mesmo de antes. Meu coração já bate a mais de mil por hora, ansiando por uma boa notícia.

Jack vai até ele e eu me levanto indo atrás também com o coração na mão.

— E então? — Jack pergunta.

— Eu serei breve, tenho que voltar a atender um paciente. A senhorita Carter sofreu uma concussão cerebral, não foi tão grave, mas estamos monitorando as atividades cerebrais. Nenhum osso foi fraturado, o corte no abdome não foi profundo, já tratamos, mas... — Ele balança a cabeça. Não, não completa a frase, doutor — Mas ela sofreu um deslocamento de placenta. Tentamos manter os batimentos cardíacos do feto normal, pensamos em um parto muito prematuro, mas ele não aguentou.

Jack leva as mãos à cabeça. Eu fico imóvel olhando o médico e então sinto lágrimas fazerem minha visão ficar turva e então descerem pelo meu rosto. Sinto a mesma dor que senti quando perdi meu pai, e dói, dói muito. Sinto meu mundo cair e todas as minhas esperanças, planos escorrerem pelos meus dedos. Minha cabeça gira, eu fico tonto. Um ódio cresce, se  constrói dentro de mim.

— Não foi tanto pelo corte, foi mais pela queda que o senhor disse que aconteceu — diz a Jack — O aborto, a facada... Ela entrou em choque, perdeu muito sangue, mas já está bem e fizemos uma transfusão as pressas. Conseguimos estancar o sangramento, e por muito pouco evitamos a retirada do útero dela, mas pode ser que ela não possa mais engravidar.

— Não — digo chorando com as mãos no rosto.

Não, não não! Já não basta meu filho ter morrido, ela ainda não vai poder engravidar? Isso é palhaçada, é mentira!

Eu não consigo pensar direito, minha cabeça está girando, tudo está virando um borrão.

— Obrigada, doutor — Jack diz.

— Não! Não é possível! — digo alto querendo não acreditar em nenhuma palavra que saiu da boca desse médico — Você precisa me dizer que isso é mentira! — digo furioso já o segurando pelo colarinho da camisa branca o deixando na ponta dos pés — Diz! — grito o olhando o empurrando fazendo suas costas baterem na parede.

— E-eu sinto muito, senhor — ele diz com a voz entrecortada de medo de mim — Nós tentamos salvá-lo, mas não conseguimos.

— Deveria ter se esforçado mais — cuspo de forma rude as palavras em seu rosto e o jogo contra a parede.

Eu o solto e passo as mãos na cabeça perplexo, me sentindo tonto e muito confuso.

Meu Deus, eu matei meu filho.

— Viva com isso — Jack diz me dando dois tapinhas nas costas e sai dali.

[...]

Eu não sei como cheguei ao apartamento. Estou sentado no sofá com tudo revirado e quebrado a minha volta. Minha fúria foi tanta que as quatro da manhã quebrei tudo que vi pela frente. Minha vontade na verdade é de me matar, mas seria fácil demais. Eu mereço sofrer por todo mal que causei a Lola. E eu já estou. Meu filho morreu e ainda não consigo acreditar. Eu sei, eu sei que por tudo já fiz nessa vida eu não mereço nem ver a luz do sol, quanto menos a graça, a benção de ser pai, mas ela não merecia isso, não merecia esse sofrimento. Porra, nós estávamos tão felizes, e as coisas passaram de um conto de fadas para um filme de terror em apenas algumas horas.

Preciso me acalmar, preciso urgentemente me acalmar, esquecer isso nem que seja por um breve momento e quando dou conta já estou caminhando em direção ao maior cofre do apartamento. Após digitar números, minhas mãos voam em direção ao pacote com um conteúdo branco dentro. Quinhentos gramas mais ou menos. Pura do jeito que é, posso morrer com apenas trinta gramas. Não, não posso fazer isso. Lembre-se da Espanha, lembre-se da Espanha... Helena, Fernanda, Lola... Espanha... Espanha...

Caminho em direção ao banheiro e não penso duas vezes antes de jogar tudo na pia e ligar a torneira, mandando bastante dinheiro ralo a baixo. Voltando para a sala vejo a sacola da loja cara de bebês. Tiro de lá de dentro o urso que eu havia comprado e o aperto contra o peito enquanto a porra das lágrimas continuam saindo sem controle. 

O sol já nasceu e eu continuo sentado na merda do sofá sem coragem de levantar.

[...]

Depois de muita coragem peguei meu kit e voltei com Jack na mansão. Ele me mostrou onde foi. Uma poça enorme de sangue no final da escada. Fotografo tudo. Vejo uma pegada de sangue no último degrau. A meço e fotografo. Subimos um pouco e mais uma poça. Ela ficou por um tempo deitada aqui até ser jogada mais para baixo.

— Eu vi alguém sair correndo quando cheguei.

— Pelo tamanho e forma da pegada era uma mulher — digo.

A bolsa e o celular de Lola ainda estão aqui. Jack usa luvas e pega tudo e coloca em sacos plásticos. Chegamos ao inicio da escada. A queda foi feia e grande.

Depois de processar a escada caminho por onde Jack disse que viu a mulher correr. Afasto as plantas na parede, olho em tudo.

— Bingo! — digo olhando uma faca com sangue entre as plantas.

A pego com cuidado e coloco dentro de um saco plástico transparente. Se eu tiver sorte consigo uma digital no cabo.

[...]

Jack pediu para eu me afastar de Lola e disse que não quer que eu a visite no hospital.

Pedi a ajuda de um amigo para processar tudo que achei. Estamos no laboratório dele e na faca não tinha nenhuma impressão. A pessoa que machucou Lola deveria estar usando luvas, na verdade deveria saber que eu iria atrás. Parece que estava preparada, apenas esperando a oportunidade de machucá-la.

 

DOMINGO, 14H45

Entro em casa e vejo todo mundo lá como em todos os domingos. Ninguém sabe o que aconteceu e agora todos estão em cima de mim.

— Rafael, vem aqui, vamos conversar — minha mãe diz.

Ela nunca mais voltou aqui no morro desde a morte do meu pai e não faço idéia o que faz aqui agora.

— Agora não, mãe — vou para a escada.

— Agora sim, Rafael! — ela me puxa pelo braço como se eu fosse aquele moleque de sete anos que brigava pra não sair da rua.

Eu a olho sem muito ânimo e paciência.

— Por que pediu aquela garota em casamento, filho? — ela me olha com os olhos azuis carregados de preocupação.

— Não quero falar sobre isso — digo tirando suas mãos do meu rosto e subo as escadas em direção ao meu quarto.

Vou para meu mural, onde pendurei a cartinha que Lola me deu e sobre ela tem uma foto do ultra-som. Suspiro fundo sentindo que irei chorar. Puta merda, desde quando comecei a ser tão sentimental assim? Não me julguem, eu acabei de perder meu filho. Saio dali e me jogo na cama.

— Posso entrar? — é minha mãe novamente.

— Entra.

Ela vem até mim, senta-se e eu coloco a cabeça em seu colo.

— Eu estraguei tudo, mãe — digo com a voz embargada — Ela nunca vai me perdoar, nunca — solto um choro — Ela perdeu o bebê, mãe — digo chorando e continuo — Foi tudo minha culpa.

Ela continua fazendo cafuné em mim e percebo que ela também chora.

Todo sofrimento é passageiro, meu amor — diz baixinho e pela primeira vez na minha vida essa frase que meu pai costumava dizer não ameniza nada. Dói muito.

 

CINCO DIAS DEPOIS

JACK CARTER POINT OF VIEW

Lola ainda não acordou. Os médicos a mantiveram sedada até terem certeza que o sangramento cerebral acorrido por causa da concussão estivesse sido controlado e tratado. Rafael disse que ninguém sabe do que aconteceu, mas ela recebeu visitas de uma mulher chamada Helena, e depois soube que era a mãe dele.

Não sai do lado dela durante esses dias, não a deixarei sozinha por nenhuma instante.

— Ela acordou? — Tom pergunta.

Tom, filho de Michael veio para cá depois que as coisas ficaram feias pro lado dele ainda sobre aquele caso com os russos e o site. Michael o enxotou para cá para que eu colocasse juízo na cabeça dele, e livrasse ele de morrer na mãos dos russos da pior forma possível. 

— Ainda nada — respondo.

— Eu vou matar quem fez isso com ela — Tom diz calmo, analisando minuciosamente o rosto levemente machucado de Lola, e acariciando sua bochecha.

O olho sério com os braços cruzados.

Você não é o único que quer isso.


Notas Finais


eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeita quanta coisa!

Pietra Montenegro + Felipe = merda na certa. Mas vamos ver no que vai dar tudo isso.
O que acham que aconteceu na Espanha com Rafael?
TOMMMM NO BRASEEEEEEEEEEEL HAHAHAHAHA
Montenegro e Joseph Thompson trabalhando juntos! Parece que o papai perfeito, não é tão perfeito assim nénon? hahahaha
E gente, tadinha da Lola... Ta só começando, sinto em informar. Aguentem os corações e não me odeiem, por favor.

Vejo vocês no próximo e vou tentar responder alguns comentários enquanto ainda tenho um tempinho aqui.
Amo vocês demais, demais, demais!
Obrigada por tudo <3333


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