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História Criminal Love - I am back


Escrita por: Senara

Notas do Autor


Galera, primeiro de tudo, eu gostaria de pedir desculpas, porque calculei errado...
Eu tive que fazer um capítulo a mais para esclarecer as coisas, então, agora sim faltam quatro capítulos e a cerimônia será no próximo, que eu pretendo postar logo.
Mais uma vez, me desculpem pelo erro e espero que entendam mais ou menos como as coisas vão funcionar a partir de agora.
XOXO

Capítulo 41 - I am back


Fanfic / Fanfiction Criminal Love - I am back

Misaki bebericou o chá antes de responder a irmã.

- Não sei. Eu não quero morar em uma mansão.

A mais nova havia perguntado onde ela iria morar depois que o bebê nascesse. Apesar de Suzuna ter deixado claro que adoraria continuar a dividir o apartamento com a irmã e o futuro sobrinho, ou sobrinha, achava que Usui iria preferir um lugar especial para os dois. E ambas tinham fortes motivos para acreditar que ele iria sugerir a mansão.

No entanto, depois de sua vida estável e calma ter passado por um liquidificador, Misaki queria um pouco de normalidade. E morar em uma mansão de milhões de dólares não iria ajudá-la a recuperar a casualidade.

E havia outras coisas que a preocupavam também... como Usui levaria a vida depois de sair da prisão? Ele tinha crescido e se sustentado através de um único meio: roubando mulheres. Misaki duvidava que ele tivesse estudado ou cursado uma faculdade e ela não iria simplesmente bancá-lo. Tudo bem que ele ainda tinha uma fortuna considerável guardada, mas e depois que ela acabasse?

Ela suspirou e se recostou na cadeira.

Por que nada podia ser fácil com Usui Takumi?

Misaki decidiu voltar sua atenção para o chá. Fazia tempo que não comiam no “Naru” então decidiu marcar com a irmã para almoçarem com Hinata lá. Estavam esperando ele voltar, porque sempre que elas apareciam, Shintani fazia questão de cozinhar ele mesmo para as irmãs.

Foi só Misaki pensar nele, que o chef saiu da cozinha com um sorriso enorme impresso no rosto e segurando duas bandejas.

- Desculpem pela demora, é que hoje estamos cheios! – ele se aproximou e começou a fazer as apresentações: - para a Misa-chan, sushis recheados com salmão de ótima qualidade e molho shoyu a parte! – Hinata lhe entregou e ela agradeceu, sorrindo. – E para a Suzu-chan, rolinhos primavera e temakis de legumes! – depositou o prato na mesa – e também isso! – ele se inclinou e depositou um beijo doce na bochecha dela.

Suzuna riu e suas bochechas coraram.

- Bem, eu gostaria muito de mais um, por favor.

Antes de sentar ao lado dela, Hinata riu e lhe deu um selinho rápido.

Misaki engoliu um sushi ensopado de shoyu, sentindo a boca salivar, pedindo por outro. Era muito estranho ficar comendo por dois, mas ela gostava de sentir que o bebê estava sendo bem alimentado também. Tinha imprimido uma lista de comidas saudáveis para grávidas e que seriam favoráveis para o feto, sem falar nas consultas com a nutricionista e idas regulares à pediatra e ao médico.

- Ah, é! – Shintani exclamou, de repente, com a boca cheia do macarrão que trouxera para si. – Você já pensou nos nomes, Misa-chan?

 - Sim – respondeu, cobrindo a boca para engolir o resto. – Takanori, se for menino e Miyuki, se for menina.

- Oh! São muito bonitos! – ele sorriu. – E que tal Hinata?

Misaki riu e tocou a barriga de leve.

- Este é o seu nome! Não posso simplesmente dá-lo ao meu bebê.

- Ora... mas é um nome tão legal... – o chef fez um muxoxo.

- Deixe disso, You-kun! – Suzuna tocou seu ombro. – Eu lhe deixo escolher o nome do nosso filho!

- Ué, mas se eu for o pai, claro que vou ter que escolher!

- Não é verdade. – a Ayuzawa mais velha sorriu, maliciosa. – Eu escolhi os nomes sozinha, Usui não teve parte nisso.

- Oh, Misa-chan, como você é cruel! – ele cobriu a boca com as mãos. – Pobre Takumi...

- Ah, mas ele não se opôs aos nomes. – ela observou o chá avermelhado refletir o seu rosto distraído. – Na verdade, ficou muito feliz com a escolha da menina. Este nome... pertenceu a uma pessoa que foi muito importante para ele. Alguém que Usui amou muito.

Misaki não conhecera Miyuki, mas sua morte a abalou mesmo assim. Ela a vira nos braços de Usui e entendeu porque ele dizia que elas se pareciam. Ayuzawa não discordou em nenhum aspecto. Além de terem a aparência física extremamente similar, ambas tinham guiado Usui por caminhos além do que ele conhecia. Ela gostava de pensar que conhecera, ao menos, a essência dela. E podia ver partes de Miyuki também sempre que Usui tentava fazer algo bom... foi o legado que aquela criança inocente e cheia de amor deixara para ele.

Hinata pareceu refletir por um bom tempo antes de falar de novo:

- Nesse caso... – ele virou o rosto determinado para a namorada. – Suzu-chan!

- O que foi, You-kun?

- Se nós dois tivermos uma menininha, gostaria que ela se chamasse Minako.

Misaki engasgou com o chá e Suzuna ficou encarando-o de olhos arregalados.

- M-mas, You-kun... – a mais nova se esforçou para conseguir falar. – Este é o nome da nossa mãe.

- Eu sei. – ele continuava a sustentar aquela expressão determinada e a testa franzida. – Eu me lembro dela, de quando era mais novo. Sempre que eu as visitava, Minako me tratava como se fosse seu próprio filho. Era doce, gentil, preocupada, amorosa, bondosa e uma mãe incrível. Também lembro de quando o pai de vocês foi embora... ela passou por uma fase muito difícil para manter a casa e as filhas, mas fez o seu melhor... ela não teve o final que merecia, mas fez o que pôde por aquelas que amava... se algum dia nós tivermos uma filha, quero que seja incrível como ela.

Misaki mantinha os olhos arregalados, enquanto Suzuna sorria docemente para o namorado.

- Este é um sentimento muito bonito, You-kun... obrigada. – ela tomou o rosto dele entre suas mãos e lhe deu um beijo demorado.

A Ayuzawa mais velha não estava mais prestando atenção nos dois. Sempre que pensava em sua mãe, tinha a lembrança da mulher que tentou fazer com que a filha se prostituísse... da mulher inválida e fraca que repousou por tanto tempo, que mal conseguia mexer as juntas ou comer sem a ajuda de uma agulha. Nunca tinha pensado nela como forte, mas este breve discurso de seu cunhado tinha aberto os seus olhos, para essa situação e muitas outras.

- Já sei, já sei! – o grito de Hinata a puxou de seus devaneios. – O que acha, Misa-chan?! Pensei em fazer várias papinhas especiais de bebê! Todas cozinhadas por mim! Desse jeito, posso presenteá-la assim que ele nascer, e quando acabar, posso fazer mais sem nenhum problema! O que acha?

- Eu acho que perdi bem mais do que tinha imaginado.

Não foi Misaki quem respondeu aquilo, fora uma voz que veio de trás dela. A julgar pela expressão de assombro de Suzuna, não era boa coisa.

Ela se virou devagar para encarar a última pessoa que esperava ver naquele momento. O coração congelou e todos os seus músculos começaram a tremer. Aquilo não podia ser real... ela tentou chamar o nome dele, mas som nenhum saia de sua boca.

Por sorte ou por azar, Suzuna sussurrou, horrorizada:

- Pai?

- Olá, meninas... quer dizer que você está grávida, Misaki?

Tão rápido quanto a pegara, a impotência a abandonou.

- O que você está fazendo aqui? – seu tom foi cortante e frio.

- Eu voltei, meninas. – ele teve a audácia de sorrir. Sakuya estava igual ao que ela se lembrava, apenas com algumas rugas a mais aqui e ali, mas o mesmo rosto doce, o mesmo sorriso brincalhão... e a mesma cara idiota que as havia abandonado há dezessete anos.

Misaki sentiu os dedos de Suzuna apertarem os seus. Ela sabia, a mais nova sabia que ela estava perdendo o controle e que estava a um fio de estourar.

- Você... voltou? – ela conseguiu dizer, a voz tão irritada quanto ela se sentia. – E por que diabos você foi, pra começo de conversa?!

- Escute, Misaki...

- Não, escute você! – ela se colocou de pé, sentindo todos os nervos se agitarem a começarem a entrar em erupção, um por um, atiçando-a cada vez mais. – Você nos abandonou. Nos deixou a mercê de mais perigos do que pode imaginar, deixou mais dividas do que podíamos pagar, abandonou sua esposa e filhas, deixou que sua mulher morresse e então volta depois de dezessete anos e tem a ousadia de dizer “eu voltei”?! Quem você pensa que é?!

Ele, ao menos, teve a decência de parecer envergonhado. Misaki agradeceu por não estarem comendo no salão, ou aquele showzinho provavelmente já estaria na internet.

- Eu sei o que pensam de mim, mas eu posso explicar o que realmente aconteceu...

- Vá embora. – ela o cortou, sentindo as lágrimas arderem em seus olhos. – Vá embora, como foi da última vez. Deve ter sido fácil para você abandonar sua família. Sugiro que faça de novo, porque você já não a tem mais.

Sakuya a encarava com dor e horror. Ele sabia que ela não estava blefando.

- Misaki, por favor, só me deixe explicar...

- Não queremos ouvir nada de você.

- Onee-chan. – Suzuna chamou com a voz doce. – Eu... eu quero ouvir... o que ele tem a dizer.

- Suzuna... – ela encarou a irmã com perplexidade. – Depois de tudo que ele nos fez... você ainda quer ouvi-lo?

- É exatamente por ter nos causado tanto mal que eu quero saber quais foram os motivos dele. – ela estava agarrada ao braço de Hinata até aquele momento, mas o soltou para ir até o lado da irmã. – Se não quiser escutar, tudo bem. Eu entendo. Você foi uma ótima mãe para mim, e agora, é uma irmã incrível, e sei pelo que esse sujeito a fez passar. Sei que tem raiva dele, por isso não vou pedir que fique, mas eu gostaria de saber.

- Eu queria... queria poder ficar aqui com você. – Misaki desabou, deixando que as lágrimas que guardou por tanto tempo fluíssem todas de uma vez. – Mas não posso. Simplesmente não posso.

- Eu sei. – ela tentou lhe oferecer um sorriso compreensivo. – Pode ir, encontro com você depois.

- M-mas, Suzuna, não posso deixá-la aqui sozinha com ele...

- Não se preocupe, Misa-chan. – Hinata abraçou os ombros de Suzuna. – Pode ir. Eu não vou sair do lado dela.

Antes que mudasse de ideia, Misaki assentiu e saiu em disparada. Sakuya segurou o seu braço, mas ela se soltou com um puxão.

- Solte-me, seu verme!

E correu, para o carro, visando na mente o único lugar para o qual conseguia pensar em ir.

...

- Seu pai? – Usui ergueu uma sobrancelha loira.

- É...  – Misaki se remexeu na cadeira, olhando para a mesa cinza - ele chegou lá fazendo comentários sobre o nosso bebê, como se tivesse algum direito de fazer parte da minha vida.

- Achei que ele tivesse ido embora quando você era menor.

- E foi, mas agora ele está aqui de novo... depois de dezessete anos.

O namorado franziu a testa, claramente incomodado.

- O cara some por dezessete anos, depois aparece e diz “eu voltei”? – ele deu ênfase nas duas últimas palavras.

- Foi exatamente o que eu disse.

- O que mais ele falou?

- Ele ficou tentando se explicar, mas eu não quis ouvir e vim pra cá. – ela tirou um pequeno cassetete da bolsa, aquele que sempre mantinha consigo para o caso de precisar se defender, e começou a girá-lo em cima da mesa para tentar se distrair. Usui observou um tanto quanto preocupado, mas decidiu não comentar.

- Você deixou a minha cunhadinha lá? – ele pareceu mais curioso do que crítico.

- Hinata está com ela.

- Grande coisa. Ela estaria mais bem protegida envolta em plástico-bolha.

- Usui...

- Só estou brincando. – ele ergueu as mãos. – Por que você não quis ouvir o que ele tinha a dizer?

- Porque – Misaki sentiu o peito doer – eu o odeio. Ele nos abandonou. Não quero mais vê-lo enquanto eu viver.

- Eu acho que você devia dar uma chance a ele.

Foi como levar um soco.

- Como é?

- Primeiro, larga esse cassetete. Isso, obrigado. Só estou dizendo que você podia oferecê-lo uma segunda chance, como fez comigo. Ele pode acabar te surpreendendo.

- É diferente, Takumi – ela franziu a testa. – Ele era o meu pai. Era seu dever ter estado lá conosco, e no entanto, ele fez tudo de mal que podia ter nos feito.

- Ele te mandou para a Black Roses? – aquilo a calou imediatamente. – Não estou dizendo que ele não foi um babaca, ele foi. E dos grandes. Na verdade, agora que penso sobre isso... quer que eu mande alguém matá-lo?

- Não.

- Enfim, eu quis dizer que ele podia ter feito coisas piores. E, pelo menos, ele voltou...

- Eu queria que ele nunca mais voltasse, que as coisas continuassem do jeito que estavam. – Misaki enterrou o rosto nas mãos, exausta com tudo aquilo.

Ela sentiu as mãos dele procurando pelas suas e as enlaçando com carinho.

- Eu não. Sei que não esperava ouvir isso, mas eu quero que as coisas mudem logo. – o sorriso triste dele prendeu sua atenção. – A última vez que fizemos sexo foi há dois meses, naquele feriado. Eu sinto falta...

Misaki sentiu as bochechas corarem violentamente.

- P-por que você precisa ficar falando sobre isso?

- Porque eu gosto de lembrar dos nossos momentos bons. – ele encostou as costas novamente na cadeira. – Não se preocupe com o seu pai. Se você não quiser vê-lo, tenho certeza de que ele irá embora logo... por bem ou por mal.

Não era preciso ser um gênio para entender o que aquela frase realmente significava.

- Usui...

- Mas eu ainda acho que você devia ao menos ouvir o que ele tem a dizer antes de crucificá-lo com a sua mente sádica – a boca serviu de apoio para o indicador. – Seja qual for a sua decisão, eu vou apoiá-la.

Ayuzawa parou por um segundo e o analisou. Usui não parecia diferente. Continuava o mesmo homem que ela tinha visitado na semana anterior. Os cabelos estavam maiores e a barba estava por fazer, mas havia algo a mais...

- Você está diferente... – concluiu o pensamento em voz alta. – Está mudado. Parece mais maduro...

- Sabe aquela história de só valorizarmos as coisas quando as perdemos? – ele sorriu, um pouco perdido em pensamentos. – Eu sinto falta da minha liberdade, da minha casa, dos meus amigos... e o mais importante, sinto a sua falta.

- Não precisa exagerar, nós nos vemos todas as semanas.

- Para mim não é o bastante.

Ela o encarou por um tempo, sentindo aquele rebuliço estranho no coração que apenas Usui conseguia proporcionar. Era como se ele injetasse algo nela, apenas mantendo as esmeraldas fixas em seu rosto. Misaki não conseguia raciocinar direito, as bochechas coravam e o coração disparava como o de um cavalo em uma corrida. Era desesperador.

Misaki limpou a garganta e tentou voltar a si.

- Vai ter que ser o bastante por mais...

- Oito meses, treze dias, cinco horas e vinte e nove segundos.

Ela não tentou disfarçar o espanto.

- No começo estava sendo divertido, mas agora... – ele pressionou as têmporas – não vejo a hora de sair daqui. Ah, sim – Usui se ajeitou na cadeira. – Ouvi dizer que Igarashi Tora vai casar com a irmã dele mês que vem.

Misaki abriu a boca para responder, mas a porta de metal se abriu e o guarda anunciou que o tempo deles havia acabado.

- Bem, vejo você semana que vem. – ela tentou escapar o mais rápido possível, porque sabia o que ele pediria, mas não conseguiu. Ela piscou e Usui estava um passo a sua frente.

Como sempre.

- Por favor, pense no que eu disse sobre o seu pai. – as esmeraldas a fitavam intensamente. – E mais uma coisa, Presidente. Eu nunca vou deixar de exigir o que é meu por direito.

- Do que você está falan...?

Um selinho rápido foi estalado em seus lábios e depois ele abriu um sorriso enorme.

- Cuide bem da nossa filha, Misa-chan. – e foi indo embora devagar. – Diga a ela que o papai a ama.

...

Kanou juntou toda a papelada e a depositou em cima da mesa de Hanabusa-san.

- Aqui está, senhor. O relatório completo de todos os detetives que participaram do caso Usui.

Aquela sala não agradava Kanou nem um pouco. Era fechada, abafada e sempre que ia para lá, o chefe arranjava um jeito de diminuí-lo e menosprezá-lo. Ficava sempre o lembrando de como ele queria o cargo de Misaki e de como ela era melhor que ele, por isso era chefe de investigações. Kanou não tinha ressentimentos dela, do contrário, seu respeito por Ayuzawa crescia a cada dia que passava, mas detestava ter de ficar sendo comparado com as pessoas. Hanabusa ficou olhando para a papelada de testa franzida por um tempo.

- Posso saber por que é que você está entregando os relatórios? – houve uma leve ênfase em “você”. - E não a detetive encarregada por liderar o caso? Ou você se esqueceu que este trabalho tem de ser realizado por ela?

E lá estava ela, a rodada de menosprezos e insultos.

- Ayuzawa-san e todos os outros já tinham terminado seus relatórios e só faltava o meu. – explicou, pacientemente. - Quando ela foi cobrá-lo de mim, eu disse que não havia terminado e pedi que ela os deixasse comigo, porque deste modo, eu entregaria todos os relatórios juntos e ficaria mais prático para o senhor, Hanabusa-san.

O homem não parecia tão convencido e ficou tentando lê-lo, procurando algum motivo oculto para a abstinência de Ayuzawa.

- Então, está me dizendo que o envolvimento dela com o prisioneiro Usui Takumi não tem nada a ver com o fato dela não estar aqui, nesse momento?

Kanou ficou zangado por ele estar sugerindo falta de profissionalismo pela pessoa mais profissional que ele conhecia.

- Com todo o respeito, senhor, a detetive Ayuzawa é a mais capaz dessa Agência. Ela conduziu o caso com maestria, e apesar de ter demorado um pouco mais do que prevíamos, Usui Takumi está atrás das grades e ainda nos ajudou a soltar um homem que era inocente. – ajustou o óculos no rosto, reunindo a coragem que precisava. – O fato dela estar ou não envolvida com o prisioneiro é facilmente desconsiderado depois de ter mostrado, durante todos os meus anos nessa Agência, nada além de competência e excelência.

Hanabusa o fuzilou com o olhar e se colocou de pé.

- Com todo o respeito, detetive Kanou, sou eu quem decide isso.

Ele abaixou a cabeça ao ouvir o seu nome. Não era o momento nem o lugar para contestação de autoridade. Resolveu deixar por aquilo mesmo.

 - Sim, senhor. – disse, simplesmente.

Hanabusa-san revirou as folhas, verificou algumas assinaturas enquanto sussurrava os nomes envolvidos e depois, finalmente, deu-se por satisfeito e voltou a sentar na poltrona.

- Muito bem, parece que está tudo em ordem. – o chefe mantinha as mãos cruzadas sobre o peito. – Seu serviço está, aparentemente, completo, detetive. Está dispensado pelo dia.

- Obrigado, senhor.

Kanou curvou-se levemente e apressou-se em sair da sala. Foi caminhando até a sua mesa, desviando de pessoas e carrinhos de cartas e evidências. Avistou sua área de trabalho em um canto mais afastado, onde Yukimura estava ajeitando as coisas para ir embora.

- E então? Como foi? – ele ergueu os olhos preocupados.

- Tudo certo. O caso Usui Takumi está finalmente encerrado. – Kanou se permitiu soltar um suspiro. Ao menos agora poderia dedicar mais tempo a Keiko.

- Ah, isso é ótimo, Soutarou-kun. – o mais velho sorriu, dando batidinhas no terno. – Já está pronto para ir?

Como suas coisas já estavam organizadas e guardadas em sua maleta, com um movimento rápido, Kanou puxou a alça de sua bolsa e a pendurou no ombro.

- Estou. – deram início a sua caminhada para o estacionamento, descendo as escadas rapidamente. – Então, Yukimura, quem é essa pessoa para qual você quer nos apresentar?

O menor ficou vermelho instantaneamente, tropeçando e quase caindo da escada.

- O-ora, veja b-bem, n-não é nada demais! – e soltou uma risada nervosa. – É-é só uma mulher q-que eu conheci q-quando estava...

- Uma mulher? – Kanou ergueu uma sobrancelha, já entendendo o que estava acontecendo.

- Não! Quer dizer, sim! M-mas... ai, Deus! – ele pousou a mão na testa, que começava a suar frio. - Acho que ainda n-não é na-nada muito sério e...

- Meninos!

Yukimura berrou com o susto, tropeçou em uma mesa e caiu sentado. Kanou se limitou a dar um tapa na própria testa e a recolher o material que o amigo havia derrubado.

- Shouichirou-kun! – Sakura gritou, desesperada e o ajudou a levantar. – Desculpe, eu não quis assustá-lo!

- Puxa, eu sou mesmo um desastre... – ele resmungou, ajeitando a roupa. – Não se preocupe comigo, Sakura-chan. – esfregou o quadril, que devia estar dolorido. – Não foi nada demais.

Kanou o entregou suas coisas e Yukimura pendurou a mochila no ombro novamente.

- Mas o que estavam conversando que te fez levar esse susto? – Sakura estava abraçada a uma pasta lotada de papeis cheios de desenhos.

- Estávamos falando sobre o jantar de hoje. – Kanou interviu, avaliando Yukimura de braços cruzados. – Tenho fortes motivos para acreditar que ele está namorando.

- Ka-Kanou-kun! – o amigo enrubesceu.  

- Oh! É mesmo?! – a detetive deu pulinhos de animação. – Qual é o nome dela?

- É... é Haruka. – Yukimura sussurrou tão baixo que ela teve dificuldade em ouvir. – Ela é professora em uma escola primária.

- Haruka-chan? – assim que recebeu a confirmação, Sakura riu. – Estou muito ansiosa para conhecê-la!

Kanou achava engraçado e muito curioso que todos eles estiveram solteiros por tanto tempo, e quando um deles encontrou um par, todos os outros começaram a namorar, como se fosse um tipo de reação em cadeia. Ele teve sorte em se apaixonar por alguém normal, para variar.

- E o que você tem ai, Hanazono? – Kanou apontou para o que ela segurava, curioso sobre os papeis.

- Oh! – Sakura pareceu só agora se dar conta daquilo. – São desenhos de vestidos de noiva! Eu estava há pouco com a Alexandria-chan e a Vera Wang! Estávamos expondo ideias para os nossos vestidos! O casamento dela está mais próximo que o meu, então demos certa prioridade. Mas estou tão animada com os dois eventos e nós temos tantos esboços maravilhosos! Estamos escolhendo os vestidos das madrinhas também! Mal posso esperar para mostrar tudo ao Kuuga-kun!

- Falando nisso, onde ele está? – Yukimura olhou para os lados, procurando pelo noivo dela.

- Ele está com Shizuko. – Sakura deu de ombros, sorrindo discretamente. – Eles estão trabalhando juntos para tirar o amigo dele da cadeia, e hoje é o dia que o juiz marcou para receber as evidências. Ele pede desculpas, mas não vai poder jantar conosco.

Ah, sim, agora Kanou se lembrava. Sakura tinha contado a ele que Shizuko pedira para ela não ajudar Kuuga a tirar seu amigo Kuro da cadeia.

Aparentemente, Shizuko queria se desculpar com ele por todo mal que tinha lhe causado e as duas tinham tramado para que eles trabalhassem juntos sem que Kuuga desconfiasse. Kanou também recordava de Sakura dizendo que os dois até estavam se dando muito bem, quase amigos, e que Kuuga se desculpara depois com Sakura por ter sido rude. Pelo que sabia, ele estava até mesmo estudando para fazer enfermaria...

- Está tudo bem, teremos outras oportunidades! – Shouichirou sorriu. – E quanto a Matsuoka-san, Kanou-kun?

Apenas ouvir o nome de Keiko fazia com que todo o corpo de Kanou entrasse em alerta.

- Ela está me esperando no estacionamento... – respondeu - vamos com o meu carro, assim fica mais fácil para voltarmos para casa depois.

- Vocês estão morando juntos?! – Sakura se aproximou dele, com os olhos arregalados de curiosidade.

- N-não... – Kanou recuou, um pouco desconfortável com a aproximação súbita. – Às vezes ela passa a noite em casa e vice-versa...

- Uoooh! – Yukimura exclamou. – É bem mais sério do que eu imaginava!

- Será que teremos mais um casamento em breve! – ela apertou as  bochechas, animada. – Quer que eu peça mais um vestido para a Keiko-chan, Kanou-kun?!

- Do que vocês estão falando?!

Kanou tentava pará-los, mas os amigos estavam tão absortos planejando um casamento para ele, que mal prestavam atenção. Depois de muito se esforçar, Kanou tirou aquela ideia louca da cabeça deles. Pelo menos por ora.

- Muito bem, então! – Sakura bateu uma palma e abriu um sorriso enorme. – Vou passar em casa para deixar esses desenhos e colocar uma roupa mais adequada, e nos encontramos na casa do Shouichirou-kun?

- É, pode ser. – Kanou verificou o relógio. Keiko já devia estar esperando por ele há alguns minutos. – Eu também vou trocar de roupa. Nos vemos lá.

- Então está tudo certo! Vejo vocês daqui a pouco! – Yukimura sorriu para eles e se despediu brevemente.

Embora aquela ideia maluca de casamento o assustasse, ele não pôde deixar de imaginar Keiko em um vestido de noiva, sorrindo para ele enquanto caminhava em sua direção e ao altar, segurando um lindo buquê de rosas vermelhas.

É... quem sabe daqui alguns anos?

Quem sabe?


Notas Finais


Sei que ainda temos algumas lacunas em branco, mas essa que é a graça!
Acho que todas sabem que a cerimônia da qual eu falei é um casamento, mas agora eu pergunto: de quem? hihihi
XOXO


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