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História Criminal Love - Cap. Extra: He is just not that bad...


Escrita por: Senara

Notas do Autor


Então, este é o cap que eu escrevi para vocês como presente de natal. Eu estava sentindo que a maioria estava começando a ir contra o Usui e não é isso que eu quero, embora seja plenamente minha culpa. Vou tentar mostrar a você o porquê do Usui ser assim e fazer as coisas que faz. Talvez assim, possam tentar entender os quesitos psicóticos dele.
XOXO
P.S. Ainda amo loucamente o Usui!

Capítulo 7 - Cap. Extra: He is just not that bad...


Fanfic / Fanfiction Criminal Love - Cap. Extra: He is just not that bad...

Se arrastava como a um verme, somente para conseguir a misera migalha de um pão velho.

 A sujeira em sua roupa era evidente. A camisa, que um dia fora branca, estava rasgada e cinza. As calças estavam em farrapos, e o tecido preto estava gasto e desbotado. Apesar de ser uma criança linda, ele não conseguia mostrar seu potencial com tantas camadas de sujeira lhe cobrindo o rosto. Os cabelos eram loiros e rebeldes, de uma cor linda e dourada, que cintilava de poeira ao sol. Os olhos eram dois orbes verdes, da cor da relva. Poderia ser considerado bonito, se não tivesse apenas 8 anos e fosse uma criança pobre e piolhenta.

Os pais não ligavam para ele. Para falar a verdade, na semana anterior, o pai teve uma briga feia com a mãe. Eles gritavam e assustavam o pequeno Takumi, mas ele era inválido nesta situação. Só podia se sentar em sua “cama” feita de panos velhos e madeiras sobressalentes e observar o bate-boca. Gritavam um com o outro, e era terrível. A criança se assustava a cada grito dado.

“Talvez eles parem logo...” o pequeno gostava de pensar. “Talvez eles percebam que eu estou assistindo e parem. Não estou gostando desse tipo de brincadeira”.

De repente, eles pararam, mas a mãe tampouco havia parado de gritar, pegou uma pequena mala de tecido rasgado e podre e se virou para o pai do pequeno.

- Eu não aguento mais.

Takumi se virou para a mãe. Tudo bem que ela não gostava dele, mas gostava do pai, certo? Ela não precisava gostar do filho, só precisava estar por perto. Porque ele amava sua mamãe, mesmo que ela não o amasse. A mulher, que algum dia teve cabelos loiros, porque hoje, começavam a adquirir um grisalho por conta do stress, se virou para o filho e falou:

- Você pode apodrecer no inferno com o seu pai. Eu vou embora deste fim de mundo e vou vender o meu corpo, porque ganho mais.

- Não diga essas coisas para uma criança! – O pai gritou.

- Eu digo o que eu quero! Fui eu quem carregou esse bastardo por nove meses! Fui eu quem o empurrou para fora de mim e fui eu quem o alimentou! Não aguento mais olhar para essa criança! Ele trás todo o meu sofrimento de volta! Vão para o inferno!

De repente, tudo ficou em silêncio, e o pequeno Takumi andou lentamente até a mãe, se ajoelhando aos seus pés e deixando escapar uma pequena lágrima.

- Eu sinto muito, mamãe. – Ele pediu pelo perdão da mãe.

Mas ela era uma mulher malvada, e apenas virou o rosto, indo embora sem dizer mais nenhuma palavra. O pequeno Takumi ficou no chão, se torturando por pensar no que tinha feito de errado para a mãe. Afinal, alguma coisa ele deve ter feito para ela tê-lo abandonado desse jeito. Talvez, se ele fosse mais gentil, ou se esforçasse mais... Porém, suas mãos doíam de tantos sapatos que engraxava por dia, e sua língua estalava de tantas palavras doces que usava.

Takumi era um garotinho muito esperto e inteligente. Aprendera sozinho como ler e como escrever, por observar televisões em vitrines, por ouvir professoras lendo estórias para alunos, por seu cérebro desenvolvido e por ter uma mão leve. Sim, mão leve. Ficava tão interessado nas estórias, que invadia a escola todo dia, e todo dia, saia com um livro. Chegava em casa, se atirava em sua pequena caminha e se colocava a virar as páginas com suas mãozinhas magras, em busca de conhecimento, porque ele se irritava quando não sabia de algo. O que acontecia com frequência.

Foi assim que Takumi aprendeu suas palavras. Sua palavra preferida era “ascensão”. A palavra soava de um jeito forte, e o seu significado era muito potente também. Mas seus livros preferidos eram os de Shakespeare, com certeza. Adorava ler “Romeu e Julieta”, “Sonhos de uma noite de verão”, “Hamlet”, “MacBeth”, “O mercador de Veneza” e entre outros, quantas vezes ele quisesse. Apesar de ter um intelecto avançado e desenvolvido, ele não conseguia se expressar muito bem em palavras. Conseguia vê-las, interpretá-las, e entendê-las... mas usá-las era muito difícil.

O pai considerava aquilo perda de tempo, colocando em questão que ele nunca iria para escola e nunca seria alguém na vida. Tinha que colocar a mão na massa, era isso.

Depois que sua mãe foi embora, Takumi prometeu a si mesmo que nunca mais se deixaria abalar. Continuaria sua vida, e deixaria sua mamãe orgulhosa. Quem sabe, assim, ela voltaria para ele.

Um dia, saiu na rua para tentar ganhar algum dinheiro. Estava louco para experimentar esse tal de “chocolate” que tinha visto em um livro recentemente. Porém, era muito caro, e o pai jamais permitiria que gastasse dinheiro com isso – a grana era pouca e a fome era muita, e foi por isso que ele tentou comprá-lo em segredo.

Entrou em uma rua que era muito movimentada e consegui roubar várias moedinhas, arrancando-as de bolsas que foram, inocentemente deixadas abertas. No final, tinha conseguido dinheiro suficiente para comprar um pequeno chocolatinho. Correu até a padaria mais próxima, e todo orgulhoso, com um sorriso de orelha a orelha, pediu:

- Quero um chocolate!

O homem no caixa se assustou, olhando curioso para o pequeno vagabundo.

- E você tem dinheiro?

 - Sim! – Gritou novamente, despejando suas moedinhas em cima do balcão. – Um montão delas!

O Sr. Haiko contou e surpreendentemente, o dinheiro estava certo. Sem mais o que fazer, estendeu o doce para as mãozinhas ávidas, que o tomaram como se fosse ouro.

- Muito obrigado, Senhor! – O sorriso ainda estava inabalado.

Takumi saiu correndo da padaria, louco para experimentar a sua mais nova conquista.

**

Assim que terminou de comer o chocolate – estava delicioso! – voltou para casa, com um pouquinho de moedas, para que o pai não suspeitasse de nada. Assim que fechou a porta, bem devagar, para que não fizesse barulho, uma pequena farpa de madeira espetou-lhe o dedo, fazendo com que o pequeno desse um gritinho de susto. Assim que o fez, o pai chamou seu nome:

- Takumi.

O pequeno se virou, e o homem estava sentado em uma cadeira que caia aos pedaços. Estava com uma expressão séria, e de braços cruzados. A barba malfeita e as olheiras mostravam o estado de loucura que o pai se encontrava após o abandono da mãe. Seu semblante era indecifrável, mas ele não estava nem um pouco feliz.

- Onde você estava? – Perguntou Usui. (O pai era tratado pelo sobrenome, porque nunca disse ao filho seu primeiro nome, assim como a mãe. Somente quando a mãe foi embora que o pai lhe disse o seu sobrenome). Já fazia um ano que a mãe o tinha abandonado. Sendo assim, Takumi contava com seus nove aninhos.

- Eu estava tentando conseguir algum dinheiro, papai. – O pequeno se explicou, dando alguns passinhos para frente.

Usui assentiu com calma, fitando o chão. Apontou o indicador para o filho, com uma acusação evidente.

- E quanto você conseguiu?

- Não muito. – Respondeu Takumi, enquanto tirava as moedinhas do bolso esfarrapado e as entregava ao pai.

A luz no cômodo era muito precária, de modo que era necessário algum esforço para que se pudesse enxergar algo ali, mas Usui notou algo no rosto de Takumi. No canto inferior esquerdo, para ser mais exato.

- O que é isso? – Ele apontou para o rosto do filho, enfiando o dedo com agressividade na mancha, assustando o pequeno Takumi e encostando-a na língua segundos depois. – Chocolate?! Você andou comendo chocolate, seu bastardo egoísta?!

- E-eu só... – A criança, assustada, recuou rapidamente, tropeçando em algo e caindo de costas. – Só queria provar...

Usui já estava de pé, e avançava sobre o seu filho, com uma aura ameaçadora. Parecia que a cada passo que dava, o chão tremia, e o pequenino se abraçava com mais força.

- Você sabe que estamos passando por dificuldades desde que a sua mãe ingrata foi embora, e mesmo assim, gasta o meu dinheiro para comprar chocolate, seu pivete mimado?! – O pai berrava e quebrava coisas no caminho, deixando o filho mais assustado... se é que era possível. Um vaso se quebrou e um estilhaço chicoteou a bochecha de Takumi, fazendo com que o mesmo se retraísse e resmungasse, tocando a bochecha.

O que era aquele liquido ardido que jorrava de sua bochecha? Coloria os dedos do pequenino com um carmesim horrível.

- Mas... mas o dinheiro era meu... – Takumi sussurrou, tentando achar alguma justificativa pelo que fizera. Os olhinhos aterrorizados percorriam o quarto, a procura de algo que pudesse usarpara se desculpar.

O pai parou e o fitou, com um olhar do mal, e pegando fogo. Nunca se sentiu tão tentado a destruir uma pessoa.

- O que foi que você disse? – Avançou a passos largos até a criança e o pegou pela camisa, o mantendo suspenso no ar, mal percebeu que o pequenino agonizava, porque o gesto o deixava sem ar, aos poucos. – O que foi que você disse?! – Berrou, enquanto largava o menino no chão e o chutava com força.

A cada novo golpe, Takumi se retraia e gemia, chorando e se comprimindo de dor. O pé do papai era pesado, e o golpeava severamente. Usui o espancava como a um prisioneiro vagabundo, chutando desde suas costas até sua pequena cabeça loirinha. Continuou assim, chutando o próprio filho, sem se importar com as marcas físicas e psicológicas que certamente permaneceriam mais tarde.

Takumi chorava tanto, que um pequeno rio se formou abaixo do mesmo. O rio de lágrimas salgadas se misturava ao sangue de sua bochecha. Era uma visão horrível, e o pequeno conseguia ver seu próprio reflexo. Ele começava a nutrir um desagrado por sua família. Aquela palavra não tinha o mesmo sentido que em suas estórias. Nas estórias, eram pessoas ligadas pelo sangue que se amavam e cuidavam um do outro. Claramente, não era o significado ali. Esperou pelo fim dos golpes, mas parecia que nunca iria acabar.

Suas costas latejavam na mais pura agonia, seus braçinhos não conseguiam erguê-lo do chão. As perninhas não tinham mais força para tentar ajustá-lo, e sua visão estava embaçada por conta das lágrimas e pela dor gritante na cabeça. Até que enfim, a agonia parou, e tudo que lhe restava eram as dores que permaneceram.

- Agora... – O pai começou. Até mesmo a voz do adulto lhe era venenosa. – Voltando aos negócios, você foi vendido.

Takumi não tinha certeza se tinha escutado direto. ‘Vendido”? Assim como o chocolate tinha sido trocado por ele hoje de tarde? Fez um esforço enorme para se virar e fitar o seu pai nos olhos.

- C-como assim?

- Uma mulher veio aqui hoje e me disse que sua mãe contou para ela sobre como você é “incrivelmente bonito”. – Pode ser coisa da cabeçinha confusa e espancada de Takumi, mas ele conseguiu decifrar um mínimo de ciúme vindo do pai. - Disse que o viu hoje no mercado e confirmou as palavras de sua mãe e que tinha se impressionado por você. Ela queria comprá-lo. Ela ofereceu muito dinheiro e eu aceitei. Hoje de noite, ela virá buscá-lo. Esteja pronto.

- M-mas... por que? Eu... eu sou seu filho, não sou papai? – O garotinho não aguentava mais, e permitiu que suas lágrimas percorressem livremente por seu rosto machucado. – Mamãe me vendeu?

- Sua mãe contou a mulher o garoto esdrúxulo e inútil que você é, e por algum motivo, ela quis comprá-lo. Você vai embora hoje. – Usui arrumou os poucos cabelos que tinha e sentou novamente.

Takumi fez um esforço enorme para se levantar, mancando um pouco da perna direita e foi devagar até o pai.

- O Senhor me vendeu? Eu achei... achei que me amava... – Disse, entre soluços.

- Quer um conselho, pivete? Não tenha sentimentos pelos outros. Vão te abandonar mais cedo ou mais tarde. Principalmente as mulheres. Elas não teem coração e nunca vão se importar por você.

Ouvindo esse feliz conselho, Takumi estava pronto para dizer mais alguma coisa, porém, escutaram uma batida á porta.

**

Pela terceira vez naquele dia, Takumi tinha sido “convidado” a um dos quartos. Estava naquele inferno há um ano, e já aprendera tudo o que tinha para aprender sobre a BlackRoses.

A BlackRoses era uma mansão. Uma mansão que ficava longe de centros urbanos e outros lugares com concentrações comerciais. Neste lugar horrendo, mulheres ricas e podres de ricas pagavam para ficarem em um quarto e poderiam passar o tempo que quisessem, de acordo com a quantia paga. Assim que se instalassem, elas pagavam uma quantia extra para os serviços. Os “serviços’ eram, na verdade, estuprar crianças masculinas de oito a quinze anos. Sim, aquelas mulheres doentias pagavam para terem relações sexuais com crianças.

Takumi tinha visto seu rosto e seu nome no “cardápio” que cada uma das ricaças recebiam para poderem escolher sua vítima. Ele estava na seção VIP. O que significava que mais de 25 mulheres tinham falado muito bem dele, e por isso, era mais caro e quase nunca podia ficar em seu próprio quarto, porque as sedentas psicóticas o chamavam o dia inteiro. As crianças ficavam guardadas em locais distintos, e só podiam sair se fossem convocadas por uma das mulheres. Se tentassem fugir, eram açoitados. Takumi nunca tentou fugir, mas foi uma das únicas informações que recebeu.

Takumi nunca imaginou que aquilo pudesse existir. Uma relação daquelas entre duas pessoas. Ou seja, colocar o seu instrumento de fazer xixi, ou pipi – como ele chamava, na outra parte da mulher. E quando isso acontecia, elas fechavam os olhos e gemiam, como as psicóticas idiotas que eram. Takumi nunca entendeu este comportamento. Porque ele não sentia nada, apenas nojo, exaustão e ódio. Ódio por aquelas nojentas mimadas fazerem o que quiserem com ele. Ódio por sua mãe tê-lo enfurnado ali. Takumi odiava as mulheres com todas as suas forças, e ele simplesmente não podia vê-las com outros olhos que não fossem de repúdio, repulsa e raiva.

Mas estava sendo convocado novamente, para observar o comportamento animalesco das mulheres imbecis e para ter seu membro torcido e encoberto pela centésima vez.

Bateu de leve na porta do quarto e ouviu uma voz:

- Entre.

Abriu a porta de má vontade e a fechou com força.

- Ora, ora... temos um garotinho bruto aqui.

Takumi levantou os olhos e viu uma mulher morena, deitada de lado na cama. Devia estar na casa dos vinte anos, e já estava nua. Tinha um sorriso malicioso e seus olhos o despiam, vorazes.

- Eu quero que me conte porque está na área VIP. – Ela exigiu, apoiando o rosto maldito nas mãos podres.

- Porque eu sou muito sincero, e mulheres como você adoram sinceridade.

- Mulheres como eu? – Ela franziu o cenho.

- Mulheres mesquinhas, prepotentes e ridículas que não conseguem domar seus maridos ou namorados, e por isso, tentam fazê-lo com pobres crianças na cama.

A víbora se assustou e ficou boquiaberta com a atitude do pequeno rapazinho.

- Quantos anos você tem?

- Dez.

- E porque tem esse vocabulário?

- Porque eu sou inteligente, e se fosse um pouquinho mais esperto, já teria escapado de vocês, bruxas, e teria arrumado um emprego de verdade.

Mais uma vez, a mulher estava estática.

Um ano.

Bastou um ano para que a BlackRoses conseguisse transformar um garotinho doce e gentil como Takumi em um garoto cheio de ódio, rancor, pessimismo e com um ego tão inflado. Ele tinha perdido tudo em que acreditava, então resolveu seguir o conselho de seu pai. Não acreditava em mais nada, não sentia mais nada de bom, porque em um estalo, tudo isso poderia acabar. Escolheu o caminho sem dor e sofrimento, e a partir de hoje, não permitiria se machucar por mais ninguém. Principalmente mulheres. Aquela palavra soava como um veneno gasoso para o seu ouvido.

- Agora que o seu cérebro de pouca extensão está, provavelmente em um nó, eu acho que vou embora. Afinal, não deve me querer mais, não é?

- Cérebro de pouca o que? – Foi tudo o que ela falou, antes que exigisse que o garoto se deitasse com ela e o estuprasse, como todas as outras faziam.

O pequeno corpinho mal podia aguentar o de uma mulher mais velha. Aquilo doía. Toda maldita vez doía como o inferno. Decidiu tentar se distrair, e enquanto a mulher rebolava em cima dele, jogando seu membro para lá e para cá, Takumi pensou que nunca tinha visto outra criança ali. Como será que elas se sentiam? Onde será que estavam? Será que só tinha meninos? O que faziam se uma mulher não gostasse deles? Suas perguntas cessaram quando ele observou algo brilhante na pequena mesa de cabeceira. Uma moeda. Tão brilhante e convidativa como todas as outras. Takumi queria aquela moeda para si. E ele a teria. Nem que precisasse bater a cabeça da mulher na pia até que ela se rachasse em duas.

**

Depois de alguns meses, Takumi aprendeu a arte de roubar mulheres. Toda vez que era convocado, ele conseguia achar um objeto de valor e o levava para o seu quarto quando era dispensado. Como as nojentas não eram autorizadas a ver os menores sem o pagamento prévio, nenhuma delas jamais tentou ir atrás dele, e por serem tão burras, nem devem ter notado a falta de seus pertences.

Como seu plano deu certo, Takumi bolou outro de tamanha esperteza. Juntaria o tanto de dinheiro possível para escapar dali, e quando o fizesse, guardaria tudo em uma pequena mala que também tinha roubado e fugiria da BlackRoses. A questão era: Como? Não podia sair sem autorização. Seu quarto era uma fortaleza. Apenas contava com uma janela com barras, e uma porta que sempre ficava trancada. Ele tinha uma cama, um armário, e um penico. Uma tábua solta no assoalho era o seu esconderijo para o seu tesouro. Tinha que pensar em algum jeito para ir embora.

 Ele começou a cronometrar os horários em que o lixo era jogado fora. Todo dia, todo momento, por três semanas, até que pudesse retirar alguma conclusão. Ele erguia a cabeçinha acima das grades e via sempre os mesmos dois homens, arrastando um carrinho de lixo, que acomodaria facilmente uma criança. Esta era a sua escapatória. Ele sairia junto com o lixo.

 Durante os dias úteis, o lixo era retirado ás 08:30 e ás 16:00 e durante os finais de semana, ás 06:45 e ás 20:15. Ele tinha os horários, e acompanharia a retirada todos os dias, para que pudesse observar a mudança de rotina, mas nada mudou, durante três longos anos.

**

Quando completou 12 anos, Takumi tinha juntado mais dinheiro e mais orgasmos do que qualquer homem jamais poderia ter. Ele planeja fugir apenas daqui a duas semanas, mas noite passada, três mulheres de uma vez só, contataram os seus serviços. E além de ter que satisfazer todas as três, o que o desagradava, machucava e irritava - eram um bando de mulheres imundas, afinal – ela resolveram que o fariam experimentar um tal de fio terra. Depois disso, Takumi nunca as odiou com tanta intensidade. Enquanto faziam atrocidades a ele, ficavam gemendo e gritando “Takumi-kun!”. Agora, o nome que lhe era dado só servia para lembrá-lo do que sofreu naquela noite. No meio de suor e líquidos femininos, na falta de luz... tudo o que conseguia ouvir era o seu maldito nome, proferido por lábios imundos, enquanto ele era severamente castigado e machucado. Isso fez com que ele odiasse “Takumi”, e decidiu que a partir daquele dia, só seria chamado de Usui. Para sempre.

No horário cronometrado, alguém bateu a sua porta, para levá-lo a sua próxima cliente. Usui pegou sua pequena mala, com todos os seus tesouros e saiu do quarto. Quando a mulher insuportável apontou e perguntou o que era aquilo, ele simplesmente respondeu:

- Meus brinquedos sexuais. Por que você acha que eu estou na área VIP?

Ela não fez mais perguntas e o acompanhou, assim que sua conta mental chegou ao horário programado, ele bateu na própria testa e exclamou:

- Puxa, esqueci meu chicote no meu quarto... precisa me dar a chave para que eu possa ir buscá-lo... minhas clientes adoram!

A mulher, se achando esperta, mas fazendo parte do plano da criança, defendeu:

- Acha que me engana? Não. Você espera aqui e eu vou buscar o seu equipamento. – Provavelmente, como nenhuma criança jamais escapou, ela tinha 100% de fé na segurança da mansão. Mulherzinha hipócrita. E antes de ir, ela riu: - Acha que eu o deixaria escapar tão facilmente?

Assim que ela deu as costas e virou no final do corredor, Usui respondeu em voz alta:

- Acho.

Assim que a respondeu, ele percebeu uma perturbação no final do corredor e reconheceu as vozes dos homens que tiravam o lixo. Correu em silêncio até a pequena esquina do corredor e esperou. Logo viu o começo do carrinho, começou a andar agachado ao lado do mesmo. Os homens sempre o carregavam olhando para a frente, nunca para o lado. Conseguiu arrombar o cadeado com um grampo de cabelo que tinha roubado e se enfiou dentro do escuro, trancando o compartimento de volta. Ele percebeu, mesmo no escuro, um saco. Entrou ali, e abraçou sua mala, passando a respirar pela boca, porque o cheiro era insuportável, mas se tivesse que aguentar todo aquele lixo por um mês, para que pudesse escapar daquelas imbecis, ele assim faria. Depois de alguns minutos no mais completo silêncio, o compartimento foi aberto e o carregaram por mais algum tempo. O jogaram em uma caçamba, o garoto deduziu. Usui estava tão feliz que ficou com vontade gritar, mas esperou mais alguns minutos para que pudesse expressar alguma reação. Como sua vida era um inferno, vai que tudo desse errado?

Depois do tempo requerido por ele mesmo, Usui abriu o saco e respirou o ar puro. Sorriu como nunca tinha sorrido antes, nem mesmo com o seu chocolate – apesar de estar em uma caçamba cheia de lixo e fedorenta. Ele pulou da caçamba, espalhando detritos para todos os lados e correu para longe daquela maldita casa, aproveitando todo o ar puro que o mundo tinha a lhe oferecer e em seguida, é claro, colocaria seu plano de vingança em ação. Sua alegria e satisfação simplesmente não podiam ser contidas.

**

Quando fugiu da BlackRoses, Usui vendeu todos os seus tesouros e conseguiu uma fortuna inimaginável. Ele estava rico. Contratou um homem para se passar por seu pai – chega de mulheres! – e ele não poderia comparecer a questões legais, porque era de menor, logo, precisava de um responsável. Comprou uma mansão. Usui abriu um processo contra a BlackRoses, fechando aquele lugar, ganhando mais dinheiro, e contratando um assassino de aluguel para matar aquela mulher desprezível, que dirigia o estabelecimento. O assassino a colocou na frente de Usui, porque a criança queria ter certeza que estava matando a desgraçada certa. Antes de deixar este plano, a mulher perguntou, na mais perfeita e bela agonia, porque estava sendo submetida ao ”tratamento” de Usui:

- Por que está fazendo isso comigo?!

O garotinho, coberto de sangue e com um sorriso assustador no rosto, respondeu:

- Digamos que você me colocou no inferno, e eu me tirei de lá.  – Respondeu, sem esconder a loucura que incendiava seus orbes verdes e maníacos.

- Eu peço perdão! Por tudo que lhe aconteceu! – Pelo menos, ela sabia do que o pequeno psicopata estava falando.

- Eu não preciso do seu perdão, sua vadia imunda e imbecil! – Quase perdeu o controle e atirou a faca em sua garganta, mas se lembrou que o melhor estava por vir. - Agora... – Usui pegou um cano de chumbo tão espesso e comprido, que era impossível segurá-lo com suas mãos de doze anos. Ele continuou: - você sabe o que é fio terra? Eu não sabia... até alguns meses atrás, quando a sua pocilga cheia de ratos me ensinou. Bem... acho que vou te mostrar como é que se faz... que tal?

E assim, após experimentar tudo o que o pequeno Usui aguentou e um pouco mais, a dona da espelunca foi morta. As imagens das torturas continuavam voltando em seus sonhos, e ele ficava perturbado, mas sempre se lembrava do porquê tinha feito isso e também, que a bruxa encapetada tinha colocado várias crianças inocentes sobre a mesma sessão repetidas vezes. Era uma psicopata, assim como ele.

A única coisa de que se lembrava foi da expressão de desgosto, terror, pânico, medo e desespero no rosto daquela mulher desprezível. Não sabe até hoje, como ela foi morta. Depois de torturá-la, Usui deixou que o assassino de aluguel cuidasse do homicídio. Preferiu só checar o seu cadáver depois.

**

O “pai” de Usui desempenhava o seu papel muito bem. O homem lhe obedecia em todos os aspectos, e ele continuou com sua boa vida até os quinze anos. Depois de três anos desde que havia fugido, sua fortuna começava a desaparecer, ele precisa arrumar um jeito de continuar a ganhar dinheiro, mas a única coisa que sabia fazer era sexo.

Foi então que ele teve a brilhante ideia de colocar todas as malditas mulheres sobre a mesma humilhação que ele tinha passado. E foi assim que ele começou a sua vida de gigolô. Usui se assegurava em nunca transar com mulheres mais novas do que ele, para não se comparar aquelas nojentas do BlackRoses. Desde então, Usui vem fazendo muito dinheiro. Ele seduz as mulheres, se aprimorando em sua arte de conquista. Nunca levava a pior sobre alguma delas. E o melhor é que ele conseguia isso com as internacionais. Depois da má experiência, ele saiu do Japão e deu a volta ao mundo.

Ele decidiu esquecer o passado e nunca mais falar de “família” ou de “BlackRoses”. Certamente, nunca mais cultivou qualquer sentimento bom para uma mulher, somente os piores deles.

Quando completou dezoito anos, Usui despediu seu “pai” e passou a tomar conta de seu próprio nariz. Depois de tanto tempo, enquanto rodava o mundo, continuando a enriquecer, partir corações, destruir famílias, roubar as damas e a humilhar as mulheres do mundo, Usui deicdiu voltar ao Japão, onde toda sua vida tinha começado, assim como a sua desgraça. Completando seus 26 anos, regressou ao seu país natal. Contratou até mesmo uma equipe de seguranças. Mas os únicos que ficavam com ele no dia-a-dia eram os três idiotas. Ikkun, Kurotatsu e Shiroyan. Não nutria qualquer sentimento por nenhum deles, mas algumas vezes, se sentia tentado a permitir que seu coração provasse dessa tal de “amizade” que tantos falam. Ás vezes se tentava a conceder a Shiroyan o cargo de amigo. Mas se lembrava de como as pessoas traiam seu sentimentos e abandonava aquela ideia ridícula rapidamente.

Assim que voltou, conheceu Erika. Aquela, com certeza tinha sido a melhor escolha de sua vida, porque aquela mulher idiota e tarada o levara até Ayuko, ou Julieta, ou  sabe-se-lá-o-nome-dela... mas tinha certeza que sentia algo por ela, e não era o ódio costumeiro por essas imbecis sem coração... alguma coisa naquela mulher o deixava louco, e tudo o que ele queria era que ela se sentisse da mesma maneira. Mas Usui nunca foi bom com palavras, e ele não saberia descrever este sentimento nem se tentasse. Não sabia se era desgosto ou gosto... não sabia tantos substantivos bons para compará-los com o vasto vocabulário de palavras péssimas que conhecia...

Só sabia que Julieta o excitava. Em todos os sentidos. 


Notas Finais


Espero que tenham entendido o ponto de vista dele. Se minha mãe tivesse me abandonado e depois eu parasse em um lugar assim... com certeza cultivaria um ódio mortal por todos aqueles que me fizeram ser assim.
Ele passou de uma criança doce - > adolescente psicótico -> adulto sem valores
Realmente, acho que é uma jornada muito triste que envolve traumas mentais, então, assim, acho que posso ter explicado um pouco sobre o que o nosso protagonista passou.
XOXO


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