1. Spirit Fanfics >
  2. Cristais de Sangue >
  3. Brutal

História Cristais de Sangue - Brutal


Escrita por: MarceFC

Notas do Autor


Oi, tenho um aviso importante: sábado eu estava saindo do vestibular e fui dar um resto de comida a um cão de rua, não sei se ele se assustou ou o que aconteceu, mas ele acabou mordendo minha mão ( não, eu não toquei nele; não, eu não o agredi; não, não fiz movimento brusco; não, não fiquei perto da comida). Como vocês sabem eu escrevo pelo celular e está impossível fazer qualquer coisa com a mão machucada e fica difícil realizar tarefas só com a esquerda( detalhe: sou destra). O capitulo seria maior, mas não vou conseguir escrever mais e se não postasse agora passaria muito tempo sem postar. Postei para não fazer vocês esperarem. Não vou colocar a playlist hoje, desculpa, fica para o próximo.
Não tenho previsão de postagem, provavelmente irá demorar. Está realmente muito sério. Está sendo cogitado a chance de eu precisar tomar 15 injeções anti- tetânicas envolta do umbigo por ter altas chances do cão ter raiva.
Agradeço os comentários do capítulo passado e prometo que irei responder quando ficar melhor.
Só me prometam que não irão me abandonar se eu demorar a voltar a postar, por favor.
Boa leitura

Capítulo 19 - Brutal


Hinata. 

Ela retirou a fita do copo e deixou em cima da pia, descartou o conteúdo no vaso e jogou o copo no lixo. Tenten não pronunciou nenhuma palavra enquanto isso.

- Tenten? Você não está me ajudando assim.

- Só estou pensando. - ela murmurou - O que você vai fazer agora? Tem certeza que não quer procurar o Naruto? 

- Tenho. 

- O que você vai fazer com essa criança? 

- Vou dizer que é filho do Sasori. - Hinata deu de ombros - A gente transou uns dias atrás. 

- E se for loiro? Da onde que vai ser filho do Sasori, Hinata?! 

- Se for menino irá puxar pra mim, não vai? 

- Não sei.

Hinata passou a mão no cabelo e voltou ao quarto. 

- Minha nossa, fudeu bonito agora. 

Hinata sentou na cama e sentiu uma agulhada na cabeça. A dor estava voltando.

- O que faço com a dor de cabeça? 

- Você tem enxaqueca, né? Os hormônios da gravidez fazem atacar, mas só nos primeiros meses. 

- Posso tomar alguma coisa? 

- Pode sim. Tente Tylenol. 

- Cápsulas? 

- Sim.

- Aí, Hina, estou com pena de você.

- Não tenha. Vou conseguir sair disso. 

- Preciso desligar.

- Ligarei se precisar de qualquer coisa.

- Ok. 

Hinata levantou e caminhou até a cozinha, buscou na gaveta uma cartela de Tylenol e tomou. Voltou ao quarto e dormiu. 
***
Sasori.

Já estava quase amanhecendo quando ele retornou ao apartamento. Hoje, ele, realmente, precisava resolver os problemas das armas que encomendou do Brasil e que ainda nem tinham saído do Acre. 

Abriu a porta do quarto de Hinata e a encontrou dormindo. Ele já havia dormido no hotel com Barbie, então ele tomaria banho e se arrumaria. Esperava também que Hinata não acordasse, odiava ter que fazer o puritano. 

Entrou no banheiro e abriu o registro, foi até o closet e pegou uma toalha. Por que ele não foi tomar banho no quarto principal? Deu de ombros. Já abriu o chuveiro mesmo. Assim que passou pela pia de novo, notou algo diferente. Uma fita? 

Voltou e pegou a pequena fita de cima da pia. Um teste de gravidez? Ele olhou para o reflexo de Hinata no espelho e depois para os dois risco confirmando a gravidez.

Por isso ela andava enjoada e sem sair do quarto... 

Ao mesmo tempo que descobriu porque a mulher estava "doente", ele também concluiu que o filho não podia ser seu. Esmagou a fita em sua mão e entrou embaixo do chuveiro. 

O que faria? A vagabunda estava esperando um filho do amante! Só podia ser brincadeira! Ele não merecia isso, com certeza não. Encarou o resto da fita em sua mão.
Não podia deixar que ninguém dos sicilianos descobrisse que Hinata estava grávida, tinha que acabar com isso antes mesmo de começar. 

Respirou fundo. Precisava agir com calma agora, nada impulsivo ou repentino. Fingiria que não sabia de nada, resolveria o problema com as armas e então voltaria para este problema. 

Mal tomou banho, fechou o registro e saiu do banheiro enrolado na toalha. Conforme bateu a porta, Hinata levantou alarmada. 

- O que... O que você está fazendo? - ela afastou o cabelo do rosto. 

Sua vontade era pega-lá pelos cabelos e arrancar a coisa de dentro dela a força. Bater nela como nunca havia batido e deixá-la para morrer junto de Makine ( que estava tendo os instinto selvagens aflorados); era isso que ela merecia em fazer isso com ele. 

- Estou indo. - ele disse, seco.

- Não vi você chegar. - ela sentou na cama.

- Acabei de chegar e já estou saindo. - ele caminhou até a porta. 

- Não vai comer nada? 

- Não.

- Espera! - ela levantou - Você poderia comprar algum remédio para enxaqueca, a minha está me matando. 

- Sim.

Ele voltou ao quarto principal e pegou o primeiro terno que encontrou. Vestiu e saiu. Precisava ficar longe dela antes que sua raiva fosse incontrolável.
.
.
.
.
.
.
Shino já o aguardava e assim que avistou Sasori passar pela porta de vidro, ajeitou o óculos e a postura - um ato corriqueiro. Sasori passou por ele e ergueu a mão, em busca da papelada.

- Não deu tempo de fazer papelada, senhor. - Shino ficou ao seu lado - Mas eu tenho as últimas informações de cabeça.

- Ótimo... - Sasori resmungou e voltou a andar - Vamos para a minha sala. 

- As armas estão presas no Brasil por causa de uma operação da polícia federal de lá - Shino ajeitou os óculos novamente -, mas o Wesley falou que logo que tudo se acalmar ele envia o carregamento.

- Sabe quanto tempo vai durar? 

- Talvez algumas semanas, a polícia tá muito em cima do tráfico lá.

- Eu não tenho algumas semanas! - Sasori bateu a porta- Você não está vendo a nossa situação? 

- Sim, senhor, eu a vejo sim! - Shino ajeitou mais uma vez os óculos - Mas o que o senhor quer que eu faça? 

- Quero que arranja outras armas.

- Cancele a armas de lá?

- Não, armas brasileiras são realmente boas e baratas, mas é uma urgência, só até ele conseguir liberar lá. 

- Pequena quantidade então? 

- Tente falar com o mexicano, talvez ele tenha armas além de drogas.

- Sempre tem.

- Então, anda, o que ainda está fazendo aqui?

Shino saiu da sala quase em tempo recorde e se dirigiu a sua própria afim de realizar as ordens dadas. 

No calendário em cima da mesa de Sasori havia um evento marcado para o dia de hoje: uma reunião no clube. Ele passou a mão no cabelo. 

- Merda... - sussurrou. 

O clube era contramão do caminho do escritório, assim ele tinha que te pego a rota certa quando saiu do apartamento - na certa, chegaria atrasado de novo. O pequeno bastardo em formação o distraiu. 

Levantou e pegou as chaves do carro. Não se prontificou em avisar Shino que estava saindo. Que se foda.
.
.
.
.
.
O clube ficava no centro e era o mais discreto possível. Tinha a fachada de um bar, com luzes neon e cartazes de bebida, porém as janelas tinham cortina blackout verdes escuras; não havia barulho de música alta; pouca movimentação; seguranças mais mal-encarados que o normal. Estacionou o carro no lugar habitual e passou pelos seguranças.

A parte de dentro tem um mezanino de madeira, assim como os pilares e o acabamento do bar. Há mesas de quatro lugares espalhados pelo pequeno salão de piso em travertino escuro. Os outros membros italianos ocupavam as mesas, segurando copos de cerveja e jogando cartas. 

Alguns o saudavam com acenos de cabeça e risos, outros erguiam os copos e gritavam. Ele apenas dava um sorriso mínimo e continua indo para os fundos, onde seria a reunião. Abriu a porta da única sala de todo o clube e encontrou os chefes das principais famílias mafiosas italianas: Hidan, Furiido e Danzou. 

- Achamos que você não apareceria. - Hidan comentou batendo os dedos na mesa.

- Precisava passar no escritório primeiro. - Sasori disse ocasionalmente - O que temos pra falar hoje? 

- Você resolveu o problema das armas? 

- Eles estão com um problema com a polícia federal, mas eu mandei Shino ir atrás de outras por enquanto. E os nossos carregamentos de drogas?

- Estão atravessando a fronteira dos EUA sem problema algum, só precisamos renovar alguns papéis do nosso lixão lá, só pra não descobrirem que é uma empresa fantasma.

- Furiido pode cuidar disso, não? - Sasori o encarou. 

- Sempre cuidei.

- E as Cat House? 

- Addam está nos devendo uma parte dos lucros, mas ele disse que já irá repor as prostitutas que faltam e passará o dinheiro. 

- Repor? - Sasori franziu o cenho. 

- Algumas eram menores de idade e foram apreendidas pela polícia. - Furiido deu de ombros.

- Já falei pra esse imbecil parar de pegar meninas tão novas. 

- Mas são elas que dão mais dinheiro. - Hidan replicou. 

Sasori se lembrou de Barbie. É... As mais novas sempre eram melhores.

- O que mais temos? - Sasori passou o olhar por todos.

- De lucro, só. - Danzou deu de ombros - Agora, problemas temos vários.

- Algum que eu não saiba? - Sasori ergueu a sobrancelha. Queria ir embora e resolver o seu maior problema do momento. 

- Hiashi está pretendo casar a irmã de Hinata com um grego. - Danzou disse, em tom sério.

Sasori encarou a mesa e depois ergueu os olhos, ainda sem entender.

- Ele está louco? - disse, incrédulo. 

- Não sabemos o que se passa na cabeça do velho, mas ele não pode fazer isso. - Hidan retrucou, óbvio. 

- Querem que eu faça o que? - Sasori os encarou. 

- Você é casado com a filha dele, alguma coisa precisa fazer! - Danzou bateu na mesa - Você não pode deixar ele se juntar com nossos inimigos, mesmo ele falando que é imparcial! Ninguém é imparcial nesses assuntos! 

- Posso tentar falar com ele, mas faz  três anos que não mantemos contato. 

- Porque você é um imbecil orgulhoso! - Danzou exaltou-se. 

Sasori encarou o velho e trincou o maxilar. Danzou tinha a mesma idade que seu pai teria se não tivesse sido um bêbado drogado. O que mais o revoltava era que Danzou deveria ter aconselhado o pai e tentado evitar a merda que havia virado a Cosa Nostra, porém ele gostou de ver a família chegar na bosta só porque na lista de sucessão ele seria apenas mais um nome. 

- Olha aqui, velho, você pense muito bem antes falar comigo porque eu não sou o bêbado do meu pai. - a mesa era pequena o suficiente para permitir que Sasori se inclinasse sobre ela e chegasse até Danzou do outro lado, agarrando a gola de sua camisa.

- Sasori. - Hidan segurou seu pulso.

- Não tenho medo de você, Sasori.  - Danzou disse em um tom de deboche.

Sasori empurrou o corpo de Danzou e fez a cadeira tombar para trás, fazendo o velho bater a cabeça no chão. Hidan e Furiido não se mexeram ou falaram. 

- Sobre Hiashi: irei dar um jeito nessa situação. - ele saiu da sala, deixando a porta aberta. 

Já não bastava a puta da filha, agora, ele tinha que cuidar do corno do pai. Cerrou os punhos, ele conseguiria matar os dois coelhos com uma cajadada só. Isso era coisas mínimas perto dos problemas que ele realmente enfrentava. Tiraria isso da frente o mais rápido possível.

Enquanto saía do clube, trombou com o médico particular da Cosa Nostra. Segurou seu braço. 

- Podemos trocar umas palavras? - Sasori sussurrou. 

- Aceita cervejas? - o médico apontou para um mesa no canto do salão. 

- Qualquer coisa. - seguiu o doutor até a mesa e se sentou. Foram atendidos em questão de segundos. 

- Qual a sua dúvida? - o médico esticou as costas na cadeira e abriu a cerveja. 

- Uma de minhas putas está grávida e eu não quero um bastardo infernando minha vida. - Sasori abriu sua cerveja. 

O médico ergueu uma sobrancelha grossa.

- Está sugerindo um aborto? 

- Com outras palavras. - Sasori sorriu - Acontece que eu queria algo mais discreto, porque ela não vai aceitar fazer um aborto. Entende? A criança será um pote de ouro pra ela. 

O médico pareceu pensar.

- Sabe quanto tempo de gravidez? 

- Não deve ter  nem um mês. 

- Eu tenho um remédio que terá o efeito que você deseja. - o médico sorriu - Passarei a receita. - ele abriu a pequena mala que trazia consigo. 

- Como funciona? 

- Você dará a ela como uma medicação normal. - o médico deu de ombros - 3 em 3 horas, não deverá dar por muitos dias, o aborto acontece rápido. 

- Ela está reclamando de dor de cabeça. - Sasori comentou.

- Um ótimo jeito de mascarar o remédio. - o médico o encarou - Peça para ela colocar embaixo da língua e esperar dissolver. 

- Por quê? 

- Porque ela poderá ter uma hemorragia e se for parar no hospital, eles não conseguirão provar que foi um aborto induzido. Parecerá um aborto espontâneo. 

Sasori sorriu. Estava falando com a pessoa certa.

- Posso pegar em qualquer farmácia? 

- Qualquer uma. 

- Qual o nome do meu herói? 

- Misoprostol. 
.
.
.
.
.
A caixa continha apenas três comprimidos e ao todo ele tinha seis. Esperava não precisar de mais. 

Entrou no apartamento e encontrou Hinata na sala, estava usando roupa de ginástica, embora não estivesse suada ou apresentasse qualquer sinal de ter feito exercício físico. 

- Comprei seu remédio. - ele ergueu a sacola - Falei com o médico no clube e ele me receitou o melhor. Você precisa colocar embaixo da língua, ok? 

- Por quê? 

- Porque assim tem melhor absorção... Alguma coisa assim. - ele foi até a cozinha e pegou um comprimido e guardou o resto em um pequeno frasco laranja de um remédio antigo que tomava, descartou a embalagem do misoprostol no lixo e tomou o cuidado para não deixá-la visível.

- Obrigada. - ela estendeu a mão e pegou o comprimido.

Enquanto ela colocava o comprimido embaixo da língua, ele sorria vitorioso. 
***
Sakura. 

Desde a primeira menstruação, Sakura sabia que seu organismo não regulava como o de suas amigas. Ela sempre sentiu muita cólica e dores fortes durante as menstruações; seu ciclo ora era intenso e outras vezes era irregular; e o novo problema que ela enfrentava há sete anos: não conseguia engravidar. 

O doutor chamou seu nome. 

- E então? Descobriu alguma coisa com os exames? 

 - O que eu desconfiava desde o início de nossas consultas. - ele ajeitou os papéis do exame - Você tem endometriose.

Ela franziu o cenho e ele se prontificou a explicar: 

- A menstruação é a descamação do endométrio, ou seja, ele deve se firmar no útero. Porém, no seu caso, algumas células que formariam o endométrio escaparam e começaram a formar o tecido em outra, o que acaba gerando o problema todo que você enfrentou quase a vida toda. 

Ela respirou fundo. 

- Por que não descobriram antes? 

- É mais comum descobrir entre a faixa dos 25 a 30 anos. - ele deu de ombros.

- Qual o tratamento? 

- Seu caso é bem avançado, creio que iremos precisar efetuar uma Laparoscopia, que não passa de uma cirurgia para remover os focos da doença. 

- E quanto a gravidez? - ela apertou sua bolsa.

- Sinto informar que até a cirurgia você não poderá engravidar.

Disso ela já sabia.

- Quero saber de depois. - ela replicou.

- Bom, talvez tenha dificuldade, mas não será impossível.

Ótimo, era tudo o que ela precisava. 

- O que eu preciso? 

- Vou te receitar uns exames e assim que obtiver os resultados, marcaremos a cirurgia.

- Consegue fazer o quanto antes? 

- Tudo depende de quanto tempo o laboratório irá demorar para retornar os exames. - ele começou a digitar no computador.

Se ela não conseguisse ter filhos, qual seria o sentido de seu casamento com Naruto? Então era melhor ter aceitado a oferta de Sasuke e ainda ter ficado com quem ela ama de verdade. Ela queria gritar e destruir qualquer coisa a seu alcance para amenizar a cólera que remoía seu corpo naquele instante. 
.
.
.
.
.

Chegou no apartamento com algumas caixas que trouxe do seu. As deixou no chão e largou as chaves em cima do balcão da cozinha. Ainda precisava resolver as coisas do casamento... E o Naruto não ajudava em nada.

- Puta merda!  

Ela olhou para o lado assustada.

- Você quase me matou do coração. - Naruto terminou de arrumar a gravata - Onde estava? 

- Ginecologista. 

- Certo... Alguma coisa errada?

- Está tudo perfeito. - ela disse sarcástica. 

- Estou de saída.

- Antes. - ela segurou seu braço e o fez virar para encará-la - Precisamos falar de algumas coisas.

- Precisamos? - ele revirou os olhos. 

- Sim, Naruto. 

- Sobre? 

- O nosso casamento.

Ele se afastou de seus braços, parecia desconfortável com a situação. 

- Não temos nada para falar. 

- Como não? - ela levantou - E a festa? Igreja? Convidados? Buffet? Temos muitas coisas, sim! 

- Sakura. - ele segurou seus ombros - Não vai ter nada disso. 

Ela arregalou os olhos.

- Como não vai ter nada disso?! - seu grito saiu mais alto do que ela esperava - Como você tem coragem de dizer isso a mim? De me privar de um sonho de infância? Naruto! 

- Nós não vivemos de sonhos, Sakura. - ele disse, impaciente. 

- Eu tenho o direito de casar decentemente! Você não pode proibir isso! 

Ela sentia o rosto quente de raiva. Ele não tinha ideia de quanto tempo ela sonhou com esse momento e, agora, quando ela consegue chegar onde queria, ele diz não. ELE DIZ NÃO. 

- Vai se fuder, Naruto! - ela estapeou o peito dele - Você não pode fazer isso comigo! Nós vamos casar! 

- Sakura...

- Não venha com esse de: Sakura, para com isso, você não está vendo a minha situação? - ela esbravejou - Eu estou vendo a minha situação! Isso não é justo! Porra, Naruto! Que merda de casamento você está tentando fazer? O que você achou quando comprou a aliança? Que só isso bastava? Que isso era o suficiente para firmar uma relação? 

- Achei isso mesmo. - ele colocou as mãos no bolso. 

- Isso não é o suficiente! - ela tirou a aliança do dedo e jogou nele - Eu mereço mais que isso! Você é um filha da puta! Um bosta! 

Ele a agarrou pelos ombros e levou em direção ao sofá, jogando-a sentada.

- Olha aqui - ele segurou o queixo dela entre os dedos -, aquela merda de aliança é a única coisa oficial de nosso casamento. Então encare a realidade, Sakura. Se não quiser assim, ótimo, saia da minha casa e vá achar alguém que realize seus sonhos de menininha tola e fútil, agora, se quiser ficar, cale a boca e aja como uma mulher. 

Ele largou seu queixo e caminhou em direção à porta, batendo quando saiu. 

Ela passou as mãos no cabelo e chorou. Quando uma merda acontecia, ela atraía outras para acontecer junto. 

Sakura levantou do sofá e foi até a cozinha buscar um copo d'água. Ocasionalmente, ligou a t.v. Fazia um tempo que não parava para ver alguma coisa inútil e se distrair. O canal aberto era de um noticiário e Vladir apareceu na tela, desfigurado. Ele gritava alguma coisa sobre o seu estado ser a prova de como a Rússia estava em maus lençóis e que aquilo não iria intimidá-lo a parar de lutar pelo fim disso. Vladir gritava tanto que era possível notar gotículas de saliva voarem de sua boca. 

Sakura colocou a mão na cabeça e buscou o celular no bolso. Ligou para Sasuke. 

- Fala.

- Liga no noticiário.

- Quê? 

- Liga no caralho do noticiário! 

Ele demorou um tempo em silêncio.

- Puta que pariu! Puta merda! O Naruto vai ficar muito puto. 

- O que a gente vai fazer agora?

- A gente tinha que ter matado esse desgraçado. - Sasuke bufou - Puta homenzinho desgraçado. 

- Naruto já está a caminho e eu também.

Sasuke desligou sem precisar de mais informações. Assim que colocou o celular no bolso, Sakura desligou a televisão e correu para o estacionamento, levando apenas a chave do carro. 
***
Naruto. 

Mal havia chegado no pequeno e discreto prédio do centro, e já foi abordado por Sasuke.

- Qual a urgência? - Naruto passou os olhos por ele. 

Sasuke o pegou pelo braço e o levou para dentro. Assim que Naruto entrou, notou o noticiário sendo televisionado. Sentou e passou a mão no cabelo.

- Não acredito nisso... - sussurrou. 

Vladir estava fazendo um discurso ao vivo e em público, expondo a cara massacrada com orgulho e virando o herói nacional. "O único que enfrentou o lado escuro da Rússia". Ele gritava tanto que as veias de seu pescoço saltavam e as pessoas gritavam o incentivando. Seus gritos se referiam a sua coragem em defender os russos contra a podridão e que isso ( ele apontava para a cara) não iria o intimidar a parar, pelo contrário, fazia ele querer continuar com mais vontade.

- Puta que pariu! - Naruto levantou e bateu a mão no sofá, derrubando as almofadas - A gente tinha que ter matado esse desgraçado! 

- Acho que não. - Deidara se pronunciou - Talvez matando-o deixasse as coisas ainda mais inflamadas e poderia ser pior do que está. 

Naruto bufou e andou em círculos. Ele queria destruir alguma coisa com as próprias mãos, apertar até sentir a coisa ceder sob seus dedos e se partir. Esmurrar a parede. Deidara estava certo. Se esse homem viesse a parecer com o corpo cheio de verme por aí, as coisas tomariam uma projeção muito maior e mais chamativa, seria o motivo certo para a eclosão de alguma revolta popular ou algo parecido, expondo mais a situação delicada em que eles já viviam. Vladir era muito mais valioso vivo do que morto.

Só esperava que Minato não visse isso do hospital. Não descobrisse sobre seu fracasso em tentar contornar as coisas. 

O pai não faria isso, com certeza não. Minato não era impulsivo como ele, seria mais provável o pai analisar a situação do que agir impetuosamente sem pensar. 

- Precisamos falar com o Yvon. - Itachi cruzou os braços - Não podemos deixar o Vladir triunfar assim, vamos combater fogo contra fogo. Fazer uma boa campanha política e deixar o Yvon a altura desse merda.

Naruto voltou a sentar. Não conseguia pensar ou tomar uma decisão. Só queria pegar o carro e sumir dali para nunca mais voltar. Precisava de um tempo para pensar. 

Sakura entrou e atraiu todos os olhares para si, menos o dele. 

- Itachi, vá com o Lee e encontre o Yvon. - Naruto ergueu os olhos - Ele deve estar se escondendo para não enfrentar toda essa merda, mas nós vamos tirá-lo do casulo. Sasuke, vamos para a minha sala.

- E quanto a mim, Naruto? - Sakura se aproximou. 

A única coisa que Naruto lhe fez foi deferir um olhar crítico por seu corpo até a mão, que estava sem a aliança. Ali estava outra atitude impulsiva. 

Os dois entraram na sala em silêncio. 

- O que quer falar? 

- Precisamos dar uma geral em tudo. - Naruto sentou na cadeira.

- Geral em quê? 

- Precisamos da baixa da luva semanal dos comerciantes que estão sob a nossa proteção e intimá-los a votar no Yvon. 

- A baixa total não vou ter em mãos agora, mas sei que nenhum russo nos deve nada. 

- Ótimo. Vou esperar pelas respostas de Sasame. Como estão os puteiros? E o tráfico? 

- Estamos conseguindo muitas africanas para as casas vermelhas e até agora apenas um sequestro está sendo levado adiante. 

- Foda-se. - Naruto deu de ombros- A polícia russa irá indeferir qualquer acusação.

- Até agora. - Sasuke completou- Digo, com essas coisas do Vladir...

- Ele não vai ganhar. - Naruto falou com convicção. Isso era seu ponto de honra no momento. 

- Os jamaicanos se resolveram? 

- Não, ainda estão brigando, mas nossas armas estão chegando sem problemas. Sabe se o Gaara vai aceitar a proposta de casar com a filha do Hiashi?

- Ainda tenho que falar com ele... 

- Você acha que ele vai aceitar?

- Pra falar a verdade, achei que ele ainda estava de caso com a Ino.

- Nem sabia que eles tinham um caso. 

Naruto deu de ombros.

- Também não importa, vamos voltar a focar no que interessa para o momento. 

- O que você vai fazer?

- O que seu irmão falou. - Naruto o encarou - Vamos financiar a campanha do Yvon e fazer esse filha da puta ganhar nem que for carregado nas minhas costas.

Sasuke sorriu de lado.

- Se eu fosse você, já ia me preparando pra carregar peso.

Naruto apoiou a cabeça nas mãos. Não sabia se ria ou se jogava tudo de cima da mesa no chão. Respirou fundo. 

- Vá conseguir a baixa com Sasame e depois retorne aqui. 

- Pode deixar. - Sasuke deu um tapa leve na beirada da mesa e levantou - Tente não ter um ataque.

- Lembrarei disso quando estiver à beira de um. 
***
Hinata. 

- Seu pai irá viajar para a Grécia daqui dois dias e então eu vou aí. - Tenten disse.

- Chegue como se estivesse de passagem, assim o Sasori não desconfia. - Hinata sentou na cama. 

Ela havia decidido: procuraria por Naruto para falar sobre o filho que esperava e sumiria da vida de Sasori.

- E suas dores de cabeça?  

- Estão- ela foi interrompida por uma notícia na tv, falava sobre um candidato à presidência agredido por possíveis membros da máfia que rondava o governo russo - Está vendo o jornal? 

- Nem estou em casa. Por quê? 

- Nada. - Hinata prendeu a atenção na notícia. Preocupou-se com Naruto e em como as coisas deveriam estar para ele. Gostaria de poder estar lá para ajudá-lo ou simplesmente poder estar ao seu lado para apoiá-lo. 

- Hina, as dores...

- Ah! Claro... Sasori está me dando um remédio, mas não estão melhorando em nada.

- Normal... Continue tomando o remédio. 

- Sim. Tenho que desligar.

Ela não esperou a resposta de Tenten. Aumentou o volume da televisão e sentou mais ereto, prestando a atenção em todos os detalhes da história, se arrepiando com a ferocidade que a mídia internacional noticiava o fato e caçava Naruto ou qualquer outro que fizesse parte da máfia. Vladir tinha muita coragem de expor o acontecimento assim ou era um homem louco. 

Sentiu pena de Naruto e queria mais que qualquer coisa poder vê-lo e ajudá-lo. Daria qualquer coisa... 
.
.
.
.
Sasori chegou depois do jantar. Estava com a boca suja de batom e pelo como andava Hinata deduziu que ele havia bebido. Ignorou sua presença. 

Passou a tarde na sala vendo os noticiários que se ocuparam em falar da crise política que assolava a Rússia e precisou controlar sua vontade em pegar um avião e ir atrás de Naruto. 

Desligou a televisão e levantou, caminhando para o quarto. Foi impedida por Sasori. 

- Estava com saudade de você. - ele sussurrou mexendo em uma mecha de seu cabelo. 

Ela sentiu nojo. 

- Você está cheirando a álcool. - ela o repugnou. 

- Você sempre arranja uma desculpa para escapar de mim. - Ele se aproximou e tentou beijá-la. 

- Onde você estava? 

- Saí pra beber com uns amigos.

- E seus amigos usam batom?

Sasori a olhou com os olhos estreitos e a empurrou contra a parede. 

- Estou com saudade do seu corpo. - ele passou a mão por suas coxas.

- Sasori, estou com dor de cabeça. - ela afastou suas mãos e tentou retomar o caminho do quarto. 

- Para uma vagabunda, você está cheia de frescura. - ele segurou seu braço.

Sem pensar, Hinata o atingiu um tapa pesado e estalado. Ele se assustou mais do que sentiu dor. 

- Você não está falando com nenhuma de suas putas, Sasori! Eu exijo o mínimo de respeito! - ela esbravejou. 

Sua visão ficou turva por milésimos de segundos. Piscou algumas vezes. Uma tontura repentina a pegou desprevenida e fez pressão em seus ouvidos. Será que eram sintomas da recorrente dor de cabeça? 

Sasori a pegou pelos cabelos e a jogou contra a parede de novo. Ela envolveu a barriga com as mãos de modo instintivo e protetor. 

- Você é pior que as minhas putas. - ele sussurrou - Eu sei do seu podre, Hinata.

Ela franziu o cenho. 

- Sei que você está carregando a porra de um bastardo russo aí. - ele se afastou o suficiente para devolver o tapa que levou e fazê-la cair de joelhos. 

Seus olhos lacrimejaram, porém ela não choraria. Ela não sentiu medo por Sasori ter descoberto sobre o bebê, no fundo, era ótimo ele descobrir sobre a gravidez. Era um tapa muito mais poderoso que o físico. Ela estava gerando um herdeiro russo.  

Levantou. Sentiu um calor entre as pernas e logo depois algo quente escorreu pela região. Uma dor aguda contorceu seu ventre e a fez ofegar, curvando o corpo. Olhou para os pés e notou o sangue escorrer por suas pernas.

Não! 

A dor no ventre alcançou um nível mais alto e a fez cair de joelhos sem ar. O fluxo de sangue aumentou e começou a acumular no chão. 

- Meu bebê! - ela sussurrou apertando a barriga.

- Então deu certo. - Sasori a olhava de cima com as mãos na cintura, ele sorria.

Deu certo?! 

- Sasori! - ela gritou de forma aguda e sentiu contra contração de dor. O sangue descia mais encorpado e a dor aumentava torrencialmente. 

- Esta é minha vingança. - Sasori riu - Achou que eu sairia como corno calado? Que não faria nada? Eu arranquei o mal pela raiz. 

As lágrimas escorrem. O remédio... Só podia ser o remédio e só isso explicava a atenção que Sasori deu em comprar o medicamento de prontidão, em falar com o médico.

Ela quis xingá-lo e amaldiçoa-lo, mas a dor era tanto que ela nem tinha fala. Curvou o corpo sobre os joelhos e pressionou o ventre com as pontas dos dedos e as coxas em uma tentativa desesperada de estancar o aborto. Deu um grito contido de dor.

- Meu bebezinho... - ela sussurrou entre as lágrimas - Como você pôde fazer isso, Sasori?! 

Ele sorriu, ainda a observando se esvair em sangue e não respondeu.

O sangue ganha mais forma sobre o piso, deixando o ar com um cheiro mórbido de ferro e morte. 

Sua cabeça latejou e ela sentiu ânsia. As contrações causaram espasmos em seu corpo e ela gritou, deitando no chão. Tentou rastejar até o telefone, mas Sasori retirou o objeto de seu alcance rindo. 

- Vamos, lute pelo seu feto, mostre seu instinto de mãe, Hinata. - ele encostou no sofá - Tente salvar essa coisa morta dentro de você. 

Ela deu um grito contido e dobrou o corpo, sujando os cabelos no sangue. Avistou Niara se aproximar. Sua espinha gelou. 

- Agora que as coisas vão melhorar. - Sasori observou o felino inclinar a cabeça para cheirar o sangue espalhado no chão. Era muito sangue para não mexer com os instintos animais de Niara, mesmo ela sendo a mais tranquila das duas.

Hinata tentou rezar para pedir clemência, mas a pulsação de sua cabeça e as dores no ventre a impediam de pensar. 

Niara lambeu suas pernas ensanguentadas e deitou ao seu lado, rosnando quando Sasori tentou se aproximar. 

A cada segundo, Hinata sentia o seu bebê deixá-la, sentia Naruto partir, sentia-se morta. O sangue ganhava cada vez mais volume e as dores mais intensidades. Ela apertou os dedos contra a barriga como se isso fosse permitir que ela pudesse segurar seu bebê ali e protegê-lo. 

Por um momento, ela pôde imaginar que segurava sua pequena mãozinha e o impedia de ir, agarrando-o em seus braços e segurando com força. Daria a vida para impedir sua morte. 

- Por favor... Por favor... 

Ela nunca acreditou em Deus, mas naquele momento não existia crença ou fé, apenas a dor de uma mãe que perdia seu filho de forma trágica. Hinata pediu a Deus que impedisse aquilo, que, de algum modo, protegesse seu bebê. 

Mas ele não fez isso. 

O fluxo de sangue aumentou e sua visão clareou de tal modo que ela não conseguia distinguir o que estava a sua frente. Ainda podia sentir Niara cheirá-la e rosnar. 

E então ela desejou morrer junto com seu bebê.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...