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História Criminal Love - Second Season - I Hate You, I Love You


Escrita por: limalimao

Notas do Autor


AAAAAAAAAAAAAAAA MAMAE CHEGOOOOOOU

babadeira esse capitulo, n me matem por favor, obg
quando chegar na parte que eles estiverem no restaurante, se quiser podem ouvir a música I hate you i love you pra matar vocês logo HSUAHSUASHUS

NÃO ME MATEM KKKKKKKKKKKKK
AMO VOCES

Capítulo 37 - I Hate You, I Love You


LOLA THOMPSON POINT OF VIEW

Minha rotina começou logo cedo quando pezinhos gordinhos começaram a cutucar minhas costelas. Nicolas. Esse menino vira a cama inteira enquanto dorme, incrível isso. O deixei na cama por mais um tempo e fui tomar uma ducha hiper rápida por medo de ele acordar e rolar até o outro lado, mas quando sai o vi dormindo ainda. Coloquei uma calça jeans despojada, um tênis branco e uma camiseta mais bonitinha.  Acordei a bolinha que demorou bastante para despertar e fui dar banho nele. Eu deveria ter dado banho nele antes ou comigo, mas ainda estou aprendendo. Como sempre, ele acabou me molhando. Depois de ele estar todo limpo e cheiroso usando as roupinhas novas que comprei vamos para a cozinha e encontramos mamãe e Mike. Ela logo o toma de meus braços e eu vou fazer a mamadeira dele. Enquanto ele mama, eu vou para o quarto arrumar mais algumas coisas. Uma maquiagem básica e bonita, um perfume, brincos, relógio, pulseira e pego minha bolsa e a outra com coisas de Nic. Posiciono-me diante do espelho e fico imaginando se Rafael vai gostar. “Ei, por que está pensando isso?!” Meu subconsciente me alarma.

Já são onze horas quando saio de casa com Nicolas de taxi. Quando passo pelos portões vejo vários brinquedos para as crianças maiores, pula-pula, escorrega inflável, futebol, todo tipo de diversão para elas. Vou entrando e vou cumprimentando todas as meninas que cuidam das crianças e brincam com elas. Encontrei a diretora, nos cumprimentamos e ela me pediu Nicolas. Pediu que eu passasse para assinar a papelada da entrega e depois sai para ir ficar com as outras crianças. Fiquei sem entender por que pediram Nic hoje, mas ela não me deu tempo para fazer perguntas.

Meus olhos passam pelo enorme jardim e vêem todos brincando, felizes, esquecendo os problemas. Encontrei Mari e Patrícia e ficamos conversando brevemente.

— Mas... Quem é aquele? — a voz de curiosidade misturada com perplexidade de Patrícia invade meus ouvidos e eu olho na mesma direção que ela.

Eu sorrio grande ao vê-lo adentrando os portões com sacolas enormes nas mãos. Ele mal consegue andar. Sorri todo bobo olhando em volta através dos óculos escuros, provavelmente bem caros.

Playboy desgraçado.

— Um colírio para as vistas — Mari diz.

Ele para diante da escada curta e arranca os óculos escuros após colocar as sacolas no chão.

— Cheguei — ele diz sorrindo e ouço Patrícia murmurar um “Ah meu Deus” toda mole, quase ovulando apenas vendo Rafael. Desço os degraus o olhando sorrindo — Trouxe brinquedos, acho que eles vão gostar — ele diz sorrindo de um jeito tão verdadeiro.

Quando me dei conta eu já havia me jogado em seus braços. E ele não demorou em me envolver. Céus, ele está muito cheiroso. Acho que vou desmaiar. Meu corpo se arrepia quando meus pulmões se inebriam com seu cheiro.

— Meu mais sincero obrigado — digo contente pelo que ele está fazendo pelas crianças. Nos separamos e ele tem um sorriso meio sem jeito no rosto.

— Tem mais sacolas no carro, acho que vou precisar de ajuda — ele diz me olhando e eu sorrio olhando para as duas estátuas atrás de nós.

Apresento Rafael às duas massas petrificadas e elas ficam toda sem jeito perto dele. É, eu sei bem como é isso, meninas. Nós quatro saímos e trouxemos as outras sacolas. Ele comprou muita coisa! Até mesmo material escolar. Um anjo. Retornamos para dentro e as meninas começaram a distribuir os brinquedos. Ele sorria a todo instante observando a felicidade das crianças em recebê-los.

— As crianças já ganharam os presentes e agora é a sua vez — ele diz a minha frente e tira das costas uma caixinha revestida em couro e me entrega. Eu havia percebido a caixinha quando retornamos do carro, mas não tinha dado muita atenção. Ele sorri para mim e eu apenas a seguro. Observo o nome na tampa em letras douradas. BVGARI. Ele me comprou uma jóia.

— Rafael... — digo sem jeito em receber um presente tão caro. Sim, sem dúvidas alguma foi muito caro, por que é um Bulgari, uma das joalherias mais caras do mundo.

— Por favor, aceite. Escolhi com muito carinho — ele diz calmo e eu apenas suspiro e abro a caixa, revelando um magnífico colar em ouro rosa com um pingente de coração, cravejado com o que imagino serem diamantes. Eu suspiro e levo a mão à boca completamente estupefata.

— É... É lindo, Rafael — digo o olhando enquanto sorrio um pouco envergonhada.

— Posso? — ele pergunta indicando a caixa e eu apenas assenti com a cabeça. Suas mãos livraram com cuidado o colar da caixa e depois senti seus dedos passarem pela minha pele e levarem meu cabelo para frente. Senti um arrepio gostoso. Ele passa o colar pelo meu pescoço e nossa proximidade me atiça, me deixa inquieta, mas me contenho — Pronto —ele diz ajeitando novamente meus cabelos para trás. Ele retorna a ficar de frente para mim e meus dedos traçam a corrente até irem ao pingente — Ficou perfeito — ele sorri.

— Obrigada — digo sorrindo e abaixo a cabeça um pouco envergonhada. Não sei por que estou assim.

Depois nós fomos brincar com as crianças e uma pena que aquela camisa branca linda da Lacoste que ele está usando que marca bem seus músculos fortes vai ficar bem suja. Ele foi jogar futebol com os meninos e eu fiquei com as meninas ouvindo o quanto sou sortuda por ter um amigo igual a Rafael. Sabem de nada.

Eu já estava bem cansada de correr atrás das crianças e me joguei quase sem ar em um dos bancos do jardim. Uma menininha negra linda me puxava e dizia que queria brincar mais, mas eu não consigo levantar. Joguei a cabeça para trás rindo e ela me largou e foi correr atrás da amiguinha dela. Senti um corpo se jogar ao lado do meu.

— Meu Deus, eu to morto — sua voz diz ofegante e quando o olho ele tem a cabeça jogada para trás, os olhos fechados, os lábios entreabertos e peito subindo e descendo rápido. Eu poderia ficar o observando assim por muito tempo.

Uns seis meninos começaram a puxar os braços dele, dizendo que queriam jogar mais bola, que precisavam dele e ele disse que iria assim que se recuperasse um pouco.

— Será que a gente pode ver o Nicolas? — ele pergunta com aquele sorriso feliz nos lábios e não há como negar. Não tenho como negar nada a ele.

 

RAFAEL SALVIATTI POINT OF VIEW

Eu não imaginava que passar o dia com essas crianças seria tão bom. Estou morto de cansado, mas daqui a pouco vou voltar a brincar, apenas quero apertar Nicolas um pouco. Nós subimos para dentro do casarão e ela foi me mostrando as instalações, mostrando tudo pelo caminho enquanto íamos a procura de onde Nicolas estava. Ela tinha uma empolgação, um sorriso não saía de seu rosto. Ela entrou numa sala e pediu que eu esperasse do lado de fora. Ela retornou e encontrou com aquela Patrícia.

— Ei, você viu o Nicolas? — Lola pergunta e Patrícia abre um sorriso enorme.

Ele acabou de ser levado pela nova família dele — ela sorri e Lola pisca algumas vezes a olhando sem entender nada.

— M-mas como assim levaram ele? Eles familiarizaram com Nicolas antes? Eu não vi nada! — ela diz aflita e nervosa ao mesmo tempo, mas tenta ficar impassível.

— Sim, fizeram tudo que a lei pede. Eles sempre vinham tarde, normalmente a hora em a maioria de nós já estava em casa. O processo foi aprovado e eles levaram Nicolas, não é demais?! Mais um achou uma família.

— É, claro que é — Lola diz tentando sorrir, mas eu sei que ela não está feliz.

— Eu preciso ir — Priscila diz e quando passa por mim me lança um olhar, mas eu não dou a mínima por que estou tão triste quanto Lola.

Passo a mão em suas costas e ela suspira de cabeça baixa. Eu vi o quanto aquele molequinho fez bem para ela. Ela ainda continua parada, olhando para baixo como se a ficha ainda não tivesse caído. Ela suspira passando as mãos no cabelo levantando a cabeça e me olha.

— Vamos... — Lola suspira — Vamos voltar lá pra fora — ela diz um pouco murchinha.

Ela torna a caminhar e eu passo a mão em seu braço tentando, sei lá... Abraçá-la, mas ela se desvencilha do meu toque e caminha mais depressa. Suspiro fundo e apenas sigo um pouco mais devagar. Ela retornou a brincar com as crianças como se nada tivesse acontecido e eu fiquei preocupado, mas fui brincar também.

Eu gostei bastante daqui, pretendo vir mais vezes. Achei legal que havia vários casais por aqui também e tomara que eles adotem. Essas crianças me deram uma canseira. Nós comemos alguma coisa por ali mesmo e depois tornamos a brincar. Quando o sol começou a se pôr as moças levaram as crianças para tomar banho e se preparar para o jantar e depois dormir. Lola e eu ajudamos nesse processo e acabei gostando ainda mais.

— E aí, você vai voltar mais vezes? — um menino que não saiu de perto de mim hoje, até gravei seu nome, Henrique, me pergunta enquanto ajeito a cama dele.

Vejo Lola arrumando a cama ao lado sorrindo. Ela levanta os olhos a mim quando a olho, mas torna a baixar e suas bochechas coram.

— Faz assim. Ta vendo aquela mulher bem bonitona ali — aponto com o queixo para Lola e ele assente — Pergunta se ela quer que eu volte. Mesmo ela não querendo, eu vou voltar, mas pergunta lá.

Peço e dou risada quando ele sai e vai até Lola. Ela dá uma gargalhada enquanto caminha para a outra cama e logo Henrique volta.

— Ela disse que quer que você volte e agradeceu pelo bonitona — ele diz e eu arregalo meus olhos.

— Pow mano, essa parte não era pra falar! — digo e nós dois damos risada. Puxo Henrique e lhe dou um abraço enquanto bagunço seu cabelo e ele reclama.

Ele no jeito de ser se parece um pouco comigo quando eu tinha a idade dele. Ele tem quatorze anos, olhos um pouco azuis e a pele branca cheia de sardas. Henrique está aqui desde os sete anos e ainda não foi adotado por que precisa de cuidados médicos que são um pouco caros, mas ninguém me disse que cuidados são esses. Senti ainda mais vontade de ajudar.

— Você vai voltar né? — ele me pergunta enquanto se senta na cama.

— Vou. Pode ter certeza que eu vou — digo — Até mais moleque.

Ele deitou-se e como já estava tarde Lola e eu fomos saindo do dormitório. Passamos no feminino e demos boa noite e depois passamos na sala da diretoria por que ela queria agradecer e falar com a equipe. Mesmo eu não fazendo parte, Lola pediu que eu ficasse. Por volta das nove nós estávamos indo embora.

— Estou muito cansada — ela diz enquanto caminhamos em direção ao portão.

— E eu então — digo rindo. Passamos pelo portão e vamos caminhando pela calçada — Você está de carro?

— Eu vou pegar um taxi.

— Não mesmo. Vem, eu te levo — digo e ela me segue até meu carro. Abro a porta do passageiro para ela e ela agradece entrando.

Pouco depois já estamos a caminho de casa e por incrível que pareça ela mora no mesmo bairro que eu, apenas um quarteirão à frente.

— Gostou? — ela pergunta me olhando.

— Adorei — sorrio a olhando e seu sorriso maravilhoso aumenta.

Ficamos o caminho todo conversando sobre nosso dia e parecia que nada havia acontecido entre nós. Acho que ela deixou para trás, espero, mas ainda precisamos conversas, ela não pode achar que eu a traí sendo que não fiz isso.

Parei na frente de seu prédio e ela tira o cinto e pega sua bolsa, logo a colocando no ombro.

— Obrigada por hoje — digo a olhando.

— Eu é que agradeço. As crianças se apaixonaram por você — ela diz sorrindo — Obrigada por tudo e pelo meu presente também — ela completa tocando o colar em seu pescoço.

— Não foi nada... Só um presente de amigo para amigo — digo meio sem jeito dando de ombros e sorrio.

— Beijo — ela diz e estende o braço pedindo um abraço e eu dou-lhe após lhe dar um beijo na bochecha. O cheiro dela ainda está impregnado em sua pele e eu fecho os olhos sentindo-o. Afago seu cabelo enquanto seus braços finos me apertam. Foi bem rápido, mas parece que durou uma eternidade. Não consegui dizer mais nada, apenas a olhei sair do carro após sorrir para mim. Que droga, como eu amo esse sorriso.

Esperei Lola entrar na portaria para sair dali e seguir para casa.

— Filho? — ouço dona Helena dizer assim que atravesso a porta.

— Cheguei — a encontro sentada no sofá e logo vou para lá. Arranco a camisa suja, os tênis e me deito em seu colo. Conto como foi meu dia e ela fica bem feliz. Depois vou para meu quarto tentar descansar um pouco e depois da ducha eu simplesmente apago.

Acordo sentindo um carinho no rosto e abro os olhos rapidamente por achar se tratar de Lola, — que sonho — mas é a minha mãe, só que isso não me deixou menos feliz.

— Eu te amo tanto, filho — ela diz baixinho enquanto acaricia meu rosto. Sorrio para ela — Tenho tanto medo quando sai de casa. Eu fico contando os minutos pra você chegar logo.

— Mãe, e-eu... — suspiro fundo e olho para o teto — Eu tive medo da última vez — é horrível admitir isso, porra é difícil — O barulho dos tiros, e aí eu olhei pras minhas mãos... Arhg — resmungo colocando as mãos no rosto — Foi depois que eu entrei na frente daquela bala pra salvar Lola, eu realmente senti que estava morrendo.

— Eu não queria que você tivesse se metido nisso, nunca quis — ela começa a chorar e eu aperto os olhos tentando não prestar atenção por que me machuca — Dói saber que o meu filho mata pessoas — ela diz com ênfase e isso apenas piora a minha situação. Ela nunca havia dito isso, nunca, mas eu sempre soube, só que é pior quando ela diz — Por favor, filho, eu imploro... Para com isso enquanto você ainda pode.

— Mãe, não é assim tão fácil — digo com as mãos no rosto.

— Rafael, você está perdendo a oportunidade de ser feliz com a mulher que você ama! — ela diz quase nervosa sentando-se na cama — Acha que depois que tudo aconteceu ela vai querer ficar com você sabendo que você não vai mudar?!

— Se ela quiser ficar comigo ela vai ter que me aceitar do jeito que eu sou — digo sério a olhando e levanto-me indo para o banheiro. Soco a parede com força após fechar a porta e logo arranco a cueca entrando na ducha gelada. Eu simplesmente não sei o que fazer da minha vida.

 

MIKE THOMPSON POINT OF VIEW

Não vejo a hora desse ano acabar. Já não bastava ter que aturar meus pais depois do divorcio, teve Lola e tudo que aconteceu com ela, descobri que tinha um irmão, que afinal foi o mesmo que estuprou minha irmã, Federico e eu brigamos mais que meus pais e Lola e Rafael juntos, meu pai descobriu sobre eu e Federico e simplesmente me enxotou de casa. Peguei um ódio dele.

Lola ontem chegou em casa sem Nicolas e isso me causou uma certa estranheza, já que ela só o devolveria na segunda. Ela não falou conosco e apenas se trancou no quarto dela. Já é manhã, quase meio dia e ela ainda não saiu daquele quarto, o que está preocupando eu e minha mãe. Já batemos na porta, e até ligamos no celular dela, mas nada. Saí para ir ao apartamento de Federico e acabamos reatando, transando e espero que fique tudo bem agora.

Voltei para casa no final da tarde e mamãe me ligou dizendo que saiu com umas amigas. Fui para a cozinha e encontrei Maria. Perguntei sobre Lola e ela disse que ela não saiu do quarto nem para tomar café muito menos almoçar. Fui até o quarto e a porta estava aberta. Entrei e ela está deitada na cama. Parece estar dormindo, então saio do quarto. Minha mãe retorna por volta das sete e quando entra no quarto ela disse que falou pouco com Lola e ela disse que não quer comer.

Algo aconteceu e sinto que foi com Nicolas.

 

RAFAEL SALVIATTI POINT OF VIEW

Conversei com minha mãe sobre hoje cedo e disse que eu iria para Portugal com ela para o natal daqui uns meses. Se eu gostasse ficaria e abandonaria tudo de vez sem pensar duas vezes, mas deixei bem claro que é por ela, não por mim.

Fui parar no hospital por que fui babaca o suficiente para socar uma parede num acesso de fúria. Fraturei o dedo do meio e os nós dos outros ficaram machucados e doloridos pra caralho. Por incrível que pareça fiquei o dia inteiro no apartamento e acabei recebendo a visita do Pedro e da Nanda. Ele é psicólogo e é ridículo um psicólogo — okay, quase — passando com outro, mas aceitei e ele até que ajudou um pouco a clarear minha cabeça. Não senti falta do morro, de nada, e acho que ficarei a semana inteira por aqui.

Já é tarde, estou esperando o jantar e sentado no sofá brincando com Bob. Ouço meu celular tocar e desconheço o número.

— Alô? — digo após atender.

Rafael? Rafael é a Mônica, mãe da Lola — ela suspira e eu me ajeito rapidamente no sofá ficando um pouco mais tenso.

— Aconteceu alguma coisa? — pergunto aflito.

Preciso da sua ajuda — ela diz e eu rapidamente me levanto do sofá.

 

Acabo de chegar ao apartamento e Mônica me recebe com um abraço. Ela disse que Lola não saiu da cama desde ontem a noite, não comeu também e já tentou de tudo pra tirar ela de lá, mas não conseguiu.

Entro no quarto e Mônica me olha com esperança. Fecho a porta e vejo Lola deitada na cama, então caminho até ela e sento-me ao seu lado.

— Eu sei que você não está dormindo — digo e ela continua calada. Encosto-me na cabeceira e passo os olhos pelo quarto. Bem a cara dela, mas os vários ursinhos de pelúcia me surpreenderam.

— Saí daqui — ela enfim diz sem nem se mexer.

— Vai tomar um banho. Vou te levar pra sair — digo a olhando.

— Não quero sair com você, afinal nem sei o que você está fazendo aqui, deveria estar ocupado destruindo algumas vidas e famílias — ela diz rude.

Aut!

Cadê aquela Lola fofinha lá do orfanato?

Suspiro fundo sorrindo de seu mais novo jeitinho amargo de ser, mas que adoro mesmo assim. Combina bem comigo. Parece que estamos invertendo os papeis; Eu tentando ser bom e ela se tornando ruim.

— Minha cota do mês já acabou, então estou tentando ser legal até o próximo mês chegar — digo revirando os olhos pegando um livro em sua mesinha de cabeceira. Sobre crianças.

— Vai embora, Rafael, por favor — ela diz nervosa — É sério, eu fiquei feliz com o que aconteceu ontem, então não estraga sendo o babaca que você sempre é, vai embora, por favor! — ela diz e puxa a coberta para cobrir sua cabeça por completo.

Suspiro fundo de olhos fechados. Meu pai, que mulher difícil. Mal ela sabe que quanto mais difícil é, mais eu gosto.

— Eu sei que você está assim por causa do Nicolas. Eu sei que você gostava dele, eu também gostei, mas pensa pelo lado bom, ele achou uma família, ele estava precisando.

— Eu sei Rafael, eu sei! — ela diz levantando a mão. Puxo sua coberta, mas ela a puxa de novo e torna a se cobrir. Puxo de novo, mas tudo dessa vez e ela só de calcinha de bichinhos se encolhe ficando em posição fetal. Mas que droga, eu amo essas calcinhas fofinhas dela.

— Saí comigo hoje. Prometo que não encho o saco mais.

— Não quero sair com você, por que não chama a porra da Pietra ou qualquer outra vagabunda que você come? — ela diz rude.

Ainda dói nela. Sabia.

— Epa, e essa grosseira? — cutuco suas costelas e ela se contrai — Estou tentando ser um bom amigo — completo e lhe cubro com a coberta novamente.

— Amigo — ela resmunga baixinho em tom de deboche — Acha mesmo que depois de tudo que você já me fez, podemos ser amigos?

— Ontem eu achei que sim. Achei que a Lola que eu conheci naquela livraria estava de volta.

— Achou errado. Não sei nem por que estou falando com você. Volto a pensar nas coisas que você fez e eu tenho um ódio tão grande que supera qualquer coisa boa que ainda possa existir.

Aut de novo. Suspiro fundo.

— Você só está assim por que está triste que Nicolas foi adotado e você estava apaixonada por ele. Aí aproveitou que estou aqui e está descontando suas frustrações em mim.

— Não vem com esse papinho de psicólogo pra cima de mim, Rafael.

— Eu vou te jogar a força no chuveiro se você não for agora — digo a ameaçando e ela resmunga duvidando.

Vejo seu roupão pendurado na cadeira de sua escrivaninha e levanto para ir até lá. O pego e passo os olhos por ali naturalmente, mas uma foto chama minha atenção. É uma foto nossa fazendo careta. Até tentando ficar feia essa menina é linda, puta merda. Sorrio retornando para a cama. Pego seu tornozelo e a puxo um pouco. Ela começa a me chutar e me xingar.

— Vai Lola, ou então eu vou puxar até você cair de bunda no chão — digo a puxando mais um pouco.

— Saí! O manhê! — ela grita e eu dou risada. Puxo mais um pouco o corpo coberto por um bolo de edredons — Ta bom, ta bom, ta bom!

Nossa, até que enfim! Ela se enrola no roupão que eu coloquei ao seu lado e vai caminhando para o banheiro e bate a porta de propósito. Vinte e dois minutos depois, exatamente vinte e dois minutos depois ela sai. Vou ter que ser sócio da Sabesp caso um dia a gente se case! Por que eu pensei isso mesmo? Repreendo-me mentalmente e balanço a cabeça saindo de meus devaneios.

— Achei que tinha derretido e descido pelo ralo, puta merda — a olho de braços cruzados.

— É você quem paga a conta de água? — ela para no caminho ao closet e me olha séria — Ah ta, só pra saber — Lola completa quando não digo nada e continua andando e se tranca no closet.

Essa mulher me tira do sério.

— Está frio? — ela pergunta com a cabeça na porta.

— Está — respondo e torna a se trancar.

Quinze minutos depois ela sai usando jeans, botas de montaria e um moletom preto com capuz. Seus cabelos curtos estão soltos e sinto de longe o cheiro de seu perfume, o meu preferido. Nós fomos saindo do quarto após ela pegar algumas coisas e encontramos Mônica e Mike na sala.

— Ahhh, nem sabia mais como era sua cara — Mike diz a olhando e ela resmunga revirando os olhos.

— Trago ela de volta mais tarde — digo quando Mônica me abraça. Ela sussurra um ‘obrigada’ antes de me soltar e eu sorrio.

Nós saímos e descemos no elevador em silêncio. Ela se recusa a me olhar e fica com aquela pose de bravinha. Saímos na rua e ela coloca o capuz, assim como eu. Abro a porta do carro para ela e depois entro ao seu lado.

— Aonde vai me levar? — ela pergunta olhando para fora.

— Para jantar.

Depois de um tempo paro em um restaurante que eu sei que ela gosta e jantamos tranquilamente, e ela se limitava a apenas me olhar algumas vezes. Quando terminamos, ela me olhou e eu sustentei seu olhar.

— Obrigada — ela diz e eu assinto com a cabeça.

— Vou te levar para outro lugar.

Saímos do restaurante após eu pagar a conta e depois dirigi até a colina. Ela gosta da vista daqui de cima e sempre vínhamos aqui. O vento frio me atinge com força quando saio do carro e por instinto, apenas me sentei no capô quente do carro para me esquentar. Ela sobe e senta-se ao meu lado. Estico sua perna, tirando a sola de sua bota fora de contato com a pintura do meu carro e ela me encara com cara feia.

— Quer conversar? — pergunto a olhando de lado.

— Não muito, mas sei lá, está me sufocando. Digamos que não era bem com você com quem eu gostaria de me abrir.

— Finja que eu sou aquele cara que você gostava da companhia, esquece que a gente já transou e apenas tenta conversar comigo.

— Super fácil esquecer isso — ela resmunga encostando-se ao vidro.

Sorrio por dentro. É realmente não é fácil esquecer a lembrança dela nua sobre minha cama, rebolando pra mim, meu nome saindo dessa boca gostosa num gemido maravilhoso...

Foco Rafael!

— Eu sei que ficou triste por causa do Nicolas. Eu vi o quanto gostava de cuidar dele, o quanto ele te fazia bem.

Ela balança a cabeça mordendo o lábio olhando para frente.

— Eu sabia que não iria dar certo. Eu não deveria ter entrado com o pedido para levá-lo pra casa, por que eu sabia que iria me apegar mais que deveria — ela suspira de olhos fechados — Ele me chamou de mãe, sem nem ao menos saber o que é uma mãe! Como?! — ela diz e cobre o rosto com as duas mãos — Eu... Não sei o que senti, foi uma coisa tão boa que eu até cheguei a pensar em adotá-lo, mas olha para mim — sua voz está fraca, e sinto que está segurando o choro — Minha vida ainda ta uma bagunça, como posso pensar em trazer uma criança pra ela? — o desespero toma conta dela e as mãos estão em seu rosto — Mesmo se quisesse, eles já estavam na frente e eles são um casal, eu estaria sozinha.

— Eu poderia ter ajudado — comento dando de ombros.

— Nós teríamos que ser casados — ela diz séria me olhando.

— Sim, eu sei — respondo a olhando e ela revira os olhos.

— Está frio — ela muda de assunto rapidamente e passa as mãos pelos braços.

— Você sabe que precisamos conversar, certo? — digo, mas me arrependo quando ela forma uma carranca em sua feição olhando para baixo.

— Não temos nada a conversar, Rafael — ela diz baixo — A gente só precisa ter um bom relacionamento por que para meu azar minha afilhada também será sua e não quero ter que ficar perguntando se está ou não na casa da minha melhor amiga antes de ir ou qualquer outra festa.

Reviro os olhos impaciente. Ela consegue me tirar do sério com tanta facilidade que até me assusta.

— Você deveria confiar mais em mim — digo baixo, deixando mais que evidente na voz a minha raiva e tristeza.

— Eu confiava, até eu presenciar aquela cena patética, na mesma cama onde acordamos juntos e você disse que me amava... — ela diz balançando a cabeça e então a levanta soltando um riso — Eu sou tão estúpida — ela coloca as mãos na cabeça — Como foi que eu... Ahrg — ela resmunga saindo de cima do capô.

— Lola, pelo amor de Deus, eu não transei com a Pietra aquele dia! — digo já nervoso e saio de cima do carro — Eu sei que eu sou um ser humano desprezível, mas eu jamais faria aquilo com você depois de uma coisa tão intima que você compartilhou comigo. Meu, é tão difícil juntar algumas peças nessa sua cabeça?! — minha raiva aumenta a cada palavra que sai da minha boca — Eu estava quase morto por causa daquele remédio, você sabe muito bem como eu ficava, Pietra só se aproveitou da situação e você caiu na dela! — digo exasperado de braços abertos a olhando enquanto ela caminha de um lado para outro — Acredite se quiser, eu simplesmente cansei de tentar fazer você acreditar em mim, você não confia em mim! Por que eu ainda insisto em tentar alguma coisa com você?

— Ontem foi bom demais pra ser verdade... Aí está o Rafael babaca de novo! — ela diz apontando para mim e balança a cabeça revirando os olhos.  Odeio quando ela fica assim. Passo as duas mãos no cabelo tentando aliviar o sentimento ruim no peito, mas não passa.

Ela continua falando coisas que eu nem prestei atenção, mas que contribuiu muito para que eu ficasse a ponto de perder o controle...

— Não, Lola!  — grito quando já estou diante dela. Sua feição de susto e medo machuca, mas não me importo — Aqui está o Rafael estúpido e apaixonado, mas que cansou de correr atrás de você! — continuo gritando botando tudo pra fora — Eu to jogando a toalha, Lola... Não aguento mais ter que me explicar, ter que rastejar... Não quero mais!... — as palavras deixaram um gosto ruim na boca e uma dor no peito, mas eu já falei — Acabou... Se é que ainda tinha algo — digo um pouco mais calmo e não tenho coragem de olhá-la após baixar os olhos.

Apenas ouço seus altos suspiros quando dou-lhe as costas passando as duas mãos na cabeça tentando me acalmar, tentando regular minha respiração, mas simplesmente parece que perdi essa capacidade.

— Aonde você vai? — pergunto após vê-la caminhar para longe dali.

— Embora — ela diz ainda caminhando. Piso tão forte quanto ela em sua direção e a puxo pelo braço.

— Entra no carro — digo sério e firme a olhando, tentando me controlar.

— Não vou! — ela grita comigo e vejo seus olhos marejados.

Eu aperto seu braço e sei que mais um pouco estarei machucando, mas apenas a arrasto até o carro e ela começa a se debater batendo em mim que mais se parece carinho.

— Entra no carro antes que eu perca o resto da minha paciência com você — digo mais uma vez e a solto brutamente, fazendo-a cambalear levemente, encostando a lata do carro.

Eu vejo o medo de mim em seus olhos e isso é como uma faca no meu peito.

— E se você perder vai fazer o que, huh? — ela diz firme, me fuzilando com os olhos — Vai me bater, ou melhor, vai me matar? Afinal é só isso que você faz não, é? Machuca as pessoas, mata — suas palavras me ferem porque ela acha que eu seria capaz de machucá-la, mas apenas aumentam ainda mais a raiva dentro de mim.

Deus...

— Entra na porra do carro logo — digo lentamente entre os dentes tentando me controlar, olhando-a de uma forma que sei está a assustando.

Ela abre a porta, afunda no assento do passageiro e bate a porta com força. Caralho, eu preciso me acalmar, preciso muito. Entro ao seu lado e bato a porta com força, fazendo-a tremer e se encolher ao meu lado.

Meus dedos apertam com força o volante enquanto dirijo rápido pelas ruas, cortando os carros sem me importar muito com radares. Ela olha para fora e vez ou outra solta suspiros. Eu sou tão estúpido. Sou assim mesmo, vou guardando, guardando e guardando até não aguentar mais. O fato dela não confiar em mim não me agrada e apenas piora a situação.

Paro frente ao seu prédio e ela nem se dá o trabalho de se despedir. Abre a porta, bate a mão sobre o painel e salta para fora, batendo com força a porta e corre em direção à portaria, logo depois sumindo correndo dentro do prédio. Quando meus olhos vão para o brilho vindo do painel vejo o colar que lhe dei ontem. Suspiro fundo tentando me acalmar, mas soco o volante várias vezes. Saio e vou para casa para me acalmar antes que eu faça alguma merda.

 

LOLA THOMPSON POINT OF VIEW

Assim que chego em casa nem me dou o trabalho de falar com Mike e Federico na sala, apenas atravesso rapidamente em direção ao meu quarto e me tranco lá, escorando na porta até o chão enquanto as lágrimas tomam conta de mim com toda força.

Agora sim estou convicta que foi o fim. Agora sim vejo que chegamos ao fundo do poço com esse sentimento que antes nos trouxe felicidade. Eu não sei o que pensar, minha cabeça não raciocina direito enquanto aperto os fios de cabelo na cabeça, tentando ao máximo segurar o grito na garganta. Ele é tão estúpido! A forma como gritou comigo, como me segurou, não é o Rafael que eu achava que conhecia, simplesmente não é! Preciso quebrar alguma coisa, preciso socar alguma coisa.

Porta retratos com fotos que realmente não quero nem pensar em ver agora, mas é em vão. Meus dedos deslizam enquanto soluço pelo seu rosto perfeito na foto em que sorrimos. Jogo-o contra a parede mais próxima e apenas vejo os estilhaços de vidro partindo-se em micros pedaços. Faço isso com todos os outros dois e rasgo todas as fotos nossas que estavam presas no mural. A raiva é tanta que tira a minha capacidade de raciocinar, de pensar claramente. É um sentimento tão ruim dentro do meu peito que não queria sentir mais.

Eu sabia que esse amor ainda iria acabar comigo, e bem, acho que está acontecendo agora.


Notas Finais


VAMOS AOS BABADOS
1. QUEM AI QUER UM COLAR IGUAL O DA LOLA LEVANTA A MAAAAAO! Õ/// aff queria #INVEJA
2. MEU NICOLAS FOI ADOTADO GENTY! COMASSSSSSIM?
3. É você quem paga a conta de água? Ah tá, só pra saber! AMEEEEEEEEEEEEEEEI HAHAHAHAHAHA
4. COMO ASSIM ELES TERMINARAM?
HAN
NÃO, NÃO PODE SER!
MAS
não vou falar nada hahahahaha
as coisas vão começar a mudar um pouco daqui pra frente, e sinceramente estamos nos encaminhando para o final de Criminal Love. EU JÁ TO ESCREVENDO O FINAL E CHORANDO HORRORES! AAAAAAAAAAAAAAAAAA NÃAAAAAAAAAAAAO não vou saber viver sem esses dois babacas brigões da minha vida!

mas enfim amores, obrigada por tudo, por todos os comentários e vocês sao demais!
Até o próximo babado que vai ter viu hahah
AMO VOCÊEEEEEES <3333


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