História Criminal Love - Second Season - Fill Me With Your Poison

Fill Me With Your Poison — Me preencha com o seu veneno.

Galpão Alisson, terça-feira, 16h48 — Dia 3 de 23

Abro a porta de ferro e o vejo deitado encolhido no chão já com uma bela dose de droga injetada, e é horrível, mas terrivelmente prazeroso ver o sofrimento dele.

— Acorda vadia — jogo-lhe um balde de água fria e o mesmo se assusta e a me ver me fuzila com os olhos enquanto ainda tenta regularizar a respiração ofegante graças ao susto — Como foi noite passada? — digo sentando-me na cadeira a sua frente, mas claro, longe de seu alcance.

Ele respira tão fundo, mas tão fundo que parece um búfalo raivoso pronto para o ataque, e isso me faz rir o olhando, o deixando ainda mais nervoso. Ele deve ter amado tomado na bunda. Ele levanta-se rápido e corre em minha direção fazendo um barulho de correntes que percorrem um cano de aço enferrujado no alto onde suas mãos estão presas, mas seus pés também presos o impedem de chegarem próximos de mim, que continuei sentada sem nem mexer um músculo sequer apenas o observando. Parece que seus movimentos ainda estão bons.

— Eu vou te matar, Lola Thompson — ele diz me olhando no fundo dos olhos e vejo os seus vermelhos, marejados, mas tomados por um ódio descomunal, um ódio de mim.

— Vamos ver quem faz isso primeiro — digo e puxo da capa de couro e liberto um belo facão. Conforme puxo, passo os dedos pela linha não afiada dela enquanto sorrio, e ao chegar a ponta o olho sorrindo feito uma maníaca, da mesma forma que ele me olhou aquele dia.

Felipe vai sofrer, oh se vai.

...

— É bom não é? — digo ofegante sorrindo ao pé de seu ouvido completamente impossibilitado de se mexer, assim como eu fiquei.

 Eu bati muito nele, muito. Em suas costas deixei marcas que ficarão pro resto de sua vida, consertando, até o fim dos vinte e três dias, assim como eu lembrarei o que ele fez comigo, mas minhas marcas são muito mais profundas, lá no meu mais intimo ser, no fundo da minha alma. O homem fecha a porta assim que eu saio completamente ofegante. É como se eu tivesse feito uma maratona. O cansaço, a fina camada de suor no meu rosto e minhas mãos, braços e a camiseta suja com o sangue do Felipe. Eu ainda sinto a raiva, o ódio de tudo e todos me percorrer por completa, cada célula do meu corpo é puro ódio de tudo que me tornei depois do Rafael, e agora eu o odeio muito, se estivesse aqui na minha frente eu bateria nele também. É assustador o que sinto.

You're so hypnotizing
(Você é tão hipnotizante)
Could you be the devil, could you be an angel
(Você poderia ser o diabo, poderia ser um anjo)
Your touch, magnetizing
(Seu toque é magnetizante)
Feels like I am floating, leaves my body glowing
(Parece que estou flutuando, deixe meu corpo irradiar.)
 

— Se você soubesse o quanto fica linda assim — Alisson diz baixo sentado me olhando apoiado nos joelhos.

They say be afraid
(Eles dizem para eu ter medo)
 

— Que os céus me perdoem, mas isso é muito bom — digo ofegante com os olhos fechados e a cabeça para cima enquanto tento encher meus pulmões com a maior quantidade possível de ar.

Sinto uma mão forte pegar a minha. Volto os olhos ao homem a minha frente e ele me olha sem expressão alguma no rosto, mas um sorriso de canto se forma em seus lábios enquanto os olhos castanhos claros estão fixos ao meu.

Eu sou uma pecadora e eu sei que meu lugar no inferno é vip e já está reservado, então um pecado a mais não será nada. Ainda olhando Alisson sento-me em seu colo de frente ainda em êxtase pela fúria. Minhas mãos sobem pela sua nuca.

— Posso colocar as mãos em você? — ele pergunta baixo me olhando.

— Não — digo no mesmo tom olhando seus lábios.

Kiss me, ki-ki-kiss me
(Beije-me, beije-me)
 

Num momento de insanidade ou apenas raiva do Rafael por ele fazer a mesma coisa com Pietra, por ele me beijar, e logo após estar beijando-a, eu colo meus lábios nos de Alisson, que imediatamente retribui enquanto ainda nos olhamos nos olhos, deixando tudo ainda mais excitante, mostrando, exalando nossas fúrias internas que são transformadas em movimentos firmes dos lábios e línguas, que invadem um a boca do outro e dançam eroticamente.

Infect me with your loving, fill me with your poison
(Contagie-me com o seu amor e me preencha com o seu veneno)
Take me, ta-ta-take me
(Leve-me, leve-me)
Wanna be your victim, ready for abduction
(Quero ser sua vítima, pronta parabdução)
Boy, you're an alien, your touch so foreign
(Você é um alienígena, seu toque é de outro mundo)

Pego sua mão e coloco em minha nuca, e seus dedos rapidamente invadem meu cabelo e sua outra mão sobe aberta pelas minhas costas, me apertando ainda mais contra seu peito enquanto os movimentos fortes, firmes, rápidos e lentos ao mesmo tempo continuam. Em alguns momentos parávamos e respirávamos um na boca do outro sem nos importar, em busca de fôlego que já nos faltava, e não queríamos mais parar de nos beijar. Parece que eu achei outra alma que compartilha da mesma dor que eu, tem o mesmo vazio que existe dentro de mim, mas que de aluma forma sublimemente estranha, me completa. 

Em momento algum Alisson fez nenhum movimento brusco tocando partes erradas do meu corpo e isso fez o beijo valer à pena e ser mais gostoso. Fui desacelerando enquanto segurava seus pulsos, para enfim terminar o beijo e tirar suas mãos de mim. Sai de seu colo sem o olhar, mas vi todo seu pescoço, bochechas sujas de sangue que estavam minhas mãos.

Pego minha bolsa sobre a mesa e saio dali, logo sentindo o vento frio abater meu corpo. Entro no carro e um bom tempo depois chego ao hotel. Tive que vestir meu casaco, já que minha regata branca está toda suja de sangue.

Antes de chegar ao andar tiro os sapatos e os carrego nas mãos, já que suas solas devem estar vermelhas, e bem não quero uma trilha em direção ao meu quarto. Entro, travo a porta e o jogo sobre o pano branco ao lado onde logo jogo minha roupa completamente suja. Caminho com passos lentos para o banheiro, onde logo abro a ducha e a água quente começa a percorrer meu corpo, levando para baixo o sangue incrustado na minha pele, deixando a água aos meus pés vermelha. 

It's supernatural, extra-terrestrial
(É sobrenatural, extraterrestre)