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História Crônicas de Althunrain - Rei Lich - O Rei Não Nomeado


Escrita por: Tulyan

Capítulo 43 - O Rei Não Nomeado


Fanfic / Fanfiction Crônicas de Althunrain - Rei Lich - O Rei Não Nomeado

O calor do Sol é mais que bem-vindo, a cratera que deixei aqui extinguiu toda as cinzas e os ossos negros, as chamas azuis se foram bem depois que as lancei, felizmente, conseguimos outro lugar para acampar, aquele outro estava abandonado, mas consegui recuperar nossas coisas... Eu deixei os dois sozinhos um tempo, para conseguirem encarar a realidade que transformei para eles, ter este braço fantasma causa um formigamento estranho sempre que o toco em algo além do gelo, mesmo que através dele, me impressiono por conseguir sentir, tatear qualquer coisa normalmente, em certas ocasiões, chego a esquecer de minha deficiência nada negativa.

Um fato importante para me lembrar, meu poço de sombras e gelo está debilitado, por tal evito usar gelo, fora o negro, já que este parece vir de outro lugar, chamaria de um poço pessoal nosso, o mais forte e denso que temos. Me levantei de um assento afastado, mas que me dava total visão dos dois e do horizonte afrente, depois de muito se exaltar, Cixoam voltou a si e passou a treinar com a Joia, fazia lasers dourados de várias intensidades e tamanhos, coisa que me deixou impressionado, pelo domínio, e pela vontade de fazer isso também. Apesar de chamar isso de teste, o homem brinca com ela, pois, é algo que toda sua família, e gerações almejavam, se sobrou qualquer medo, dúvida, raiva ou receio quanto a mim, foi destruído por este ato, posso ter perdido um objeto de poder imenso, e valor incalculável, mas ganhei um grande apoio, e um amigo forte, que em falar nisso, reverso a este adjetivo observo Klyce. Na exata posição que o deixei, o lobo me olha de canto levemente, eu, por minha vez, caminho em sua direção, isso o faz sua cauda ficar inquieta, que antes repousada no colo, vai para trás e balança levemente, como um cão feliz, bom, acho que tal gesto significa exatamente o mesmo...

— Uma pergunta Aryn. – Cix interrompe minha ida até o Nanci. – Caso eu entre em forma de dragão, a Joia, sei lá, vai cair?

Levanto as sobrancelhas, como me esqueci disso? – Ah não, a Joia original tinha... – com ambos os indicadores e os dedões das mãos, faço uma estimativa de tamanho. – Era igual a um melão, nós compactamos ela para ficar menor pro nosso uso, assim Thereza fez algumas coisas estranhas, e... – entendendo minha dificuldade para explicar a Rainha emerge de minha mente e fala através de mim.

— Fiz a Joia crescer e diminuir de acordo com a intensidade arcana que tu emanares, assim, ela ficará fixa exatamente como um olho, dado que nosso gelo a conecta a teu cérebro, não será difícil tu, por si só, fazer estas conexões e um dia dispensar o gelo. Já adianto que não deves preocupar-te, deixei o material com morte programada, assim será absorvido pelo teu corpo e expelido naturalmente como água, sem efeitos danosos claro. – apesar da voz sair de mim, sempre é estranho de ouvir, já que minha boca não se move e isso me faz parecer um ventríloquo.

— Nossa, a senhora planejou tudo com muito cuidado, estou impressionado Thereza. – sorrio, expressando o sentimento que ela faz.

— Muito bem, agora, Cixoam. – ela continua. – Precisamos voltar para casa, está realmente bem para isto?

— Mas é claro minha Rainha, só dizer que estamos partindo. – sua atitude anima nossa saída daqui, era bom poder contar com alguém como ele, eu teria dificuldades de levar Klyce comigo, agora que Preven descansa em paz junto a Avony.

— Pois bem, vamos indo agora, eu e Aryn precisamos retomar a busca do Rei mais próximo de nós... – a pressa dela não me aflige em nada, afinal, esta é nossa índole, justiça.

— Não gostariam de descansar meus senhores. – depois de muito tempo ele refere a mim como superior, algo que, sabe, eu não gosto. – Meu pai tem enviado mensagens para a própria Aze, ela tomou conhecimento sobre vocês dois, bom, sobre Aryn, desculpe não ter dito antes, queria não incomodá-los com algo tão, ahm... – procurava a palavra certa. – Leviano para o momento.

— Claro que não. – digo ressaltado. – A Aze não é menos para nós, mesmo que possamos ser nomeados como... Reis... – gostaria de ter Thereza para olhar agora, poderia saber sua reação com precisão. – Mas ainda será uma honra conhecê-la. – o homem abaixa a cabeça levemente.

— Meu pai pediu que o convidasse para se reunir com a própria, em Ezthel. – sua fala me é animadora, sempre quis conhecer um Aze, eles são quase lendas aos olhos de qualquer um com o mínimo de saberes.

— Mas é claro Cix, vamos nos aprontar então. – confirmo o que ele mais desejava e me volto ao Nanci, este mantinha a mesma pose, posso apostar que está com câimbra, porém, seu senso de dever o mantêm sempre inabalável. – Klyce, deixe-me ver...

Me aproximo dele, esta coisa estranha que eles têm com as patas é curiosa, e mais ainda que o lobo me permita tocar tão facilmente... Sinto com os dedos de carne, o gelo que separa o cristal da parte viva está rígido e bem, posso ver as linhas de nosso poder ligadas ao Nanci, estavam perfeitas, as duas, sem nenhuma falha ou mal formação, assim, pude dar sinal positivo. – Levante, vamos indo.

— Sim senhor. – reponde levando as pernas para sua esquerda, ele as toca no chão e o fito, dando ênfase nos olhos a fim de perceber algum sinal de dor. Mas, se bem que não preciso disso.

— Se incomodar, doer, sei lá, me avise, está bem? – o lobo abaixa a cabeça por alguns segundos.

— Como quiser mestre Aryn. – o jovem se levanta e fica a minha frente, posso ouvir Cixoam transformando pelo som de suas patas enormes tremendo contra o chão, e suas asas lufando o ar como um tornado feroz.

Puxo o Nanci para perto de mim e passo o braço direito atrás de seu pescoço. – Fomos convidados para a corte de Ezthel, como alguém mais instruído do que eu... – bem, isso é verdade, comparado a um cidadão da capital, eu seria um selvagem louco extremamente poderoso e irritável. – Você poderia, sei lá, me dar umas dicas, me ensinar coisas indispensáveis naquele ambiente. – Klyce me olha diretamente, bobo de ouvir isso, confusão está em seus olhos e um sorriso curto em seus lábios negros como o focinho se abre levemente.

— Ficarei honrado em lhe ensinar. – bato a palma da mão etérea em seu peito um par de vezes.

— Esse é meu garoto! – digo ao soltá-lo e subir em Cixoam. Apesar de poder voar com aquele fogo azul, é exaustivo, além do mais, nossa magia está longe de sair da zona perigosa que Thereza relata.

 

Mesmo com a altura, com o vento forte que passa a cada lado meu, o único pensamento que tenho é: “Esse é meu garoto”. Esta pequenina frase, minúscula frase, foi... Bom, foi o mais próximo de família que já tive, sempre fui chamado por função, ou pelo nome que me davam, algo que não reclamo, jamais, nunca saber quem eu chamaria de pais sempre me pareceu leviano no início, meu primeiro mestre disse que sai de uma fossa, gerado de excremento, sabia que era mentira, pois, toda criança que via, estava acompanhada de adultos, e eles interagiam entre si com tanta felicidade, com tanto carinho e amor que não poderia ter tal origem, e, eu cheguei a ter inveja, no entanto, devia ser grato por existir, grato por servir, e fui... Mas com a idade, mesmo com a servidão assídua, me pegava pensando, como eles seriam, onde estariam agora... Tudo parte dos meus devaneios na cela escura que morei por três anos em Deringat, eu nunca vou pedir que Aryn seja meu... Nem consigo pensar nisso sem que minha garganta trave, quem sou eu para pedir algo de meu mestre? Quem sou eu para pensar nisso?

Aperto os olhos expulsando esses pensamentos de minha mente, mas, agora, estão arraigados, não importa o que eu tente imaginar, ter Aryn como um amigo me é uma honra suprema, se, algum dia me adotar como... Eu não consigo sequer pensar a continuação, eu, não devo ter um...

Tudo que posso fazer para me confortar agora é apoiar o rosto nas costas frias de meu senhor, seus cabelos não me tocavam por estarem ocupados demais sendo levados pelo vento forte, queria falar para meu mestre, queria poder ser realmente aberto com ele, mas, seria demais, não importa o quanto ele seja compreensivo comigo, não sou nada dele, mesmo que sejamos amigos, é muito caro querer tal coisa, devo minha vida a este homem, devo minha servidão e obediência eterna a ele, assim, como o serviria se... Droga, o que é isso, porque me sinto tão diferente, eu sou um humilde servo de um homem simplesmente divino, isso já me supre, já é mais que suficiente para me dar sentido na vida, é muito egoísmo meu querer mais, é errado eu pedir algo ao meu senhor, estou aqui apenas para servir, não para exigir... Com a benção dos deuses estes pensamentos ruins se afastam de minha mente e posso me focar no que é importante, compensar minha inutilidade, dar sentido a verdade que pulsa em meu coração: Eu vivo apenas por Aryn.

 

Passamos muito tempo assim, isso é medido pela dormência que sinto nas pernas, por mais resistente que seja, meu mestre fica inclinado para frente, talvez o vento esteja forte dema... Ah, não... Um sorriso abre em meu rosto, ele estava dormindo apensar do perigo e do caos ventoso que sopra a todo momento. Meu amor por ele me faz querer cobri-lo, porém, não tenho nada para isso, deixamos tudo para trás, afinal, aquela comida e tralha toda adicionaria peso desnecessário, por mais que estejamos radiantes com os presentes de Aryn, ainda temos que ser precavidos, descansamos pouco, bom, eles, estou acostumado a ficar horas de pé, sem descanso, pois me treinaram para isso, era ou ficar de pé, ou ser sufocado pela coleira apertada...

 

Consegui tirar um cochilo em pleno voo, e isso além de me assustar, foi muito impressionante, chego quase a bocejar, porém, fazer isso em tal altura, com tanto vento no rosto é difícil, e só agora olho para baixo, a altura não me assusta a muito tempo, porém, o que vejo abaixo é realmente inspirador, mata densa cobria tudo, nada de montanhas ou rochas afloradas, muito menos a familiar neve, apenas verde e mais verde só impedido por rios longos e caudalosos, mesmo que mansos. Sempre ouvi falar dessas florestas mais quentes, a fauna desses lugares sempre foi motivo de especulação na minha antiga roda de amigos durante minha infância, no entanto, ver é mais impressionante do que imaginar... Nossa sombra é enorme sobre as copas, por nossa pura vontade, a aura que é emanada de nós foi muito suprimida a fim de evitar alarmar seres a longas distâncias, pois, Thereza estima que, puramente falando, nossa aura está o dobro daquela que sentimos contra o Rei Negro, ou seja, deve ter três ou quatro quilômetros em total potência, além do mais, esta nova magia é tão fascinante, estou louco para usá-la... Porém, como me explicou, nossa capacidade arcana cresce, mas o tanto que podemos usar em cada poço é menor, assim como ela mesma disse, é como uma pirâmide dividida em segmentos horizontais, sempre que depositamos mais um poço na ponta, ele é menor, porém, ainda é vindo de um Rei, sou seja, muito poderoso em essência.

Como nada demais aconteceu, e eu venho de um bom sono, conseguimos nos concentrar em regenerar nossa magia, ela é uma sensação, e agora, estou bem confortável. Meu novo braço me assusta as vezes, a “falta” dele me prega peças, bom, aconteceria isso se a manopla não existisse. Eu nunca fui em uma cidade grande, digo, daquelas que não se vê a ponta estando em outra, tudo isso é novo para mim, por mais requintado que seja os costumes e etiquetas apropriadas que a Rainha possui, como a própria enaltece, talvez tenha ocorrido mudanças radicais em aspectos desconhecidos a ela, e é por este fato que Klyce me será bem útil, assim posso aprender com o lobo e sanar as dores e achismos deste pobre jovem, e agora que penso, um “escravo”, como ele ainda insiste em se auto tratar, ensinará a mim e a uma Rainha Antiga... Curioso.

 

Não há muito o que dizer, só contemplar, a visão que temos é de uma vastidão verde tão imensa que me faz pensar se ainda estamos em Althunrain, nunca sai do território Carnahan, então, desde Vrett, tudo isso é novo para mim, mesmo com nossa bagagem, nossa história, eu e Thereza ficamos encantados, eu por ver tal beleza pela primeira vez, e ela, por rever uma cena a tanto suprimida. – Lindo... – a Rainha diz em minha mente, nossa relação vem se fortalecendo a cada dia, e, eu realmente amo ela.

— Sim, nenhum pintor poderia mostrar tal beleza em um quadro, nenhum bardo faria uma canção suficiente.

— Esta mata realmente vibra em poder... – ela ressalta.

— Não falava a floresta, mas concordo... – a Rainha solta um riso breve.

— Sinceramente não sei o que falar para ti... Só, obrigado. – eu começaria a conversar com ela sobre algo aleatório, faz muito tempo que deixamos de trocar ensinamentos entre nós, por isso, posso ser chamado de perito em magia, e ela, em caça. Mas qualquer palavra é substituída por espanto de minha parte, emergindo da floresta, rodeada de campos longos de trigo e outros cereais, havia uma cidade, não, a capital.

Era tão imensa que mal via toda ela, mesmo do alto, tudo era destacado por um castelo branco e lindo, com centenas de corres e janelinhas, este é acessado por um trio de escadarias claras e está rodeado de milhares de casarões feitos de pedra lisa e madeira, telhas negras ressaltam as cores vivas que as paredes exibem, ruas largas passavam por quarteirões densos, praças se pontuavam em vários locais, até mesmo um rio cruzava suas muralhas altas e esbranquiçadas como mármore em um lugar mais parecido com um porto, pois o rio era um braço de um lago ainda maior que seguia para o sul calmamente e se separava em diversos rios diferentes, minha surpresa é sem igual, esta é a colossal Ezthel. Bato a mão de carne no pescoço de Cixoam e pergunto com certo humor. – Eles esperam um dragão branco gigante? – com sua falta de expressão ou fala, o meio dragão se limita a me olhar e ai vejo melhor a obra de Thereza.

Seu olho que agora é a Joia, brilha como o Sol alto no céu azul e limpo, a luz dourada que ele exibe me ofusca um pouco, o poder daquilo é imenso. E então, com um inspirar forte e ruidoso, o dragão solta um rugido alto e feroz, como um trovão vivo, ele, com toda certeza, alerta a capital inteira. – Bom... Agora sim... – qualquer receio que tinha em chegarmos de maneira inusitada é destruída pelo pensamento rápido de Cix.

Dou os ombros ao momento que chegamos bem perto das muralhas, lá vejo homens de armaduras douradas como suas capas, seriam feitas de ouro? Se sim, o quão caro é todos estes homens aqui, só nessa parte, delimitada por torres unidas a muralha, vejo mais de trinta, o valor para mim é inimaginável já que há muitas centenas em vigia, e mais centenas pontuadas pela cidade andando em grupos quase perfeitos que só não mantinham a marcha coordenada por conta de nós, a curiosidade alimenta olhares de tantos que mal posso contar, a variedade de cores, junto ao acumulo de pessoas, carroças e cavalos, puxando elas, ou sendo montados, traz um caos organizado para tudo, porém, depois de passarmos das torres com balestras carregadas por virotes prateados, mantenho meus olhos no castelo, suas paredes altas reforçadas com pilares unidos a elas exibiam uma arquitetura linda, estátuas saltam a rocha ao lado de portas vermelhas altas com topos arredondados e reforçados com metal esbranquiçado, as expressões deles são imponentes, como guardas a espera de algo, creio eu que possam ser...

As torres altas sombreiam longe a cidade, suas janelas, agora bem maiores, detêm uma beleza incrível, tanto pela perfeição, quanto pelo brilho estranho e colorido que encobre o vidro longo, como óleo a luz. Entre todos os locais vastos e limpos para pousar, Cixoam escolhe sabiamente, a frente do castelo é aberta, o piso octogonal e cinza-claro é o mesmo que se vê por toda a capital, algo surpreendente de se imaginar. As pessoas, curiosas, deslocam até nós, porém, como vi antes, para chegar ao castelo principal deve-se tomar as escadarias triplas, e entre elas, fontes cristalinas lançam suas águas cálidas aos céus enquanto regam flores diversas e simplesmente lindas, falando em vegetação, esta eu vejo em vários lugares fora os parques abertos, como se fossem parte da cidade, elas são usadas como pilares para casas, as maiores, têm seus troncos transformados em túneis verticais, uma coexistência admirável eu diria. Organizados, soldados fazem uma barreira aos pés de cada escada formando uma linha tripla de escudos largos e homens firmes que ocupam a base e dois degraus, o dragão vira a direita e usa suas asas para desacelerar, enfim chegamos ao destino tão esperado, Cixoam toca o chão e de imediato me levanto, e desço dele, Klyce vem logo atrás com meu auxilio, está reaprendendo a andar bem com estas novas patas, que mesmo apresentando movimento normal, ainda são de gelo, ainda são feitas de nosso poder.

O meio dragão começa a se transformar em homem outra vez e nisso, as portas duplas irrompem-se, guardas armados com lanças douradas e cintilantes, como suas armaduras, acompanhavam servos e nobres, que, com seus trajes coloridos e belos destacavam suas riquezas, porém, contrário ao que sempre me diziam, seus olhares para comigo são inspiradores, como se eu fosse algo valioso e muito esperado, ao contrário da soberba passada pelas bocas de quem já viveu em meio a eles, posso até dizer que tive uma boa impressão, porém, dentre estes novos e até jovens rostos, se sobressai uma que emana soberania.

Um vestido longo e vermelho a cobria por completo, detalhes negros em seu abdômen e tórax ressaltavam os seios que eram semi cobertos pelas madeixas negras que caem por muito em círculos concêntricos e bonitos. Seu olhar esverdeado está fixo em mim junto a um pequeno sorriso, e eu devolvo ambas as expressões. Um colar de pérolas trazia uma pedra rubra e brilhosa que se alojava exatamente entre suas clavículas, anéis dourados com pedras preciosas enriqueciam seus dedos e orelhas, era realmente uma beleza majestosa. – Aryn, é ela a Rainha? – Thereza pergunta em minha mente, ora, ambos temos essa dúvida.

— Aze, não rainha... – a corrijo em pensamentos, os guardas fizeram um semicírculo ao nosso redor, porém, sem nenhum tipo de agressividade, tanto por eu não portar uma arma evidente, quanto por nossos nomes, imagino que estejam tão preocupados mais com a proteção deste destacamento de civis.

— Cixoam Di Kraygen, filho de Velenfour Di Kraygen, e, o tão famoso Aryn Dvořák... – apenas com sua presença, Cix e Klyce a reverenciam tocando apenas um dos joelhos, o esquerdo, no solo. Eu permaneço de pé, seria fácil para mim ajoelhar perante ela a alguns meses, mas não mais, não por orgulho, por função.

Vendo isso, todos os que a acompanham, exceto os soldados, me soltam olhares confusos e ou enraivecidos, posso não ser totalmente conhecido dos costumes nobres, mas sei bem o que fiz, e quem me atenta é justamente quem deveria se sentir ofendida. – É sábio se ajoelhar perante um Aze. – seu tom não é crítico, é mais informativo e curioso, porém, tenho as apalavras certas em minha boca.

— É sábio de ajoelhar perante um Rei. – não que eu me considere, estava mais falando de Thereza, que ela não deve ter ciência que habita em mim. Ela solta uma baforada breve junto a um sorriso um pouco mais largo, olha suas mãos belas e retorna a me olhar de perto.

— Então a história é verdadeira? – realmente, foi bom não contar sobre tudo quanto a nós, mas não saber de qual história ela se trata me deixa precavido. – Você caça monstros antigos? Correto?

— Está correto minha cara. – algo a faz perder o raciocínio, seria...

— Porém, soube que o senhor mesmo trabalha para um deles, estou correta? – ela coloca as mãos atrás de si destacando o espatilho que usa abaixo do vestido.

— Eu não trabalho, somos iguais. – tal fala é verdadeira, então minto ao dizer que não sou um Rei Antigo? Pior, somos Reis Triplos, isso é muito confuso, porém, a medida de formalidade. – Ambos temos um propósito igual, e ele nos leva a destruir inimigos de Avony.

— Como aquele nas terras negras de Noh’Randy? – fico surpreso que tal notícia tenha chegado tão depressa até aqui, contando que a distância entre as duas regiões é um pouco mais de meio dia a cavalo, ou algumas horas a dragão...

— Este foi um caso interessante, não vou negar. – minha resposta sem rodeios a faz levantar ambas as sobrancelhas.

— Oh, que modos os meus. – algo parece ter dado um choque nela. – Sou Sina filha de Muransky a Lâmina da Tempestade, por favor, vamos entrar. – ela fica de lado e oferece passagem assim como cada homem e mulher que a segue, o corredor de gente é interessante, nenhum deles me olha diretamente mais.

Cixoam e Klyce se levantam assim que dou um passo para frente, e os dois passam a me seguir junto a Sina que fica a diagonal frontal esquerda de mim, tinha uma sensação estranha agora, euforia por conhecer uma Aze, e estar perto dela, outra, por ser o que sou neste momento. – Desculpe senhor. – uma mulher se destaca, no peitoral dourado de sua armadura, um símbolo branco a diferenciava, agora que reparo, ele é o mais detalhado que vejo dentre os outros, talvez destaque a hierarquia. – Este animal é seu? – ela pergunta não para mim, mas para Cixoam, que, sem reação imediata fica na dúvida do que fazer.

— Ele é meu. – falo andando sem parar, ao contrário da Aze que se vira levemente para observar de quem falávamos.

— Deseja levá-lo consigo, ou deseja que o levemos para um local apropriado? – sei que é função dela perguntar, porém, isso pode nos deixar com maus olhares, isso se eles não forem a favor da escravidão, de qualquer modo tenho a resposta que vim pensando por todo o caminho.

— Este lobo é meu servo pessoal, seu serviço é muito importante para mim... – somente depois de dizer isso a Sina para de observar o Nanci e passa a seguir com o rosto a frente, claro, ao virar consigo vê-la me fitando brevemente, como uma obra interessante e resguardada. – É um problema que eu o leve comigo Aze Sina? – pergunto a grande líder sem nunca tirar o rosto das portas abertas que revelam um salão gigante e muito iluminado.

— Se este Nanci é necessário ao senhor, permitirei com prazer que ele nos acompanhe, porém, devo alertar que... – Sina parece pensar nas palavras corretas, talvez esses nobres que seguem a cada lado nosso fossem alvos de agrados. – Nem todos nós temos amizade com esta raça, alguns podem se sentir desconfortáveis, se me entende. – a moça deixa a palma de uma mão sobre a outra, como uma mania... Então ela segue minha mesma índole? É muito cedo para julgar, claro, mas realizarei um teste, paro de andar e viro-me levando o braço esquerdo para as costas.

— Klyce, siga aquela senhora, obedeça suas ordens e aguarde. – o comando apontando a mulher que havia se oferecido ao serviço antes.

— Como desejar mestre Aryn. – o lobo se curva e faria o que disse, porém, respondendo meu teste, a Aze interfere.

— Não será necessário. – seu tom é mais para correção, correção do que disse antes. – Não será problema algum seu Nanci nos acompanhar, os três estão sob minha proteção.

Dou os ombros com sutileza e sorrio timidamente, gostei dela. – Pois bem. – Klyce entende a ordem muda e volta a ficar logo atrás de mim, quase como minha sombra, Cixoam se coloca entre eu e Sina, e juntos andamos a passos calmos.

Apesar desta pequenina confusão, consegui chegar a conclusão que Klyce é bem-vindo por ela, agora me resta saber o que ela deseja para conosco, de uma forma ou de outra, isso já está valendo a pena. 



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