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História Criminal Love - Name


Escrita por: Senara

Notas do Autor


Olá!
Quero que saibam que eu li todos os comentários e amei cada um deles! Obrigada! E entrei hoje para tentar responder e postar porque é o meu padrão, mas tive problemas com a net então ou postava ou respondia. Como vou viajar semana que vem, vou ficar um tempo sem postar então achei justo deixar esse capítulo para vocês na minha ausência mas prometo que respondo tudo logo, logo!
XOXO

Capítulo 28 - Name


Fanfic / Fanfiction Criminal Love - Name

Há vários jeitos de se lidar com o abandono.

Você pode entrar em uma depressão profunda, sem sair do quarto e não comer coisa alguma a não ser sorvete. Pode ficar furiosa e gritar com todo mundo, quebrar coisas e no final, sentir o arrependimento de ter quebrado a louça milenar da sua bisavó. Ou pode ficar chorando o dia inteiro, ouvindo músicas sobre términos e amor perdido, abraçada com uma almofada velha.

E tem o jeito Ayuzawa Misaki. Que é berrar por tudo, bater a cabeça em coisas duras e maltratar os homens em geral. Não podemos nos esquecer desse detalhe: prender mais de vinte criminosos em duas semanas e todos eles com um estereótipo em comum: cabelos loiros.

Misaki estava agora na sala de interrogatório, onde tinha pego mais um sequestrador famoso: Takishima Aoi. Aquele em particular não estava colaborando e ela precisava se segurar com todas as forças para não enfiara caneta que segurava no cérebro dele. Respirou fundo e rabiscou mais algumas palavras na ficha dele. Perigoso, pego em flagrante, anos de detenção... Ela queria estar alheia a tudo. Não suportava escutar o dedo de Takishima batendo nervosamente na mesa de metal, ou os passos ansiosos de Kanou pela sala ou até mesmo das engrenagens do cérebro funcionando. Todo e qualquer barulho a irritava e de algum modo a fazia se lembrar de Usui Takumi.

- AAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHH! – Berrou quando o nome lhe veio a mente. Odiava pensar nele! E o único meio que achava para conseguir parar era sentir dor. Então, bateu a cabeça com força conta o metal. Os papéis e lápis saltaram antes de rolarem para o chão. – ALIEN PERVERTIDO IDIOTAAAAA!

- Misaki... – A voz de Kanou chamou, assustada, do outro lado da sala.

Ela só percebeu que a testa estava sangrando quando pingos escarlates coloriram a mesa cinza.

- Merda. – Sussurrou. – Eu estou bem. – Limpou o corte com a manga da camisa e levantou o olhar. – Vamos continuar.

Mas não parecia que Takishima Aoi estava mentalmente estável. Ele tremia na cadeira, projetando os braços para frente para se proteger e os olhos arregalados a encaravam como se ela fosse um monstro.

- S-Senhor... – A voz dele tremia. Misaki ergueu a sobrancelha. – Pode me interrogar ao invés dela?

Kanou surgiu no campo de visão dela.

- Não está em posição de fazer pedidos. – Declarou, ajeitando o óculos no rosto. – Sugiro que responda as perguntas logo. Ayuzawa não é muito paciente.

Ela semicerrou os olhos, como que para confirmar a afirmação.

- E então? Vai me dizer o nome dos seus comparsas ou não? – Abaixou o timbre da voz, para frisar que estava ficando irritada.

- E-eu... eu... – A cada segundo, ele se espremia mais contra as costas da cadeira. Parecia querer se esconder lá.

- Eram três, não eram? – Algo sinistro parecia pairar ao redor dela, uma aura assassina e violenta.

- T-três? – Como tinha se afastado ao máximo, agora se encolhia para baixo.

- Não vai me responder? – O resto de calma que possuía evaporou e Misaki começou a levantar.

- T-três homens... velhos... com...

- Sim? – Completamente ereta, sentia que a aura que a cobria estava se estendendo pela sala e o ar pareceu esfriar.

- N-não lembro...

- NÃO LEMBRA?! – Foi a gota d’água. Misaki saltou por cima da mesa e o agarrou pelo pescoço. A cada sacudida que dava, parecia que a cabeça dele ia soltar como uma rolha de champanhe. – POIS EU VOU ARRANCAR SUAS MEMÓRIAS PELA RAIZ, SEU...!

- Misaki! – Kanou gritou, tocando seu ombro de leve. – Lembre-se do que Hanabusa-san disse.

Ela se lembrava e muito bem. Contra a sua vontade, contou até trinta, depois até sessenta e largou o homem no chão, que chorava feito uma garotinha assustada.

- Maioridade penal. – Sussurrou como um robô. – Vinte e cinco anos, para começar. Trabalho voluntário recolhendo lixo de caçambas se sair antes por bom comportamento.

Virou-se e foi embora, deixando Kanou e seu vigésimo sétimo bandido em duas semanas, para trás.

Duas semanas.

Faziam quatorze dias desde que não ouvia notícia dele. Tinha prometido que ia encontrá-la na Agência para confessar tudo e poderem ficar juntos. Depois de deixá-la mais de três horas esperando, Misaki recebeu a notícia de que ele foi visto em um aeroporto. Foi até a mansão dele verificar e estava completamente vazia. Ele tinha ido embora e Misaki nem sabia para onde. Hanabusa não permitiu que ela fosse também porque disse alguma besteira sobre ela não saber onde procurá-lo. Enfim, o ódio pelo alien só aumentou. Nunca tinha se sentido tão traída.

Toda sua raiva inicial se tornou frustração e ela decidiu que iria voltar ao que era antes, só que dessa vez, estava mais intensa e impiedosa. Lembrou-se, com um sorriso lhe passando pelos lábios, quando perseguia um bandido sábado passado e atirou um rolo de macarrão contra a cabeça dele. O maldito rolou rua abaixo antes dela pular em cima e o algemar. Era a única arma que tinha encontrado no restaurante onde ele estava. Era revigorante prender todos aqueles infratores em tão pouco tempo. Devia ter batido um recorde.

Seguiu pelo corredor, chegando as escadas e escalando-as com muito esforço. Tinha que chegar logo a saída. Só queria ir para casa. Ver Suzuna e Hinata. Talvez eles pudessem alegrá-la.

Mas tudo aquilo não passava de uma distração.

Misaki sonhava com ele de noite. Todos os dias. Ela o via segurando o corpo de Miyuki como se fosse filha dele, via seu sorriso diabólico, os olhos intensos que sempre pareciam estar guardando um segredo interessante, ele vestido de Romeu quando se conheceram, segurando-a no colo e pulando do terceiro andar do Café, na banheira com ela e beijando seu pescoço, os dois se beijando na mansão, ele dizendo que não tinha desistido deles... E sua expressão quando os olhos verdes disseram para ela o que a boca não dizia.

Eu te amo, Ayuzawa.

Usui... Percebeu o que estava pensando e atirou a cabeça para o lado, visando atingir a parede do escritório, mas ao invés disso, trombou com alguém.

- Ai! – A voz era melodiosamente familiar. – Misa-chan?

Era Sakura. Mesmo com a perna enfaixada e mancando um pouco, ela continuava elegante e meiga.

- Ah. – Disse, sem ânimo nenhum. – Desculpe, Sakura. Eu não te vi.

- Você está bem, Misaki? – Os olhos grandes e castanhos brilhavam de preocupação.

Ayuzawa percebeu que ela segurava uma cesta de frutas e tinha alguns talheres ali.

- O que é isso?

- Oh, isso. – Sakura pareceu só agora perceber o que segurava. – Estava na minha mesa, de Masaro Gouda. Acho que é um admirador. Sempre deixa presentes e cartas de amor.

- Que romântico. – Misaki lembrava muito um zumbi.

- Eu vou devolver para ele e pedir desculpas. – Os dedos dela se apertavam nervosamente. – Não posso aceitar os sentimentos de ninguém a não ser do Kuuga-kun.

- Pode me emprestar essa faca? – Ficar ouvindo sobre relacionamentos fiéis era como enfiar agulhas nos ouvidos.

Sakura engasgou.

- A faca?! Por quê?!

- Preciso enfiá-la no pé, para sentir dor. – Ela dizia aquilo com tanta casualidade como se recitasse a lista de compras.

O queixo de Sakura caiu quando percebeu que a testa de Misaki sangrava.

- Eu sei que não está passando por um bom momento, mas...

- Eu não vou me matar. Não vale a pena viver por homens, quem dirá morrer. – Cruzou os braços. – Só preciso sentir dor.

Hanazono pareceu se animar.

- Nesse caso... – E lhe deu um peteleco forte na testa. – Pronto!

- Não fez nem cócegas. – Declarou, séria. Os olhos de Misaki avistaram uma régua na mesa próxima. Rápida como uma cobra, deu o bote e acertou a cabeça duas vezes. Algo estalou e queimou ao lado da testa e ela respirou, aliviada. – Pronto, me sinto bem melhor.

- M-misaki... – Os olhos castanhos lacrimejavam. – Por favor... não faça mais isso!

- Eu preciso ir. – Devolveu a régua e marchou para fora. – Nos vemos depois.

Do lado de fora estava um caos. Carros para todos os lados, pessoas andando, casais se beijando e luzes piscando. A enxaqueca de Misaki não podia estar mais forte. Tentou ignorar tudo e continuou andando.  De súbito, lembrou de Igarashi Tora. Fazia um tempo que ele não aparecia, nem a irmã dele. Yukimura vivia reclamando sobre ela ter desaparecido, mas Misaki não prestava mais atenção. Deve ter caminhado mais rápido do que imaginara, porque já tinha chegado em casa.

O portão abriu e ela não cumprimentou Lucius. Não fazia questão. Pegou o elevador e entrou no apartamento. Como esperado, Suzuna estava no sofá, assistindo o noticiário e Hinata na cozinha, preparando alguma coisa.

- Cheguei. – Anunciou, sem muito entusiasmo.

- E ai, Misaki-chan? – Ele ergueu uma panela em saudação. Era impressão dela ou Hinata estava usando um avental?

- Bem vinda de volta, onee-chan. – A pequena acenou do sofá. – Acho que vai querer ver isso. – E apontou para a tela da TV.

Misaki ergueu uma sobrancelha, mas se juntou a irmã mais nova e tentou prestar atenção nas noticias.

“...encontraram corpos dilacerados flutuando nos esgotos de Milão, Itália. Todos os corpos tinham semelhanças que não podem ser coincidência. Além de terem sofrido formas horríveis de tortura, trajavam terno e tinham o  registro de trabalho originário do Japão. Estes homens faziam parte da segurança pessoal de Sakakibara Erika, a desaparecida esposa do milionário Sakakibara Hyuuga que contratou equipes de busca para encontrá-la. Sakakibara Erika foi vista pela última vez no aeroporto internacional do Japão, mas está já está desaparecida há duas semanas e os sequestradores ainda não entraram em contato para fazerem exigências, mas as autoridades dizem que...”

- Só pode ser obra dele. – Misaki fitou o nada, imaginando os dedos apertando aquele pescoço mais uma vez. – Ele está em Milão.

- Não acho que ele seria descuidado a ponto de deixar pistas. – Hinata disse enquanto ia para o sofá e sentava ao lado de Misaki. – Quero dizer, o cara é esperto. Só ia permitir que soubessem de alguma coisa sobre ele se quisesse ganhar algo com isso.

- Acha que ele tentou mandar alguma mensagem? – Suzuna apertou os olhos, a procura de algo suspeito. – Não vejo nada.

- Talvez não seja algo tão simples... – A detetive sentiu o peito murchar.

“Oh, nossa equipe acaba de relatar que encontraram um pedaço de papel no bolso de um dos mortos, contendo uma mensagem.”

Ambas Ayuzawas encararam Hinata.

- Caramba! – Ele gritou. – Eu tive um pedágio!

- É presságio, You-kun. - Suzuna não desviou os olhos da TV. - Presságio.

“A mensagem diz... Espera. Isso aqui está certo? Tudo bem, então. A mensagem diz: ‘Qual a cor da sua roupa íntima de hoje, Presidente?’. As autoridades especulam se refere-se ao presidente da Itália ou do Japão. O captor estaria mantendo uma relação homossexual com algum presidente?”

Misaki ouviu o cérebro pifar. As sinapses entraram em curto e os neurônios passaram a esganar uns aos outros. Enquanto sua mente se autodestruía, todo o sangue se aglomerou em suas bochechas, fazendo-as queimar como um vulcão. Agarrou as almofadas no sofá e sentiu as unhas cortarem o tecido lentamente.

- Do que é que ele está falan...? – Hinata parou de falar de repente. Achava que Suzuna o tinha impedido de continuar.

Parecia estar em outro plano. Flutuava na imensidão escura, sem saber o que fazer. Soube que ia desmaiar e se recusou a aceitar aquilo. Ia ficar firme e forte e ia continuar seu trabalho e sua vida. Não podia simplesmente parar por... Ah, mas que merda! Dane-se!

- COMO SE EU FOSSE TE FALAR, USUI, SEU IMBECIL!!!

Então o corpo superaqueceu e ela se permitiu despencar no sofá.

...

- E então? Qual dedo será que eu devo cortar hoje? – Cantarolou alegremente antes de se deter ao lado dela. – Ah, não, espera. Não sobrou nenhum. – Analisou os cotocos que estavam projetados onde antes, dedos esguios e donos de unhas perfeitas residiam. – Talvez eu deva começar a cortar os dedos do pé agora...

Erika ganiu e choramingou. Usui não dava a mínima para o que ela estava sentindo, mas gostava dos sons de agonia. Os gritos, choros, soluços... eram como Mozart para ele. Deu dois passos para trás, visando analisar sua obra e se autocongratular mentalmente pelo belo trabalho que estava fazendo. Erika estava presa a correntes e tiras de couro a uma cadeira desconfortável de metal. Mas não era só isso. As mãos estavam enfaixadas – Usui não queria que ela tivesse hemorragia e acabasse com a brincadeira – porque os dedos não existiam mais e o sangue precisava ser contido. Ela estava careca (0,01% da vingança pelo que fez com Miyuki) e cheia de hematomas. Amordaçada de novo. Aquilo sim era um deleite.

A parte preferida de Usui era que os pés dela estavam em uma tina de água. Quando não tinha paciência para cuidar dela como vinha fazendo há duas semanas, simplesmente ligava a máquina de choque e permitia que ela se contorcesse um pouco. Divertido, mas não era tudo. Mesas de cirurgião ladeavam o local escuro com as mais incríveis e peculiares armas e artimanhas. Um verdadeiro arsenal. Ás vezes cortava filetes da perna dela com o bisturi apenas para observar o sangue escorrer e coagular enquanto ela agonizava.

Mas a nova vida de Usui em Milão não era só Erika. Também se preocupava com os seguranças de Erika. Já tinha assassinado vários deles usando os métodos de tortura que estava desenvolvendo – acabava se descontrolando e os matava rapidamente, o que acabava com a diversão – mas ainda sobraram alguns. Shiroyan os estava pesquisando e pelas suas contas, só faltavam quatro. Logo, logo, poderia extinguir essa raça imunda. É claro que Erika seria a última.

Tinha feito um acordo com Igarashi Tora. Usui esquecia que ele atentou contra ele e sua Misaki – apenas se lembrar de seu nome fazia o coração doer – e Tora o assessorava em transformar o resto da vida miserável de Erika em um completo inferno. É claro que ressentimento por ela ter mandado atirarem nele estava fora de questão. Usui desprezava Tora, mas Erika... Era uma simples questão de necessidade. Ódio mortal e vontade incontrolável de fazê-la sofrer tudo o que Miyuki sofrido e muito mais.

Foi muito fácil raptá-la. Assim que ele e Shiroyan desceram do avião, forjaram um motorista e a levaram para a casa de veraneio de Usui em Milão. Ela estava sendo mantida em cativeiro no sótão escuro e nojento da casa desde então. Usui não podia estar mais feliz. A não ser que... Não. Não podia pensar nela agora, ou olharia para trás e se lembraria de tudo. Toda a dor voltaria.

 - Olha só. – Observou entretido ela se debater e tentar gritar. – Parece que quer dizer alguma coisa. O que quer que seja, não deve ser muito interessantes, mas estou entediado. – Deu de ombros e tirou a mordaça.

- Takumi-kun, por favor! Eu não aguento mais!

- Do que está falando? Nós nem começamos. – Inspecionou uma cerra cega na mesa mais próxima.

- Estou implorando! – Gritou de novo, as lágrimas se misturando ao apelo. – Me deixe em paz, por favor!

- Miyuki também implorou para você. – Observou. - Adiantou de alguma coisa?

- Eu... eu tenho algo para contar! Algo de valor!

- Mal posso esperar para ouvir. – Cruzou os braços. Não podia estar mais insatisfeito com a falta de gritos. – Elucide-me.

- Dinheiro! – Erika berrou. Era mais que óbvio que ela estava inventando. – Muito dinheiro! E eu posso dá-lo a você!

- Eu estou há algumas notas de me tornar multimilionário. O que mais? Se não for muito bom, corto a sua língua por me forçar a ouvir a sua voz hoje.

- Eu posso... – Erika fazia um esforço para inventar algo bom o bastante. - Posso conseguir Ayuzawa Misaki para você!

Usui descruzou os braços.

- O que você disse?

Ela sorriu e Usui reparou que estavam faltando alguns dentes. Ah, sim. Foi quando a acertou com um taco de baseball na semana passada.

- Disse que posso trazer Ayuzawa Misaki de volta para você! Basta uma ligação e...

E nada. Usui segurou a mandíbula dela para que ficasse bem aberta e pescou a língua rosada, puxando-a para fora e a mantendo esticada.

- Agora você vai entender a expressão: “se for para dizer besteiras, que cortem a língua”.

Ela tentou protestar, em vão.

- Eu não quero ouvir esse nome. Nunca mais. – Os orbes estavam tão escuros que pareciam negros. – Vou fazê-la se arrepender de tê-lo pronunciado com essa boca nojenta.

Erika tentava puxar o órgão de volta loucamente, mas estava de mãos atadas, literalmente. Usui pegou o alicate com alguma dificuldade e o expandiu ao redor da língua dela. Apenas uma mudança de pressão e...

- Suas últimas palavras?

Não esperou uma resposta. Ouvindo os gemidos desesperados, fechou o alicate e observou a língua cair no colo de Erika, enquanto a boca se enchia de sangue e se atropelava em engasgos e gritos de dor.

- Bem, estou faminto. Vou ver o que tem para o almoço. – Devolveu o alicate de volta ao lugar, e foi em direção a porta, fechando-a devagar para ter a última visão de Erika agonizando e vomitando. – Eu volto mais tarde para lhe desejar uma boa noite! – Expandiu um sorriso sádico antes de fechar a porta e trancá-la com um clique.

Usui não se sentia tão bem e relaxado há décadas. Não tinha o menor remorso pelo que tinha feito com os seguranças e pelo que fazia com Erika. Nem mesmo perdia o sono por eles, mas dormiria bem melhor se não visse o rosto de sua Julieta quando fechava os olhos. Era como se eles estivessem impressos nas pálpebras dele. Bastava uma piscada mais demorada que os olhos âmbar logo o estavam encarando de novo.

 Será que estava enlouquecendo?

Em um impulso na noite passada, quando largava os corpos no rio, escreveu uma mensagem para ela, esperando que encontrasse. Mas era ridículo. Ela nunca leria. Estava no Japão, a milhas dali. Tentou se conformar de que nunca mais a veria. Que ambos estariam melhor assim, mas algo em si apenas sabia que era atraído até ela. Eram como ímãs. Achou que o tempo o ajudaria a superar, mas sentia tanta falta dela agora quanto há duas semanas.

Respirou pesadamente, subindo os ombros de modo dramático.

Chegou a sala de estar e sentou em uma das cadeiras almofadadas. Mesmo em outro país, não podia se dar ao luxo de ser encontrado, então escolheu uma casa menor e mais simples no subúrbio de Milão. Usui esticou os braços, se espreguiçando. Quase que imediatamente escutou suspiros e vozes alvoroçadas. Virou o rosto devagar e mexendo o cabelo, apenas para ouvir mais gritos e suspiros apaixonados. Um bando de empregadas jovens estava aglomerado a porta da cozinha, o espionando. Bem, não estavam exatamente tentando ser sorrateiras.

Usui sempre se perguntou porque não tinha empregadas jovens, e quando via o comportamento delas, se lembrava do motivo.

- Olá. – Resolveu cumprimentar.

Então elas berraram de novo – e uma delas desmaiou – como se ele tivesse recitado Shakespeare ou feito uma declaração de amor melosa.

- Ah, puxa... – Já que se encontrava em uma situação como aquela, ia aproveitar. – Estou com tanta sede, será que poderiam...

Vários copos com água foram empurrados em direção a ele ao mesmo tempo. Elas eram rápidas. Formavam um círculo ao redor dele, observando e cochichando pateticamente.

- Obrigado, senhoritas. Vocês são muito gentis.

Dessa vez, ele tinha certeza que mais de uma tinha desmaiado, apesar da maioria ter berrado tão alto que ele teve que impedir a si mesmo de fazer uma careta.

- Por acaso alguma de vocês viu o meu segurança?

Elas se calaram e se entreolharam. Ele podia sentir que travavam uma competição silenciosa para ver quem encontraria o homem primeiro.

- O nome dele é Shiroyan e provavelmente está no escri... – Não tinha mais ninguém ali. Elas saíram correndo e o deixaram sozinho. – ...tório. – Completou para ninguém em particular. – Foi um prazer conversar com vocês.

- Usui-san? – Como que conjugado, Shiroyan apareceu, segurando uma pasta. Era estranho vê-lo sem o terno de sempre, mas como estavam mantendo a discrição, ele tinha passado a se vestir com roupas casuais.

- Eu acabei de mandar um bando de mulheres para você. Não podia ter esperado mais um pouco?

- Eu vi, senhor. – Ele explicou, sentando de frente para Usui. – É por isso que me escondi.

- Esperto. – O chefe deu de ombros mentalmente. Não era todo dia que via um homem fugindo de vinte mulheres vestidas de empregadas.

- Usui-san. – Chamou de novo e parecia muito desconfortável. Não parava de se remexer na cadeira. – Por que não para com essa loucura e volta para o Japão? Tenho certeza que ela vai te perdoar se o senhor...

- Você veio até aqui para me fazer perguntas idiotas e me irritar? Porque se era o seu plano, está dando muito certo.

- Eu só... – Shiroyan suspirou e estralou o pescoço. – Acho que o senhor é melhor do que isso.

- E eu acho que isso não é da sua conta. – Usui arrastou a cadeira com um ruído e estava saindo quando Shiroyan segurou seu pulso por cima da mesa. – O que você...?

- Eu entendo que você sofreu muito, senhor! Entendo de verdade e se pudesse, aceitaria toda sua dor para livrá-lo disso... mas é impossível. E também sei que está muito machucado de novo por Miyuki e por Misaki, mas o mundo não gira ao redor do senhor! Tudo bem, talvez gire. Mas não é isso que eu quis dizer! Eu ainda acredito em você, Usui-san! Sei que odeia ouvir o nome “Misaki” porque ainda a ama e não consegue esquecê-la! E depois de tantas trevas e todo o horror que teve que suportar, o senhor encontrou alguém que pode lhe trazer felicidade! – Shiroyan gritava e gesticulava como se estivesse em uma peça de teatro, mas não quebrava o contato visual. Seus olhos cinzentos pareciam tristes e preocupados, mas com uma pitada de esperança. – Por que não se permite ser feliz, Usui-san? Por que não deixa que ela te mostre as partes boas da vida também? Abandone todo esse ódio e rancor e volte para o Japão. Volte para Misaki. Eu o apoiarei, senhor. E não sairei do seu lado mesmo que me mande embora, porque eu acredito em você e sei que é capaz de boas ações também.

Usui esteve calado durante todo o discurso e manteve os olhos arregalados e perplexos. Shiroyan nunca tinha falado com ele daquele jeito. Nunca. E mesmo agora... Foi como se ele tivesse jogado uma bomba na cara de Usui.

- Quando der um discurso de moral, Shiroyan, não use “san” ou “senhor” isso o faz perder o respeito. – Ia se soltar bruscamente, mas o segurança o largou.

- Quando você sabe que está errado, usa o sarcasmo para mudar de assunto. – Ele disse, se aproximando do chefe. – E sabe por quê? Porque sabe muito bem que estou dizendo a verdade e porque o que você realmente quer é voltar correndo para o Japão e para Misaki.

- Não fale o nome dela...

- Acha mesmo que se eu parar de falar o senhor vai parar de pensar nele? – Shiroyan soltou um riso soprado e sem humor. – Você sabe que é verdade, Usui-san.

- Pare de falar, Shiroyan.

- Sabe que é verdade. – Repetiu, antes de marchar para fora e sussurrar, triste: - Vou estar no escritório se precisar de mim.

Usui esperou ele sumir para dizer a si mesmo:

- Infelizmente, Shiroyan, eu sempre preciso.

...

Kuuga perdeu todas as esperanças naquela manhã.

Sakura havia dito que o tiraria dali logo, mas já tinha se passado tanto tempo... Tinha tentado ligar para ela de novo, mas o celular nem tocava. Perguntou a si mesmo se tinha acontecido alguma coisa ruim com ela, mas se tivesse, iam ter entrado em contato com ele. Então por que raios...?

Deu um suspiro teatral e atirou a cabeça para trás, tentando absorver a vitamina do sol. Era o dia no qual eram levados para o pátio. Todo aquele papo de ficar ao sol e interagir com todo mundo. Não fazia diferença. Kuuga só conversava com Kuro e procurava ficar na sombra sempre que podia, mas desta vez, tinha escolhido um banco banhado de luz.

- E ai, loirinho? Quer jogar basquete?

Era aquele cara de novo, o tal de Quebra-Ossos. Não sabia se era o apelido ou a cara feia, mas Kuuga não gostava dele. Era famoso por conseguir quebrar os ossos de qualquer um apenas com as mãos. Bem, digamos que Kuuga não estava muito ansioso para averiguar se era verdade.

- Não, valeu. – Respondeu, carrancudo. – Não estou a fim.

- Ah, qual é, bebê. – Eles o chamavam assim porque era o único ser de aparência boa naquele lugar e tinhas os cabelos mais bonitos também. E exatamente por isso, não era deixado em paz. - Vamos ver do que é capaz!

- Eu já disse que não.

- Ora, ora, vamos ver se eu consigo fazer você mudar de ideia... – Esticou a mão grotesca em direção a ele e Kuuga sentiu o corpo ficar tenso com a expectativa de uma briga, mas antes disso, alguém o puxou pelo braço sem nenhuma gentileza.

- Ei, anãozinho! – Montanha berrou. – Estão chamando você para dentro!

- Por que não vai correr atrás do próprio rabo ou marcar seu território em outro lugar? – Tentou se soltar, mas o ogro forçou o aperto.

- Escute aqui. – E apontou o dedo de salsicha para a cara dele. – Quando chegar a sua hora, eu vou adorar poder te espancar.

Kuuga abriu um sorriso de escárnio.

- Pois é. Quando chegar a hora. – E dessa vez conseguiu se soltar. – Mas ainda não chegou. Então, seja um cão bonzinho e me leve até o seu dono.

A carranca de Montanha estava tão furiosa que parecia que iria soltar fogo pelas ventas. Agarrou os braços de Kuuga e o puxou para dentro.

- Anda logo.

Passaram pelas portas duplas, guardas e corredores até chegarem a uma porta metálica e grande. Kuuga nunca tinha estado naquela parte da construção antes.

- Você tem uma visita, anãozinho. Dez minutos.

O coração de Kuuga apertou e ele pensou: Sakura.

Algemaram suas mãos e ele ficou encarando a porta, querendo atravessá-la em um pulo. Os guargas a abriram com um ruído e ele entrou praticamente correndo.

Então, sua esperança murchou e ele arregalou os olhos, confuso.

- Shizuko?

Não era possível ver os olhos dela através do óculos espelhado, mas Kuuga sabia que estavam sérios e frios.

- Olá, Sakurai. – E cruzou os braços. – Há quanto tempo.


Notas Finais


Atendendo a vários pedidos, um pouco de tortura para a Erika.
XOXO
P.S. Agradeço a descrição do "dedo de salsicha" a leitora Hinata15Hyuuga! kkk eu disse que ia usar!


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